terça-feira, maio 29, 2018
Foto de agosto de 2017 do Google Street View
Na relação de postos que terão gasolina hoje em Porto Alegre, aparece: Posto AM/PM (Avenida Getúlio Vargas, 2.989). Tem gente reclamando que esse posto não existe. Na verdade, há um posto exatamente nesse endereço... em Canoas! Será esse? Quem divulgou a lista foi a Prefeitura de Porto Alegre.
domingo, maio 27, 2018
O melhor vídeo das Copas (até 1982)
Em 1985 eu realizei um sonho acalentado desde 1978, quando vi um anúncio na revista americana Time, e comprei meu primeiro videocassete. Sim, o aparelho virou febre e, em poucos anos, todos tinham. Mas era algo que eu desejava independente de se popularizar ou não. Imediatamente, inscrevi-me no saudoso "Internacional Videoclube", na Rua da Praia. E uma das primeiras fitas que tirei foi um documentário sobre a participação do Brasil em todas as Copas de 1930 a 1982. Desde então, venho tentando conseguir este VHS ou pelo menos uma cópia para o meu acervo. Neste ano, finalmente, encontrei um exemplar original da fita. E já passei para DVD.
Tenho vários lançamentos sobre as Copas, tanto em VHS quanto em DVD, mas nenhum chega aos pés desta produção de três horas em velocidade EP. Como logo se percebe, a fita vinha de brinde para quem comprasse um videocassete Philco. Mas o videoclube a disponibilizou para os sócios como um lançamento normal. Com apresentação de Luciano do Valle, a edição mostra praticamente todos os gols disponíveis em filme ou vídeo da Seleção Brasileira nas Copas até 1982. O material é precioso. As imagens da Copa de 1950 são as mesmas que o Globo Repórter exibiu no especial "O Dia em Que o Brasil Chorou", incluindo algumas entrevistas e a narração de Sérgio Chapelin. Foi também nesta fita que finalmente eu soube em detalhes o que aconteceu com o Brasil na Copa de 1966.
Como se trata de um produto de marketing, de tempos em tempos aparecem slides registrando momentos históricos da Philco no Brasil. Outra curiosidade é que a fita tem a extensão normal das que eram vendidas na época (equivalente a duas horas em velocidade SP ou seis em EP), mas apenas a metade está gravada (três horas em EP, como já foi dito). No final do documentário, surge uma mensagem de que a segunda metade foi reservada para que o usuário grave a Copa de 1986. E Luciano do Valle se despede dizendo: "Felicidades!" Isso tudo está na minha memória, pois o proprietário anterior da fita que eu comprei seguiu o conselho ao pé da letra e, de fato, gravou imagens de 1986 por cima disso tudo que eu relembrei. Pelo menos ele preservou o essencial. Ainda não examinei o que contém a gravação caseira mas, se tiver todos os jogos do Brasil naquele ano, pode ser um bônus interessante. Eu, como colecionador, preferia que o "felicidades" do Luciano não tivesse sido desgravado.
Talvez eu coloque esse material no YouTube. De qualquer forma, alguém já disponibilizou a parte da Copa de 1950. Vejam aqui.
Tenho vários lançamentos sobre as Copas, tanto em VHS quanto em DVD, mas nenhum chega aos pés desta produção de três horas em velocidade EP. Como logo se percebe, a fita vinha de brinde para quem comprasse um videocassete Philco. Mas o videoclube a disponibilizou para os sócios como um lançamento normal. Com apresentação de Luciano do Valle, a edição mostra praticamente todos os gols disponíveis em filme ou vídeo da Seleção Brasileira nas Copas até 1982. O material é precioso. As imagens da Copa de 1950 são as mesmas que o Globo Repórter exibiu no especial "O Dia em Que o Brasil Chorou", incluindo algumas entrevistas e a narração de Sérgio Chapelin. Foi também nesta fita que finalmente eu soube em detalhes o que aconteceu com o Brasil na Copa de 1966.
