sábado, março 31, 2018
terça-feira, março 27, 2018
sexta-feira, março 23, 2018
Casa Ramil
A ideia de reunir todos os músicos da família Ramil em um show coletivo foi tão bem recebida que não só foram incluídas cadeiras adicionais na plateia do Theatro São Pedro mas também foi agendado um show extra para o domingo. A disposição dos integrantes no palco colocou os mais famosos estrategicamente nas extremidades, para que a nova geração ficasse no centro das atenções. E assim se viram, da esquerda para a direita, Kledir, Kleiton, João, Gutcha, Ian, Thiago e Vitor Ramil. Eu estive na estreia, quinta-feira, dia 22.
A primeira canção foi composta especialmente para o evento e diz duas vezes: "Bem-vindo à Casa Ramil". Parece aquelas introduções suaves que depois incendeiam, mas fiquei esperando uma segunda parte que não veio. É só uma abertura curtinha, mesmo. Com sete vozes no grupo, houve matéria-prima para ricos arranjos vocais e também solos alternados em diversas composições, como "Autorretrato", de Kleiton e Kledir. O estreante João, filho de Kledir, tem uma voz bem Ramil, lembrando o pai com toques do tio Vitor. Foi o sotaque carioca da noite. Ele também apoia na percussão e, em alguns números, toca baixo. Mas quem segura o ritmo mesmo é Gutcha, alternando-se com agilidade entre os tambores, além de tocar violino e rabeca e cantar.
O filho de Vitor, Ian, mostrou "Bichinho" (inédita, feita para sua filha), "Derivacivilização" (faixa-título de seu CD vencedor do Grammy latino) e "Artigo 5º", essa última com forte teor de protesto. Ao final, Gutcha falou: "Marielle presente!" De Vitor ouviram-se, entre outras, "Satolep", "Estrela Estrela", "Satolep Fields Forever" e "Ramilonga". Thiago cantou "Amora" e "Casca", do seu primeiro CD. Do repertório de Kleiton e Kledir, o mais conhecido do público, algumas tocadas foram a já citada "Autorretrato", "Paixão", "Noite de São João", "Vira Virou", "Lixo e Purpurina", Deu Pra Ti" e, no bis, "Almôndegas", a música que lançou o grupo homônimo em 1975.
Um espetáculo à parte foram as brincadeiras bem humoradas entre os Ramil. Vitor acusou o mano Kledir de ter roubado ideias suas, como "Noite de São João" (Vitor compôs uma canção com o mesmo nome) e o "ser feliz é tudo o que se quer" (a letra de "Satolep" diz "o que a gente quer é ser feliz"). Kleiton e Kledir disseram que, em mais de 40 anos de carreira, nunca ganharam um Grammy, e o quase estreante Ian levou um no segundo CD. Ao que o sobrinho respondeu: "Mas eu nunca consegui lotar o Gigantinho". Um momento bonito foi a homenagem a Dona Dalva, mãe de Kleiton, Kledir e Vitor Ramil e avó dos outros quatro, que estava no camarote central do teatro.
O show é pontuado por detalhes em áudio e vídeo alusivos à família Ramil: Dona Dalva cantando, o vidro trabalhado da casa de Pelotas e o trecho de "Mano a Mano" na voz do pai Kleber, do final de "Crooner do Cabaré", do primeiro LP de Kleiton e Kledir. A própria apresentação foi gravada, mas não para lançamento oficial em CD ou DVD. As câmeras que lá estavam captaram as imagens, em primeiro lugar, para registro próprio dos músicos. Isso logo se percebia, pois ocorreram alguns errinhos (a letra de "Paixão" e uma deixa perdida no rodízio de solos em "Autorretrato") e não houve necessidade de refazer nada, como no show para o DVD "Kleiton e Kledir ao Vivo" em 2006. Também não se viam câmeras circulando no palco, nem iluminação adicional. Kledir me disse ao final que talvez disponibilizem alguma coisa na Internet.
Aqui, a música de abertura. Se o menu vertical do Blog estiver se sobrepondo ao vídeo, duas opções: cliquem no link do "horário" abaixo para acessar somente este tópico ou assistam ao vídeo diretamente no site do YouTube.
A primeira canção foi composta especialmente para o evento e diz duas vezes: "Bem-vindo à Casa Ramil". Parece aquelas introduções suaves que depois incendeiam, mas fiquei esperando uma segunda parte que não veio. É só uma abertura curtinha, mesmo. Com sete vozes no grupo, houve matéria-prima para ricos arranjos vocais e também solos alternados em diversas composições, como "Autorretrato", de Kleiton e Kledir. O estreante João, filho de Kledir, tem uma voz bem Ramil, lembrando o pai com toques do tio Vitor. Foi o sotaque carioca da noite. Ele também apoia na percussão e, em alguns números, toca baixo. Mas quem segura o ritmo mesmo é Gutcha, alternando-se com agilidade entre os tambores, além de tocar violino e rabeca e cantar.
O filho de Vitor, Ian, mostrou "Bichinho" (inédita, feita para sua filha), "Derivacivilização" (faixa-título de seu CD vencedor do Grammy latino) e "Artigo 5º", essa última com forte teor de protesto. Ao final, Gutcha falou: "Marielle presente!" De Vitor ouviram-se, entre outras, "Satolep", "Estrela Estrela", "Satolep Fields Forever" e "Ramilonga". Thiago cantou "Amora" e "Casca", do seu primeiro CD. Do repertório de Kleiton e Kledir, o mais conhecido do público, algumas tocadas foram a já citada "Autorretrato", "Paixão", "Noite de São João", "Vira Virou", "Lixo e Purpurina", Deu Pra Ti" e, no bis, "Almôndegas", a música que lançou o grupo homônimo em 1975.
Um espetáculo à parte foram as brincadeiras bem humoradas entre os Ramil. Vitor acusou o mano Kledir de ter roubado ideias suas, como "Noite de São João" (Vitor compôs uma canção com o mesmo nome) e o "ser feliz é tudo o que se quer" (a letra de "Satolep" diz "o que a gente quer é ser feliz"). Kleiton e Kledir disseram que, em mais de 40 anos de carreira, nunca ganharam um Grammy, e o quase estreante Ian levou um no segundo CD. Ao que o sobrinho respondeu: "Mas eu nunca consegui lotar o Gigantinho". Um momento bonito foi a homenagem a Dona Dalva, mãe de Kleiton, Kledir e Vitor Ramil e avó dos outros quatro, que estava no camarote central do teatro.
