quinta-feira, junho 29, 2006
quarta-feira, junho 28, 2006
Paul
Quando eu ficar mais velho,
Perdendo meu cabelo
Daqui a muitos anos
Você ainda vai me mandar cartão de Dia dos Namorados
Congratulações de aniversário
Garrafas de vinho
Se eu ficasse fora até as 15 para as 3
Você trancaria a porta?
Você ainda vai precisar de mim
Você ainda vai me alimentar
Quando eu tiver 64 anos?
O que todos comentam é a ironia de Paul estar agora em processo de divórcio. Ou seja, um momento tão aguardado acaba sendo marcado por um fato amargo. E vêm as especulações: por que não deu certo? "Ah, ela nunca me enganou." "Ela só queria o dinheiro dele." "Era uma chata." "Já vai tarde." Os quatro anos de casamento com Heather Mills renderam a Paul mais uma filha (Beatrice, agora com dois anos) e muita fofoca na imprensa. Mas se querem uma opinião sobre o que causou o fim, eu tenho.
Claro que a fama, a celebridade e até a diferença de idade atrapalharam. Mas não esqueçam que Paul McCartney viveu mais de 30 anos com a mesma esposa. Mulheres ele teve muitas. Esposa, uma só. E seu vínculo com Linda era tão forte que ele a colocou na banda para ficar de pé em frente ao teclado agitando as mãos ao ritmo da música para que pudesse estar sempre com ele, mesmo no palco. Ah, sim, ela cantava um pouco, também. E catava milho nos teclados. Mas provou ser a companheira ideal para o ex-Beatle. Tanto que ficaram juntos até que a morte os separou. Linda faleceu de câncer em 1998.
A despeito de tudo o que já viveu em sua carreira, Paul nunca tinha tido a experiência de um segundo casamento. Para ele, "esposa" era sinônimo de Linda McCartney. Imaginem como deve ter sido, depois de três décadas ao lado da alma gêmea, de repente dividir seu espaço com uma pessoa totalmente diferente. Isso acabou culminando em mais uma vivência inédita para ele: o primeiro divórcio.
Não estou preocupado com a generosa fatia que essa moça irá levar da fortuna de Paul McCartney. Como ex-esposa e mãe de sua filha, ela tem direito – ponto! Quanto a Paul não ter feito um pacto antenupcial, foi um erro, mas acho que ninguém começa um casamento já planejando o término. Os riscos são conhecidos pelos dois lados. Paul, como bom romântico, apostou no amor. Sua perda será significativa, mas não o desestabilizará financeiramente. Esperamos que seu espírito também se recupere.
(Uma curiosidade: Heather é também o nome de sua enteada, filha mais velha de Linda. Existe uma gravação que circula em bootlegs de uma música chamada "Heather", que Paul compôs no tempo dos Beatles, mas nunca foi lançada oficialmente.)
A Copa na Internet
Na Copa anterior o assunto surgiu por acaso em um fórum de fãs de David Bowie. Vários países eram citados como possíveis candidatos ao título, mas ninguém lembrava do Brasil. Aí, como quem não quer nada, depois que a discussão já tinha avançado bastante, alguém perguntou: "E o Brasil, como se sairá nesta Copa?" Fiquei na minha.
A disputa começou. Parecia implicância: na véspera de cada jogo, os palpites eram sempre contra o Brasil. Mas continuei discreto em minhas participações. Tinha um plano em mente. E quando o Brasil chegou à final, decidi não esperar: postei uma mensagem com uma retrospectiva desde o começo de tudo o que havia sido dito e previsto sobre aquela Copa naquele fórum. Mostrei o quanto o Brasil estava desacreditado, o quanto os palpites todos tinham sido furados e que havíamos superado os obstáculos. Podíamos até perder, mas tínhamos vencido todos os adversários até então. E fomos campeões. Um dos que havia postado os comentários originais reconheceu com espírito esportivo as suas falhas de avaliação.
Agora os debates internacionais via Internet voltaram com toda a força. Os estrangeiros não acreditam que o Brasil consiga vencer a França. Alguns dizem descaradamente que vão torcer contra nós.
