sábado, novembro 28, 2015

Audiobook com trilha sonora

Comecei a ouvir o audiobook "Boys in the Trees: a Memoir", autobiografia da cantora e compositora americana Carly Simon narrada pela própria. Carly pode achar que teve uma ideia genial ao colocar "fundo musical" na narração, no caso, trechos de piano e/ou violão que ela mesma gravou especialmente para esse projeto. Mas, para quem gosta de prestar atenção no texto, os acordes acabam perturbando o desfrute do livro. Poderiam ter sido mixados mais baixos em relação à voz. Os trechos cantados entre os capítulos são bem-vindos. Acho que Carly quis superar sua colega Carole King, que incluiu uma composição instrumental inédita ao piano no final do audiobook "A Natural Woman: a Memoir" além de cantar com plena emoção interpretativa os trechos de músicas citados no livro. Bem, estou apenas chegando ao terceiro capítulo da autobiografia de Carly. Ainda terei muitos violões e pianos para atrapalhar minha audição. Vamos ver qual será minha opinião ao final.

quarta-feira, novembro 25, 2015

Brodersã

Ontem à noite, antes tarde do que nunca, assisti ao documentário "O dia que durou 21 anos", sobre a participação americana no Golpe de 1964. Em certo momento, o entrevistador pergunta a Robert Bentley se ele ouviu falar na operação "Brodersã". O ex-assistente do Embaixador Lincoln Gordon, que fala português fluente, questiona: "Operação o quê?" E ouve novamente: "Brodersã". Ele diz que não. Fica muito estranho, mas a mim pareceu que ele não entendeu. Afinal, para quem fala inglês de verdade, existe uma diferença enorme entre "Brodersã" e "Brother Sam", que foi o que o entrevistador quis dizer. Nesse caso, somente as letras "b" e "s" foram pronunciadas corretamente. 

As palavras ditas com sotaque são um dos aspectos curiosos nas diferenças entre falantes de diferentes idiomas. Lembro que um americano amigo meu, que falava português com sotaque gaúcho, perguntou a uma brasileira se ela tinha estado no "micdánalds", nos Estados Unidos. Ela respondeu que não. Ele ficou surpreso: "Não estiveste no micdánalds?" Ela confirmou que não. Aí eu resolvi traduzir: "O maquidônalds!" Então ela disse: "Aaaaaah, o maquidônalds! Sim, estive!"

Mas tudo bem. Aqui no Brasil os fãs de rock curtem Estingue, Nazaré, Blecsabá e Aironmêiden. Nos Estados Unidos eles admiram Pelei e Cárman Mârrénda.

terça-feira, novembro 24, 2015

Cabo de guerra

É incrível a que ponto pode chegar a "cegueira partidária" de certos eleitores que se manifestam no Facebook. Com a aprovação do voto impresso, os antipetistas afirmam que o fato de o PT ter sido o único partido contra a derrubada do veto é a "maior prova" de que havia intenção de fraudar as eleições. Já os petistas dizem que, se a oposição fez tanta questão de que o voto impresso fosse aprovado, é óbvio que está mal intencionada. "Eles não dão ponto sem nó", comentou uma apoiadora de Dilma. E aí começam a viajar com as mais estapafúrdias hipóteses de tentativa de prejudicar o processo eleitoral pelo mau uso da urna. Houve até quem escrevesse que "agora acabou o voto secreto", como se a cédula impressa pudesse ser levada para fora do local de votação. Ou como se o voto, no Brasil, sempre tivesse sido eletrônico 

Será que não existe mais ponderação nas discussões políticas? Infelizmente, o apoio partidário virou um cabo de guerra.