O show é pontuado por detalhes em áudio e vídeo alusivos à família Ramil: Dona Dalva cantando, o vidro trabalhado da casa de Pelotas e o trecho de "Mano a Mano" na voz do pai Kleber, do final de "Crooner do Cabaré", do primeiro LP de Kleiton e Kledir. A própria apresentação foi gravada, mas não para lançamento oficial em CD ou DVD. As câmeras que lá estavam captaram as imagens, em primeiro lugar, para registro próprio dos músicos. Isso logo se percebia, pois ocorreram alguns errinhos (a letra de "Paixão" e uma deixa perdida no rodízio de solos em "Autorretrato") e não houve necessidade de refazer nada, como no show para o DVD "Kleiton e Kledir ao Vivo" em 2006. Também não se viam câmeras circulando no palco, nem iluminação adicional. Kledir me disse ao final que talvez disponibilizem alguma coisa na Internet.
Aqui, a música de abertura. Se o menu vertical do Blog estiver se sobrepondo ao vídeo, duas opções: cliquem no link do "horário" abaixo para acessar somente este tópico ou assistam ao vídeo diretamente no site do YouTube.
Carlos Eduardo Miranda
Para o resto do Brasil, ele era uma celebridade televisiva. Para nós, gaúchos, ele será sempre o roqueiro e produtor que agitou a cena cultural de Porto Alegre nos anos 80. Foi também jornalista. A imagem acima, capturada de um vídeo que subi para o YouTube, é do tempo do Urubu Rei. Esse cara fez coisas, fez diferença e vai fazer falta. RIP, Carlos Eduardo Miranda. Ou apenas Gordo Miranda.
P.S.: O jornalista e músico Ayrton Mugnaini Jr. homenageou Miranda em vida. Gravação do grupo Magazine.
P.S.: O jornalista e músico Ayrton Mugnaini Jr. homenageou Miranda em vida. Gravação do grupo Magazine.
quinta-feira, março 22, 2018
Todos à Casa Ramil
Hoje à noite, no Theatro São Pedro, acontece o primeiro dos quatro shows "Casa Ramil", depois da estreia em Pelotas. A ideia é um verdadeiro Ovo de Colombo: reunir num mesmo espetáculo todos os músicos da família Ramil. Kleiton, Kledir e Vitor dispensam apresentações. Gutcha e Thiago são sobrinhos deles. Ian e João são respectivamente filhos de Vitor e Kledir.
Uma curiosidade é que, em fevereiro de 2010, eu estive na legítima "Casa Ramil", ou pelo menos uma delas, na Praia do Laranjal. Foi quando Kleiton e Kledir receberam a homenagem da Academia do Samba, no Carnaval de Pelotas. Pouco antes de todos saírem para o desfile, chamou-me a atenção que João Ramil estava sentado, tocando o seu violão. Devia ter 17 anos, na época. Eu nem sabia que ele era músico. É o único da turma que não vai apresentar um trabalho autoral, mas já tem algumas composições guardadas.
A Casa Ramil stasera si va...
Uma curiosidade é que, em fevereiro de 2010, eu estive na legítima "Casa Ramil", ou pelo menos uma delas, na Praia do Laranjal. Foi quando Kleiton e Kledir receberam a homenagem da Academia do Samba, no Carnaval de Pelotas. Pouco antes de todos saírem para o desfile, chamou-me a atenção que João Ramil estava sentado, tocando o seu violão. Devia ter 17 anos, na época. Eu nem sabia que ele era músico. É o único da turma que não vai apresentar um trabalho autoral, mas já tem algumas composições guardadas.
A Casa Ramil stasera si va...
quarta-feira, março 21, 2018
Genesis vive em Steve Hackett
Alguns artistas, antes tarde do que nunca, aprendem a dar ao seu público o que ele quer. O guitarrista Steve Hackett deixou o Genesis no final de 1977 em busca de maior liberdade criativa. Lançou discos solo, conquistou o respeito da crítica e trabalhou com grandes músicos e cantores. Enquanto isso, o seu velho grupo foi mudando de estilo, flertando com o pop até que, em 1997, se desfez. Bendito o momento, mais ou menos nessa época, em que Steve decidiu resgatar o repertório do Genesis da fase progressiva. O show que ele faz atualmente recria com perfeição os clássicos do grupo, para deleite dos fãs.
Steve e sua banda entraram no palco do Auditório Araújo Vianna, em Porto Alegre, poucos minutos depois das 9 da noite de ontem, sem comprometer a tradição da pontualidade britânica. A primeira parte da apresentação foi da carreira solo do músico, entre números instrumentais (com alguns momentos de rock pesado, como em "El Niño") e a radiofônica "Every Day". "When The Heart Rules the Mind", do GTR (grupo que Steve formou nos anos 80 com seu xará Steve Howe, do Yes), começou cantada pelo próprio Steve. Durante o refrão, surgiu no palco o cantor Nad Sylvan, com sua postura andrógina, todo de preto, sempre sério (fazendo tipo, talvez?), e somou sua voz ao grupo.Nad se retirou durante a próxima, mas voltou para o instante mais esperado do show: as canções do Genesis. Ele chegou interpretando o primeiro verso de "Dancing with the Moonlit Knight" à capela, bem como no arranjo original, e o público foi ao êxtase. Alguns tentaram balbuciar a letra, mas somente o trecho "selling England by the pound" foi corretamente cantado por todos. A partir desse momento, foi como se os fãs do velho Genesis embarcassem numa máquina do tempo. Nad imita com perfeição as vozes de Peter Gabriel e Phil Collins e a banda esbanja competência nos instrumentos.
