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domingo, dezembro 31, 2017
Ano Novo
É incrível pensar que a foto acima tenha sido tirada há dez anos. Uns dias a mais, na verdade. Foi em 17 de dezembro de 2007, em Capão da Canoa. Eu estava veraneando lá com minha então namorada e achei interessante essa imagem. Uma placa de alerta e uma coruja bem em cima, como se vigiasse os passantes para que cumprissem o aviso. Naquele final de ano, a Prefeitura de Capão, numa atitude nobilíssima e, diria até, à frente do seu tempo, cancelou os fogos de Ano Novo em respeito às corujas. Claro que houve choros e ranger de dentes. No final do ano seguinte, um leitor escreveu para Zero Hora perguntando quem seria beneficiado dessa vez, "as pessoas ou as corujas". Em 1996, passei o Ano Novo em Florianópolis com o Iuri (a 14 dias de completar dois anos) e a mãe dele. Um foguete estourou bem ao lado dele e ele começou a chorar. Mais um motivo para que a prática seja evitada: respeito às crianças. Mas não só isso. Com certeza já há jornalistas pautados para cobrir os hospitais, hoje à noite, à espera dos acidentes com fogos. Que podem ir desde queimaduras até mutilações.
Mas fico feliz de constatar que está havendo uma conscientização cada vez maior na campanha contra os rojões. Assim também, terminou a glamurização do cigarro. Ninguém é impedido de fumar, mas deve dirigir-se a uma área reservada ou sair à rua para satisfazer seu vício. Acabou o tabagismo ostentação, o tabagismo charme, o tabagismo sedução. Enquanto isso, todos os meus amigos de adolescência e familiares que um dia fumaram já largaram o cigarro. São essas pequenas evoluções que reanimam minha esperança no ser humano. Entre idas e vindas, avanços e recuos, consegue-se um deslocamento para a frente.
Pois esperemos que, em 2018, tenhamos um progresso significativo também na recuperação de nossa democracia. Que consigamos consertar pelo menos parte do estrago feito por quem foi às ruas em 2016 para afastar uma Presidente legitimamente eleita apenas para satisfazer a um capricho de mau perdedor. As consequências ruins estão aí, só não vê quem não quer. Estamos vivendo uma das páginas mais tristes de nossa história desde a abertura política nos anos 80. Mas não percamos as esperanças. Feliz Ano Novo.
A Deputada Federal Maria do Rosário foi assaltada em Porto Alegre e teve seu carro roubado. Aí, claro, os fascistas de plantão estão exultantes, dizendo que ela "aprendeu a lição". É incrível que haja pessoas com visão tão estreita a ponto de achar que, a partir de agora, ela irá mudar sua postura. Não mudará. E também não há qualquer incoerência em ela chamar a polícia e desejar que os criminosos sejam capturados. Quem pensa que sim está apenas reafirmando sua percepção totalmente equivocada de que ela "defende bandidos". Direitos humanos não significam impunidade. Justiça não significa vingança doentia, maus tratos ou tortura. Minha solidariedade a Maria do Rosário e seu esposo (que estava junto) neste momento.
