sábado, outubro 31, 2009
Livros a mancheia
Com a facilidade de conseguir livros, nunca mais li obras traduzidas quando o original é em inglês. É uma forma de manter as baterias do idioma devidamente carregadas, ainda mais considerando que não tenho praticado conversação. Mas se o livro é em português, é óbvio que leio no idioma pátrio. Vai daí que, há alguns meses, comecei a ler a autobiografia de Pelé. Quem tem vivência de dois idiomas logo percebe se um texto é tradução. Não por falha do tradutor, necessariamente, mas porque nunca uma tradução sai perfeita e natural, por melhor que seja. À medida que fui ganhando fluência, comecei a identificar até mesmo os cacoetes tradutórios dos gibis que eu lia na infância. Eram comuns frases do tipo "tudo está bem quando acaba bem" (que vim a saber ser o título de uma peça de Shakespeare, "All's Well That Ends Well") e "se não se pode com eles, junte-se a eles" ("if you can't beat them, join them").
Pois bem: não foi preciso terminar o primeiro capítulo para notar que o livro de Pelé foi escrito originalmente em inglês. O texto é assinado por Orlando Duarte e Alex Bellos, que devem ter trabalhado de forma sinérgica, mas o ponto de partida foi a língua inglesa. Outro indício é o agradecimento de Pelé à editora britânica Simon & Schuster na introdução. Uma vez constatado esse fato, não tive dúvidas: encomendei a edição em inglês. E é essa que estou lendo. Mas mantenho o livro em português por perto, para eventuais consultas. Não com o objetivo de glosar a tradução, que já verifiquei ser ótima, mas para aprender mais sobre expressões do futebol nos dois idiomas.
Demorou, mas terminei de ler o livro "An American Band, The America Story", de Dan Peek. É a história do grupo America contada pelo ex-integrante que saiu em 1977 para dedicar-se ao Cristianismo. Seus discos da carreira solo são todos de cunho religioso. Apesar de alguns desentendimentos, ele aparentemente mantém um bom relacionamento com seus ex-colegas Gerry Beckley, a quem define como um egocêntrico, e Dewey Bunnel, com quem parecia se acertar melhor. Ele conta muitas histórias curiosas. Por exemplo: nos anos 70 ele recebeu Rod Stewart e sua então esposa Britt Ekland em sua casa e mostrou ao cantor sua nova composição "Today's The Day", que entraria no álbum "Hideaway", do America, em 1976. Rod disse que a música lhe deu uma ideia. Pouco depois, o ex-vocalista dos Faces estourou com "Tonight's The Night".
Não esperei a Feira do Livro para acrescentar à minha biblioteca dois itens obrigatórios: "Nem Vem Que Não Tem – A Vida e o Veneno de Wilson Simonal", de Ricardo Alexandre, e "Minha Fama de Mau", de Erasmo Carlos. A autobiografia do Tremendão provavelmente vai ser minha próxima leitura. Como já disse uma vez aqui no Blog, a verdadeira lei de incentivo à cultura seria aquela que desse aposentadoria antecipada às pessoas que gostam de ler.
quarta-feira, outubro 28, 2009
Divulgação de Kleiton e Kledir
Gravação misteriosa
Tempos depois, folheando uma de minhas "enciclopédias de rock", por acaso, encontrei a música citada: era "The Night They Drove Old Dixie Down". Identifiquei pelo refrão, em que o título é cantado com ênfase. Embora seja original de The Band, foi sucesso com Joan Baez. Mas quando ouvi a gravação da cantora americana em um CD, percebi que a versão não era a mesma que eu conhecia. Concluí que Joan havia gravado a música duas vezes. Isso inclusive me foi confirmado por colecionadores. Mesmo assim, conferi o single original do Vanguard no YouTube e continuei não reconhecendo a gravação da minha fita. Afinal, que versão seria aquela?
Hoje me dediquei a pesquisar com calma todas os lançamentos já feitos de "The Night They Drove Old Dixie Down" no site AllMusic. E matei a charada. A gravação da minha velha fita é a mesma deste disco aqui:
"Top of The Pops" era uma série inglesa dos anos 70 que reunia sucessos diversos do momento em gravações de intérpretes desconhecidos. Mas as covers eram feitas no capricho, com muito profissionalismo. Elton John chegou a participar desses LPs como anônimo, em começo de carreira. Eu teria curiosidade de saber quem canta o sucesso de Joan Baez nesse disco, pois tem ótima voz. Confirmei que a versão que eu conhecia é mesmo desse LP ouvindo o trecho que está disponível no site da Amazon. Esse é um caso raro em que eu gosto mais do xerox do que do original. Em especial, os vocais do refrão estão mais vibrantes. Quem serão os cantores?
terça-feira, outubro 27, 2009
O Kindle
Pois agora já está disponível no Brasil, com todo o marketing a que tem direito, um dos mais populares e-books do mundo: o Kindle, vendido pela Amazon. Uma vez de posse do aparelho, é possível comprar livros em meio digital, os quais são transmitidos diretamente ao hardware via 3-G. A principal vantagem é poder transportar até 1.500 livros sem ocupar espaço. Para uma viagem é bastante útil, sem dúvida. E se servir para estimular a leitura, já é bem-vindo. Mas duvido que os verdadeiros amantes dos livros se entusiasmem com a novidade.