Como se trata de um produto de marketing, de tempos em tempos aparecem slides registrando momentos históricos da Philco no Brasil. Outra curiosidade é que a fita tem a extensão normal das que eram vendidas na época (equivalente a duas horas em velocidade SP ou seis em EP), mas apenas a metade está gravada (três horas em EP, como já foi dito). No final do documentário, surge uma mensagem de que a segunda metade foi reservada para que o usuário grave a Copa de 1986. E Luciano do Valle se despede dizendo: "Felicidades!" Isso tudo está na minha memória, pois o proprietário anterior da fita que eu comprei seguiu o conselho ao pé da letra e, de fato, gravou imagens de 1986 por cima disso tudo que eu relembrei. Pelo menos ele preservou o essencial. Ainda não examinei o que contém a gravação caseira mas, se tiver todos os jogos do Brasil naquele ano, pode ser um bônus interessante. Eu, como colecionador, preferia que o "felicidades" do Luciano não tivesse sido desgravado.
Talvez eu coloque esse material no YouTube. De qualquer forma, alguém já disponibilizou a parte da Copa de 1950. Vejam aqui.
sábado, maio 26, 2018
"More of the Monkees" em edição de luxo
Chegou a vez de o segundo LP dos Monkees, "More of the Monkees", ganhar sua edição de luxo. A história de como a gravadora Rhino começou a lançar caixas com três CDs, livreto e outros itens para reeditar a obra dos Monkees já foi contada aqui, quando saiu o "Meet the Monkees" nesse formato.
Curiosamente, "More of the Monkees" foi o álbum mais vendido da carreira do grupo americano. Embora tenha canções memoráveis como "Mary, Mary", "(I'm not Your) Steppin' Stone", "Your Auntie Grizelda" (um impagável vocal solo de Peter Tork), "I'm a Believer" e a especialmente bonita "Sometime in the Morning", esse não é um dos melhores trabalhos do grupo. O quarteto ainda estava sob total controle do produtor Don Kirschner, que determinava o que e como deveria ser gravado. E, como logo se ficou sabendo, os integrantes não tocavam, apenas cantavam, em seus próprios discos.
Entre as faixas extras, há algumas inéditas e outras que já haviam sido mostradas em relançamentos anteriores ou na série de raridades "Missing Links". Destaque para gravações ao vivo (com Michael Nesmith na guitarra, Peter Tork no baixo e Micky Dolenz na bateria) em que os vocais solo quase desaparecem, pois a intenção era que fossem regravados para exibição na série de TV. Há também uma divertida versão alternativa de "Look Out (Here Comes Tomorrow)" em que Peter Tork "explica" os trechos instrumentais: "Sem este solo a música ficaria muito curta", "este é o fade, em que a música vai baixando e o locutor de rádio começa a falar por cima". Aparecem também gravações diferentes de "Words" e "I Don't Think You Know Me", esta a única a ter sido gravada com vocal solo de cada um dos quatro (aqui aparecem faixas com vocais de Peter Tork e Michael Nesmith).
Um item desnecessário na minha opinião, mas que dá um toque de exotismo ao pacote, é o single "I'm a Believer/I'm Not Your Steppin' Stone". Quem tiver toca-disco em casa vai poder rodar o disquinho em 45 RPM, desfrutando de um nostálgico som de vinil.
(Um comentário pessoal: encomendei essa edição ainda em 2017. O pacote saiu dos Estados Unidos no dia 22 de dezembro e chegou na semana passada. Quem espera sempre alcança.)
Curiosamente, "More of the Monkees" foi o álbum mais vendido da carreira do grupo americano. Embora tenha canções memoráveis como "Mary, Mary", "(I'm not Your) Steppin' Stone", "Your Auntie Grizelda" (um impagável vocal solo de Peter Tork), "I'm a Believer" e a especialmente bonita "Sometime in the Morning", esse não é um dos melhores trabalhos do grupo. O quarteto ainda estava sob total controle do produtor Don Kirschner, que determinava o que e como deveria ser gravado. E, como logo se ficou sabendo, os integrantes não tocavam, apenas cantavam, em seus próprios discos.