Auber Lopes de Almeida, da Farol 3 Editores, já fez o anúncio oficial do livro "Dezmiolados 2" no Facebook, em postagem aberta. O prefaciador será o jornalista Fernando Albrecht e a previsão de lançamento é para março de 2018. E os participantes, conforme a numeração das fotos acima, são:
1 - Marne Rodrigues 2 - Milton Gerson 3 - Pedro Marcon Neto 4 - Anderson Cerva 5 - ("Quem é esse cara????") 6 - João Carlos Machado Filho 7 - Luciano Riquez 8 - Paulo Motta 9 - Ricardo Azeredo 10 - Gilnei Lima
O ano de 1978 ficou marcado como especial, para mim. Não necessariamente o melhor de minha adolescência, mas com certeza diferenciado. Eu tinha 17 anos, estava no último ano do 2º grau, com aulas à tarde, e fazendo cursinho pela manhã. Em dezembro do ano anterior eu havia entrado para a Faixa do Cidadão (radioamador "PX") e estava modulando como nunca. Então havia no ar um clima de reta final e de transição. Aos poucos, surgiam novas amizades, novos planos e sonhos. Foi também um ano de sair com meus amigos, geralmente aos sábados, para ir à boate do Clube do Comércio e também do Cantegril, neste último caso, por indicação de um colega que morava em Viamão. Na primeira dessas saídas, eu lembro que estava no Clube do Comércio, ainda no começo da função, com a pista vazia, quando um amigo falou:
- Agora vão começar a dançar. - Por quê? - eu perguntei, constatando que, automaticamente, vários casais se movimentavam. - Por causa dos Bee Gees. Eu não tive Beatles na adolescência (exceto nos discos, já que eles são eternos), mas vivi o auge dos Bee Gees em sua fase "dançante". No caso, a música que começara a tocar era "More Than a Woman", da trilha sonora de "Embalos de Sábado à Noite". Era considerada a menos impactante das quatro inéditas que o grupo gravou para o filme, por isso era sempre a primeira a se ouvir. Mais adiante vinham a irresistível "Stayin' Alive" e a linda e envolvente "Night Fever". "You Should Be Dancing" não era nova, mas ganhou destaque na cena em que John Travolta dança sozinho, então fazia sucesso também. E, na hora das baladinhas, não podia faltar a romântica "How Deep is Your Love". Embora eu fosse fã dos Bee Gees desde "Massachusetts", praticamente, não me animei a comprar o álbum-duplo com as músicas do filme, aqui lançado com o nome original de Saturday Night Fever. O dinheiro de minha mesada tinha que ser gasto criteriosamente e eu não iria pagar o preço de dois LPs para de fato aproveitar apenas sete músicas. Além das cinco citadas, valiam a pena também "If I Can't Have You", com Yvonne Elliman, e a versão de "More Than a Woman" com Tavares, ambas de autoria dos Bee Gees. Sempre haverá quem defenda as demais faixas, mas o fato é que havia gravações bem melhores do que as escolhidas na obra de, por exemplo, KC and The Sunshine Band, MFSB e Kool and The Gang. "Disco Inferno" com the Trammps até era uma boa pedida. Acabei conseguindo somente as contribuições dos Bee Gees mais adiante quando comprei a coletânea Bee Gees Greatest. Pois Saturday Night Fever está sendo relançado em CD por ocasião dos 40 anos da trilha sonora e do filme nos Estados Unidos. Então, finalmente, eu o comprei e agora o tenho em minha coleção. O álbum duplo original cabe num CD só, mas a edição traz um disco bônus com remixagens de "Stayin' Alive", "Night Fever", "How Deep is Your Love" e "You Should Be Dancing". Felizmente não são versões mutiladas, retalhadas ou enxertadas, mas apenas mixagens alternativas com diferenças sutis que somente os mais obstinados perceberão. Sobre o filme, lembro bem que havia filas enormes para vê-lo no cinema São João, no centro de Porto Alegre. Era o tempo em que os lançamentos ficavam em cartaz por longas semanas, pois ainda não existia videocassete, pelo menos não em larga escala, muito menos locadoras de vídeo. Um dia percebi que, se eu realmente quisesse assistir aos "Embalos de Sábado à Noite" sem ficar uma hora ou mais de pé na espera, seria melhor encarar outro bairro. Eu já gostava de caminhar, então dei uma esticada até o Cine Center. Aí, finalmente, conheci a tão badalada produção que projetou John Travolta como o ídolo do momento. [P.S.: Relendo meu diário, encontro as datas exatas em que tentei ver o filme no São João, em 1978. No caso: 7 de agosto, duas tentativas em horários diferentes em 20 de agosto, 3 de setembro (com meu amigo Frederico e a mãe dele; acabamos vendo "Se Segura, Malandro", do Hugo Carvana, no Imperial) e 17 de setembro. Foi no dia 1º de outubro que fiz minha caminhada até o Cine Center para, finalmente, conseguir assistir ao filme.] Outra curiosidade é que havia uma opinião generalizada entre meus colegas de que o filme era "fraquinho". Não soube de ninguém que o tenha visto mais de uma vez. Mal comparando, era também a época de "Guerra nas Estrelas" e esse causou furor entre o público de minha faixa etária. Um amigo vangloriou-se de tê-lo visto sete vezes! Passadas quase quatro décadas, percebo que o problema de "Embalos de Sábado à Noite" é que, sendo um filme sobre discoteca, atraiu um público adolescente. No entanto, a temática do enredo era essencialmente adulta. Hoje consigo captar nuances da trama que, na época, não me chamavam a atenção. Inclusive o final doce amargo, que passa a ideia de que os embalos de sábado à noite são pura ilusão e na segunda-feira voltamos a ser simples mortais, operários da classe média. Outra percepção que a maturidade me trouxe é da letra de "How Deep is Your Love", principalmente o trecho que diz "estamos vivendo num mundo de tolos que nos colocam para baixo quando deveriam nos deixar em paz, pertencemos um ao outro". O filme já havia sido relançado em DVD e Blu-ray (aliás, a trilha também já tinha saído em CD), mas é possível que venha por aí uma nova edição expandida e remasterizada.
