No filme "O Dia Depois de Amanhã", há uma cena em que um rapaz aconselha a outro que declare seus sentimentos pela garota que ama. "Diga a ela o que sente", diz o moço, mostrando que, ao contrário do que se pensava, ele era um aliado e não rival. Mas o que me chamou a atenção foi essa cultura que parece existir entre os americanos de que, no amor, é bobagem guardar segredo. Há que se expor os sentimentos o quanto antes. Nada de perder tempo. A música "Tell Her About It", de Billy Joel, prega a mesma atitude. Já James Taylor recomenda "banhar de amor as pessoas que você ama" em "Shower The People".
Não sei se aqui no Brasil também funciona. Quando eu era bem mais jovem e inexperiente, tentei essa tática de fazer uma declaração de amor à queima-roupa. Foi um desastre. A "pretendida" ficou totalmente desconcertada, pois nem desconfiava de minhas intenções. Não só minhas expectativas se frustraram, como a amizade ficou abalada. Por outro lado, sei de uma mulher que amava secretamente um colega e morria de ciúmes das amizades femininas do solteirão. Um dia criou coragem, ligou para o ramal do amado e proferiu, sem meias palavras: "Eu te amo!" Resultado: estão casados e felizes há mais de 20 anos. Mesmo assim, acho que nós, brasileiros, gostamos mais da insinuação, do mistério, do jogo de sedução. Ser direto demais pode cortar o clima. É como diz o cantor Sílvio César em "Levante os Olhos":
Levante os olhos
Olhe de frente pra ela
Olhe bem dentro dos olhos
E veja tudo o que dizem
A verdade às vezes dói
Mas é porque você constrói
Um mundo só de sonhos e de medo
Meu irmão, se você quer
Ganhar o amor de uma mulher
Procure nos seus olhos o segredo
Falou pouco, mas disse tudo. Resumiu em dez versos toda a magia da conquista à moda latina. É verdade que hoje, com sites de namoro da Internet, muito do mistério se perdeu. As pessoas já se procuram com as intenções declaradas por antecipação. Mas, se na hora H der tudo certo, não é isso o que importa? "Ser feliz é tudo o que se quer", já diz Kledir em "Paixão".
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Quando se tem um blog, é normal escrever sobre a vida pessoal, de vez em quando. Quem lê este endereço há mais tempo sabe de alguns fatos que aconteceram comigo nos últimos anos. Só que às vezes a gente evita divulgar certas novidades quando o assunto é delicado ou quando não se quer magoar ou expor ninguém. Mas alguma informação sempre acaba vazando. Se não for por aqui, é pelo Orkut, mesmo.
Vai daí que há cerca de dois meses um amigo me escreveu, curioso, querendo saber se meu namoro tinha terminado. Respondi a verdade: sim, terminou em janeiro. De minha parte, sem mágoas. Naquele momento eu decidi que iria passar um longo tempo sozinho. Que iria repensar meus planos de vida, viver para mim mesmo, para meu filho e também curtir um pouco a paz da solidão. Minha idéia era talvez ficar sozinho por todo este ano. Depois disso, com calma, eu poderia tentar encontrar alguém. Se não aparecesse, no mínimo, eu teria a função de pai para cumprir com ânimo. O Iuri é tudo para mim. O que não significa que não haja lugar para outros "tudos" na minha vida.
Mas o destino prega peças. Fiquei só quatro meses sozinho. Como diz aquela frase que NÃO é de Mario Quintana, cuidei do meu jardim e uma borboleta pousou nele. E agora eu não quero que ela vá embora. Sim, estou de namorada nova. Dei um tempo antes de anunciar, mas justamente hoje eu não haveria de manter segredo. Já quanto a nome, fotos, etc., aguardem. Tudo será divulgado a seu tempo.
Feliz Dia dos Namorados!