Então tá.
terça-feira, junho 27, 2006
Premonição
segunda-feira, junho 26, 2006
Eu tenho um desses!
Agora Chico está conversando com o letrista italiano Sergio Bardotti, que compôs "Canzone per Te" com Sergio Endrigo e verteu várias músicas de Chico para o italiano. Bardotti me deu um autógrafo em 1975 quando veio a Porto Alegre com Toquinho e Vinicius. Mas uma coisa de cada vez. Um dia faço uma exibição de meus autógrafos.
Sugestivo
Alienígena:
"Não somente vocês estão condenados... mas todos aqueles em quem vocês tocaram!"
Elektron:
"Jean Loring... assinei sua sentença de morte!"
Flash:
"Dei um beijo de morte em Iris West!"
Lanterna Verde:
"Carol Ferris – em perigo mortal!"
Batman:
"ROBIN, o que fiz com você?"
Estava sem luvas, Batman?
Porteiro eletrônico
- Qual é o apartamento?
- É o bem da frente.
- Sim, mas qual o número?
- É o bem da frente! – ela insistiu. Ainda não tinha assimilado a cultura do porteiro eletrônico.
Hoje porteiro eletrônico é algo tão comum quanto campainha ou telefone. Em tese, é um recurso que facilita bastante a vida do morador. O problema é a falta de cuidado de quem circula em nossos apartamentos. Crianças e empregadas, ansiosas por demonstrar conhecimento do uso do aparelho, acabam abrindo a porta para quem não devem. Sem contar os desleixados que entram com a chave, mas não se preocupam em verificar se a porta foi bem fechada. Aí acontecem os assaltos e arrombamentos. Como conseqüência, vários prédios adotam como norma manter as portas de entrada sempre chaveadas. Com isso, perde-se a finalidade precípua do porteiro eletrônico, que é a de permitir o acionamento remoto. Fica sendo apenas um intercomunicador. E até para isso ele poderia ser dispensado, considerando que hoje quase todo o mundo tem telefone celular. Quando alguém chegasse, bastaria telefonar e dizer: "Estou aqui em baixo."
Para mim essa prática criou um inconveniente tremendo. Às vezes estou com meu filho, que é uma criança autista, e tenho que deixá-lo no apartamento para descer e abrir a porta para uma visita. Ou para buscar algum "tele" que tenhamos pedido. Eu tento levá-lo junto, mas ele prefere ficar esperando. Como sou asmático, tenho Ecco Salva. Mas já sei que, se acontecer uma emergência, terei que dar um jeito de descer para receber a ambulância. Tive uma crise na semana passada e, como estava com meu filho, pedi ajuda de minha irmã. Meu sobrinho (irmão do que me ajudou no ano passado – é a família dos anjos da guarda) chegou de táxi mas não pôde subir porque a porta estava trancada. Só quem já teve uma crise de asma sabe o que é não ter fôlego nem para colocar os sapatos no filho. Descalço ele não quis vir comigo, nem eu teria forças para obrigá-lo. A solução foi eu descer bem devagar, chegar lá em baixo, entregar a chave para o sobrinho e dizer:
- Por favor, sobe lá no apartamento, põe os tênis no Iuri e desce com ele e a malinha dele, que eu não vou conseguir voltar.
E agora, o que posso fazer? Fornecer uma cópia das chaves para o Ecco Salva? Para minha irmã até não seria difícil, mas e se ela não estiver aí? No fim o desleixo, a imprudência e a falta de segurança tornaram o porteiro eletrônico totalmente inútil.
quinta-feira, junho 22, 2006
Contradição
Mas nada embaralhou mais minha cabeça do que saber que, na Copa de 70, o técnico da seleção peruana era o brasileiro Didi. Aquilo realmente me deixou confuso. Para mim, torcer para o Brasil, desejar a vitória da nossa Seleção, era tão automático quanto ser brasileiro. Cada um pode ter sua paixão clubística ou seu contrato profissional, mas Copa do Mundo é guerra mundial. Não tem conversa, cada um tem que torcer pelo seu país. Por isso, a idéia de um brasileiro sendo treinador de um inimigo era como um dos nossos comandando um pelotão estrangeiro numa batalha contra o Brasil. E, num primeiro momento, eu não soube enxergar o que aquilo significava para Didi em termos de reconhecimento. Pelo contrário, tive pena do pobre ex-jogador que, em nome da sobrevivência, teve que se humilhar a aceitar emprego numa seleção estrangeira. Como deve ter sofrido, pensei eu.