segunda-feira, novembro 23, 2015

David Bowie da fase glam rock

 A obra de David Bowie ganha uma nova série de relançamentos com a caixa Five Years, que está saindo simultaneamente em CD e LP. Numa sacada interessante, o título de uma de suas músicas foi usado para indicar o período de cinco anos entre 1969 e 1973. Embora não seja uma opinião unânime, muitos fãs – eu entre eles – consideram essa a melhor fase da carreira do cantor. Aqui surgiu o Bowie roqueiro e andrógino que causou impacto no começo dos anos 70. À primeira vista, parecia uma resposta inglesa a Alice Cooper. Ninguém poderia imaginar as guinadas de estilo que ele faria a partir de 1974.
Para quem, como eu, acompanha o trabalho de Bowie desde os anos 70 (1973, para ser mais exato), a capa do Live Santa Monica '72 parece um corpo estranho em meio aos demais clássicos do período. Embora a gravação ao vivo pertença à época abrangida, o disco só foi lançado oficialmente em 2008, depois de várias edições em bootleg e um CD não reconhecido por Bowie pelos selos Trident e Griffin em 1994. É o único título da caixa que nunca ostentou o logotipo da RCA, ao contrário, por exemplo, de Ziggy Stardust, the Motion Picture, que também teve lançamento atrasado. O show é de 73, mas tanto o disco quanto o filme de D.A. Pennebaker só sairiam dez anos mais tarde.

Os demais álbuns são David Bowie (1969, também conhecido como Space Oddity), The Man Who Sold The World (1970), Hunky Dory (1971), The Rise and Fall of Ziggy Stardust and The Spiders From Mars (1972, incluindo um segundo CD com a remixagem que saiu em DVD em 2003, junto com o vinil), Aladdin Sane (1973), Pin Ups (1973) e a coletânea dupla de raridades Re:Call 1. No caso dessa última, os colecionadores estão reclamando – e com toda a razão – que ela omitiu várias faixas que tinham saído como bônus de relançamentos anteriores. É bem verdade que, pela primeira vez, está sendo relançada a gravação original de "Holy Holy", de 1970. Também entraram as mixagens mono de singles de "Space Oddity", "All the Madmen", "Janine", "Changes" e "Andy Warhol". Mas, segundo compilação de um fã que incluiu até mesmo gravações vendidas exclusivamente via iTunes, nada menos do que 52 raridades conhecidas ficaram de fora. As ausências mais notórias são "Lightning Frightening", "London Bye Ta Ta", "Bombers" e "Sweet Head". Considerando o zelo de incluir o álbum Ziggy Stardust em duas mixagens diferentes, a falta dessas quatro faixas não faz muito sentido. 

Deixando de lado as considerações de colecionador, o fato é que esse boxed set contém uma obra simplesmente maravilhosa de rock e criatividade. David Bowie (1969) é talvez o único disco em que Bowie não trouxe um projeto musical definido. Apareceu a chance de gravar o segundo disco (o primeiro saiu em 1967 pela Decca) e o músico reuniu as canções que estavam na gaveta. The Man Who Sold The World é um trabalho pesado, marcado pela guitarra de Mick Ronson, mas ainda sem a coesão dos discos seguintes. Sobre Hunky Dory, já comentei aqui. Ziggy Stardust é uma obra prima de rock de garagem. Aladdin Sane é uma versão mais luxuosa de Ziggy, com destaque para o piano de Mike Garson (já escrevi sobre esse álbum aqui). Pin Ups é um disco de covers em que Bowie se divertiu homenageando seus ídolos dos anos 60. É o mais fraco de seus LPs dessa época, embora tenha seus defensores. 

O pacote inclui um belíssimo livro de capa dura com depoimentos dos produtores Tony Visconti e Ken Scott, comentando faixa por faixa os respectivos álbuns de estúdio em que trabalharam, e uma matéria da época para cada LP, incluindo críticas dos shows que viraram disco. E quem comprar a edição em vinil – bem mais cara do que os CDs – terá as fotos e reproduções de material promocional em páginas de gloriosas 12 polegadas! 

Alguns argumentam que o álbum de 1974, Diamond Dogs, deveria estar nessa caixa. Afinal, foi o último suspiro de Bowie como glam rocker antes de partir para camaleônicas incursões por outros gêneros. Com esse disco, a coleção incluiria a íntegra da fase roqueira de Bowie da primeira metade dos anos 70. Mas aí não se poderia usar o título Five Years, pois a abrangência seria de seis anos, não cinco. O jeito é esperar os próximos volumes e já ir guardando dinheiro. Por fim, cumpre questionar por que nem todos os discos de Bowie tiveram reedições individuais de luxo e, principalmente, criticar a falta de uniformidade desses relançamentos. Agora, pelo visto, o placar foi zerado e o que vier num futuro próximo será em formato semelhante a esta primeira caixa.

