CRÔNICAS, PENSAMENTOS E COMENTÁRIOS DIVERSOS. ESTE BLOG NÃO É RECOMENDADO PARA QUEM NÃO SABE CAPTAR IRONIAS. SE CHEGOU AQUI POR ENGANO, APROVEITE PARA CONHECER O BLOG. MAS TAMBÉM APRENDA A USAR CORRETAMENTE O GOOGLE. NÃO ADIANTA "PEDIR" O QUE VOCÊ QUER VER, QUE ELE NÃO É NENHUM GÊNIO DA LÂMPADA. SAIBA ESCOLHER AS PALAVRAS-CHAVE E USE ASPAS QUANDO QUISER ACHAR UMA EXPRESSÃO EXATA.
domingo, maio 29, 2016
Fim de semana terminando
Em 1982, a editora de O Pasquim publicou um fascículo sobre disco independente, acompanhado de um LP. Entre diversos textos e artigos, havia uma lista de dicas do pioneiro Antônio Adolfo para quem quisesse se aventurar nesse caminho então recente na música brasileira. Um dos avisos era: já saiba de antemão que seu disco não vai tocar no rádio. Nem alimente esperanças quanto a isso. Pois bem: "Elektranight", minha parceria com Rogério Ratner na voz de Rafael Brasil, já rodou quatro (P.S., atualizando: cinco; atualizando de novo: seis) vezes no "Fim de Tarde" de Júlio Fürst, na Itapema FM. Outras faixas do CD Canções para leitores também foram divulgadas. Não ouvi, mas está registrado lá no site. Neste mundo radiofônico movido a jabá, é bom saber que Júlio não deixou morrer o "Mr. Lee" que existe dentro dele. Quem quiser adquirir o CD do Rogério, um belo trabalho com participação de diversos letristas e cantores gaúchos, mande um e-mail para Ratner@trt4.jus.br e acerte os detalhes com ele.
O grande clássico do Fleetwood Mac é o álbum Rumours, de 1977. Mas o meu preferido sempre foi Mirage, de 1982. Foi ali que eu comecei a realmente investigar a obra do grupo, depois de ouvir a linda "Hold Me" no rádio. E também quando tomei conhecimento de que fazia parte da banda o guitarrista Lindsay Buckingham, que estourou naquele ano com "Trouble" em carreira solo. Pois bem: vem aí uma superedição de Mirage no mesmo formato com que já saíram Rumours e Tusk. No caso deste último, contentei-me com o CD triplo. Mas de Mirage eu vou fazer questão do pacotaço mais caro que inclui DVD e até vinil, embora eu não use há anos meu toca-discos.
Bem que eu me sentiria honrado de receber uma ligação de Moacyr Franco. Afinal, tenho admiração e respeito pelo cantor desde minha infância, quando ouvia com minha irmã o compacto com a música "O Bom Miguel" (versão de "Michael Row Your Boat Ashore"). Mas não numa gravação dizendo que meu telefone foi contemplado com 50% de desconto num tratamento com Ômega 3! Desculpe, Moacyr, desliguei na sua cara e você nem ficou sabendo! Da próxima vez, comece cantando: "Vai Miguel a navegar, aleluuuuuuuia!" Daí talvez eu fique ouvindo mais um pouquinho! Bom começo de semana a todos!
Lançamento de biografia dos Secos e Molhados no Rio
Neste sábado, 28 de maio, a partir das 17 horas, tem lançamento do livro "O Doce e o Amargo dos Secos e Molhados" no Moviola Bistrô, na Rua das Laranjeiras 280, Rio de Janeiro. O autor Vinícius Rangel Bertho da Silva estará lá autografando exemplares da obra. O ponto de partida do texto de Vinicius foi sua dissertação de mestrado concluída em 2007. Aquele trabalho era riquíssimo em informações sobre os Secos e Molhados e merecia lançamento em livro. Imaginei que, se isso chegasse a acontecer, o autor fosse dispensar a parte introdutória, que apresenta uma contextualização do panorama musical brasileiro. Mas não, Vinicius preservou a estrutura original de sua tese, apenas expandindo e enriquecendo os dados. Entre as novas fontes utilizadas, para meu orgulho, está o meu texto "Meia hora de encantamento", do livro "1973, o Ano que Reinventou a MPB", organizado por Célio Albuquerque.
