terça-feira, julho 16, 2019

O empresário dos Secos e Molhados

A exemplo de Brian Epstein, que era responsável pelo setor de discos da loja de departamentos de seu pai, Moracy do Val também virou empresário por impulso. O jornalista de São Paulo foi ver os Secos e Molhados na Casa de Badalação e Tédio e apaixonou-se pela proposta do grupo. Aproveitando sua experiência com divulgação de shows, Moracy assumiu os Secos e Molhados também como produtor e, com eles, viveu um período de intensa efervescência cultural de 1972 até 1974, quando foi demitido pouco antes da separação do trio.

"Moracy do Val Show", de Celso Sabadin e Francisco Ucha, conta essa história num formato de almanaque. A peça de resistência do livro é uma entrevista realizada por Sabadin com Moracy, a qual se estende por boa parte das páginas ímpares do livro. Nas pares, encontram-se verbetes com os personagens diversos que, de alguma forma, fizeram parte da história de Moracy. Há ainda a antológica entrevista concedida pelo empresário ao Pasquim, logo após o fim dos Secos e Molhados, em 1974, e depoimentos de Gérson Conrad e do próprio Moracy ao livro "Um Cara Meio Estranho", de Denise Pires Vaz (sobre Ney Matogrosso). Reproduções de fotos, documentos e matérias de jornal completam este belo volume de 194 páginas. A trajetória de Moracy não se resume ao trabalho com os Secos, como "Moracy do Val Show" bem demonstra, mas não há dúvida de que o público-alvo deste título da editora Martins Fontes são mesmo os fãs do conjunto.