Pois hoje é a vez de Zico comandar o Japão contra o Brasil. Como Didi, Zico é um ícone do futebol brasileiro. Foi um dos maiores jogadores da era pós-Pelé juntamente com Falcão. E vai estar lá, ajudando a equipe japonesa a combater a seleção que ele próprio tantas vezes defendeu. Como explicar isso às crianças?
- Pai, o Zico não é brasileiro?
- É, meu filho.
- Não foi jogador da Seleção Brasileira?
- Foi, sim, várias vezes.
- Então por que é técnico do Japão?
- Porque foi contratado.
- Mas por que não foi contratado pelo Brasil?
- Porque preferiram o Parreira.
- Ah, então o Zico ficou com raiva e resolveu ir pro Japão?
- Não, claro que não. Ele foi porque pagaram bem.
- Mas como ele pode ser técnico do Japão torcendo pelo Brasil?
- Muitos brasileiros já foram técnicos de outras seleções, isso é normal.
- Jogador também pode ser contratado por outra seleção?
- Não, jogador tem que ser do país.
- Então o Zico vai treinar o Japão para ganhar mas vai torcer pelo Brasil... Não entendi!
Acho que, no fundo, todos nós estamos nos sentindo um pouco traídos hoje. Mas tudo bem. Zico sempre foi um profissional correto e merece todo o prestígio que o futebol mundial pode lhe dar. Mas que fica meio estranho torcer contra o Zico numa Copa, fica.
quarta-feira, junho 21, 2006
Cuidado
terça-feira, junho 20, 2006
Newcomb
segunda-feira, junho 19, 2006
Outro blog
Cena incrível
P.S.: Tive que separar o papelão da peça de plástico, pois havia ainda muitas formigas escondidas no vão. Agora tento lembrar se deixei cair algo com açúcar no DVD.
Lançamento interessante
Este CD traz muito mais músicas do que o vinil original, já que o LP que saiu em 1965 estava realmente incompleto. Mesmo assim, o CD que veio como parte do pacote especial de 30 anos em 1995, incluindo livreto e videodisco, tinha faixas que não aparecem aqui, como as valsas que se ouvem na festa enquanto a Baronesa ajuda Maria a ir embora e os temas instrumentais da fuga da família Trapp do festival para o convento. Por outro lado, o novo lançamento também inclui faixas que não apareciam no anterior. É estranho que não tenham atentado para esse detalhe antes de compilar as gravações, pois haveria espaço para todas. Bastaria deixar de fora as entrevistas que aparecem nas três últimas faixas com Robert Wise (diretor), Richard Rodgers (compositor) e Charmian Carr (atriz que interpretou Liesl). O fato de serem depoimentos colhidos na época lhes confere valor histórico, mas quem não entende inglês não aproveitará nada. Existem também pequenas diferenças em alguns detalhes, como a mixagem de "Maria", que começa uma pequena introdução instrumental que havia sido cortada no LP.
Mas vale a pena encomendar o CD. São 27 faixas no total (incluindo as entrevistas), entre elas a versão completa de "Sixteen Going on Seventeen (Reprise)" com um trecho inicial que não foi usado no filme, a música do intervalo ("Entr'acte"), o tema de encerramento ("Finale", 38 segundos) e as interpretações repetidas de "Edelweiss", "My Favorite Things", "Do Re Mi" e "So Long Farewell". Para quem comprá-lo, indico uma nova forma de interpretar os asteriscos que aparecem ao lado de algumas faixas:
* Faixa que não aparecia no LP original, mas não é inédita, pois saiu no CD especial do videodisco de 30 anos em 1995.