Mas o que o livro tem de mais precioso são os depoimentos exclusivos de Gérson Conrad e Luhli, a cantora e compositora que apresentou Ney Matogrosso a João Ricardo. Vinicius realizou também um criterioso garimpo de jornais e documentos e resgatou o release do lançamento do segundo LP dos Secos e Molhados, incluindo o roteiro de um evento que foi cancelado na véspera, quando ocorreu o fim do grupo.
Enfim, em termos de informações, "O Doce e o Amargo dos Secos e Molhados" é um trabalho bem feito e obrigatório para os fãs do grupo. Alguns talvez se decepcionem com a ausência de fotos. O uso delas implicaria num custo que o autor não estava preparado para assumir. E, se considerarmos que Gérson Conrad não teve autorização para publicar imagens de João Ricardo em seu livro, é de fato uma questão mais complicada do que parece. Talvez um dia tenhamos um belo volume a cores sobre os Secos e Molhados no padrão Taschen, por exemplo. De momento, valorizemos o esforço de pesquisa e redação de Vinicius Rangel.
Em 2015, depois de um longo jejum fonográfico (seu CD anterior, Cantigas, saiu em 2002 e o último vinil foi Mistérios em 1989), Diana Pequeno retornou em dose tripla. Estes três CDs independentes estão sendo chamados de "Trilogia das Almas": Alma Calma, Alma Gêmea e Alma Moura. A cantora baiana já havia interpretado composições próprias antes, mas eram casos raros. Seu repertório era quase todo de músicas de autores comprovados da MPB. Esta, então, é a grande novidade: neste novo trabalho, Diana ataca de "cantautora". Somente em Alma Moura aparecem canções assinadas por outros, muitas em espanhol, e em destaque uma cover de "Corsário", de João Bosco e Aldir Blanc. Nos outros dois, é Diana do princípio ao fim.
As músicas de Diana encantam pela simplicidade e leveza. Melodias simples, rimas singelas e recados diretos vão conquistando a cada nova audição. Letras de amor, saudade e esperança se ouvem numa voz madura. A produção musical ficou por conta de Jorge Solovera, multi-instrumentista que aparece nos créditos de praticamente todas as faixas no violão, guitarra, ukulele, baixo e piano. Nem todas as execuções incluem bateria, mas essa, quando presente, é tocada por Victor Brasil. Outros músicos fazem participações esporádicas, com destaque para o baixo de João Bosco na já citada "Corsário". Diana está de parabéns por trazer a público esse conjunto de faixas que dificilmente uma gravadora bancaria na totalidade. É para se ouvir com calma, em longos momentos de tranquilidade e relax. Afinal, são três CDs. Contudo, espera-se que ela não tenha abandonado por completo o seu ofício de intérprete de grandes autores. Senti falta de "Vim Vadiá", do gaúcho Nélson Coelho de Castro, que Diana disponibilizou no Soundcloud. [P.S.: Sobre esta gravação, ver "O disco perdido de Diana Pequeno".]
Para encomendar os CDs, escreva para epfj@bol.com.br.
Quando decidi escutar as 32 aulas do curso de "Bach e o Alto-Barroco" do professor Robert Greenberg, estava ciente de que eu não pertencia ao público-alvo do material. Não sou músico, não sei ler música e minha cultura de compositores eruditos é quase nenhuma. Tenho CDs das peças clássicas mais manjadas, aquelas que todos conhecem. Mesmo assim, achei que seria interessante ouvir explicações em inglês das obras de Bach e, o melhor de tudo, incluindo trechos das composições. Como eu imaginava, a linguagem usada não é tão difícil de entender. Além de Bach, o palestrante roda trechos de trabalhos de outros autores, como Vivaldi, para efeito de comparação. Uma surpresa foi saber que muitas das composições de Bach foram perdidas. Fico imaginando se haveria entre elas peças tão especiais e agradáveis quanto as que ouvimos até hoje. Também foi novidade para mim o fato de que o compositor alemão só obteve reconhecimento e prestígio muito tempo depois de sua morte. Quando o professor Greenberg tocou um trecho da "Paixão Segundo São Mateus" ao piano, eu imediatamente reconheci a melodia de "American Tune", de Paul Simon. Depois pesquisei e descobri que a adaptação de Bach pelo músico americano foi creditada na época do lançamento do disco respectivo (o álbum There Goes Rhymin' Simon, de 1973). No CD que tenho comigo, não há qualquer referência a isso. Foram 25 horas de gravação que digeri aos poucos, em minhas caminhadas. Tive a sensação de estar do lado de fora de uma sala de aula à qual eu não pertencia, ouvindo e apreciando os ensinamentos do professor. Os títulos da série "The Great Courses" incluem um arquivo em PDF com uma transcrição razoavelmente fiel das palestras. No caso deste, aparecem também trechos de partituras, os quais nem me preocupei em examinar. Gostei da experiência, mas não pretendo repeti-la com outros cursos sobre compositores eruditos. Já sei como são essas aulas, então tive minha curiosidade satisfeita. Agora vou começar a ouvir a nova biografia de Paul McCartney escrita por Philip Norman. Este, sim, é o meu chão.
