quarta-feira, julho 31, 2019

Opinião sobre opinião

Hoje à tarde eu estava saindo do Shopping Praia de Belas quando uma repórter da TVE me abordou para saber minha opinião sobre... opinião. Isso mesmo, opinião sobre opinião. Sobre ter ou não ter opinião. Não sei quando irá ao ar, mas dei minha opinião sobre opinião.

domingo, julho 28, 2019

Secos e Molhados em detalhes

"Primavera nos Dentes" não é a primeira biografia dos Secos e Molhados, como afirmou seu autor em entrevistas. Antes, tivemos "O Doce e o Amargo dos Secos e Molhados", uma versão expandida e atualizada da tese de mestrado de Vinicius Rangel Bertho da Silva. Gérson Conrad, ex-integrante do grupo, também nos legou um um sucinto mas válido relato da trajetória do conjunto, intitulado "Meteórico Fenômeno". As entrevistas realizadas por Charles Gavin para o programa "O Som do Vinil", do Canal Brasil, focalizando o primeiro LP dos Secos, foram lançadas na íntegra em forma de livro. Em 1974, houve uma publicação pela editora Nórdica com fotos, entrevistas e matérias sobre o trio João, Ney e Gérson, para coincidir com o lançamento do segundo LP, inclusive com capa igual (assemelhava-se aos volumes que hoje acompanham os relançamentos de luxo em CD).

Curiosamente, Miguel de Almeida não consultou nenhum dos títulos acima para escrever seu livro. Nem as biografias já publicadas de Ney Matogrosso. É louvável quando um biógrafo vai em busca de informações na fonte em vez de apenas reciclar as existentes. E ele fez o seu dever de casa, entrevistando os três ex-integrantes (até o arredio João Ricardo, que sempre se recusa a colaborar com livros e documentários, cooperou dessa vez) e também os músicos Willy Verdaguer, Tato Fischer e Emilio Carrera, o ex-empresário Moracy do Val e o fotógrafo Antônio Carlos Rodrigues, que fez as capas dos dois LPs, entre outros personagens. Mesmo assim, teria valido a pena dar uma espiada, por exemplo, na tese de Vinicius Rangel, com seus preciosos depoimentos da saudosa Luhli (que Miguel diz ter chegado a entrevistar) e Gérson Conrad. Talvez aí alguns pequenos erros e omissões (que serão comentados adiante) pudessem ter sido evitados.

Mas não há dúvida: "Primavera nos Dentes" é a biografia definitiva da formação clássica dos Secos e Molhados. Aqui temos uma narrativa minuciosa, quase visual, de como os personagens desta história vieram a se conhecer, formar o grupo, passar pelo olho do furacão, enfrentar crises e, por fim, se separar. Pela primeira vez tomamos conhecimento de como Ney de Souza Pereira adotou o sobrenome artístico de Matogrosso, algo que nem as biografias do cantor informam com clareza. Também o motivo pelo qual o baterista Marcelo Frias posou para a capa do primeiro LP mas depois saiu do grupo é contado em detalhes, confirmando algumas informações que já se tinham. Os problemas com a censura, com a polícia, com fãs mais agressivos, está tudo no livro.

A colaboração de João Ricardo com o biógrafo rendeu frutos: o compositor teve sua importância reconhecida na medida exata. O autor dá voz aos três ex-integrantes em igualdade de condições, apresentando inclusive versões contraditórias de certas passagens, deixando que o leitor tire suas conclusões. A lenda de que o Kiss copiou a maquiagem dos Secos e Molhados não pode ser ignorada, ela já faz parte da história do grupo brasileiro. Mas Miguel de Almeida não hesita em descartar a hipótese de que os empresários americanos que procuraram os Secos no México tenham levado a ideia das máscaras para a banda estadunidense, diante do cristalino e irrefutável fato de que, quando houve a viagem dos Secos ao exterior, já fazia três meses que o primeiro LP do Kiss havia sido lançado. Já o testemunho de Zé Rodrix de que Gene Simmons e Paul Stanley teriam comido uma feijoada na casa dele o autor não elimina por completo, mas deixa nas entrelinhas que o músico brasileiro poderia estar equivocado quanto à identidade dos dois rapazes. E é aí que surge o erro inicial: o primeiro show do Kiss com a maquiagem tradicional aconteceu em março, não dezembro de 1973, como diz o livro. A informação correta do mês teria praticamente excluído a hipótese de Rodrix estar certo em sua lembrança.