Em vez de ficar o dia inteiro ouvindo canções de Natal (o que já fiz ontem e anteontem), achei que hoje era o dia perfeito para tirar esta relíquia da estante. Já comentei rapidamente esta caixa de música sacra aqui.
Estou ocupadíssimo nesta noite de Natal, então a mensagem tem que ser rápida. Já mostrei a foto acima outras vezes. Até parece que eu já sabia que viria a ser um adulto gordo de barba branca. Na verdade eu já era gordinho naquela época e por isso meus colegas me indicaram para ser o Papai Noel da turma.
Além destes CDs que sempre tiro da gaveta nesta época do ano, agora tenho também um da Aretha Franklin e, no iTunes (por enquanto - futuramente terei o disco físico, também), Holiday Harmony, do America, em que eles apresentam canções de Natal no estilo tradicional do grupo. Por exemplo, "Winter Wonderland" com um "la la la" que lembra "A Horse With No Name" e "White Christmas" com o mesmo arranjo de "Tin Man", inclusive introdução igual. É um belo trabalho.
Todas as pessoas que eu quero bem estão no meu pensamento nesta noite. Já dei um beijo no meu filho, mas ele vai ficar comigo mesmo no feriado de Ano Novo.
Meu espírito de Natal está mais forte do que eu pensava. Agora mesmo esquentei água para fazer chá. Quando terminou o tempo programado, o micro-ondas apitou três vezes e eu ouvi direitinho: "din-go bell"!
É claro que minha tristeza não é a mesma dos gremistas, mas eu realmente torci para o Grêmio neste sábado. Quando a situação ficou complicada no segundo tempo, cheguei a erguer os braços e dizer "pai, me ajuda a torcer pelo teu time!" Meu pai foi conselheiro do Grêmio. Mas não deu. Em dezembro de 1983, eu e ele torcemos juntos. Casualmente o jogo foi na noite em que comemorei meu aniversário de 23 anos, dois dias antes da data certa, para que a festa pudesse ser feita num sábado. Alguns convidados ficaram até mais tarde para ver a decisão conosco. Outra frustração aconteceu na sexta-feira. Lembram que falei no show da Paula Toller? Pois à tarde recebi um telefonema dizendo que, por falha do sistema, houve venda de ingressos em duplicidade. Como solução, me ofereceram lugares diferentes dos que eu tinha comprado, mas não aceitei. Preferi o dinheiro de volta. Saí para jantar fora, a conta do restaurante foi debitada duas vezes no meu extrato bancário e, no final da noite, tive um pneu furado. O primeiro desde que comprei o Uno. Mas tudo tem solução. Boa semana para todos.
Mesmo sabendo que os gremistas ficarão insuportáveis se o Grêmio vencer amanhã... Mesmo sabendo que dificilmente um gremista torceria pelo Inter em qualquer situação... Mesmo sabendo que o Grêmio sutilmente entregou o jogo para o Flamengo em 2009 para que o Inter não fosse campeão brasileiro... Mesmo sabendo que a torcida ainda foi esperar o time gremista no aeroporto para xingá-lo por ter jogado bem e não facilitado a vitória para o Flamengo ("vocês tinham que entregar o jogo!")... Mesmo sabendo que nós, colorados, seremos eternamente escorraçados pelo vergonhoso "Mazembaço" de 2010... ...eu vou torcer para o Grêmio amanhã. De coração. Até sequei na semifinal, mas agora não consigo. É um time gaúcho repetindo a situação do Inter em 2006, indo para a final contra um europeu favorito. Pois que traga a vitória e reafirme a garra do futebol de Porto Alegre em grandes decisões. Depois eu aguento a flauta, não tem problema. Inclusive dos gremistas que não acreditarem no que estou dizendo agora. Sempre existem os céticos.