Foi no sábado, dia 14, o pocket show de Rogério Ratner na Livraria Cultura, em Porto Alegre. Além de estar acompanhado por uma ótima banda com Ciro Moreau (guitarra, produção e direção musical), Mário Carvalho (baixo), Luiz Mauro Filho (teclado) e Ronie Martinez (bateria), Rogério conseguiu reunir seis cantores que participam como convidados de seu novo CD Canções para Leitores. Adriana Marques, infelizmente, faleceu em 2009.
Aqui Lúcia Severo interpreta "Buraco", com letra de Paula Taitelbaum.
Mônica Tomasi cantando "O Que Você Quer", letra de Ricardo Silvestrin.
Ana Krüger e a apresentação de "Dizer quem sou, não sei", sobre versos de Martha Medeiros.
Karine Cunha e "Uma palavra para cada coisa", letra de Letícia Wierzchowski.
Dudu Sperb cantando "Uma palavra a mais", poema de Fabrício Carpinejar musicado por Rogério.
Rafael Brasil interpretando "Elektranight", a minha parceria no CD.
Da esquerda para a direita: Rogério, Rafael Brasil, Lúcia Severo, Karine Cunha, Ana Krüger, Dudu Sperb e Mônica Tomasi. Sei que não deve ter sido fácil reunir esses cantores todos, mas valeria a pena expandir o show (já que o formato pocket teve apenas uma hora) e levá-lo para um teatro. Mesmo que fosse para uma única apresentação. O resultado ficou bom demais e merecia chegar a um público maior.
Ao final, fiz questão de tirar esta foto em que aparecem os quatro responsáveis por "Elektranight": Rogério Ratner (melodia), Ciro Moreau (arranjo e guitarras), Rafael Brasil (vocal e percussão) e eu (letra). Aqui a apresentação de "Elektranight" com Rafael Brasil no vocal. A "minha" música eu fiz questão de gravar em vídeo.
Finalmente chegou o tão esperado lançamento do CD de Rogério Ratner, Canções para Leitores. É no dia 14 de maio de 2016, sábado, às
19h na Livraria Cultura (Bourbon Shopping). A entrada é franca. Participação
especial de Monica Tomasi, Karine Cunha, Rafael Brasil, Ana Krüger,
Lúcia Severo e Dudu Sperb. Banda: Ciro Moreau (guitarra), Mário Carvalho
(baixo), Luiz Mauro Filho (teclado) e Ronie Martinez (bateria). O projeto de Rogério teve uma longa
gestação, com início em 2005. Sua ideia era musicar letras de poetas
riograndenses de renome. Ao mesmo tempo, convidou cantores para fazer
participações especiais. Então o que temos são parcerias com Martha
Medeiros, Letícia Wierzchowski, Fabrício Carpinejar, Ricardo Silvestrin,
Ronald Augusto, Paula Taitelbaum, Arnaldo Sisson, Celso Guttfreind,
Cíntia Moscovich e, em meio a esses nomes todos, o meu, com muita honra.