Outros erros de menor importância: "Flores Astrais" é a segunda, não primeira, faixa do segundo LP dos Secos e Molhados. No último compromisso de João, Ney e Gérson como integrantes do grupo, foram gravados dois clipes para o Fantástico: "Flores Astrais" e "Tercer Mundo". O livro cita apenas o primeiro. Teria sido interessante ler a opinião do autor sobre a maquiagem bem mais discreta usada por Ney no segundo clipe. E por que não informar ao leitor que o verdadeiro sobrenome de Gérson é Conrradi? Miguel de Almeida atribui o nome Conrad até mesmo ao pai do músico.  

Se "Primavera nos Dentes" é um trabalho quase perfeito de pesquisa e redação sobre a formação clássica dos Secos e Molhados, fãs do compositor João Ricardo sentirão falta do restante de sua obra. Após lançar dois ótimos discos solo em 1975 e 1976, João trouxe de volta o velho grupo com nova formação em 1978. O livro até cita o sucesso "Que Fim Levaram Todas as Flores?", mas se limita mencionar o CD mais recente do músico, Chato Boy, de 2011, em dupla com Daniel Iasbeck. Seria interessante que alguém se dispusesse a biografar o criador do grupo, que tem uma história bastante rica e multifacetada.

Por fim, "Primavera nos Dentes" inclui 32 páginas com fotos em preto e branco, quase todas do fotógrafo Ary Brandi, que merece um capítulo à parte ao final.

segunda-feira, julho 22, 2019

Pensamento da hora

"Embora só existam duas posições, a gente só acerta a conexão do cabo USB na terceira tentativa!" Observação certeira de Tatiana Cunha, de Belo Horizonte.

Corra que o DVD está aí

Se você ainda coleciona DVDs nestes tempos em que o streaming tenta dominar o mundo, não perca este lançamento sensacional e mais do que bem-vindo. A série "Police Squad", criada pela rede de TV americana ABC em 1982, foi a precursora dos filmes "Corra que a Polícia Vem Aí". O humor absolutamente genial e criativo dos episódios, infelizmente, não teve a audiência esperada e a série foi cancelada com apenas seis apresentações. Numa entrevista de oito minutos que consta dos extras, o ator principal Leslie Nielsen opina que a fórmula do roteiro exigia atenção exclusiva para ser apreciada, algo impossível de se conseguir no ambiente de casa, diante do televisor. Por isso o projeto foi transposto com sucesso para a tela grande do cinema.
De fato, as piadas, tiradas sutis e frases de duplo sentido (nem sempre traduzíveis) se sucedem rapidamente. E é justamente este o atrativo da série: um humor inteligente e diferenciado. Dois elementos presentes nos episódios não foram reutilizados nos filmes. Um deles é a "imagem congelada" ao final de cada história. Se você ainda não sabe do que se trata, não vou estragar a surpresa - assista! O outro é o engraxate Johnny (o ator William Duell), que sabe dar informações a todos sobre tudo, contanto que lhe paguem seu preço. O detetive Frank Drebin sempre o consulta para saber o próximo passo em sua investigação. Em seguida, aparece uma celebridade do mundo real para também fazer uma pergunta. No sexto e último episódio, o apresentador de TV Dick Clark questiona sobre ska, o ritmo do momento, para decidir se o apresenta ou não em seu programa.

Nos extras, apenas a entrevista de Leslie Nielsen está legendada em português. Quem não entende inglês deixará de aproveitar os comentários dos produtores David Zucker, Bob Zucker, Jim Abrahams e Bob Weiss no quinto episódio e do roteirista Robert Wuhl no sexto. Também ficou sem tradução o minidocumentário "Behind the Freeze Frames" (por trás das imagens congeladas). Ao menos, mantiveram o material e seus respectivos áudios na edição brasileira. Já houve casos odiosos de "excluir para não precisar legendar". De qualquer forma, não percam este DVD.

terça-feira, julho 16, 2019

O empresário dos Secos e Molhados

A exemplo de Brian Epstein, que era responsável pelo setor de discos da loja de departamentos de seu pai, Moracy do Val também virou empresário por impulso. O jornalista de São Paulo foi ver os Secos e Molhados na Casa de Badalação e Tédio e apaixonou-se pela proposta do grupo. Aproveitando sua experiência com divulgação de shows, Moracy assumiu os Secos e Molhados também como produtor e, com eles, viveu um período de intensa efervescência cultural de 1972 até 1974, quando foi demitido pouco antes da separação do trio.