Entre as faixas extras, há algumas inéditas e outras que já haviam sido mostradas em relançamentos anteriores ou na série de raridades "Missing Links". Destaque para gravações ao vivo (com Michael Nesmith na guitarra, Peter Tork no baixo e Micky Dolenz na bateria) em que os vocais solo quase desaparecem, pois a intenção era que fossem regravados para exibição na série de TV. Há também uma divertida versão alternativa de "Look Out (Here Comes Tomorrow)" em que Peter Tork "explica" os trechos instrumentais: "Sem este solo a música ficaria muito curta", "este é o fade, em que a música vai baixando e o locutor de rádio começa a falar por cima". Aparecem também gravações diferentes de "Words" e "I Don't Think You Know Me", esta a única a ter sido gravada com vocal solo de cada um dos quatro (aqui aparecem faixas com vocais de Peter Tork e Michael Nesmith).
Um item desnecessário na minha opinião, mas que dá um toque de exotismo ao pacote, é o single "I'm a Believer/I'm Not Your Steppin' Stone". Quem tiver toca-disco em casa vai poder rodar o disquinho em 45 RPM, desfrutando de um nostálgico som de vinil.
(Um comentário pessoal: encomendei essa edição ainda em 2017. O pacote saiu dos Estados Unidos no dia 22 de dezembro e chegou na semana passada. Quem espera sempre alcança.)
sábado, maio 19, 2018
A segunda sessão
A segunda sessão de autógrafos do livro "DEZmiolados Volume 2" foi prejudicada pela chuva torrencial e pela chegada triunfal do frio em Porto Alegre, no sábado. Nem mesmo os autores todos puderam comparecer. Aí estão os que se fizeram presentes bravamente, no lado direito da mesa. Começando lá do fundo: Milton Gérson, Marne Rodrigues, eu, Anderson Cerva e Paulo Motta. As moças do outro lado são, ao fundo, Sionara, esposa do Gérson. À frente, Denise, amiga do editor Auber Lopes de Almeida, que aparece de pé, à esquerda. Como a área do Shopping Nova Olaria não é totalmente fechada, estávamos protegidos da chuva, mas não de um vento frio que vinha da nossa esquerda. Conversamos bastante, rimos muito e até vendemos alguns livros. Ainda sobraram vários exemplares, caso alguém queira.
quinta-feira, maio 17, 2018
Nova sessão de autógrafos
Para quem perdeu a primeira, neste sábado, dia 19, haverá nova sessão de autógrafos do livro "DEZmiolados Volume 2". No mesmo local e horário da anterior: no Mr. Pickwick, no Shopping Nova Olaria, das 17 às 21 horas. Eu e mais nove autores estaremos lá autografando. O livro custa 30 reais. Espero vocês lá.
domingo, maio 13, 2018
Rita Pavone com todo o pique
Sendo a cantora Rita Pavone italiana, é de se estranhar que sua turnê se chame "Rita Pavone is Back" (Rita Pavone está de volta), em inglês. Mas o repertório apresentado ontem no Teatro do Bourbon Country, em Porto Alegre, deixou claro o porquê: ela interpretou várias canções em inglês, incluindo diversas covers de seu álbum-duplo Masters, lançado em 2013. Este é nitidamente um show formatado para o mercado internacional.
Pontualmente às 21 horas as luzes se apagaram e a banda começou a tocar uma introdução em clima de rock. A cortina se abriu e Rita entrou sorridente, cheia de energia, mandando beijos para a plateia. A música, no caso, era "All Night Long", de Bobby Darin, mas num arranjo eletrificado, bem diferente do swing que se ouve no álbum Masters. A cantora já iniciou resgatando sua veia roqueira dos anos 60. E não decepcionou. Embora o rosto não esconda seus 72 anos, sua movimentação de palco é pura juventude, dançando e saltitando com alegria. Houve realmente uma comunhão de euforia entre a artista e o teatro lotado de sessentões e setentões (e alguns de seus filhos ou irmãos mais jovens, como era o meu caso: levei minha irmã!).