** Faixa totalmente inédita em qualquer formato fonográfico, só aparecia no filme e está saindo em CD pela primeira vez.
Bom divertimento.
Mais futebol
Alguns anos mais tarde eu comecei a curtir o futebol nas aulas de Educação Física. Os dois times já sabiam que eu não iria fazer muita coisa, mesmo, então qualquer participação era lucro. Lembro de uma vez em que fui tentar tirar a bola de um jogador adversário e ele disse "sai, Emílio", como se eu fosse carta fora do baralho e não tivesse direito de intervir. Era assim mesmo que eu jogava, como uma arma secreta que, por um lado, deixava o time com um jogador a menos. Por outro, podia surgir de repente, na hora mais inesperada, e surpreender. E foi assim, na inusitada posição de "pescador", que consegui fazer três gols. Foram todos mais ou menos parecidos: a bola sobrou para mim, eu enfiei o pé e, sabe-se lá como, ela entrou. Em uma delas, a bola veio com efeito para o meu lado, foi só encostar o pé e ela encobriu o goleiro.
Longe de mim querer desmerecer os craques de nossa Seleção. Mas ontem, ao ver Fred empurrar a sobra de bola para o gol de forma meio desajeitada dois minutos depois de entrar em campo, lembrei do tempo em que eu gostava de estar em uma partida de futebol ("jogar" não seria o termo correto). Era assim que saíam os meus gols (todos os três, quero dizer).
Gostei do jogo. Aos "entendidos de futebol", sugiro deixar os Ronaldos em paz e ver o time como um todo. Fizemos 1 a 0 no primeiro e 2 a 0 no segundo. A dúvida agora é se o próximo será 3 a 0, indicando um incremento de um gol por partida, ou 4 a 0, significando o dobro a cada novo jogo. Não, dificilmente o time chegará a 8 ou 16 a zero.
P.S.: Agora lembrei de um dos grandes jogadores do Internacional dos anos 70: Carbone, meio-campista trazido de São Paulo pelo técnico Daltro Menezes. Chegou a jogar pela Seleção Brasileira. Mas tinha uma característica: não fazia gols. Quando por acaso marcou um tento num histórico jogo entre a Seleção Gaúcha e a Seleção Brasileira no Beira-Rio em 1972, um repórter da Guaíba perguntou a ele no intervalo se era aquele o seu primeiro gol como profissional. Ele respondeu que não, que tinha feito um em 1969 num jogo do interior (ele lembrava os detalhes, eu é que esqueci). Aquele jogo entre as Seleções terminou 3 a 3. Que eu saiba, Carbone nunca mais fez gols. Mas foi à Seleção. Moral da história: fiz mais gols no tempo de colégio do que um dos jogadores do Inter que jogou pela Seleção Brasileira.
sábado, junho 17, 2006
Vai entender...
Agora ela lança o livro saudosista "Almanaque Anos 70". Então tá, né, Ana?
quarta-feira, junho 14, 2006
Lei do menor esforço
Como fã de extras e trilhas de comentários em vídeo desde os tempos do videodisco, só tenho a dizer: muito obrigado!
Comentário esportivo
Se eu tivesse que escrever um comentário sobre o jogo de ontem, teria que apelar para clichês. Poderia dizer, por exemplo, que a Croácia fez uma "marcação homem a homem". Ninguém vai me acusar de sexismo por isso, né? Afinal, é futebol masculino – se fosse feminino seria "mulher a mulher". O time adversário "ocupou os espaços". O Brasil "decaiu de produção" no segundo tempo. O goleiro Dida teve "uma atuação correta", sempre "bem colocado" (pra mim ele teve sorte de terem chutado justamente onde ele estava, mas tudo bem). Mas um termo que eu acho sensacional quando é usado em futebol é "explosão". Faltou "explosão" ao Brasil no segundo tempo. Que fim levou a fogueteira, aquela que jogou um fogo de artifício no Maracanã em 1989 depois posou nua para a Playboy? Ela tinha que ser chamada para soltar umas bombas.