Leia também:

A caixa dois de David Bowie
A terceira caixa de David Bowie

sábado, novembro 21, 2015

De novo no Paula Soares/Pio XII

Ocorreu ontem o terceiro encontro de ex-alunos do extinto Colégio Pio XII, que funcionava no mesmo prédio do Paula Soares à tarde e à noite. A festa, como sempre, foi no salão da escola, na parte de baixo. Mas, quando eu cheguei, somente o portão de cima estava aberto e foi por lá que eu entrei. Tive a emoção de descer as escadas, percorrendo mais uma vez aquele ambiente do meu passado.
Este é o professor Napoleão, de Educação Física. Lembro de ter sido aluno dele em 1976, se não sou traído pela memória. As aulas dele eram pela manhã, no Centro Esportivo do Menino Deus - o mesmo que frequento hoje, embora esteja bastante modificado. Eu também aproveitava as manhãs para o curso de inglês, no Cultural, então o Napoleão permitia que eu chegasse mais tarde e me passava as atividades. Professor exigente, mas justo. Gente boa. Colocava apelidos em alguns alunos para chamar a atenção das falhas nos exercícios. Eu escapei, mas até hoje lembro do Meia Taça e do Dez Pras Duas (o saudoso João Luiz Bernardi Ferreira, que tinha os pés em "v"). Na aula seguinte ao Conselho de Classe o Napoleão levava as anotações para puxar a orelha de cada aluno pelas matérias em que tinha ido mal. Mas tudo num clima amistoso.
Fui um dos últimos a sair, junto com as moças que organizaram o evento, então aproveitei para subir no mezanino do salão, onde tive aulas de artes manuais. Durante a festa a porta ficou fechada, mas no final ela foi aberta, então lá fui eu revisitar mais essa parte do meu passado.


Quem quiser ver mais fotos do colégio pelo lado de dentro pode conferir a postagem que eu fiz em 2013, na primeiro encontro de ex-alunos. É só clicar aqui. A julgar por mais uma edição de sucesso (mesmo com a proibição de bebida alcoólica, novidade de última hora que pegou a comissão organizadora de surpresa), tudo indica que este evento vai se tornar parte constante do calendário de novembro em Porto Alegre. Parabéns aos que tiveram a iniciativa. Se aparecerem outras fotos minhas tiradas por colegas, eu as acrescentarei aqui (se passarem pelo meu controle de qualidade).
P.S.: Aqui estão fotos da festa tiradas por nossa amiga Ana Cláudia.
 Desculpem estar de costas...
Leia também:

sexta-feira, novembro 20, 2015

Da série "ideias que eu tive primeiro"

O Guri de Uruguaiana (Jair Kobe) que me desculpe, mas eu já tinha feito essa piada em 2004. Releiam aqui.

quarta-feira, novembro 18, 2015

Voto impresso

Fiquei bastante decepcionado quando Dilma vetou o voto impresso. Achei que foi um erro político tremendo. No final das contas, isso serviu para aumentar ainda mais a sensação de vitória de seus inimigos com a derrubada do veto. E assim a democracia segue o seu rumo, fortalecida. Foi o melhor que poderia acontecer para o país.

Clips dos Beatles em Blu-ray

A aguardadíssima reedição especial da coletânea "1" dos Beatles com DVD e Blu-ray foi lançada em configurações diversas. Mas, para quem é realmente colecionador, não há dúvida: tem que pegar a versão de luxo com dois Blu-rays e um CD, além de um livrinho contando a história de cada música e clip.