Por mais estranho que pareça, quem gosta de ler sente amor pelos livros em si, não apenas pelo texto. O volume que eles ocupam não é visto como um problema. Pelo contrário: eles preenchem um vazio. Eu já me acostumei a morar sozinho, embora não descarte a hipótese de casar de novo, mas fico feliz de ser recebido por meus livros sempre que chego em casa. Por mais que já estejam superlotando as duas peças do meu pequeno apartamento, eles ainda enchem os olhos. Em todos os sentidos. Como disse um amigo, é uma "relação epidérmica". É bom tocar num livro, pegá-lo na mão, folheá-lo. Sem contar o belo trabalho gráfico das edições mais luxuosas, por enquanto impossível de ser reproduzido em e-book.
Mas mesmo que eu quisesse aderir ao Kindle, no meu caso, não haveria muitas opções. Eu compro livros às pencas, mas de gêneros bem específicos: biografias de meus ídolos da música, livros-reportagem, livros sobre rádio, televisão, cinema, jornalismo, história do Brasil recente e não-ficção em geral. Também gosto de ler sobre as histórias em quadrinhos do "meu tempo", tanto os gibis em si quanto os relatos de bastidores das editoras que os criaram. Não há muitas dessas obras disponíveis em meio digital. Fiz um teste. Entrei na página do Kindle e procurei por "Beatles". Achei apenas uma das dezenas de biografias que tenho do quarteto de Liverpool. Dos demais títulos que apareceram, nenhum me interessou. Pesquisei também "Bowie" e encontrei somente dois dos mais de trinta livros que estão em minha biblioteca. O foco do Kindle, por enquanto, é em best-sellers. Esses não me atraem.
Eu não descarto a hipótese de um dia ter um Kindle em acréscimo a meus livros, mas nunca em substituição. Para brincar, mesmo. Se eu acabar gostando, darei a mão à palmatória. Mas acho difícil. Em termos de leitura, nada substitui o prazer de pegar um livro na mão. Ou a satisfação de olhar para a prateleira e enxergar uma diversidade de cores, tamanhos e títulos. Por isso, se alguém me perguntasse o que eu acharia de substituir os meu livros – aos menos, aqueles que se resumem ao puro texto, sem um visual atraente – por versões e-book, eu diria sem titubear: não, obrigado.
quinta-feira, outubro 22, 2009
Viva o Gordo em DVD
quarta-feira, outubro 21, 2009
E lá não vai nada?
"Alguém poderia me disponibilizar para download os shows... [Seguiam-se quatro shows identificados pelo local]. Se puder, poste no meu perfil."
Um dos membros diplomaticamente explicou:
"Você acha que disponibilizar quatro shows para download é molezinha? No mínimo, seriam quatro arquivos de 700 MB. E isso se fossem transformados em DivX, o que daria um trabalho redobrado. Se eu fosse fazer esse trabalho e depois disponibilizar os arquivos um a um, seria uma tarefa para, no mínimo, duas semanas."
Aí vocês pensam que o sujeitinho caiu na real, certo? Pois vejam o que ele replicou:
"Só postei isso porque estou atrás de shows raros. Não sabia que podia dar todo esse trabalho. Se você puder postar um a cada duas semanas, eu lhe agradeço."
Eu quero só ver a crise existencial que essa "geração download" vai ter que encarar na vida adulta quando descobrir que comida, moradia e vestuário não se baixam de graça da Internet.