Até hoje não consigo entender o que significa uma "bola bisonha". Inclusive o meu pai usava essa expressão. Um dia ainda vou entrar numa loja de esportes e pedir que me mostrem uma. Rio muito quando ouço dizer que o juiz marcou "perigo de gol". Essa, sem dúvida, é uma das tiradas mais geniais criadas pelos jornalistas esportivos. Mas como os narradores conseguem identificar os jogadores? Os goleiros é fácil, porque usam camisetas de cor diferente (só por isso), mas os outros? Às vezes alguns ganham tempo, dizendo "passa para o jogador de número 4 que é..." e aí consultam sua planilha. Mesmo assim, tenho que admirar. Com a bola em jogo, não reconheço nem os jogadores do meu time.
Enfim, o Brasil ganhou. Isso é o que deveria importar. Mas a torcida está triste porque o time fez uma "atuação fraca". Teve "dificuldade de penetração" (epa!). Deixou o adversário "gostar do jogo" (essa também é ótima). Faltou "finalização". Por aí. Tenho que ouvir mais o Ruy para me atualizar.
terça-feira, junho 13, 2006
Ajuda
segunda-feira, junho 12, 2006
Copa do Mundo
Já da Copa de 70, lembro de um jingle que terminava assim: "Sem pagar um tostão, pra ver as feras do João". Isso, claro, antes de João Saldanha ser substituído por Zagalo. No dia do primeiro jogo, meus colegas estavam entusiasmados: "Hoje tem Brasil e Tchecoeslováquiaaaaa!" Só assim eu fiquei sabendo quem era o adversário. Havia também boatos de que sairíamos mais cedo por causa da partida, mas uma colega ouviu uma funcionária do colégio dizer que "aqui não é uma repartição". E eu não entendi o que significava "repartição" naquele contexto.
Não acompanhei aquela Copa toda. Eu não gostava de futebol. Quando a Tchecoeslováquia inaugurou o placar, minha mãe comentou que quem faz o primeiro gol perde e que isso iria acontecer com ela. Dito e feito. Em outras partidas, eu queria brincar e a gritaria a cada gol do Brasil me incomodava. Minha mãe me dizia: "Não fica contra, essa Copa é importante." Até que veio a semifinal contra o Uruguai. Com o jogo já começado, minha mãe me chamou para assistir. "Vem, ajuda a torcer. O Brasil já ganhou duas Copas. Se ganhar mais esta, fica com a taça Jules Rimet em definitivo." E assim comecei a olhar a partida. Meu desconhecimento de futebol era tanto que, no segundo tempo, comentei:
- Eles trocaram as câmeras!
Meu então cunhado me explicou:
- Os times trocam de lado!
- Ah, bom.
O resto da história todos sabem. Mas, ao me convidar para ver o que restava da Copa, minha mãe deu início a uma transformação radical em mim. Eu virei fanático por futebol. Entre o segundo semestre de 1970 (eu tinha nove anos) até o final de 1971, eu não conseguia ficar meia-hora sem tocar no assunto. Meu lado colorado se despertou. Eu vivia e respirava o Internacional. Eu não saberia precisar até quando exatamente durou o meu fanatismo. Ele foi diminuindo devagar e sempre a partir de 1972, à medida que crescia o meu interesse por música. Quando o Inter foi Campeão Nacional em 1975, vibrei bastante, mas minha paixão já não era a mesma. Fui ao Beira-Rio pela última vez em 1979, para ver Inter e Palmeiras pela semifinal do Brasileirão.
Depois da despedida de Pelé, ganhar uma nova Copa era uma questão de honra para a Seleção Brasileira. Era preciso mostrar que, mesmo sem nosso craque maior, continuávamos sendo uma potência nesse esporte. Além disso, havia o risco de que outros países conseguissem chegar ao tetra antes do Brasil. Por isso, quando houve a vitória na Copa de 94, cheguei até a chorar. Como disse um amigo, "você chorou porque lembrou de 1970". Deve ser. O capitão do tri, Carlos Alberto, "desmoronou" em frente às câmeras do SBT. Era uma emoção aguardada por 24 anos.