A demanda por uma coletânea de clips dos Beatles já vinha desde a era do videocassete. Em 1990 (ou talvez antes, mas foi nesse ano que tomei conhecimento), surgiu uma fita VHS pirata com capinha e tudo chamada "Backtrack". Mais tarde esse material reapareceu em DVD, também de forma clandestina. Já músicas dos Beatles em 5.1, como estão saindo agora, já se encontravam em vídeos diversos, como o documentário "Anthology" e as edições em DVD e Blu-ray dos filmes "Help!", "Yellow Submarine" e "Magical Mystery Tour". Mas desta vez são mais de 30 composições, algumas aparecendo mais de uma vez em clips diferentes, como "Rain" e "Hello Goodbye". Uns poucos áudios são de programas de TV, outros foram registrados originalmente em apenas quatro canais ou menos, de forma que Giles Martin, filho do produtor George, teve que usar de criatividade para desdobrar o som num legítimo "surround".
Como já expliquei aqui no Blog, só têm a ganhar em Blu-ray imagens registradas originalmente em película (filme, não vídeo-tape) ou em vídeo de alta definição, que inexistia no tempo dos Beatles. Assim, a qualidade dos clips varia conforme a fonte. Os melhores, naturalmente, são os filmes de 35 milímetros. Assim, o que se vê ao som de "Paperback Writer", "Rain", "Penny Lane" e "Strawberry Fields Forever" é uma festa para os olhos. Em especial "Strawberry Fields" apresentava um belíssimo visual à frente do seu tempo. É sem dúvida um dos melhores vídeos de rock de todos os tempos. "A Day in the Life" também é bonito, mas perde um pouco por ser original de 16 milímetros.

Algumas inclusões com certeza atiçarão as esperanças dos fãs por futuros lançamentos. Por exemplo: em "Eight Days a Week", foi feita uma colagem de trechos do especial de televisão dos Beatles no Shea Stadium, com inacreditável nitidez (apareceu um DVD à venda no Brasil, mas é não autorizado). Já músicas do filme "Let it Be", como "Get Back", "The Long and Winding Road", "Don't Let Me Down" e a canção-título, são tiradas do próprio longa metragem, mostrando que a película está um tanto granulada, talvez por ser 16mm. Mas é o melhor que se consegue. O filme nunca saiu nem em DVD, somente em VHS e videodisco no começo dos anos 80 e ficou pouquíssimo tempo em catálogo. É o mesmo caso do especial de TV "Around the Beatles", de onde foi tirada a apresentação de "Can't Buy Me Love".

Uma curiosidade é que o clip original de "Lady Madonna" foi feito a partir de uma filmagem dos Beatles no estúdio gravando "Hey Bulldog". Quando o filme "Yellow Submarine" foi relançado em 1999, as imagens foram recuperadas e sincronizadas com o áudio de "Hey Bulldog" para criar um vídeo promocional. As duas músicas estão nos Blu-rays, usando edições diferentes do mesmo filme. Como o Blu-ray 1 se propõe a incluir uma seleção idêntica à do CD (coletânea lançada originalmente no final do ano 2000), acabaram entrando "Yellow Submarine" e "Eleanor Rigby" com imagens do desenho animado (uma montagem no primeiro caso e a mesmíssima cena no segundo), ambas desnecessárias para quem já tinha o DVD/Blu-ray respectivo.
Em algumas músicas, existe a opção de ouvir comentários de Paul McCartney ou assistir a uma introdução de Ringo Starr. Aí está ele mostrando o clip de "Strawberry Fields Forever". No Blu-ray 2 constam ainda dois áudios da BBC, "Baby It's You" e "Words of Love", com fotos e filmes raros dos Beatles. O mash-up de "Within You, Without You" e "Tomorrow Never Knows" é do projeto "Love", com uma montagem caleidoscópica dos rostos dos Beatles. A animação de "Come Together" foi criada no ano 2000 para promover o CD "1" e o lançamento do site oficial dos Beatles. Num pacote tão abrangente, não poderiam faltar "Free as a Bird" e "Real Love", as duas gravações realizadas por Paul, George e Ringo sobre áudios inéditos de John Lennon em 1995 para o documentário "Anthology". Agora é torcer para que o esperadíssimo filme "Let it Be" também saia em Blu-ray numa edição farta em extras e cenas inéditas.

sábado, novembro 14, 2015

Esferas

Sexta-feira à noite, antes da sessão de cinema, aproveitei para filmar essa bela instalação com esferas em constante movimento de pêndulo. Fazia parte de uma exposição na Usina do Gasômetro. Infelizmente, não anotei os detalhes (nome, autor, etc.).