A foto não ficou das melhores porque tirei com meu celular, mas o importante é registrar que a Saraiva do Shopping Praia de Belas, em Porto Alegre, já tem exemplares da segunda edição de "1973, o Ano que Reinventou a MPB".
Infelizmente
eu não poderei comparecer, mas deixo aqui registrado que haverá sessão de autógrafos de "1973, o Ano que Reinventou a MPB" hoje à noite, no Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio de Janeiro. É para promover o lançamento da segunda edição do livro. Os textos são os mesmos, mas houve alguns pequenos ajustes e correções.
A imagem acima está sendo divulgada no Facebook. Cada um dos 50 autores ganhou a sua.
Até parece que minha intenção era repetir as fotos que tirei com meu filho em 2014, quando comemoramos meu aniversário no Barranco (vejam aqui). Como da outra vez, ele matou a saudade da polenta e da picanha.
Eu me recordo de quando o Kid Abelha estourou em 1984 com "Pintura Íntima". Eu tinha 23 anos. Uma estagiária que trabalhava comigo queria comentar alguma coisa sobre o grupo, mas como não lembrava do nome, me falou: "Sabe aquela cantora que gosta de fazer amor de madrugada?" Hoje tem show solo de Paula Toller no Teatro do Bourbon Country. Minha expectativa é grande.
No início do ano, a Farol 3 Editores lançou uma coletânea de crônicas a que chamou "Dezmiolados". Como sugere o título, teve a participação de dez escritores. Em 2018, sairá o "Dezmiolados 2", com alguns colaboradores novos que não entraram no livro anterior. Eu sou um deles. Ontem à noite houve um encontro dos participantes no Shopping Olaria, em Porto Alegre. Nem todos puderam comparecer, mas aí estão, da esquerda para a direita: Marne Rodrigues, Anderson Cerva, Pedro Marcon Neto, Auber Lopes de Almeida (editor), Luciano Riquez, eu e João Carlos Machado Filho.
Ao contrário de Erasmo Carlos, que se mostrou cauteloso em sua autobiografia "Minha Fama de Mau", evitando assuntos delicados, a cantora Wanderléa abre seu coração incondicionalmente em "Foi Assim". Fala de seus sofrimentos (o acidente na piscina que deixou paraplégico seu namorado Nanato, filho de Chacrinha, com quem ela ficou por seis anos), suas perdas (em especial o filho Leonardo, também vitimado por uma piscina com apenas dois anos, e seu irmão Bill, com HIV), seus amores (entre outros, o diretor americano Richard Donner, o músico Egberto Gismonti, com quem trabalhou em estúdio, e seu marido Lalo, pai de Leonardo e de suas filhas), seus sucessos e guinadas na carreira. Como muitos egressos da Jovem Guarda, ela tentou novos rumos nos anos 70. Mas enquanto outros, como Leno e Renato e Seus Blue Caps, acabaram desistindo ou voltando para uma linha mais popular, Wandeca fez questão de manter um repertório sofisticado e contemporâneo em todos os seus discos setentistas, contrariando as expectativas das gravadoras e até de alguns fãs. Hoje esses álbuns são considerados clássicos e ganharam um luxuoso relançamento na caixa "Anos 70", da gravadora Discobertas. Também o show "Wanderléa Maravilhosa", com base em seu LP homônimo de 1972, foi revivido na Virada Cultural de São Paulo com direito a lançamento em DVD em 2014. "Foi Assim" é um livro muito bem escrito, em que Wanderléa emerge como um ser humano com garra, sensibilidade e caráter. A pesquisa e a edição foram realizadas pelo jornalista Renato Vieira. A publicação é da Editora Record.
Jornalista free-lancer apaixonado por música. Minhas colaborações mais frequentes foram para o International Magazine, mas já tive matérias publicadas em Poeira Zine e O Globo. Também já colaborei com os sites Portal da Jovem Guarda e Collector's Room. Em 2022, publiquei "Kleiton & Kledir, a biografia". Aqui no blog, escrevo sobre assuntos diversos.