Vieram "Fountain of Salmacis" e "Firth of Fifth", essa incluindo a introdução de teclado que nunca era tocada em apresentações ao vivo. "The Musical Box" foi precedida de um som de caixinha de música que não constava na gravação original, mas Steve criou para a regravação do projeto Genesis Revisited. No refrão, o verso "play me my song" cantado por Nad era respondido pelo baterista Gary O' Toole: "here it comes again", imitando a dobradinha Peter Gabriel/Phil Collins que se vê em vídeos históricos do Genesis. O apoteótico final "why don't you touch me NOW, NOW, NOW..." foi orgasmicamente acompanhado pela plateia.
Num rápido retorno à carreira solo de Steve, a banda tocou "Icarus Ascending", com Nad fazendo o vocal que havia sido gravado por Richie Havens em 1978. A seguir, ouviram-se os mais de 20 minutos da suíte "Supper's Ready", originalmente um lado inteiro do LP Foxtrot. Para quem esteve no Gigantinho assistindo ao Genesis em 1977, as duas próximas foram especialmente marcantes: "One For the Vine" havia sido o momento do raio laser e "Inside and Out" tinha sido cantada praticamente em primeira mão, com Phil Collins anunciando "uma música nôva para vocês".
Despedida oficial, volta para o bis e, agora sim, o encerramento com "Los Endos". Um show absolutamente maravilhoso para fãs do rock progressivo dos anos 70. Guardadas as proporções, Steve Hackett está mantendo viva a obra do Genesis mais ou menos como Paul McCartney faz com a dos Beatles. Para quem vai aos concertos, é como se as respectivas bandas ainda existissem. Infelizmente, a cunhada de Steve, a linda guitarrista e vocalista Amanda Lehmann, não está mais tocando com ele, como fez até o ano passado. Seria um colírio a mais.
Musicalmente, não ficaram lacunas. Além dos músicos citados, participaram Roger King nos teclados, Rob Townsend no sax e flautas e Jonas Reingold no baixo. O Auditório Araújo Vianna foi ocupado apenas pela metade, a maior parte na plateia baixa, mais próxima do palco (talvez alguns tenham descido da plateia alta, aproveitando assentos vazios). É uma pena que um espetáculo tão perfeito não tenha conseguido encher o local. Quem foi viveu uma noite inesquecível.
segunda-feira, março 19, 2018
Bem representado
Não pude comparecer ao "debate-papo" sobre o livro "1973, o Ano Que Reinventou a MPB" no dia 16, na Livraria Martins Fontes, em São Paulo. Mas, pelo que acaba de me contar o organizador Célio Albuquerque, fui muito bem representado. A convite de Tavito, o ex-Secos e Molhados Gérson Conrad não só apareceu por lá como foi chamado para compor a mesa. Ou seja, em vez de ter o meu autógrafo no texto que escrevi sobre o LP dos Secos, quem levou seu exemplar ganhou a assinatura de um ex-integrante do grupo.
Aqui, Gérson conta a história de como compôs "Rosa de Hiroshima", até hoje um dos mais lembrados sucessos dos Secos e Molhados, sobre versos de Vinicius de Moraes. À esquerda, Juca Filho e, à direita, Tavito. As fotos são de Simone Sanches.
Apenas para lembrar, Gérson recebeu um exemplar do livro diretamente de minhas mãos na noite de 8 de julho de 2014, em Porto Alegre, após fazer participação especial em um show de tributo da banda El Rey, no Teatro Renascença. Levei para ele autografar "Meteórico Fenômeno", de autoria dele, e no final posamos para essa foto.
Aqui, Gérson conta a história de como compôs "Rosa de Hiroshima", até hoje um dos mais lembrados sucessos dos Secos e Molhados, sobre versos de Vinicius de Moraes. À esquerda, Juca Filho e, à direita, Tavito. As fotos são de Simone Sanches.
Apenas para lembrar, Gérson recebeu um exemplar do livro diretamente de minhas mãos na noite de 8 de julho de 2014, em Porto Alegre, após fazer participação especial em um show de tributo da banda El Rey, no Teatro Renascença. Levei para ele autografar "Meteórico Fenômeno", de autoria dele, e no final posamos para essa foto.
Steve Hackett vem aí
Steve Hackett e sua banda se apresentarão amanhã, dia 20, no Auditório Araújo Vianna, em Porto Alegre. É o primeiro de uma série de shows da turnê brasileira. Mas voltemos um pouco no tempo.
Em 1970, a banda inglesa Genesis anunciou no jornal de música Melody Maker que precisava de um baterista e um guitarrista. Dois ex-integrantes do Flaming Youth, Phil Collins e Ronnie Caryl, candidataram-se às vagas respectivas. Somente Phil passou no teste e, como se sabe, viria a se tornar o cantor do grupo com a saída de Peter Gabriel em 1975. Mas Ronnie voltaria a tocar com Phil na carreira solo deste, inclusive tendo vindo com ele a Porto Alegre no dia 27 de fevereiro (ver aqui).
Formação clássica do Genesis: Peter Gabriel, Tony Banks, Phil Collins, Steve Hackett e Mike Rutherford
Quem acabou assumindo a guitarra foi Steve Hackett. E assim surgiu a formação clássica do Genesis, que viria a gravar os antológicos álbuns Nursery Crime, Foxtrot, Selling England by the Pound e The Lamb Lies Down on Broadway. Já sem Peter Gabriel, com Phil Collins no vocal, vieram A Trick of the Tail e Wind and Wuthering. Foi nessa fase posterior que o grupo se apresentou em Porto Alegre em 1977 (ver aqui).
Em 1983, Ritchie, o cantor inglês radicado no Brasil, lançou seu primeiro LP, Voo de Coração (aquele do "Menina Veneno"). Steve tocou guitarra na faixa-título e, em 1999, reaproveitaria o arranjo em sua "Jane Austen's Door", do álbum Darktown. Mas, em meados dos anos 80, os discos e shows de Steve Hackett já não geravam o mesmo entusiasmo. Para tentar revitalizar sua carreira, ele se uniu ao xará Steve Howe, do Yes, para formar o GTR, com um som mais pop, em sintonia com a década. O projeto foi bem aceito, mas teve curta duração. Nos anos 90, quando um fã na Sicília perguntou se ele se importaria de autografar os álbuns do Genesis, Hackett percebeu que ele sempre seria lembrado por sua participação naquela banda. Ali foi plantada a semente do que viria a ser a série de CDs e shows "Genesis Revisited".