"1973" na Feira do Livro

Não reparem a qualidade da imagem. Eu estava sem minha máquina fotográfica, então recorri ao celular, mesmo. Eu nunca o tinha usado para tirar fotos e, sem querer, acabei gravando um vídeo. Capturei a imagem depois. Finalmente encontrei na Feira do Livro de Porto Alegre um exemplar de "1973, o Ano que Reinventou a MPB", organizado por Célio Albuquerque. A barraca da Livraria Palmarinca tem um e somente um exemplar. É de quem chegar primeiro. O último dia da Feira é amanhã.

sexta-feira, novembro 13, 2015

Hoje é noite de ver os Monkees

Hoje, às 20 horas, na Sala P. F. Gastal (Usina do Gasômetro), ocorre uma exibição especial do filme "Head", dos Monkees em cópia digital, com legendas em português. A produção é de 1968, mas chegou aos cinemas brasileiros em 1970 com o título "Os Monkees Estão Soltos." Depois da sessão, acontece um debate com os pesquisadores sobre música pop Zeca Azevedo e André Kleinert. Será minha chance de ver esse que é um clássico da era psicodélica. Pelo que já li a respeito, o roteiro faz do limão uma limonada e satiriza a imagem pré-fabricada pela qual o grupo americano sofreu críticas, na época. Foi um dos últimos trabalhos dos Monkees como um quarteto. Depois a formação foi se desfazendo aos poucos, primeiro com a saída de Peter Tork, depois Michael Nesmith. Sobraram Micky Dolens e Davy Jones para lançar um último álbum antes do fim.

quarta-feira, novembro 11, 2015

Citação

O jornalista carioca Célio Albuquerque continua atento a quaisquer referências que se façam ao livro "1973, o Ano que Reinventou a MPB", que ele organizou com esmero e dedicação em 2013. Pois apareceu mais uma citação, justamente do meu texto sobre os Secos e Molhados, na revista "Outros Críticos". O texto é de Marina Suassuna. Cliquem aqui para ler. E cliquem aqui para rever as fotos da sessão de autógrafos do livro em São Paulo.

sábado, novembro 07, 2015

A história da pirataria musical

Terminei de ouvir o audiobook em inglês, narrado pelo autor, do livro que saiu no Brasil com o título de "Como a Música Ficou Grátis", de Stephen Witt. É um trabalho investigativo interessante, mas que em certos pontos me obrigou a ouvir novamente alguns trechos. A sucessão de personagens e fatos é rápida e, em alguns momentos, complexa. O autor alterna narrativas de eventos paralelos que se juntam em determinado instante.

Eu sempre imaginei que a pirataria de música tivesse surgido da forma mais banal possível: no momento em que passou a ser possível converter um CD para mp3, os primeiros compradores copiavam os álbuns e os repassavam aos amigos. Mas não foi bem assim. Muito mais pelo desafio e pela adrenalina do que por eventual lucro, surgiu uma verdadeira "indústria mundial de vazamentos". Empregados infiltrados em fábricas conseguiam CDs inéditos antes da data do lançamento e os colocavam no circuito clandestino. Hoje já sei como pude ouvir o álbum Reality, de David Bowie, com antecedência da venda oficial, em 2003. Aproveitei para escrever uma resenha sobre o disco para o International Magazine e o jornal chegou às bancas praticamente ao mesmo tempo em que o CD apareceu nas lojas. 

Outro fato abordado pelo livro que me remeteu a David Bowie foi a guerra entre formatos de conversão de áudio. O mp3 acabou se impondo, mas por algum tempo a indústria apostava no mp2. Em 1996, Bowie foi pioneiro no lançamento de seu novo single pela Internet, no caso, três remixes de "Telling Lies". E foram disponibilizados justamente em mp2. Na época, a maioria das conexões à rede era por linha discada, então a espera para baixar uma música era agoniante. Eu tive que deixar para a madrugada, quando o fluxo de dados era menos obstruído. No outro dia, vários fãs reclamaram. Lembro especificamente de uma mensagem que dizia: "Da próxima vez, me dê sua música onde sempre consegui comprá-la: na loja de discos!" Uma observação que se torna irônica diante da evolução do mercado.