Hoje é diferente. Não só o Brasil foi tetra como também penta. Está com dois títulos de vantagem sobre os demais tris. Não existe a ansiedade nem a cobrança dos outros tempos. Mas existe, isto sim, um grande time. Talvez no sangue doce o Brasil vença. É preciso observar também que as "forças ocultas" vão tentar impedir de qualquer maneira que isso aconteça. Mais um desafio para o jogo ter graça. Agora, se a vitória realmente vier, corremos o risco de virar o Clóvis Bornay da competição.
quinta-feira, junho 08, 2006
A vida sexual dos heróis
Ter superpoderes nem sempre é uma vantagem. A pobre Supermoça, por exemplo, por sua invulnerabilidade, só pode namorar kryptonianos. Eles são os únicos que podem tirar-lhe a virgindade e não serem esmagados por seu, digamos, superpompoarismo. Já a Mulher Invisível não tem nenhum atrativo a mais a oferecer a seu marido, o Senhor Fantástico. Que graça tem ir para a cama com uma mulher que desaparece? No máximo, facilitar uma fantasia, se ela topar colocar uma Playboy por trás da cabeça. Em troca, o Senhor Fantástico usará seu poder de esticar-se para envolvê-la por inteiro e depois fará misérias com a língua.
O Flash é outro que deve levar às mulheres à loucura com seu poder de vibração a supervelocidade. Mas sua esposa Iris Allen deve reclamar de vez em quando: "você é muito rápido..." Elektron, que pode diminuir de tamanho à vontade, deve brincar percorrendo o corpo de sua companheira como se fosse uma cordilheira. Infelizmente ele não pode ficar maior, apenas menor. Essa vantagem quem tem é Gigante, marido de Wilma Vespa. Ele aumenta e ela diminui. É até um desperdício que os dois estejam juntos, pois o poder de cada um poderia ser aproveitado com um parceiro comum. Já pensaram que beleza poder variar de tamanho a cada vez? É o sonho erótico de qualquer mortal. Mas, no ardor do clímax, é preciso muito controle para evitar acidentes. Esses mesmos poderes citados também se encontram respectivamente em Rapaz Colossal e Violeta Encolhedora, da Legião dos Super-Heróis do Século XXX. Mas a legionária mais cobiçada deve ser Dama Dupla, que um dia já foi Moça Tríplice. Sim, ela pode virar duas.
O Homem-Aranha consegue prender mãos e pés na parede ou no teto, além de poder usar sua teia para criar ninhos de amor bem originais. Se sua esposa for sadomasoquista, pode querer ficar presa na teia, também. O Super-Homem, ao contrário de sua prima Supermoça, não precisa namorar somente kryptonianas, mas precisa ter cuidado para não ferir as mulheres com sua superforça. Imagina-se que tenha superpotência sexual, o que faz dele um incansável amante. Mas bom mesmo deve ser praticar supervoyeurismo com a superaudição e a visão de raio X.
Mandrake é apenas um ilusionista, mas leva Narda ao delírio com as fantasias que inventa. "Hoje você se superou, querido!" "Não foi nada, eu só fiz você imaginar enquanto descansava." Já o Fantasma, o Batman e Arqueiro Verde, esses são humanos comuns como nós. Talvez o Arqueiro Verde tenha um conjunto de flechas eróticas para apimentar seus encontros. Também é possível que Batman traga alguns acessórios bem sugestivos em seu cinto de utilidades ("vou lhe mostrar o bat-massageador"). Mas o grande segredo é o do Fantasma. Todos sabem que ele tem dois anéis: a marca da caveira, que ele usa para golpear os bandidos e a marca não sai nunca, e a marca do bem. Mas ele tem uma terceira marca que nem sua esposa Diana conhece: a do "já comi".
terça-feira, junho 06, 2006
Billy Preston
Golpe de filme
Essa artimanha montada por uma quadrilha no interior do Rio Grande do Sul parece enredo de série policial americana daquelas que a gente olha e comenta: "só em filme, mesmo". Os vigaristas diziam poder desviar dinheiro da Casa da Moeda. Mas a parte mais surreal era a afirmação de que as cédulas saíam de lá recobertas por uma tinta preta, para segurança. Munidos de um solvente que diziam também ter sido surrupiado da Casa da Moeda, demonstravam, com luz negra e fumacinha, como a tinta era removida. A cédula ressurgia novinha em folha.