Em 1970, a banda inglesa Genesis anunciou no jornal de música Melody Maker que precisava de um baterista e um guitarrista. Dois ex-integrantes do Flaming Youth, Phil Collins e Ronnie Caryl, candidataram-se às vagas respectivas. Somente Phil passou no teste e, como se sabe, viria a se tornar o cantor do grupo com a saída de Peter Gabriel em 1975. Mas Ronnie voltaria a tocar com Phil na carreira solo deste, inclusive tendo vindo com ele a Porto Alegre no dia 27 de fevereiro (ver aqui).
Formação clássica do Genesis: Peter Gabriel, Tony Banks, Phil Collins, Steve Hackett e Mike Rutherford
Quem acabou assumindo a guitarra foi Steve Hackett. E assim surgiu a formação clássica do Genesis, que viria a gravar os antológicos álbuns Nursery Crime, Foxtrot, Selling England by the Pound e The Lamb Lies Down on Broadway. Já sem Peter Gabriel, com Phil Collins no vocal, vieram A Trick of the Tail e Wind and Wuthering. Foi nessa fase posterior que o grupo se apresentou em Porto Alegre em 1977 (ver aqui).
Ao entrar para o Genesis, Steve encontrou um time de compositores já consolidado, no caso, Peter Gabriel, Tony Banks e Mike Rutherford. Aos poucos, o guitarrista começou a descobrir seu talento para elaborar melodias e arranjos e, naturalmente, quis mais espaço para suas contribuições. Mas, com tantos músicos participando ativamente, Steve tinha que aceitar o seu quinhão no processo criativo.
Para dar vazão às suas ideias nem sempre aproveitadas no grupo, Steve lançou um disco solo em 1975, Voyage of the Acolyte. Bem recebido pela crítica e pelos fãs, o LP lhe deu o gostinho de trabalhar com total liberdade, "comandando o espetáculo" no estúdio. Foi aí que o músico começou a amadurecer a ideia de deixar o Genesis, o que só faria no final de 1977. Em 1976, um ano antes da turnê brasileira, ele e Mike Rutherford vieram ao Brasil. Numa entrevista para a jornalista Ana Maria Bahiana, publicada em Rock, a História e a Glória, Mike pediu à moça que "desse uma força" para a carreira solo de Steve. "Hum... Muito estranho, Mr. Rutherford", ela escreveu.
Como artista solo, Steve conquistou a autonomia que tanto desejava. Trouxe seu irmão mais moço John para tocar flauta profissionalmente com ele, depois de anos fazendo música juntos informalmente, em casa. A princípio trabalhando com vocalistas convidados, o guitarrista foi aprendendo a usar também sua voz. Ele canta sozinho em várias gravações de sua obra.Para dar vazão às suas ideias nem sempre aproveitadas no grupo, Steve lançou um disco solo em 1975, Voyage of the Acolyte. Bem recebido pela crítica e pelos fãs, o LP lhe deu o gostinho de trabalhar com total liberdade, "comandando o espetáculo" no estúdio. Foi aí que o músico começou a amadurecer a ideia de deixar o Genesis, o que só faria no final de 1977. Em 1976, um ano antes da turnê brasileira, ele e Mike Rutherford vieram ao Brasil. Numa entrevista para a jornalista Ana Maria Bahiana, publicada em Rock, a História e a Glória, Mike pediu à moça que "desse uma força" para a carreira solo de Steve. "Hum... Muito estranho, Mr. Rutherford", ela escreveu.
Em 1983, Ritchie, o cantor inglês radicado no Brasil, lançou seu primeiro LP, Voo de Coração (aquele do "Menina Veneno"). Steve tocou guitarra na faixa-título e, em 1999, reaproveitaria o arranjo em sua "Jane Austen's Door", do álbum Darktown. Mas, em meados dos anos 80, os discos e shows de Steve Hackett já não geravam o mesmo entusiasmo. Para tentar revitalizar sua carreira, ele se uniu ao xará Steve Howe, do Yes, para formar o GTR, com um som mais pop, em sintonia com a década. O projeto foi bem aceito, mas teve curta duração. Nos anos 90, quando um fã na Sicília perguntou se ele se importaria de autografar os álbuns do Genesis, Hackett percebeu que ele sempre seria lembrado por sua participação naquela banda. Ali foi plantada a semente do que viria a ser a série de CDs e shows "Genesis Revisited".
O primeiro produto dessa empreitada nostálgica foi um CD de covers do Genesis com cantores convidados, lançado inicialmente no Japão, em 1996. Naquele país, ao final do ano, Steve apresentou-se com uma superbanda incluindo John Wetton (ex-King Crimson e ex-Asia) no vocal, baixo e guitarra, Ian McDonald (ex-King Crimson) na flauta, sax, guitarra, teclado e vocal e Chester Thompson (Frank Zappa, Genesis, Phil Collins) na bateria. O show saiu em CD e DVD no ano seguinte como The Tokyo Tapes.
Steve continuou lançando CDs solo com material inédito, além de outros trabalhos em parceria (com o saudoso baixista Chris Squire, por exemplo), mas a proposta de resgatar as composições do Genesis acabou se incorporando em definitivo às suas turnês. Além de um segundo álbum de covers, Genesis Revisited II em 2012, saíram vários CDs/DVDs/Blu-rays ao vivo contendo canções do antigo grupo. Como o Genesis não existe mais (e de qualquer forma já tinha descartado o rock progressivo havia muito tempo), essas apresentações são um presente para quem curte a fase clássica da banda, nos anos 70. A turnê brasileira de 2018, que começará em Porto Alegre, incluirá o vocalista Nad Sylvan, cuja voz é quase idêntica à de Peter Gabriel. Vai ser bonito de se ver e ouvir.
quinta-feira, março 15, 2018
quarta-feira, março 14, 2018
Zé Antônio (mais conhecido como Xuxu)
Certa vez, na reta final de minha adolescência, uma turma de jovens chegou no prédio onde eu morava e perguntou pelo Xuxu. Respondi que não conhecia. Quando deram mais detalhes, acho que disseram "o neto da Dona Lalinha", eu falei: "Ah, o Zé Antônio!" Foi por esse nome que eu o chamei por toda a infância.
