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segunda-feira, dezembro 04, 2017
O ser humano Wanderléa
Ao contrário de Erasmo Carlos, que se mostrou cauteloso em sua autobiografia "Minha Fama de Mau", evitando assuntos delicados, a cantora Wanderléa abre seu coração incondicionalmente em "Foi Assim". Fala de seus sofrimentos (o acidente na piscina que deixou paraplégico seu namorado Nanato, filho de Chacrinha, com quem ela ficou por seis anos), suas perdas (em especial o filho Leonardo, também vitimado por uma piscina com apenas dois anos, e seu irmão Bill, com HIV), seus amores (entre outros, o diretor americano Richard Donner, o músico Egberto Gismonti, com quem trabalhou em estúdio, e seu marido Lalo, pai de Leonardo e de suas filhas), seus sucessos e guinadas na carreira. Como muitos egressos da Jovem Guarda, ela tentou novos rumos nos anos 70. Mas enquanto outros, como Leno e Renato e Seus Blue Caps, acabaram desistindo ou voltando para uma linha mais popular, Wandeca fez questão de manter um repertório sofisticado e contemporâneo em todos os seus discos setentistas, contrariando as expectativas das gravadoras e até de alguns fãs. Hoje esses álbuns são considerados clássicos e ganharam um luxuoso relançamento na caixa "Anos 70", da gravadora Discobertas. Também o show "Wanderléa Maravilhosa", com base em seu LP homônimo de 1972, foi revivido na Virada Cultural de São Paulo com direito a lançamento em DVD em 2014. "Foi Assim" é um livro muito bem escrito, em que Wanderléa emerge como um ser humano com garra, sensibilidade e caráter. A pesquisa e a edição foram realizadas pelo jornalista Renato Vieira. A publicação é da Editora Record.
Jornalista free-lancer apaixonado por música. Minhas colaborações mais frequentes foram para o International Magazine, mas já tive matérias publicadas em Poeira Zine e O Globo. Também já colaborei com os sites Portal da Jovem Guarda e Collector's Room. Em 2022, publiquei "Kleiton & Kledir, a biografia". Aqui no blog, escrevo sobre assuntos diversos.
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