Rita começou perguntando se queriam que ela falasse castelhano ou italiano. O público escolheu o idioma pátrio dela. E assim ela conversou bastante, simpaticíssima, comentando seu último álbum e lembrando os momentos marcantes de sua carreira. Muitos dos sucessos antigos foram apresentados com novas roupagens, mas sem descaracterizar a essência das composições: "Non é Facile Avere 18 Anni", "Alla Mia Etá", "La Partita di Pallone", "Come te Non C'é Nessuno", "Che M'Importa Del Mondo" (numa versão com partes em italiano, espanhol e francês), "Fortissimo" e "Il Ballo Del Mattone/Amore Twist". Já "Datemi un Martello", "Cuore" (que Rita anunciou como sua "signature song", assim mesmo, em inglês) e o final apoteótico com "Il Geghegé" tiveram seus arranjos originais preservados.
Ouviram-se também dois clássicos do cancioneiro italiano que Rita regravou: "Sapore di Sale" e "Io Che Amo Solo Te", em belíssimas interpretações. Das canções em inglês, foram apresentadas, entre outras, "What's the Matter, Baby", de Timi Yuro, "Where is the One", de Bobby Darin (com certeza um ídolo de Rita, que gravou 14 faixas originais dele em Masters) e uma versão incendiária de "Proud Mary", do Creedence, lembrando Tina Turner. Uma surpresa foi a homenagem a Roberto Carlos com "A Distância" em espanhol e francês. Na banda de apoio havia guitarra, baixo, teclado, uma vocalista e uma seção de metais com três instrumentistas.
Ao cabo de uma hora e meia, demonstrando um "cansaço feliz", Rita se despediu do público passando três vezes à beira do palco, não só apertando ou tocando as mãos de quem ali estava, mas também assinando rapidamente dois ou três autógrafos para fãs que lhe estenderam velhos compactos e uma caneta. Rita Pavone está em forma, com plena vitalidade e cantando como nunca. Alô pessoal de Curitiba, São Paulo e Rio: preparem-se para uma noite inesquecível!
Minha irmã Beatriz (Neca) assistindo à cantora de sua adolescência. Ela chorou em várias músicas.Dia das Mães
Certa vez fui a um culto de Dia das Mães na Igreja Episcopal. Passou alguém distribuindo rosas e minha mãe me explicou: "Quem tem mãe tira uma rosa vermelha. Quem não tem mãe tira uma branca." Eu e ela pegamos rosas vermelhas, pois minha avó materna ainda era viva.
Hoje lembro dessa ocasião e questiono o critério. Acho que minha mãe não foi muito feliz na sua explicação. Teria sido melhor dizer: quem ainda tem mãe viva. Minha mãe faleceu em 1989, mas eu considero que "tenho mãe" até hoje. Ora, quem me colocou no mundo? Quem aparece citada na minha carteira de identidade? E da forma como ela se fez presente na minha vida, sempre com muito carinho e dedicação, ela me deixou um legado de amor que está vivo dentro de mim até hoje.
Mãe, onde estiveres, te mando uma rosa vermelha em pensamento. Obrigado por tudo. Feliz Dia das Mães!
Hoje lembro dessa ocasião e questiono o critério. Acho que minha mãe não foi muito feliz na sua explicação. Teria sido melhor dizer: quem ainda tem mãe viva. Minha mãe faleceu em 1989, mas eu considero que "tenho mãe" até hoje. Ora, quem me colocou no mundo? Quem aparece citada na minha carteira de identidade? E da forma como ela se fez presente na minha vida, sempre com muito carinho e dedicação, ela me deixou um legado de amor que está vivo dentro de mim até hoje.
Mãe, onde estiveres, te mando uma rosa vermelha em pensamento. Obrigado por tudo. Feliz Dia das Mães!
sexta-feira, maio 11, 2018
Meu primeiro amor
Quem me conhece sabe que sempre fui do tipo romântico e apaixonado, desde a mais tenra idade. Mas qual terá sido o meu primeiro amor? Tive uma namoradinha no Jardim aos cinco anos, inclusive reconheço-a na foto da turma, mas não lembro o nome dela. Digamos que não foi nada sério. No primeiro ano primário, aí sim, tive um namoro firme com uma menina um ano mais jovem, com direito a beijinhos inocentes na Kombi que nos deixava em casa (morávamos no mesmo prédio e éramos os últimos a sair) e troca de presentes no dia 12 de junho de 1968. No quarto ano, não namorei ninguém, mas tive pela primeira vez a sensação de estar realmente apaixonado por uma colega de aula. Com apenas dez anos? Sim, eu garanto a vocês que era um amor muito verdadeiro. Mas acho que não foi correspondido.