Acabo de saber pelo site do Inter que Xuxu (José Antônio Silveira, à direita do jogador Valdomiro na foto acima) faleceu hoje. Ele já vinha com problemas de saúde. Falei com ele por duas vezes nos últimos anos. Na primeira ele me reconheceu, abriu o maior sorriso, disse onde estava morando e concluiu: "sempre às ordens para o amigo Emílio". Da segunda vez, ele estava com fones de ouvido, mas tirou para falar comigo. Perguntei se ele tinha fotos do tempo em morava no Edifício Tromposwky, onde fomos vizinhos. Respondeu que talvez um tio dele tivesse.
Zé Antônio e eu éramos da mesma idade, embora ele aparentasse menos durante a infância. Era um menino puro e dócil. Nos encontrávamos no pátio, onde todos brincavam, e também nas festas de aniversário das crianças do edifício. Sabia que ele era colorado, mas me surpreendi ao vê-lo em fotos de jornal ao lado de jogadores, tipo papagaio de pirata, a partir da adolescência. Até que começou a ficar conhecido e ser chamado de "torcedor-símbolo" do clube. Seu momento mais polêmico foi quando tirou a roupa em pleno Beira-rio após o Inter se sagrar campeão gaúcho.
Em 2006, a partir de uma citação no meu Blog (aqui), uma agente de turismo me ligou para saber se eu poderia ajudá-la a localizar o Xuxu, pois ele iria ao Japão pela agência dela e faltavam algumas pendências. Respondi que não tinha mais contato com ele. No nosso primeiro reencontro acima citado, perguntei se ele tinha ido a Yokohama. "Fui, fui em tudo. Eu não poderia viajar, por causa de problemas de saúde, mas eu sou irresponsável, eu vou do mesmo jeito". Em 2012 o Inter lhe deu uma placa por ter comparecido a 600 jogos do Colorado fora do Beira-Rio. E ele doou em vida vários itens de sua coleção particular para o Museu do Inter. Vá em paz, Zé Antônio. Famoso e inesquecível Xuxu.
Acabo de saber pelo site do Inter que Xuxu (José Antônio Silveira, à direita do jogador Valdomiro na foto acima) faleceu hoje. Ele já vinha com problemas de saúde. Falei com ele por duas vezes nos últimos anos. Na primeira ele me reconheceu, abriu o maior sorriso, disse onde estava morando e concluiu: "sempre às ordens para o amigo Emílio". Da segunda vez, ele estava com fones de ouvido, mas tirou para falar comigo. Perguntei se ele tinha fotos do tempo em morava no Edifício Tromposwky, onde fomos vizinhos. Respondeu que talvez um tio dele tivesse.
Zé Antônio e eu éramos da mesma idade, embora ele aparentasse menos durante a infância. Era um menino puro e dócil. Nos encontrávamos no pátio, onde todos brincavam, e também nas festas de aniversário das crianças do edifício. Sabia que ele era colorado, mas me surpreendi ao vê-lo em fotos de jornal ao lado de jogadores, tipo papagaio de pirata, a partir da adolescência. Até que começou a ficar conhecido e ser chamado de "torcedor-símbolo" do clube. Seu momento mais polêmico foi quando tirou a roupa em pleno Beira-rio após o Inter se sagrar campeão gaúcho.
Em 2006, a partir de uma citação no meu Blog (aqui), uma agente de turismo me ligou para saber se eu poderia ajudá-la a localizar o Xuxu, pois ele iria ao Japão pela agência dela e faltavam algumas pendências. Respondi que não tinha mais contato com ele. No nosso primeiro reencontro acima citado, perguntei se ele tinha ido a Yokohama. "Fui, fui em tudo. Eu não poderia viajar, por causa de problemas de saúde, mas eu sou irresponsável, eu vou do mesmo jeito". Em 2012 o Inter lhe deu uma placa por ter comparecido a 600 jogos do Colorado fora do Beira-Rio. E ele doou em vida vários itens de sua coleção particular para o Museu do Inter. Vá em paz, Zé Antônio. Famoso e inesquecível Xuxu.
Debate-papo em São Paulo
Adorei o termo "debate-papo". É o que acontecerá no dia 16, das 19 horas às 21 e 30, no auditório da Livraria Martins Fontes, em São Paulo. Infelizmente eu, que também sou um dos autores do livro "1973, o Ano que Reinventou a MPB", não poderei ir. Na sessão de autógrafos em fevereiro de 2014 eu fui (vejam as fotos aqui) porque já estava nos meus planos assistir à exposição de David Bowie no MIS. Quando vi que ela já estaria aberta no dia do lançamento do livro em Sampa, aproveitei e marquei a viagem para um período que me permitisse comparecer aos dois eventos. Desta vez não me farei presente mas, quem puder ir, vá! Garanto que será bem interessante para quem curte MPB.
terça-feira, março 13, 2018
Lançamento do "DEZmiolados Volume 2"
Anotem na agenda: o lançamento da coletânea de crônicas "DEZmiolados Volume 2", com participação de dez autores (eu e mais nove), será no dia 7 de abril, sábado, das 17h às 22h, na cafeteria Mr. Pickwick do Nova Olaria, rua Lima e Silva, 776. Estaremos lá para autografar os exemplares. Até lá virão o release, criação de evento no Facebook e novos lembretes.
quinta-feira, março 08, 2018
A mística da sexta-feira
A imagem acima me lembrou de algo que escrevi nos primórdios do Blog. Agora fui conferir e, casualmente, foi a sexta postagem! Um colega meu comentou: "Eu queria que todos os dias fossem sexta-feira!" Ainda bem que não aconteceu como se vê nos filmes, em que um feitiço teria realizado o desejo dele. Aí o sábado não chegaria nunca!
As pessoas amam a sexta-feira. Mas, se os dias da semana tivessem sentimentos, o sábado teria razão de sobra para sentir ciúme. Afinal, é ele que nos faz felizes. Sexta-feira é um dia útil como qualquer outro, em que temos que acordar cedo e cumprir horário. Mas podemos virar a madrugada e dormir tarde. Por quê? Porque o outro dia é sábado! O mérito é todo do sábado!