sábado, outubro 17, 2009
Maitê Proença
Em primeiro lugar, sejamos realistas. Se tivesse sido uma atriz portuguesa a debochar do Brasil, a nossa reação teria sido do tipo IPP: "Igual Pra Pior". Nós, brasileiros, temos uma tendência de encarar qualquer manifestação mais irônica ou contundente de pessoa estrangeira como uma tentativa de inferiorização. Imagine então como nos comportaríamos diante de chacota explícita. Também não é verdade que saibamos rir de nós mesmos. O que fazemos, isto sim, é debochar uns dos outros entre as diferentes regiões, já que o país é bem grande. E as brincadeiras não são bem aceitas. Há alguns anos, circulava entre os gaúchos um e-mail caretíssimo conclamando a boicotar o programa Casseta e Planeta por estar "denegrindo a imagem do Rio Grande do Sul". Não vai muito longe: eu só imagino como o povo da Bahia reagiu ao exemplo citado por Maitê do "baiano, que é indolente".*
Todos nós, em algum momento, falamos mal de alguém ou fazemos observações politicamente incorretas na intimidade. Como eu escrevi em meu texto "Fofoca, não", é uma forma benigna de cada um extravasar o veneno que tem dentro de si. Mas se o que foi dito chega aos ouvidos de quem foi alvo da crítica, o estrago está feito. É por isso que eu prefiro nunca saber se alguém falou mal de mim. Não leva a nada de positivo e diminui as chances de a pessoa em questão vir a ser uma amizade sincera.
A verdade é que Maitê foi ingênua e inconsequente. Não percebeu que, na era internética e parabólica em que vivemos, as informações atravessam o mundo em questão de segundos. É claro que o fato de não prever que o vídeo chegaria além-mar não exime a atriz da impertinência de seus comentários. Mas acho que há, sim, uma sutil diferença entre a afronta proposital e aquela que, digamos, vaza. O caso mais evidente foi o do Ministro da Fazenda Rubens Ricupero, em 1994. Aguardando o momento de entrar no ar, Ricupero ficou conversando informalmente com o jornalista Carlos Monforte, da TV Globo, sem saber que sua fala estava sendo captada por telespectadores com antena parabólica. Com a repercussão de suas confidências, só lhe restou renunciar.
Alguns dirão que a comparação não procede. De fato, Ricupero falava em off para um único interlocutor, sem saber que o microfone estava em on. Já Maitê dirigia-se de forma consciente a um público. Apenas supunha, em sua irresponsabilidade, que estaria restrito ao Brasil. O que existe de comum nos dois casos é a presunção de que a mensagem não chegaria a um receptor indesejado. No caso de Ricupero, por uma questão de confiança. No de Maitê, por total imprudência. Quando os portugueses tomaram conhecimento da forma com que a atriz divulgou Portugal em um programa da TV brasileira, criou-se o incidente.
Eu gostaria de poder dizer aos amigos de Portugal que não levassem esse episódio tão em pé de guerra. Que lembrassem que vocês também contam "anedotas de brasileiros" e que a própria Maitê se expôs ao ridículo com a ignorância que demonstrou sobre o país. Mas, a julgar pelas reações que vejo na Internet, vai ser difícil. No YouTube, uma cidadã portuguesa aparece quase chorando, num magoado desabafo. Maitê era ídolo em Portugal e não só as novelas como também as músicas que vêm do Brasil sempre tiveram boa acolhida pelos portugueses. É muito fácil acirrar ânimos, tanto lá quanto aqui. Menos mal que alguns estão sabendo diferenciar a atriz do povo brasileiro, a quem dizem respeitar. Torçamos para que esse deslize tenha um final pacífico.
Este vídeo mostra o espírito esportivo de Maitê Proença ao participar de uma sátira a novelas brasileiras com o grupo humorístico português Gatos Fedorentos. Observem que a imitação que eles fazem do sotaque brasileiro é tão perfeita que eu próprio fiquei em dúvida se eles eram mesmo portugueses. Maitê, em contrapartida, tenta falar com o sotaque deles. É assim que brasileiros e portugueses deveriam se relacionar, com camaradagem e bom-humor.
sexta-feira, outubro 16, 2009
Míni Mundo em Gramado
Aqui também eu poderia dizer que é uma foto do chalé em que ficamos, no hotel. Numa olhada rápida, ninguém notaria a diferença.
Mas é tudo miniatura. O chalé de verdade até aparece na foto acima, bem ao fundo, do outro lado do muro (clique nas imagens para ampliá-las). Mas na foto anterior era a reprodução.
A chaminé do Gasômetro.
quinta-feira, outubro 15, 2009
Entrevista com minha irmã
Linda e comovente essa matéria em vídeo com minha irmã Beatriz Pacheco. Leiam também a entrevista para o jornalista Sebastião Ribeiro clicando aqui.
terça-feira, outubro 13, 2009
domingo, outubro 11, 2009
Diretamente de Gramado
Eu já disse uma vez, mas vou repetir: Gramado não é mais a mesma sem o restaurante Bella Itália. Não entendo como deixaram fechar essa verdadeira instituição do turismo gaúcho. Agora ficou difícil achar por aqui um lugar que ofereça algo mais do que "sequência de fondue". É o que mais se vê anunciado. Em todo o caso, não posso me queixar: ontem comi o melhor filé à parmeggiana da minha vida.
Bom feriadão a todos.