Eu não curtia MPB na adolescência. Um amigo meu dizia que eu "não gostava de música brasileira, só da gaúcha", como se não fosse também brasileira. Mas, de certa forma, ele tinha razão. Eu até ouvia Secos e Molhados, Sá (Rodrix) e Guarabyra, Guilherme Lamounier, Raul Seixas, Sérgio Sampaio, enfim, trabalhos mais pop. Mas ainda não tinha aprendido a apreciar o conjunto da obra dos expoentes brazucas na música.
Mas o mundo deu voltas e eu acabei descobrindo o mundo maravilhoso da música brasileira como um todo. E a leitura do livro "Chega de Saudade", de Ruy Castro, me deixou atiçado para, antes tarde do que nunca, conhecer mais sobre Bossa Nova. Eu lembro que fazia pouco tempo que tinha comprado meu primeiro CD player. Ainda estava naquele entusiasmo de procurar lançamentos em compact disc. E acabei encontrando uma coletânea de João Gilberto.
"O Mito", lançado no mercado internacional com o título de "The Legendary" (o lendário), sofreu críticas pela forma como amontoou 39 músicas dos primeiros LPs de João sem acrescentar informações e ainda juntou duas numa só faixa, no caso, "O Nosso Amor" e "A Felicidade". Lembro de ter lido também restrições às mixagens. Mas, para mim, nada disso importava. Levei este CD para Capão da Canoa no início dos anos 90 e mergulhei nessa overdose de Bossa Nova "vintage". Essa é a lembrança mais marcante deste seminal músico em minha vida. Não, eu nunca o vi ao vivo. E teria tido oportunidade.
O mundo inteiro rende homenagens a João Gilberto. Ele praticamente inventou a Bossa Nova.
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