Pensando bem, o meu primeiro amor mesmo, de verdade, foi... a Rita Pavone! Eu tinha quatro anos, mas juro a vocês que eu gostava dela. Deem um desconto, eu era inexperiente, ainda não havia amadurecido o meu gosto para o sexo feminino. Mas alguma coisa naquele rostinho sardento e sorridente me encantava. Eu dizia a todos que iria casar com ela. Lembro que fiquei bem chateado quando meu irmão João Carlos me falou que ela estava namorando não sei quem (hoje sei: era o Netinho dos Incríveis). Isso foi na mesma época em que descobri Beatles e Jovem Guarda com meus irmãos, que eram adolescentes.
Depois disso, veio aquele período entre seis e dez anos em que me afastei da música e passei a ouvir discos infantis. Mas, de vez em quando, tinha algumas recaídas musicais. Na Kombi que me levava para casa em 1969, o motorista vinha escutando a parada de sucessos no rádio. Todos os finais de tarde, invariavelmente, eu ouvia "Stella" com Fábio, "Sentado à Beira do Caminho" com Erasmo Carlos e... "Zucchero", com Rita Pavone. Foi um sucesso menor da cantora num período em que esteve na gravadora Ricordi (o locutor sempre dizia o nome do selo). Numa tarde em que fiquei doente e não fui à aula, meu pai comprou o disco para mim. Sérgio Murilo chegou a gravar uma versão, "Açúcar".
Aos 11 anos, meu gosto musical foi reacendido e nunca mais se apagou. Acabei resgatando Beatles e Jovem Guarda nos LPs que adquiria com o dinheiro de minha mesada. Rita Pavone? Quase não havia mais nada dela em catálogo. Quando queria matar a saudade da minha paixão de infância, escutava o primeiro LP dela, que era de meus irmãos e acabou ficando para mim. Ali estavam quase todas as minhas músicas preferidas, como "La Partita di Pallone", "Alla Mia Etá", "Clementine Cherie", "Sul Cucuzzolo", "Come Te Non C'é Nessuno" e "Il Ballo del Matone". De vez em quando, ouvia também o compacto "Zucchero". Bem mais adiante, já nos anos 80 e 90, começaram a sair coletâneas de Rita Pavone em vinil e CD. Comprei algumas.
Rita Pavone veio ao Brasil em 1987, mas não a Porto Alegre, infelizmente. Naquele tempo, cheguei a assinar o fanzine brasileiro "Pavoníssimo", como forma de obter informações atualizadas sobre ela. Na era pré-Internet, quem quisesse saber mais sobre seus ídolos tinha que recorrer a fã-clubes. Anos depois, tomei conhecimento de que ela tinha abandonado a carreira artística. Por isso, foi com grata surpresa que fiquei sabendo não só que ela estava voltando aos palcos, mas que finalmente viria à capital gaúcha! Foi uma notícia ótima e inesperada. Convidei minha irmã para ir comigo, pois era com ela que eu ouvia Rita Pavone na infância. Estaremos lá amanhã, na primeira fila do Teatro do Bourbon Country, realizando um sonho de mais de 50 anos. Quem diria que eu ainda teria a chance de ver de perto o meu primeiro amor. Hoje é apenas um ídolo da música, que fique bem claro! Mas uma artista que teve um significado quase histórico na minha vida.
Pensando bem, o meu primeiro amor mesmo, de verdade, foi... a Rita Pavone! Eu tinha quatro anos, mas juro a vocês que eu gostava dela. Deem um desconto, eu era inexperiente, ainda não havia amadurecido o meu gosto para o sexo feminino. Mas alguma coisa naquele rostinho sardento e sorridente me encantava. Eu dizia a todos que iria casar com ela. Lembro que fiquei bem chateado quando meu irmão João Carlos me falou que ela estava namorando não sei quem (hoje sei: era o Netinho dos Incríveis). Isso foi na mesma época em que descobri Beatles e Jovem Guarda com meus irmãos, que eram adolescentes.
