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segunda-feira, fevereiro 27, 2017
Citação de Hitchcock
Já comentei várias vezes que não sou expert em cinema. Meu gosto para filmes é bem casual, eternamente leigo e confessadamente hollywoodiano. De vez em quando, arrisco uma incursão em trabalhos mais sofisticados, mas sem grandes pretensões. Tenho uma coleção de filmes de Alfred Hitchcock da fase inglesa, todos em preto e branco. São edições relativamente modestas da USA Filmes. Pois ontem à noite vi "A Dama Oculta" (The Lady Who Vanishes), de 1938, que o texto da embalagem indica ter sido o último título de Hitchcock antes de se deslocar para os Estados Unidos. Pois logo percebi que o enredo foi adaptado em "Plano de Voo", de 2005, estrelando Jodie Foster. Fui pesquisar via Google e, como eu imaginava, esse fato é amplamente conhecido pelos cinéfilos. Cliquem aqui para ler um comentário a respeito escrito pelo crítico Ademir Pascale. Já aqui se encontra um texto em inglês que menciona um remake do filme original, realizado em 1979 e, além de "Plano de Voo", cita "O Expresso de Chicago" (Silver Streak), de 1976, com Gene Kelly, como tendo também se inspirado no clássico de Hitchcock. Vendo e aprendendo.
Sempre fui muito mais discófilo do que audiófilo (para saber a diferença, leiam este meu texto aqui, publicado originalmente no International Magazine). Mas isso não significa que eu nunca tenha cobiçado bons aparelhos de som. Ganhei meu primeiro equipamento de verdade aos 15 anos. Era um Gavox não muito sofisticado. Ficava devendo nos graves, mas já era um começo. Não lembro a marca do toca-disco. Aos 19, evoluí para um amplificador Gradiente. Dez anos depois, já tendo um CD player Sony, comprei um sistema Technics, incluindo equalizador. Tenho até hoje (estou com 56 anos, caso queiram fazer as contas). Só o sintonizador parou de funcionar. Em 2013, como registrei aqui, adquiri meu primeiro e por enquanto único home theater. Pensei estar começando por uma configuração bem simples e básica, somente o Blu-ray player e as seis caixas ligadas diretamente nele. Nada de amplificador, nem equalizador. Só que, neste ano, quando fui procurar outro sistema semelhante para colocar no meu quarto, tive uma surpresa: o modelo que eu tenho saiu de linha. E o que encontro por aí são opções paupérrimas, com caixas minúsculas e o odioso recurso para contentar quem tem TOC com fios atravessados na sala: conexão wireless nas caixas traseiras. Qualquer ouvinte minimamente exigente sabe que não se pode confiar em áudio wireless. Mas o consumidor comum parece ver isso como uma enorme vantagem. Foi então que me dei conta de algo que já acontece há bastante tempo, apenas eu não havia atentado para o fato: não existem mais lojas de equipamento de som em Porto Alegre. Não apenas pontos de venda especializados, como a saudosa Casa dos Gravadores e a Circuito City, mas nem mesmo as lojas de departamentos. Lembro que a Masson e a Casa Victor, para citar apenas duas, tinham salas reservadas para demonstração de equipamentos. Ninguém mais se interessa em ter um som de qualidade? Os adolescentes de hoje não têm o sonho de consumo de pelo menos um kit básico com amplificador e caixas? A tecnologia avançou - hoje temos surround de verdade, por exemplo - mas os produtos empobreceram? Não consigo entender. Será que estão todos satisfeitos em apenas ouvir estações de música da TV a cabo? Bem, vou seguir em minha busca de um home theater pelo menos tão bom quanto o que já comprei. Sim, aquele que eu considerava básico, bom suficiente para um iniciante. Imaginei que, se procurasse, encontraria potentes e sofisticadíssimos amplificadores dedicados para uso com Blu-ray em 5.1. Vejo televisores cada vez maiores e melhores nas lojas, mas equipamentos de som, nada. Como vivem os audiófilos de hoje? Colecionam velharias? Tenho saudade dos tempos em que a revista Somtrês publicava mensalmente uma lista de preços e comentários dos diversos módulos que poderiam compor um bom sistema de som. Infelizmente, o mercado de áudio parece estar encolhido e irreversivelmente emepetrizado. Uma pena.