Rogério é um grande amigo e o convite dele para entrar nesse camarote
VIP foi um presente maravilhoso. É impossível para mim comentar esse CD com isenção, mas adorei o resultado. Entre os intérpretes, chama a atenção a presença da saudosa Adriana Marques, a "Cat Milady"
da peça "Rádio Esmeralda", falecida em 2009. Rogério já tinha tido a
felicidade de entrevistá-la para o seu programa Paralelo 30, da rádio
on-line Buzina do Gasômetro, e agora nos brinda com uma gravação
inédita da moça. Ela interpreta "Uma canção antiga", com letra de Ronald Augusto. Essa é uma das parcerias para as quais Rogério criou uma balada, começando em notas mais baixas e subindo progressivamente. As outras são "Dizer quem sou, não sei", com letra de Martha Medeiros e vocal de Ana Krüger, "Buraco", em versos de Paula Taitelbaum cantados por Lúcia Severo, "Uma palavra a mais", poema de Fabrício Carpinejar com vocal de Dudu Sperb e piano de Michel Dorrfman, e "Uma palavra pra cada coisa", letra de Letícia Wierzchowski na voz de Karine Cunha. Os arranjos de Ciro Moreau mudam em cada música, garantindo uma bela diversidade. Rogério sempre gostou de compor blues ocasionalmente e foi o que fez em duas faixas que ele mesmo canta: "Bach em Lupicínio", com letra de Celso Guttfriend, e "Diz com jura", parceria com Cíntia Moscovish. "O que você quer", com letra de Ricardo Silvestrin, é interpretada por Mônica Tomasi em clima de "power ballad". O músico guardou para o final aquela que é provavelmente a minha preferida: "Qualquer caminho", com letra de Arnaldo Sisson, na voz do próprio Rogério (sua melhor interpretação no CD e uma das melhores de seus três álbuns). É uma balada soul com uma certa influência de gospel, uma bela mensagem de ânimo e iniciativa: "Vem, deixa teu ninho, um mundo te aguarda! / Mas se não tens alegria, não é por aí!" O que dizer de "Elektranight", que é a minha participação no CD? Achei que recebeu um tratamento do tipo "melhor, impossível" por todos os demais envolvidos. A melodia é bem o que a letra pedia, simples e ganchuda. A voz do cantor Rafael Brasil ficou perfeita. E, por cima disso tudo, o multi-instrumentista Ciro Moreau criou um arranjo maravilhoso, cheio de pequenos detalhes de violão e guitarra que entram nos momentos certos. Ficou uma canção pop com influência de Ritchie e Kid Abelha. Um aspecto que estranhei foi a capa do disquinho. Nos dois primeiros, Rogério colocou fotos. Desta vez, a imagem é essa que aparece aí em cima. Enfim, se os Beatles têm o seu álbum branco, por que Rogério Ratner não pode lançar o seu CD azul? Obrigado, Rogério, por me convidar para esse belo projeto. Agora é conferir o show de sábado. Todos lá! P.S.: Minha parceria com Rogério até já tocou na Itapema FM, abrindo o programa de Júlio Fürst. Pena que perdi. Quem diria que um dia eu teria uma letra minha divulgada por "Mr. Lee"! Vejam abaixo (a página original está aqui).
Ainda que nem todos enxerguem, hoje é um dia triste para o Brasil. Confirmou-se o que eu tinha escrito aqui. Não se poderia esperar outro desfecho, já que foi um jogo de cartas marcadas. O ponteiro cruzou em impedimento, o centroavante tocou a bola para dentro com a mão e o juiz marcou gol. Quando existe conivência, consegue-se qualquer resultado. Aos que foram às ruas gritar "fora Dilma" e hoje estão comemorando, desejo vida longa. Para que vejam o julgamento da História. E percebam, mesmo que tarde demais, o legado de vergonha que deixaram para seus filhos e netos. Pintar o rosto de verde e amarelo não transforma ninguém em uma pessoa politizada. Já aviso que não aceitarei "explicação para porteiro de cinema" quando começarem as consequências indesejáveis dessa manobra. "Ah, eu não queria isto, eu só queria tirar os corruptos, arrumar a casa, limpar o Brasil, blá blá blá..." Ainda hoje há quem diga que o afastamento de João Goulart em 1964 foi necessário e somente os Atos Institucionais posteriores é que não deveriam ter acontecido. Ora, não se pode dissociar um fato dos demais. Quando se rompe a ordem democrática, os resultados são imprevisíveis. É uma lição que deveria ter sido aprendida. A menos que ocorra algo novo que me faça mudar de ideia, não pretendo mais escrever sobre eleições aqui no Blog. Era um dos temas que mais me entusiasmavam e agora perdeu a graça. Voltamos ao tempo em que o voto era apenas uma manifestação simbólica com efeito limitado e reversível.