Na verdade, a mística da sexta-feira advém de uma sensação maravilhosa, que é a expectativa de algo bom. A espera prazerosa. Não lembro que idade eu tinha, talvez oito anos, quando minha mãe comprou para mim um jogo de arco e flecha de brinquedo, com ponta de borracha, e uma Batlancha em miniatura. Mas eu só poderia realmente "tomar posse" deles no domingo de Páscoa. Nesse ínterim, eles ficaram no quarto da empregada. Então eu ia lá "namorar" meus presentes. Abria a gaveta e olhava com admiração para a Batlancha. Pegava o arco preso num suporte de papelão e simulava o gesto que eu faria quando estivesse de fato brincando com ele. Curiosamente, foram esses dias que ficaram marcados em minha memória. Lembro também da Páscoa em si, em que usei o arco e flecha pela primeira vez. Depois disso, já não recordo de muita coisa em relação a esses meus brinquedos.
Quando eu estava prestes a namorar minha futura (hoje ex) esposa, mãe do meu filho, falei sobre isso para minhas primas e observei: "A melhor fase do namoro é antes do namoro." Claro que não é uma frase que possa ser levada ao pé da letra. Se fosse assim, bastaria prolongar indefinidamente o período de aproximação para preservar ao máximo o clima da conquista. Ou, numa interpretação ainda mais literal, não começar nunca o relacionamento, para eternizar a suposta "melhor fase". Já vivi essa experiência, não por minha vontade, e garanto que é frustrante. A expectativa só se torna uma lembrança agradável quando se concretiza.
Por isso a sexta-feira é tão adorada por todos. Ela se aproveita descaradamente do sábado para permitir que as pessoas saiam e se divirtam à noite, sem hora para voltar. Depois da meia-noite, já é sábado. É no sábado que você fica na rua até tarde. É no sábado que você chega em casa em plena madrugada. Mas a sexta-feira continua levando a fama. E ouvem-se cantos de "thank God it's Friiiiidaaaaay" ou "hoje é sexta-feeeeira..."
Em todo o caso, boa sexta-feira a todos. O sábado vai ser melhor ainda.
As pessoas amam a sexta-feira. Mas, se os dias da semana tivessem sentimentos, o sábado teria razão de sobra para sentir ciúme. Afinal, é ele que nos faz felizes. Sexta-feira é um dia útil como qualquer outro, em que temos que acordar cedo e cumprir horário. Mas podemos virar a madrugada e dormir tarde. Por quê? Porque o outro dia é sábado! O mérito é todo do sábado!
Na verdade, a mística da sexta-feira advém de uma sensação maravilhosa, que é a expectativa de algo bom. A espera prazerosa. Não lembro que idade eu tinha, talvez oito anos, quando minha mãe comprou para mim um jogo de arco e flecha de brinquedo, com ponta de borracha, e uma Batlancha em miniatura. Mas eu só poderia realmente "tomar posse" deles no domingo de Páscoa. Nesse ínterim, eles ficaram no quarto da empregada. Então eu ia lá "namorar" meus presentes. Abria a gaveta e olhava com admiração para a Batlancha. Pegava o arco preso num suporte de papelão e simulava o gesto que eu faria quando estivesse de fato brincando com ele. Curiosamente, foram esses dias que ficaram marcados em minha memória. Lembro também da Páscoa em si, em que usei o arco e flecha pela primeira vez. Depois disso, já não recordo de muita coisa em relação a esses meus brinquedos.
Quando eu estava prestes a namorar minha futura (hoje ex) esposa, mãe do meu filho, falei sobre isso para minhas primas e observei: "A melhor fase do namoro é antes do namoro." Claro que não é uma frase que possa ser levada ao pé da letra. Se fosse assim, bastaria prolongar indefinidamente o período de aproximação para preservar ao máximo o clima da conquista. Ou, numa interpretação ainda mais literal, não começar nunca o relacionamento, para eternizar a suposta "melhor fase". Já vivi essa experiência, não por minha vontade, e garanto que é frustrante. A expectativa só se torna uma lembrança agradável quando se concretiza.
Por isso a sexta-feira é tão adorada por todos. Ela se aproveita descaradamente do sábado para permitir que as pessoas saiam e se divirtam à noite, sem hora para voltar. Depois da meia-noite, já é sábado. É no sábado que você fica na rua até tarde. É no sábado que você chega em casa em plena madrugada. Mas a sexta-feira continua levando a fama. E ouvem-se cantos de "thank God it's Friiiiidaaaaay" ou "hoje é sexta-feeeeira..."
Em todo o caso, boa sexta-feira a todos. O sábado vai ser melhor ainda.
Dia Internacional da Mulher
Que o Dia Internacional da Mulher não nos faça esquecer que elas merecem ser homenageadas e bem tratadas todos os dias. Viva as mulheres!
Recomendo a leitura de um texto que escrevi em 2005. Está aqui.
Recomendo a leitura de um texto que escrevi em 2005. Está aqui.
quarta-feira, março 07, 2018
As lentinhas
Meu amigo Otávio Dieguez, sósia do percussionista Luis Conte (que veio a Porto Alegre com James Taylor e, recentemente, com Phil Collins), me enviou um link de uma matéria da Rolling Stone americana de 15 de março de 2016 - pode ser lida em inglês aqui. Nos 40 anos de Destroyer, considerado o melhor álbum do Kiss, os integrantes originais mais o produtor Bob Ezrin contribuem com suas lembranças. Mas o que me chamou a atenção não teve nada a ver com o citado LP. Gene Simmons, com seu tradicional discurso de autoengrandecimento, vangloria-se de que o Kiss é a banda americana que ganhou mais discos de ouro em todas as categorias (aqui é bom lembrar que os Beatles são ingleses e que Michael Jackson e Elvis Presley não são "bandas"). Faz a ressalva que, no caso dos singles (equivalentes aos nossos velhos "compactos simples"), empataram com os Beach Boys com dois títulos cada um.
Aí é que vem a grande curiosidade: as músicas do Kiss que emplacaram disco de ouro em single foram "Beth" e "I Was Made For Loving You". As duas são de estilos totalmente atípicos para o grupo. A primeira é uma balada orquestrada com vocal e co-autoria do baterista Peter Criss. A segunda é uma tentativa de Paul Stanley de criar uma canção em estilo disco music. O resultado ficou interessante porque, se a batida é realmente discotheque, a massa sonora das guitarras é puro rock and roll. Muitos fãs do Kiss que execram o som "disco" (pronunciar "díscou") admitem adorar "I Was Made For Loving You".