Agora pensemos: a Casa da Moeda produz cédulas em lotes de que quantidade? Centenas? Milhares? Imaginem uma sala nas próprias dependências da instituição, ou várias salas espalhadas por pontos de distribuição, onde haveria funcionários especializados em aplicar o tal solvente em cada nota, com fumacinha e tudo. Uma por uma. Trabalho artesanal. Ah, não, talvez não fosse assim. Haveria máquinas para esse fim. Cada leva de papel-moeda seria alimentada de um lado e ressurgiria do outro completamente limpa. O serviço seria tão bem feito que nunca aparecia nenhuma nota manchada em circulação.
Mas não termina aqui. Logo vem a cena de ação do filme policial: a vítima, depois de pagar uma quantia em dólares, era instruída a seguir um carro da quadrilha até uma chácara onde iria receber um valor cerca de 30% maior nas cédulas de reais supostamente roubadas. No meio do trajeto, os bandidos eram abordados por policiais, com tiroteio e tudo. No desespero, o motorista do carro de trás, sabendo-se parte de um negócio ilícito, tratava de escapar e ainda rezava para não ser delatado pelos ofertantes da barganha. Só quando estivesse são e salvo ele iria lamentar o "azar" de ter tido o seu dinheiro perdido.
Não sei o que acontecerá com o empresário que, assumindo sua parte de culpa, denunciou os meliantes. Mas deveria existir uma forma de estimular esse tipo de atitude sem ferir a justiça. Afinal, os golpes mais maquiavélicos são aqueles em que a vítima também tenciona burlar a lei. Ao descobrir-se enganada, ela teme se expor por ter sido conivente com um pretenso ato ilícito.
De qualquer forma, ainda estou imaginando os funcionários da Casa da Moeda limpando as cédulas uma por uma. Ah, não, é uma máquina. Tinha esquecido. Com uma abertura para abastecimento do solvente especial. Com certeza deveria existir outra para aplicar o revestimento preto.
segunda-feira, junho 05, 2006
Histórias em quadrinhos
Em 1967, estreou na TV Gaúcha a série de desenhos precariamente animados "Super Heróis Shell" no espaço do programa Dozelândia, apresentado pelo Vovô Joaquim. Foi o começo da Marvel Comics no Brasil. Os heróis eram Capitão América, Homem de Ferro, Hulk, Namor e Thor. O lançamento foi concomitante com a publicação revistas de número zero que eram vendidas exclusivamente em postos Shell. Depois, passaram a sair regularmente nas bancas.
Quem me visse talvez lamentasse que aquele menino gordinho deveria sair mais e praticar esportes. Pois eu não me arrependo de ter vivido intensamente aquele mundo de fantasia. Gastava o dinheiro de minha mesada no Stand Vera Cruz da Praça da Alfândega, em Porto Alegre ou, em Capão da Canoa, na Praiana. Ou mesmo nas bancas de Atlântida. Na casa da praia, entrava na minha "cabana de índio" levando as revistas junto e mergulhava nos quadrinhos, acompanhando cada história com interesse. As revistas que eu comprava na praia, deixava lá, para reler nos veraneios seguintes. E assim aguardei com entusiasmo o lançamento do primeiro número totalmente a cores publicado pela Ebal, que foi o Super-Homem. Lembro da participação especial que o Homem-Aranha fez na revista do Thor para tempos depois ter seu próprio título lançado. Adorei o Demolidor. Virei fã do Judoka, que era um herói brasileiro. Surpreendi-me com a verdadeira identidade do Duende Verde.