"Moracy do Val Show", de Celso Sabadin e Francisco Ucha, conta essa história num formato de almanaque. A peça de resistência do livro é uma entrevista realizada por Sabadin com Moracy, a qual se estende por boa parte das páginas ímpares do livro. Nas pares, encontram-se verbetes com os personagens diversos que, de alguma forma, fizeram parte da história de Moracy. Há ainda a antológica entrevista concedida pelo empresário ao Pasquim, logo após o fim dos Secos e Molhados, em 1974, e depoimentos de Gérson Conrad e do próprio Moracy ao livro "Um Cara Meio Estranho", de Denise Pires Vaz (sobre Ney Matogrosso). Reproduções de fotos, documentos e matérias de jornal completam este belo volume de 194 páginas. A trajetória de Moracy não se resume ao trabalho com os Secos, como "Moracy do Val Show" bem demonstra, mas não há dúvida de que o público-alvo deste título da editora Martins Fontes são mesmo os fãs do conjunto.

quarta-feira, julho 10, 2019

Fog porto-alegrense

Minha amiga e ex-colega de trabalho Cleonice Carvalho de vez em quando posta no Facebook fotos matinais tiradas da janela de seu apartamento, no centro de Porto Alegre. Esta talvez seja a mais bonita de todas que ela já compartilhou. Ela mesma a intitulou: "Porto Alegre sendo Londres". Foi a cerração de hoje pela manhã.

segunda-feira, julho 08, 2019

Cláudia Bia

Não conheci pessoalmente Cláudia Bia, jornalista de Brusque - SC, mas gostava muito dela. Ela sempre dividia conosco as matérias que publicava em sua coluna no jornal Município Dia a Dia, com retrospectivas de discos, filmes e eventos em aniversários "redondos". Em 2018, por exemplo, ela fez um levantamento das grandes produções de 1978. Pelas fotos que ela publicava e até por alguns relatos mais sinceros, percebia-se que ela estava lutando contra um câncer. Ainda ontem ela fez uma postagem no Facebook. Hoje o marido dela nos deu a triste notícia de que ela partiu. A imagem acima é de 2016, quando ela fez uma menção elogiosa a mim pela divulgação da série "A Trilha do Rock no Brasil". Vai em paz, amiga. Vais fazer muita falta.

domingo, julho 07, 2019

João Gilberto

Eu não curtia MPB na adolescência. Um amigo meu dizia que eu "não gostava de música brasileira, só da gaúcha", como se não fosse também brasileira. Mas, de certa forma, ele tinha razão. Eu até ouvia Secos e Molhados, Sá (Rodrix) e Guarabyra, Guilherme Lamounier, Raul Seixas, Sérgio Sampaio, enfim, trabalhos mais pop. Mas ainda não tinha aprendido a apreciar o conjunto da obra dos expoentes brazucas na música. 

Mas o mundo deu voltas e eu acabei descobrindo o mundo maravilhoso da música brasileira como um todo. E a leitura do livro "Chega de Saudade", de Ruy Castro, me deixou atiçado para, antes tarde do que nunca, conhecer mais sobre Bossa Nova. Eu lembro que fazia pouco tempo que tinha comprado meu primeiro CD player. Ainda estava naquele entusiasmo de procurar lançamentos em compact disc. E acabei encontrando uma coletânea de João Gilberto.
"O Mito", lançado no mercado internacional com o título de "The Legendary" (o lendário), sofreu críticas pela forma como amontoou 39 músicas dos primeiros LPs de João sem acrescentar informações e ainda juntou duas numa só faixa, no caso, "O Nosso Amor" e "A Felicidade". Lembro de ter lido também restrições às mixagens. Mas, para mim, nada disso importava. Levei este CD para Capão da Canoa no início dos anos 90 e mergulhei nessa overdose de Bossa Nova "vintage". Essa é a lembrança mais marcante deste seminal músico em minha vida. Não, eu nunca o vi ao vivo. E teria tido oportunidade. 

O mundo inteiro rende homenagens a João Gilberto. Ele praticamente inventou a Bossa Nova.

sábado, julho 06, 2019

Frio, smart phone, etc.