Com um pequeno atraso, anuncio aqui a estreia de Zeca Azevedo no site Sul21. A cada 15 dias ele escreverá sobre seu assunto preferido: música, obviamente. Em seu primeiro texto, ele comenta o álbum Sgt. Pepper's, dos Beatles, que comemora 50 anos neste ano. Interessante que ele começa falando na Discoteca Pública Nato Hehn, de Porto Alegre, no tempo em que ficava na rua Otávio Rocha. Eu estive lá em algumas ocasiões entre 1979 e 1980. Ouvi várias vezes o LP Long May You Run, de Neil Young e Stephen Stills. Era um dos poucos que eles tinham que me interessava e ainda não constava em minha coleção. Zeca, entre outras coisas, analisa o "revisionismo" que acabou questionando a posição do disco dos Beatles como o melhor não só do grupo mas de todos os tempos. Para ler, cliquem aqui.
De vez em quando encontro pessoas tão ou mais obstinadas do que eu em tirar fatos a limpo. Em uma página do Facebook criada para promover o livro ainda não lançado "Magic - Kiss Kronicles 1973 to 1983", o administrador (presumo ser o autor, Ros Radley) postou imagens diversas para provar que o primeiro LP do Kiss saiu oficialmente no dia 8 de fevereiro de 1974 e não 18, como consta em várias publicações. São só dez dias de defasagem, mas é o suficiente para que seja feita a retificação. A informação incorreta foi publicada em uma das primeiras biografias do grupo, "Kiss - The Real Story", de 1980. A partir dali, o erro foi reciclado. A foto acima é meramente ilustrativa. Para ver as imagens em tamanho maior, confiram no Facebook clicando aqui. E para ler meu texto "Obstinação pela verdade", cliquem aqui. Lucio Haeser, que em 2007 publicou o excelente livro "Continental, a Rádio Rebelde de Roberto Marinho" (cliquem aqui para ver minha cobertura do lançamento), decidiu dar um verdadeiro presente aos fãs da saudosa emissora: vai postar no YouTube as gravações das entrevistas que ele realizou durante a fase de pesquisa da obra. Para começar, disponibilizou quase meia hora de sua conversa com Fernando Westphalen, o idealizador da rádio. Está no vídeo aí em cima. Boa volta ao horário de inverno para todos.
Em 2013, como comentei aqui, adquiri meu primeiro (e, por enquanto, único) home theater. Além de comprar um aparelho de Blu-ray com som 5.1, substituí meus velhos televisores Phillips de 20 polegadas (mas que me serviram muito bem por longos anos) por uma TV de 32 polegadas tela larga com 3D. E, assim, mergulhei num mundo novo de áudio e vídeo. Há alguns meses, o televisor começou a falhar. Desligava e ligava sozinho, sem qualquer acionamento do controle remoto. Primeiro, cheguei a pensar que o controle pudesse estar em curto e por isso enviasse os comandos não solicitados. Mas depois certifiquei-me de que não era essa a causa. Potência instável, talvez? Quem sabe usando um estabilizador? Não resolveu. Houve um período em que a falha deixou de ocorrer, me fazendo acreditar que não tornaria a acontecer. Mas, quando eu menos esperava, o problema voltou. E desta vez, aparentemente, para ficar. Quem me conhece, até pelo que já escrevi algumas vezes aqui no Blog, sabe que eu não acredito em conserto de componentes eletrônicos. Até dei uma pesquisada em assistências técnicas, mas as avaliações postadas nas páginas respectivas eram desanimadoras. Claro que dei um desconto, pois sei que tem gente que ainda leva fé na capacidade das chamadas "autorizadas" em sanar qualquer defeito. Assim, quanto maior a expectativa, tão grande é a frustração. Mas, por tudo o que li, decidi que, por ora, não levaria meu televisor para uma oficina. Decidi dar uma olhada em novos modelos de TV em 3D. Tive outra decepção: a maioria está saindo de linha. Segundo me informaram os vendedores - confirmado por algumas matérias que encontrei na rede - o recurso não chegou realmente a "pegar" no Brasil. Ora, mas como? Eu sempre adorei terceira dimensão, desde a infância! Primeiro, eram os cartões lenticulares. Existem até hoje e são lindos. Depois, fiquei fascinado com um gibi em 3D mediante uso de óculos de cores vermelha e verde, uma em cada olho. As 13 anos, em minha primeira viagem aos Estados Unidos, conheci os estereoscópios da marca View Master, sensacionais! Aos 29, assisti a uma exposição de holografias em Brasília e, no mesmo ano, visitei o Museu de Holografia de Nova York. Por fim, os filmes em 3D no cinema estão cada vez mais sofisticados e perfeitos. O surgimento do formato Blu-ray possibilitou que se trouxesse essa tecnologia para dentro de casa. Infelizmente, muitos não lhe deram valor. Devem ser os mesmos que contratam TV a cabo para só ficar vendo a Globo. Apenas por descargo de consciência, resolvi pesquisar na Internet para ver se havia alguma solução. Foi só eu começar a digitar no Google e ele próprio já me sugeriu a frase "televisor marca tal liga e desliga sozinho". Isso significa que esse argumento de busca já foi bastante usado por outros internautas. Aí, para minha grata surpresa, encontrei não um ou dois, mas vários vídeos no YouTube informando como resolver o problema! Alguns rápidos e certeiros, outros levando até 15 minutos para explicar tudo, depois de fazer um certo suspense. Em suma, o que ocasiona o defeito citado é que um ou mais parafusos da placa mãe do televisor estão soltos. Então, basta abrir o televisor e apertar os parafusos da placa mãe. Lógico que isso demanda tempo, cuidado e paciência, pois é preciso remover um por um os parafusos que mantêm o televisor fechado e depois saber como recolocá-los nos lugares certos. Mas eu tentei e, por enquanto, está funcionando. De fato, um dos parafusos da placa mãe estava bem frouxo. Não está mais. Esse foi um caso em que, ao contrário do que eu pensava, a solução do problema era bem simples. Trabalhosa, mas sem exigir grandes conhecimentos tecnológicos. Enquanto isso, vou pensar em lançar uma campanha para salvar as TVs em 3D. Tanto quanto eu saiba, os Blu-rays com esse recurso continuam sendo lançados. Mas posso incluí-los em minha campanha, também.