Apesar do sucesso absoluto dessas duas gravações, o Kiss preferiu não cair na armadilha de tentar repetir a fórmula. Manteve-se fiel à sua proposta original de hard rock básico em ritmo 4/4. No caso de Paul Stanley, não houve problemas. Ele próprio confessa que fez "I Was Made for Loving You" de brincadeira, após comparecer a uma danceteria e concluir que poderia compor naquele estilo "dormindo". Mas não pretendia retomá-lo.
Com Peter Criss, a situação foi mais complicada. Por ter criado o maior sucesso do grupo em 1976, o baterista supôs que teria mais espaço para mostrar suas composições. Talvez até tenha sonhado em se tornar o hitmaker do Kiss, gravando um clone de "Beth" a cada novo disco. Não rolou. Futuramente, a banda se notabilizaria pelas power ballads de Paul Stanley, como "I Still Love You", "Forever", "Every Time I Look at You" e "I Will Be There". Mas canções românticas e melosas com orquestra não entrariam mais nos álbuns do quarteto.
Assim pensando rápido, lembro de duas bandas que mudaram seus rumos a partir de baladas de sucesso. Uma delas foi Chicago, cujo estilo, no começo, era marcado por sopros de metal e arranjos com toques de jazz. Até que, em 1976, o integrante Peter Cetera contribuiu com a linda e acessível "If You Leave Me Now". Ali o Chicago foi descoberto por um público que praticamente o desconhecia. E vieram outras canções românticas de Cetera: "Baby, What a Big Surprise", "Hard to Say I'm Sorry", "Hard Habit to Break", "Love Me Tomorrow" e "You're the Inspiration". Quando Peter Cetera saiu do grupo em 1985, deixou uma herança difícil para seus ex-colegas: fãs (mal) acostumados a ouvir uma balada por álbum. Foi substituído pelo baixista Jason Chaff, excelente vocalista, mas sem a garra e a personalidade de seu antecessor. Os novos êxitos radiofônicos do Chicago tentaram manter a fórmula, mas soavam comuns na voz do cantor substituto.
O outro grupo que se deixou levar pelo canto de sereia das baladas de sucesso foi o Foreigner. Em seus primeiros LPs, ainda nos anos 70, as músicas de trabalho eram rocks bem empolgantes, como "Long Long Way From Home", "Feels Like the First Time", "Hot Blooded" e "Double Vision". Até que, em 1981, a romântica "Waiting for a Girl Like You" estourou nas rádios. Depois vieram pelo menos mais duas canções na mesma linha: "I Want to Know What Love Is" e "I Don't Want to Live Without You".
Por outro lado, houve também a fase "baladeira" de Alice Cooper. Começou oficialmente em 1975 com "Only Women Bleed", mas foi em 1976 que ele realmente estorou com "I Never Cry". Ele que, para os jovens dos anos 70, era sinônimo de rock pesado, de repente virava um cantor de música lenta. E assim vieram também "You and Me" e "How You Gonna Se Me Know", além de outras menos conhecidas como "Wake Me Gently". Sempre que Alice Cooper vem ao Brasil, aparece alguém para perguntar se ele vai cantar "as lentinhas". Não, não vai. Os shows de Alice se mantêm fiéis ao rock "de terror" que sempre foi sua marca registrada. Tanto que ele logo descartou as baladas já na entrada dos anos 80. Quem pensar em ir a um show de Alice Cooper só para ouvir "as lentinhas" aproveitará melhor seu tempo se ficar em casa escutando a Antena 1.
Fazer sucesso deve ser muito bom, até porque, além de fama, traz também fortuna. E é bom frisar que nenhum dos artistas citados abandonou completamente suas origens. Ainda se ouvem sopros de metal no Chicago e acordes pesados de guitarra no Foreigner. De qualquer forma, há que se admirar a firmeza de propósitos de Kiss e Alice Cooper. Mesmo tendo experimentado o gostinho da popularidade radiofônica, preferiram retomar seu rumo original.
Aí é que vem a grande curiosidade: as músicas do Kiss que emplacaram disco de ouro em single foram "Beth" e "I Was Made For Loving You". As duas são de estilos totalmente atípicos para o grupo. A primeira é uma balada orquestrada com vocal e co-autoria do baterista Peter Criss. A segunda é uma tentativa de Paul Stanley de criar uma canção em estilo disco music. O resultado ficou interessante porque, se a batida é realmente discotheque, a massa sonora das guitarras é puro rock and roll. Muitos fãs do Kiss que execram o som "disco" (pronunciar "díscou") admitem adorar "I Was Made For Loving You".
Apesar do sucesso absoluto dessas duas gravações, o Kiss preferiu não cair na armadilha de tentar repetir a fórmula. Manteve-se fiel à sua proposta original de hard rock básico em ritmo 4/4. No caso de Paul Stanley, não houve problemas. Ele próprio confessa que fez "I Was Made for Loving You" de brincadeira, após comparecer a uma danceteria e concluir que poderia compor naquele estilo "dormindo". Mas não pretendia retomá-lo.
Com Peter Criss, a situação foi mais complicada. Por ter criado o maior sucesso do grupo em 1976, o baterista supôs que teria mais espaço para mostrar suas composições. Talvez até tenha sonhado em se tornar o hitmaker do Kiss, gravando um clone de "Beth" a cada novo disco. Não rolou. Futuramente, a banda se notabilizaria pelas power ballads de Paul Stanley, como "I Still Love You", "Forever", "Every Time I Look at You" e "I Will Be There". Mas canções românticas e melosas com orquestra não entrariam mais nos álbuns do quarteto.