Eu nunca deixei de gostar totalmente de quadrinhos, mas o meu auge como leitor assíduo foi entre 1967 e 1970. Depois disso, meus interesses começaram a se diversificar. Mas recordo de um fato que, para mim, ficou como última lembrança marcante dessa minha fase. O Almanaque do Homem-Aranha de 1971 trazia uma história completa de como o aracnídeo precisou enfrentar o Dr. Octopus para conseguir um soro para salvar sua Tia May. O suspense da trama me prendeu de tal forma que eu levei a revista para a mesa na hora da refeição, para não interromper a leitura! Eu nunca tinha feito isso.
Hoje não consigo me entusiasmar com heróis novos. Aproveito o meu inglês para reler as histórias do meu tempo, que são compiladas em séries em formato de livro como Essential, Masterworks (da Marvel) e Showcase (da DC), entre outras. Especialmente as tramas escritas por Stan Lee são caracterizadas por vários quadrinhos de luta entre o herói e um de seus inimigos. Na infância as "brigas" dos personagens me empolgavam. Eu me angustiava quando o herói era golpeado e vibrava quando ele reagia. Hoje eu vejo que o confronto é apenas uma forma de gastar páginas e mais páginas sem muita evolução sob pretexto de "ação". Geralmente passo batido nesses quadrinhos e vou direto ao que interessa: quem ganhou? A partir daí é que a história volta a se desenrolar.
Muitas das histórias do meu tempo estão sendo republicadas em português por editoras como a Mythos. Mas aí eu sou como os fãs de séries de TV: eles valorizam a dublagem original e eu a tradução da EBAL, com seu português castiço cheio de mesóclises, "doravantes" e "entrementes". Ótima também era a seção "Notícias em Quadrinhos", em que eram respondidas cartas dos leitores e anunciadas novidades da editora. A EBAL deixa saudades, sem dúvida. Assim como as antigas edições da Rio Gráfica (que comprou a Editora Globo, assumindo seu nome) e de O Cruzeiro. Hoje freqüento duas comunidades do Orkut que me levam de volta àqueles tempos: "Desenhos Desanimados Marvel" e "EBAL – Editora Brasil América". Aí lembro da emoção que era entrar em uma loja de revistas forradas de publicações da EBAL e tantas outras e sentir aquele cheiro que os gibis de hoje não exalam mais. Um dia disse para o meu pai: "Quando eu entro numa banca de revistas o meu coração se abre". Ele gostou tanto da frase que a repetiu para minha mãe.
Bons tempos. Não me arrependo de nada.
(Imagens gentilmente cedidas por Lenimar Andrade.)
sexta-feira, junho 02, 2006
Amostra
Eles estão cantando à capela, sem microfone, e o áudio foi captado pela câmera de vídeo. Há muito ruído de fundo, também. Em todo o caso, vale pela amostra. No ano passado, quando Robin Gibb se apresentou em São Paulo, uma turma de fãs dos Bee Gees de Porto Alegre fez uma caravana para ir assistir ao show. O que se vê neste vídeo é a dupla Selle e Lu Geiger improvisando uma interpretação de "Islands in The Stream" no Hotel Transamérica. Acho que a intenção era atrair a atenção de Robin para que saísse do camarim e viesse conhecê-los, mas infelizmente não deu certo. A dupla é formada por Luciene Geiger e seu marido Elizandro Leonan (o "Selle" faz parte do sobrenome, mas não sei se vem antes ou depois). Elizandro é também vocalista da Sunset Riders, de forma que aqui está, finalmente, uma amostra do cantor que "canta Bee Gees melhor que os Bee Gees". Podem observar: por trás do burburinho, não parece que é mesmo Robin quem está cantando? Até pode ser que a gravação original tenha o vocal de Barry, mas aqui o Elizandro "fez" o Robin (ele "faz" os dois com perfeição - imita, quero dizer). Infelizmente o áudio não está bem sincronizado com a imagem, mas dá pra ter uma idéia. Quem mora em Porto Alegre, fique de olho para não perder os shows da dupla Selle e Lu Geiger e também da banda Sunset Riders. (O vídeo foi captado por Shaw e disponibilizado no You Tube por Paulo Braz.)