Em fóruns de música, leio muitos comentários sobre os "erros" das gravadoras. Por mais que elas tenham sido gananciosas e negligentes, eu não vejo o que elas poderiam ter feito para prevenir a pirataria. No momento em que se tornou possível copiar CDs em "n" gerações sem perda de qualidade, o alastramento foi inevitável. A menos, é claro, que alguns queiram argumentar a famosa "lei do retorno". Ou, para os crentes, "castigo de Deus". Como punição pela forma inescrupulosa com que trataram seus artistas e clientes, surgiu a pirataria digital para arruinar seus negócios.

Eu até diria que as gravadoras estão lidando bem com a situação. A criação de produtos sofisticados, como luxuosas caixas de CDs, é uma saída interessante. Já o contrário - tentar baratear o produto para concorrer com a pirataria - eu vejo como um equívoco. A menos que se mantenha um mínimo de qualidade, como as caixinhas que relançam coleções completas ou dividas em períodos em capinhas de papelão imitando os LPs originais. Um exemplo de forma errada de combater a pirataria foi o lançamento, no Brasil, de vídeos em VCD, formato que era gravado em CD normal. É que os camelôs estavam vendendo cópias de filmes nesse tipo de mídia. Mas, logo em seguida, surgiu o DVD gravável, permitindo uma pirataria mais sofisticada.

Enfim, o que escrevi aqui não foi um comentário específico sobre o livro, mas uma breve dissertação sobre o tema a partir de questões levantadas pela obra. Mas recomendo a leitura de qualquer maneira. O lançamento de "Como a Música Ficou Grátis" no Brasil é da editora Intrínseca. Também está disponível em e-book (Kindle ou ePub).

quinta-feira, novembro 05, 2015

Do baú

Remexendo em algumas velharias que ainda estavam encaixotadas da mudança, acabei encontrando esse recorte feito por minha mãe, com uma anotação por cima com a letra dela. A sessão de autógrafos em São Paulo em fevereiro de 2014 não foi minha primeira. Aos 15 anos eu participei dessa coletânea de poesia anunciada pelo Correio do Povo. É curioso que eu usava o meu nome completo na época, mas a nota cita apenas "Emílio Pacheco". Eu já estava predestinado a adotar essa assinatura em meus textos. 

P.S.: Eu realmente participei de uma sessão de autógrafos dessa coletânea, mas foi antes, no saudoso Restaurante Dona Maria. Na data dessa aí eu estava em Brasília, passando uns dias na casa de meu irmão mais velho. Por isso minha mãe recortou e guardou a nota: ela queria mostrar para mim quando eu voltasse. 

domingo, novembro 01, 2015

Kleiton e Kledir na Feira do Livro

Minha intenção era ter chegado no horário para o bate-papo com Kleiton e Kledir na Feira do Livro, mas um contratempo quase me impediu de comparecer. O início estava marcado para 17 e 30. Cheguei às 18 e 20. O tema era o CD "Todas as Letras", em que eles musicam poemas de escritores gaúchos famosos. Estavam presentes também no Teatro Carlos Urbim um dos autores incluídos nas parcerias, Alcy Cheuíche (o bem da direita), e o curador do projeto, Luís Augusto Fischer (o segundo da esquerda para a direita, ao lado de Kleiton).
Kleiton pediu licença e se retirou mais cedo, pois tinha que preparar sua sessão de autógrafos das 19 horas. Ele iria assinar seu romance "Kyoto". Depois falei com Kledir e ele me contou que, na conversa de sexta à noite no Teatro da Santa Casa, a entrevistadora Cláudia Laitano citou meu nome. Ela disse que pegou algumas informações sobre Almôndegas e Kleiton e Kledir aqui do Blog. Bem que eu notei várias pesquisas com esse tema na semana anterior.
E aqui estou eu com Kleiton, exibindo o seu novo livro.