Hoje é o último dia para participar do crowdfunding do terceiro CD solo do cantor Fughetti Luz, Tempo Feiticeiro. Corrigindo informação anterior, os organizadores afirmam que o CD será lançado e entregue aos apoiadores mesmo que a meta de financiamento antecipado não seja atingida. Quem faz essa afirmação são eles, eu apenas a retransmito sem me responsabilizar por seu cumprimento. Mas o que posso dizer é que fui um dos primeiros a apoiar e peguei um dos pacotes maiores, incluindo vários CDs e DVDs de outros artistas. E é claro que, quanto mais perto o projeto chegar do valor pretendido, melhor para todos. Fughetti é uma lenda do rock gaúcho (ex-vocalista do Liverpool e do Bixo da Seda) e merece que esse trabalho tenha sucesso. Para saber mais detalhes e, se possível, colaborar, cliquem aqui.
Ontem pela manhã, antes de sair, dei uma olhada rápida em meus e-mails. Nem sei por que fiquei curioso em ler uma resposta dada em um tópico do Facebook que eu acompanhava. Veio cópia. Quando abri, levei um susto. Um desconhecido (para mim) estava usando a foto acima no perfil dele. A minha foto clássica ouvindo Beatles aos cinco anos! Depois ele explicou que capturou essa imagem em 2007, ainda no tempo do Orkut, e que pensou que fosse de outra pessoa. Tudo bem, deixa assim. Aproveitei para divulgar novamente esse momento histórico da minha vida e ficou claro para todos que esse menino aí sou eu. Modéstia à parte (mas minha mãe é que deveria dizer isso, se viva estivesse, pois foi a fotógrafa), essa foto ficou bem legal. E se tornou ainda mais emblemática porque eu vim a ser um notório ouvinte musical pela vida afora. Além de provar que eu era fã dos Beatles desde pequenininho - literalmente!
Já divulguei essa foto várias vezes aqui e em redes sociais, mas acho que cometi um erro. O disco que eu estava ouvindo não era "I Want to Hold Your Hand", como eu pensava (e registrei aqui e depois novamente aqui, por ocasião do show de Paul McCartney em Porto Alegre). É mais provável que fosse o compacto"Long Tall Sally"/ "I Call Your Name". Ganhei esse disco de meu tio Pedrinho no meu aniversário de cinco anos. Isso foi em dezembro de 1965. Lembro bem que o levei para o balneário de Atlântida no verão de 1966. Inclusive, esse toca-discos portátil ("eletrola", como chamávamos) que só funcionava a pilha chegou a ser usado à beira da praia. Eu e meu tio ouvimos o disco lá mesmo, na areia, com o som do mar ao fundo. Lembro que eu gostava mais do lado A, que hoje sei ser um rock clássico de Little Richard cantado por Paul, mas meu tio preferia o lado B, de Lennon e McCartney na voz de John.
Lembram quando um grupo de fãs brasileiros se encontrou com Barry Gibb, nos Estados Unidos, e lhe presenteou com uma camiseta da Seleção Brasileira? Isso aconteceu no dia 14 de fevereiro de 2014, como registrei aqui.