Depois disso, veio aquele período entre seis e dez anos em que me afastei da música e passei a ouvir discos infantis. Mas, de vez em quando, tinha algumas recaídas musicais. Na Kombi que me levava para casa em 1969, o motorista vinha escutando a parada de sucessos no rádio. Todos os finais de tarde, invariavelmente, eu ouvia "Stella" com Fábio, "Sentado à Beira do Caminho" com Erasmo Carlos e... "Zucchero", com Rita Pavone. Foi um sucesso menor da cantora num período em que esteve na gravadora Ricordi (o locutor sempre dizia o nome do selo). Numa tarde em que fiquei doente e não fui à aula, meu pai comprou o disco para mim. Sérgio Murilo chegou a gravar uma versão, "Açúcar".
Aos 11 anos, meu gosto musical foi reacendido e nunca mais se apagou. Acabei resgatando Beatles e Jovem Guarda nos LPs que adquiria com o dinheiro de minha mesada. Rita Pavone? Quase não havia mais nada dela em catálogo. Quando queria matar a saudade da minha paixão de infância, escutava o primeiro LP dela, que era de meus irmãos e acabou ficando para mim. Ali estavam quase todas as minhas músicas preferidas, como "La Partita di Pallone", "Alla Mia Etá", "Clementine Cherie", "Sul Cucuzzolo", "Come Te Non C'é Nessuno" e "Il Ballo del Matone". De vez em quando, ouvia também o compacto "Zucchero". Bem mais adiante, já nos anos 80 e 90, começaram a sair coletâneas de Rita Pavone em vinil e CD. Comprei algumas.
Rita Pavone veio ao Brasil em 1987, mas não a Porto Alegre, infelizmente. Naquele tempo, cheguei a assinar o fanzine brasileiro "Pavoníssimo", como forma de obter informações atualizadas sobre ela. Na era pré-Internet, quem quisesse saber mais sobre seus ídolos tinha que recorrer a fã-clubes. Anos depois, tomei conhecimento de que ela tinha abandonado a carreira artística. Por isso, foi com grata surpresa que fiquei sabendo não só que ela estava voltando aos palcos, mas que finalmente viria à capital gaúcha! Foi uma notícia ótima e inesperada. Convidei minha irmã para ir comigo, pois era com ela que eu ouvia Rita Pavone na infância. Estaremos lá amanhã, na primeira fila do Teatro do Bourbon Country, realizando um sonho de mais de 50 anos. Quem diria que eu ainda teria a chance de ver de perto o meu primeiro amor. Hoje é apenas um ídolo da música, que fique bem claro! Mas uma artista que teve um significado quase histórico na minha vida.
domingo, maio 06, 2018
Para relembrar os Stylistics
Já comentei diversas vezes que adoro a série "Classic Albums", que relança cinco LPs de uma tacada só em CD com reprodução miniaturizada das capas originais em papelão (comumente chamadas de "mini-LPs"). Graças à dica de meu amigo Zeca Azevedo, tomei conhecimento de que o grupo vocal americano Stylistics teve parte de sua obra resgatada nessa coleção. Os relançamentos se baseiam nas versões inglesas, de modo que Round 2 aparece como Stylistics 2 e Heavy consta com o título From the Mountain, incluindo as fachadas respectivas, diferentes das edições americanas. É uma pena que tenham deixado de fora o terceiro disco, Rockin'Roll Baby, que inclui a clássica "You Make Me Feel Brand New". Já que a obra não caberia toda nessa caixinha, mesmo, teria sido melhor manter os cinco primeiros álbuns em ordem cronológica e deixar de fora o sexto, Thank You Baby.