Eu realmente não lembrava como é desagradável caminhar na rua num dia de vento gelado, como foi o de ontem. Neste ano tomei a vacina da gripe, então espero estar protegido. Entre outras coisas, eu fui comprar a primeira webcam de minha vida. Câmeras para se usarem na Internet são quase tão antigas quanto a própria rede, mas eu nunca tinha instalado uma. Achei o design meio estranho. O suporte em forma de dobradiça parece deixar a câmera sempre em ângulo de baixo para cima, mas vai servir ao meu objetivo: usar o Skype.

Também me rendi, finalmente, a um smart phone. Mas apenas parcialmente. Pode ser que mais tarde eu mude de ideia mas, neste primeiro momento, vou continuar usando meu Nokia velho de guerra, com o número de sempre, para a função primeira do celular, que é telefonar. O Samsung J8 que escolhi por indicação de uma amiga vai ficar em casa. Eu o adquiri com uma única finalidade: ter Whatsapp. Fiz novo contrato, para poder ter dois celulares. Mas calma lá, não me peçam o número, que por enquanto eu o usarei exclusivamente para fazer entrevistas. Percebi que não teria como escapar disso quando fiz contato com uma das fontes e a primeira resposta que ela me deu foi: "Me manda um Whatsapp." Então não tem jeito, tenho que ir aonde o povo está. Mas tenho utilizado, sempre que possível, o Whatsapp Web, que é pelo computador. Ele só funciona se o celular estiver ligado, mas pelo menos posso usar teclado de verdade e tela grande.
-*-
Minha saga do recebimento dos cartões de crédito teve um final feliz. No sábado passado, antes tarde do que nunca, meu cartão simplesmente apareceu em minha caixa de correspondência. E, ontem à tarde, o segundo cartão que contratei por segurança, para evitar de ficar sem caso um deles tenha que ser cancelado, também estava lá, no mesmo lugar, me esperando. Tão simples! Não é como eles dizem que entregam, mas é como ocorre na prática. E é ótimo.

Outra diferença entre o informado e o constatado foi que consegui desbloquear o primeiro cartão mesmo outro já tendo sido emitido em substituição a ele, em razão da demora. O atendimento tinha me dito que, se eles emitissem outro cartão, ainda que eu viesse a receber o anterior, ele estaria cancelado. Pois não estava. Então ainda posso receber esse cartão substituto em algum momento, mas não importa. Já estou usando novamente o Spotify e refiz minha assinatura do Audible, para retirar um audiobook por mês a preço fixo.

O cartão de crédito para mim é essencial não para movimentar altas somas, que não é o caso, mas para poder fazer minhas compras pela Internet, incluindo e-books e audiobooks que se baixam na hora. O cartão não aumentou o meu consumo, apenas redirecionou-o das lojas físicas para as on-line. É ótimo poder comprar o que se quer sem depender de vendedores nem sempre bem informados.
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Daqui a pouco vou buscar meu filho para passar o fim de semana comigo. Normalmente ele já vem na sexta, mas em razão do frio a mãe dele achou melhor ele dormir em casa de ontem para hoje. E a previsão é de mais um dia gelado, infelizmente. Sem caminhada, então. Usemos o carro.

Bom fim de semana a todos!

sexta-feira, julho 05, 2019

Frio

Hoje tá fazendo um frio de rachar opala!

terça-feira, julho 02, 2019

Elena Quintana

A foto acima é da Feira do Livro de Porto Alegre de 2007. Ficou tão boa que parece posada. Ela mostra bem a situação: eu (à esquerda) apresentado a Elena Quintana pelo italiano Pierino Bonifazio (ao fundo), estudioso da obra de Mario Quintana na Itália. No ano anterior, quando ainda não nos conhecíamos pessoalmente, ela tinha me mandado o seguinte recado por Pierino, que foi postado em minha comunidade do saudoso Orkut intitulada "O verdadeiro Mario Quintana":

"Emílio,


descobri por um italiano, Pierino, que tu és a resposta para as minhas preces. Eu me sentia sozinha e totalmente impotente diante da enxurrada de textos atribuídos ao tio Mario na Internet e em várias homenagens nesse ano, em colégios por esse Rio Grande e também no Rio de Janeiro. Quero que todos os visitantes desta comunidade saibam que estou encantada com este teu trabalho e verdadeiramente agradecida.

Elena Quintana." 

Elena faleceu hoje, aos 63 anos.

Pensamento da hora

Não perguntes para quem os cachorros do vizinho latem. Eles latem para ti.