Terça à noite, assisti ao filme "Queen: a Night in Bohemia", no Barrashopping de Porto Alegre. A primeira meia-hora é um documentário com imagens atuais (de Brian May e Roger Taylor) e de arquivo, estas incluindo entrevistas de 1977 com o apresentador inglês Bob Harris. O foco é o álbum A Night at the Opera e o single "Bohemian Rhapsody", ambos de 1975. Foi o momento em que o grupo realmente estourou e iniciou uma nova fase em sua carreira. Depois, teve início o show que a banda fez na véspera de Natal de 1975 no Hammersmith Odeon, em Londres. Quando cheguei em casa, confirmei minha lembrança: é a mesma apresentação que já foi lançada em CD, vinil, DVD e SD Blu-ray com o título de A Night at the Odeon. Inclusive a imagem foi captada originalmente em vídeo, não em película, para o programa de TV "The Old Grey Whistle Test". Mesmo assim, a projeção na tela grande tinha qualidade razoável. Com tantos shows do Queen disponíveis em vídeo, pergunto-me por que justamente esse foi selecionado para receber destaque em cinema. Mas não estou reclamando.
Nesse fim de semana, revi o clássico "O Homem Que Sabia Demais", de Hitchcock, na bela imagem de uma edição Blu-ray. Como estava acompanhado, coloquei legendas em português. Ia tudo bem, até que chegou um dos trechos que mais me marcou quando vi o filme pela primeira vez. James Stewart e Doris Day estão em uma igreja e, em vez de cochichar, aproveitam que todos estão cantando um hino e "cantarolam" suas frases numa melodia mais ou menos parecida. É o toque de humor que Hitchcock às vezes dava às suas cenas. Só que o responsável pela tradução interpretou que eles estavam apenas cantando a letra do hino e, portanto, não seria necessário legendá-la. A solução foi recuar um pouco o filme e, temporariamente, ativar as legendas em inglês. Assim eu mesmo traduzi o que foi dito. Vejam abaixo.
"Esta é apenas mais uma busca sem sucesso." Notem a observação "cantando" entre parênteses, para pessoas com dificuldade de audição.
"Vamos esperar!" A voz aguda de Doris Day cantando algo que nada tinha a ver com o hino chamou a atenção das senhoras à sua frente.
"Olhe quem vem pelo corredor!" Imaginem tudo isso cantado, para não chamar a atenção. As legendas para o Brasil desprezam esse diálogo e, na trilha em português, os dubladores preferiram falar em vez de cantar, tirando toda a graça da cena. Como já disse aqui em outra ocasião, não me considero expert em cinema. Dois dos mais aclamados filmes de Hitchcock, no caso, "Psicose" e "Os Pássaros", não me cativam. Vi cada um deles uma vez só e é suficiente. Imagino que, para os cinéfilos, sejam verdadeiras aulas de edição e enquadramento. Mas os enredos, ao menos para mim, deixam a desejar. Então não está nos meus planos colecionar todos os filmes de Alfred Hitchcock em Blu-ray ou DVD. Mas alguns eu tenho e pretendo adquirir outros.
Quando o Internacional sagrou-se hexacampeão gaúcho em 1974, aquele título foi chamado de "bi-hexa". É que o hexa de 1945 havia sido um feito histórico, que rendeu ao time da época o apelido de "Rolo Compressor". Então, pela segunda vez em sua história, o Inter atingia a marca de seis títulos gaúchos consecutivos. A denominação "bi-hexa" vinha sendo divulgada desde o penta, no ano anterior. Cá entre nós, acho que era uma forma de criar um feito que o Grêmio não tivesse em seu currículo, já que o arquirrival havia superado o recorde do Inter ao conquistar o hepta em 1968. Dois anos depois do "bi-hexa", o Inter chegou ao octa, ultrapassando o número máximo do Grêmio.
Enfim, será que o título de hoje será chamado de "tri-hexa"? Seja como for, parabéns, Internacional! Faltam só dois anos para, quem sabe, chegar a um "bi-octa"!