Assim pensando rápido, lembro de duas bandas que mudaram seus rumos a partir de baladas de sucesso. Uma delas foi Chicago, cujo estilo, no começo, era marcado por sopros de metal e arranjos com toques de jazz. Até que, em 1976, o integrante Peter Cetera contribuiu com a linda e acessível "If You Leave Me Now". Ali o Chicago foi descoberto por um público que praticamente o desconhecia. E vieram outras canções românticas de Cetera: "Baby, What a Big Surprise", "Hard to Say I'm Sorry", "Hard Habit to Break", "Love Me Tomorrow" e "You're the Inspiration". Quando Peter Cetera saiu do grupo em 1985, deixou uma herança difícil para seus ex-colegas: fãs (mal) acostumados a ouvir uma balada por álbum. Foi substituído pelo baixista Jason Chaff, excelente vocalista, mas sem a garra e a personalidade de seu antecessor. Os novos êxitos radiofônicos do Chicago tentaram manter a fórmula, mas soavam comuns na voz do cantor substituto.
O outro grupo que se deixou levar pelo canto de sereia das baladas de sucesso foi o Foreigner. Em seus primeiros LPs, ainda nos anos 70, as músicas de trabalho eram rocks bem empolgantes, como "Long Long Way From Home", "Feels Like the First Time", "Hot Blooded" e "Double Vision". Até que, em 1981, a romântica "Waiting for a Girl Like You" estourou nas rádios. Depois vieram pelo menos mais duas canções na mesma linha: "I Want to Know What Love Is" e "I Don't Want to Live Without You".
Por outro lado, houve também a fase "baladeira" de Alice Cooper. Começou oficialmente em 1975 com "Only Women Bleed", mas foi em 1976 que ele realmente estorou com "I Never Cry". Ele que, para os jovens dos anos 70, era sinônimo de rock pesado, de repente virava um cantor de música lenta. E assim vieram também "You and Me" e "How You Gonna Se Me Know", além de outras menos conhecidas como "Wake Me Gently". Sempre que Alice Cooper vem ao Brasil, aparece alguém para perguntar se ele vai cantar "as lentinhas". Não, não vai. Os shows de Alice se mantêm fiéis ao rock "de terror" que sempre foi sua marca registrada. Tanto que ele logo descartou as baladas já na entrada dos anos 80. Quem pensar em ir a um show de Alice Cooper só para ouvir "as lentinhas" aproveitará melhor seu tempo se ficar em casa escutando a Antena 1.
Fazer sucesso deve ser muito bom, até porque, além de fama, traz também fortuna. E é bom frisar que nenhum dos artistas citados abandonou completamente suas origens. Ainda se ouvem sopros de metal no Chicago e acordes pesados de guitarra no Foreigner. De qualquer forma, há que se admirar a firmeza de propósitos de Kiss e Alice Cooper. Mesmo tendo experimentado o gostinho da popularidade radiofônica, preferiram retomar seu rumo original.
domingo, março 04, 2018
Tônia Carrero
Tônia Carrero foi uma excelente atriz, sem dúvida. A lembrança mais marcante dela, para mim, foi na novela "O Primeiro Amor", em 1972. Mas, por esses inexplicáveis feitiços da dramaturgia, a cena que me faz recordar dela nem teve a sua participação. Em certo momento da trama, Paula (Rosamaria Murtinho), par romântico do Professor Luciano (Sérgio Cardoso, substituído nos capítulos finais por Leonardo Villar), comenta com ele que Maria do Carmo (Tônia), então inimiga figadal do Professor, havia sido sua primeira namorada. E encerra dizendo: "Algumas pessoas nunca conseguem esquecer o primeiro amor." A seguir, numa representação linda e comovente, o Professor sai pela rua, perdido em pensamentos, com olhos marejados. Senta num banco de praça e passa os dedos num coração desenhado a canivete, no encosto, onde estão as iniciais "L" e "MC". Ele também foi um grande ator que acabou falecendo sem terminar a novela. No final do enredo, Maria do Carmo enlouquece e é internada.
sexta-feira, março 02, 2018
Os 20 anos da Sunset Riders
A última vez em que eu tinha assistido a uma apresentação da Sunset Riders tinha sido em 2013. Pois ontem estive no pub Sgt. Pepper's (nunca tinha ido no novo endereço) e matei a saudade não só da banda, que está completando 20 anos, mas também dos velhos amigos fãs dos Bee Gees.
Lembro bem que nosso grupo fez contato via Yahoo e começou a se reunir em 2002. Chegou a surgir uma "Confraria Bee Gees", mas estava meio parada. Íamos aos "Especiais Bee Gees" que a Sunset Riders fazia em locais como o Music Hall e o John Bull. Certa vez, cheguei a vê-los em Bento Gonçalves. Fazia tempo que não se apresentavam em Porto Alegre, mas neste ano pretendem voltar com tudo. E talvez até tornem a fazer tributos aos Bee Gees. Mas de qualquer forma o show genérico deles também é ótimo.
A formação da Sunset Riders é: Elizandro Selle na guitarra e vocal, André Arlei no baixo e backing vocal, Cristiano Selle no teclado e backing vocal e Ronei Wachoski na bateria e vocal. Ontem estava lá também o Marco, pai de Elizandro e Cristiano. No início ele era empresário do grupo, hoje apenas o acompanha como pai e fã.
E aí está a nossa turma! Eu, como não tenho smart phone (e nem quero ter tão cedo), estou olhando para a câmera.
Lembro bem que nosso grupo fez contato via Yahoo e começou a se reunir em 2002. Chegou a surgir uma "Confraria Bee Gees", mas estava meio parada. Íamos aos "Especiais Bee Gees" que a Sunset Riders fazia em locais como o Music Hall e o John Bull. Certa vez, cheguei a vê-los em Bento Gonçalves. Fazia tempo que não se apresentavam em Porto Alegre, mas neste ano pretendem voltar com tudo. E talvez até tornem a fazer tributos aos Bee Gees. Mas de qualquer forma o show genérico deles também é ótimo.
A formação da Sunset Riders é: Elizandro Selle na guitarra e vocal, André Arlei no baixo e backing vocal, Cristiano Selle no teclado e backing vocal e Ronei Wachoski na bateria e vocal. Ontem estava lá também o Marco, pai de Elizandro e Cristiano. No início ele era empresário do grupo, hoje apenas o acompanha como pai e fã.
E aí está a nossa turma! Eu, como não tenho smart phone (e nem quero ter tão cedo), estou olhando para a câmera.