quarta-feira, fevereiro 01, 2006

Fim de mistério?

Encontrei um "suspeito" para a autoria de dois poemas que circulam pela Internet como se fossem de Mario Quintana: o português Jorge Rodrigues Simão. No link vocês encontrarão uma página onde, entre outros versos, aparecem os seguintes:

Para ser feliz com uma outra pessoa, precisas, em primeiro lugar, não precisar dela. Ninguém é auto-suficiente, mas já é o bastante... Aprenda a gostar de ti, a cuidar de ti e, principalmente, a gostar de quem também gosta de ti. Não corras atrás das borboletas, cuida do teu jardim e elas virão até ti. No final de contas, vais achar não quem tu estava à procura , mas quem estava à procura de ti...

E mais abaixo:

Um dia descobrimos que beijar uma pessoa para esquecer outra, é asneira. Não só não esquece a outra pessoa como pensa muito mais nela... Descobrimos que se apaixonar é inevitável, as melhores provas de amor são as mais simples... Um dia percebemos que o comum não nos atrai, que ser classificado como o "bonzinho" não é bom... percebemos como aquele amigo faz falta, mas já é tarde demais... Enfim...um dia descobrimos que apesar de viver quase um século esse tempo todo não é suficiente para realizarmos todos os nossos sonhos, para beijarmos todas as bocas que nos atraem, para dizermos tudo o que tem que ser dito.. A forma é: ou nos conformamos com a falta de algumas coisas na nossa vida ou lutamos para realizar todas as nossas loucuras...

Nenhum dos textos aparece exatamente como os conhecíamos, mas não seria o primeiro caso de adulteração (aliás, muitos apócrifos são verdadeiros Frankensteins, como já se constatou). Explorando os links do site, descobrem-se várias outras páginas com textos em estilo semelhante. Ocasionalmente aparece algum com assinatura alheia, mas quase todos são apresentados como de autoria do proprietário do site. Segundo consta na página principal, Jorge Rodrigues Simão é "advogado, escritor, jornalista e ensaísta", com uma longa lista de títulos. Infelizmente não localizei e-mail para contato.

A propósito, apareceu no Orkut uma moça chamada Adriana Britto reivindicando a autoria de outro falso Quintana, aquele que começa assim: "Não quero que ninguém morra de amor por mim..." Está lá, completo, no perfil dela.

E o mais irônico é que o verdadeiro Mario Quintana não tem nada a ver com isso. Estamos apenas desfazendo o nó que a Internet ajudou a fazer com a imagem dele.