Gravar covers é um recurso a que artistas veteranos às vezes recorrem quando o seu público já não se entusiasma com discos de inéditas. Se o resultado é bom, a gente até perdoa o comodismo. Ace Frehley, ex-guitarrista do Kiss, sabe fazer um rock and roll de alto nível, quando quer. Em seu novo CD, Origins Vol. 1, ele homenageia suas "origens" ao regravar clássicos do Cream ("White Room"), Rolling Stones ("Street Fighting Man"), Jimi Hendrix ("Spanish Castle Magic"), Led Zeppelin ("Bring it on Home"), entre outros. Há também músicos célebres convidados. Sem dúvida a participação de mais destaque para os fãs é a de Paul Stanley, ex-colega de Ace no Kiss, cantando em "Fire and Water", do Free. Não por acaso, é a música de trabalho do CD, com direito a clip. Lita Ford divide os vocais em "Wild Thing", dos Troggs, e o baterista Scot Coogan canta em alguns trechos de "White Room" e "Bring it on Home". Uma sacada interessante de Ace foi incluir duas músicas de sua autoria do tempo do Kiss, mas que eram interpretadas originalmente por Gene Simmons. Nos primeiros álbuns do grupo, Ace compunha, mas não cantava. Então aqui estão, pela primeira vez, gravações de estúdio de "Parasite" e "Cold Gin" na voz do próprio autor. Uma surpresa é a releitura de "Rock and Roll Hell", de Gene Simmons, lançada em 1982 no álbum Creatures of the Night, do Kiss. Como se sabe, Ace aparece na capa daquele disco, mas não toca em nenhuma faixa. Já estava fora do grupo, embora não oficialmente. Então é curioso que tenha escolhido justamente essa para homenagear sua velha banda. Eu arriscaria dizer que algumas execuções ficaram até melhores do que os originais, mas sem citar nomes, para não incorrer na ira dos puristas. O que importa é que é um ótimo CD de hard rock. Ace optou por uma fórmula segura, que garante boas vendas junto aos velhos fãs, então todos ficarão satisfeitos.
Meu amigo virtual Marco Antônio Santos Freitas me entrevistou em seu programa "O Marco de Hoje", da Rádio Showtime, ontem ao final da tarde. Minha participação começa mais ou menos com meia-hora de gravação. Está disponível para ser ouvida aqui.
P.S.: Onde eu falo em Secos e Molhados "nos Estados Unidos", obviamente eu queria dizer no México. Ato falho.
Minha admiração pela banda Renato e Seus Blue Caps não é segredo para ninguém. É uma paixão musical de infância que foi reacendida na pré-adolescência, quando comecei a ouvir música para valer aos 11 anos e não parei mais. Tive a honra de escrever a biografia deles para a revista Poeira Zine. Mas só recentemente fiquei sabendo de uma curiosidade: o grupo fez uma participação no último capítulo da "Selva de Pedra" original. Em Porto Alegre os episódios eram exibidos com defasagem em relação ao Rio, mesmo assim foi em 1973 que estas cenas foram mostradas aqui. Eu teria ficado enlouquecido se alguém me falasse, na época, mas quem viu não deve ter reconhecido o conjunto. E foi bem no auge do meu interesse por eles. Eu estranhava que eles quase não apareciam na TV. Pois quem diria: eles estiveram em uma novela da Globo! Participaram tocando "The Goddess of Love", de The Gentrys, num estilo que lembra Santana, numa cena de festa. Na foto acima, vemos o tecladista Scarambone e o guitarrista e líder Renato.
A única tomada em que Cid está visível, bem à direita. Os outros dois são o guitarrista Pedrinho (à esquerda) e o baterista Gélson (no centro).
Aqui Gélson mais de perto.
E Pedrinho de novo. Como bem observou um leitor nos comentários: "Nessa última foto dá pra ver, logo à esquerda de Pedrinho, um headstock
de um baixo modelo Fender, provavelmente de Paulo Cesar Barros.
Pedrinho está com uma guitarra Rickenbacker." De fato, Pedrinho era o baixista até que Paulo César, irmão de Renato, voltou para o grupo em 1971 e ficou até 1973. Capturei essas imagens da edição em DVD da novela. Já faz tempo que foi lançada, então achei melhor comprar logo antes que saia de catálogo.
Jornalista free-lancer apaixonado por música. Minhas colaborações mais frequentes foram para o International Magazine, mas já tive matérias publicadas em Poeira Zine e O Globo. Também já colaborei com os sites Portal da Jovem Guarda e Collector's Room. Em 2022, publiquei "Kleiton & Kledir, a biografia". Aqui no blog, escrevo sobre assuntos diversos.