Os Stylistics surgiram no começo dos anos 70, como parte do chamado "Som da Filadélfia". A fórmula do grupo era a mesma de outras formações da época, como Spinners: cinco cantores negros, com dois vocalistas solo, um de voz grave, outro com timbre bem agudo, alcançando as notas mais altas. O forte do repertório eram as baladas, seguindo a receita dos Delfonics. Sob a batuta do genial produtor Thom Bell, os Stylistics lançaram seu primeiro LP em 1971, basicamente com composições de Bell em parceria com Linda Creed. O tenor de Russel Thompkins Jr. levava muitos a supor que fosse uma mulher cantando. A partir dos discos seguintes. a voz grave de Airrion Love conquistou seu espaço, de forma que o conjunto passou a ter dois cantores principais.
Aqui no Brasil, a obra dos Stylistics ganhou uma força das trilhas sonoras de novelas. Os LPs "internacionais" tocavam nas "reuniões dançantes" dos anos 70 e os adolescentes dançavam abraçadinhos ao som de "Betcha By Golly, Wow" ("Supermanoela"), "Let's Put it All Together" ("Corrida do Ouro"), "The Miracle" ("Cuca Legal") e "We Can Make It Happen" ("O Espigão"). Esta última talvez tenha sido sucesso somente no Brasil, já que fugia do padrão das "músicas de trabalho" do grupo, com solo exclusivamente da voz grave de Airrion Love. E isso permitiu que o ator Carlos Eduardo Dolabella gravasse sua própria versão do tema do seu personagem, com voz correta e boa pronúncia de inglês (vejam aqui).
Logo os Stylistics trocaram de arranjador, passando às mãos do competente Van McCoy, com produção e composições da dupla Hugo & Luigi. Em 1974, surgiu um grupo para rivalizar com eles no quesito baladas românticas: Blue Magic. E assim a década de 70 seguiu ao som de canções maravilhosas, criadas com instrumentos de verdade, sem sintetizadores. Os Stylistics ainda existem, pelo que acabei de pesquisar na Wikipedia, mas apenas com Airrion Love (o "vozeirão") e Herb Murrel da formação original.
Os Stylistics surgiram no começo dos anos 70, como parte do chamado "Som da Filadélfia". A fórmula do grupo era a mesma de outras formações da época, como Spinners: cinco cantores negros, com dois vocalistas solo, um de voz grave, outro com timbre bem agudo, alcançando as notas mais altas. O forte do repertório eram as baladas, seguindo a receita dos Delfonics. Sob a batuta do genial produtor Thom Bell, os Stylistics lançaram seu primeiro LP em 1971, basicamente com composições de Bell em parceria com Linda Creed. O tenor de Russel Thompkins Jr. levava muitos a supor que fosse uma mulher cantando. A partir dos discos seguintes. a voz grave de Airrion Love conquistou seu espaço, de forma que o conjunto passou a ter dois cantores principais.
Aqui no Brasil, a obra dos Stylistics ganhou uma força das trilhas sonoras de novelas. Os LPs "internacionais" tocavam nas "reuniões dançantes" dos anos 70 e os adolescentes dançavam abraçadinhos ao som de "Betcha By Golly, Wow" ("Supermanoela"), "Let's Put it All Together" ("Corrida do Ouro"), "The Miracle" ("Cuca Legal") e "We Can Make It Happen" ("O Espigão"). Esta última talvez tenha sido sucesso somente no Brasil, já que fugia do padrão das "músicas de trabalho" do grupo, com solo exclusivamente da voz grave de Airrion Love. E isso permitiu que o ator Carlos Eduardo Dolabella gravasse sua própria versão do tema do seu personagem, com voz correta e boa pronúncia de inglês (vejam aqui).
Logo os Stylistics trocaram de arranjador, passando às mãos do competente Van McCoy, com produção e composições da dupla Hugo & Luigi. Em 1974, surgiu um grupo para rivalizar com eles no quesito baladas românticas: Blue Magic. E assim a década de 70 seguiu ao som de canções maravilhosas, criadas com instrumentos de verdade, sem sintetizadores. Os Stylistics ainda existem, pelo que acabei de pesquisar na Wikipedia, mas apenas com Airrion Love (o "vozeirão") e Herb Murrel da formação original.