Pois outro fã brasileiro, que se identifica como Cláudio BrGibb no Facebook, fotografou esta imagem diretamente da tela da TV. Vejam só: Barry gostou do presente! Aqui ele aparece com seu filho Ashley no programa "Life Stories", em que foi entrevistado por Piers Morgan. Cliquem aqui para assistir. No caso, o quadro acima está na marca de 39:48.
Fughetti Luz, ex-vocalista do Liverpool e do Bixo da Seda, está preparando o seu terceiro CD solo, Tempo Feiticeiro. Mas o disquinho só vai sair se for atingida a meta do crowdfunding no site Catarse. Existem diversas opções de contribuição. Algumas incluem o CD anterior, Xeque Mate, de 2002, além de CDs e DVDs de Duca Leindecker, Papas da Língua e outros. Mas o prazo está se esgotando. Então vamos lá ajudar essa lenda do rock gaúcho a concretizar mais um trabalho. Cliquem aqui e confiram.
Minha irmã Beatriz (Neca) postou esta mensagem no Facebook em 2011, quando o ex-Presidente Lula estava em tratamento de câncer. Ela se identificou com a foto, pois já havia passado pela mesma situação. Só que, no caso dela, infelizmente, ela perdeu seu grande amor. Registrei o falecimento de meu cunhado aqui. Agora, um dado crucial: minha irmã não é petista! Não é nem mesmo simpatizante do partido. Eu garanto isso a vocês. Nunca tivemos discussões acirradas sobre política porque ela é uma pessoa sensata, que entende e respeita como funciona uma democracia. Mas não gosta do PT. No entanto, quando viu a imagem de Dona Marisa, foi seu lado ser humano que falou mais alto. Ela podia não ter votado em Lula, mas se identificou com o sofrimento da ex-Primeira Dama. E fez questão de registrar sua solidariedade. Lembrei disso, como vocês já podem imaginar, em razão da doença que Dona Marisa enfrenta agora. E as manifestações de ódio que chegam das mais diversas formas. Alguns, tentando disfarçar suas verdadeiras índoles, usam o hospital em que ela está internada como pretexto "politicamente correto" para extravasar seus venenos. "Por que não é atendida pelo SUS, blá blá blá..." O que mais me enoja é que muitos desses vermes posam de bons samaritanos nas horas vagas, disseminando mensagens de paz, amor, "Jesus no coração" e similares. Anunciam-se Cristãos, Católicos, Evangélicos, Espíritas, tementes a Deus em geral, mas em momentos como este, mostram suas reais faces. Minha irmã é Cristã, mas não costuma frequentar Igreja. De vez em quando até posta mensagens de cunho religioso, mas muito raramente. Em geral, procura divulgar o amor à vida, o otimismo e a luta por ser feliz. Desde 1997 ela sabe que tem HIV e segue o tratamento à risca. Mas o vírus não lhe tirou a alegria de viver. Neste ano ela vai ser bisavó e se sente abençoada por isso. Bem que minha mãe tentou fazer com que eu criasse o hábito de ir à Igreja. Não conseguiu. Não critico quem vai, mas acho que de nada adianta se, no dia a dia, a pessoa se comporta de forma inadequada. Se o seu verdadeiro "deus" é o dinheiro, um artista famoso ou ela própria. Acho que hoje todos de nossa família têm essa percepção de que o Cristianismo está nas atitudes, na postura e no amor ao próximo. Não tem nada a ver com visitar templos ou postar mensagens religiosas em redes sociais. A doença de Dona Marisa está fazendo muitas máscaras caírem. Mas minha irmã já há bastante tempo mostrou que tem classe, elegância e amor verdadeiro no coração. Tenho orgulho dela.
Texto publicado originalmente no International Magazine, em 2008, por ocasião do lançamento do DVD "Fantasia - Live in Tokyo", do Asia. Quando eu o escrevi, havia acabado de ler a biografia oficial do grupo, "The Heat Goes On", de David Gallant. Republico agora como homenagem a John Wetton.
A volta do Asia com a formação original passou pelo Brasil em março de 2007. Mas alguns dias antes, no mesmo mês, o grupo se apresentou no continente que lhe dá o nome. Agora é a chance de levar para casa o DVD de um desses shows. Aliás, essa foi a primeira vez em que o quarteto se apresentou no Japão com John Wetton, Steve Howe, Geoffrey Downes e Carl Palmer. Em 1983, o grupo tocou lá com Greg Lake substituindo John Wetton. Ambos têm voz parecida e já haviam passado pelo King Crimson. A idéia era Lake permanecer no grupo, o que poderia ter sido interessante. Eu, particularmente, acho que ele é melhor compositor do que todos os demais integrantes de todas as formações do Asia. Mas Wetton logo voltaria, ainda que para apenas mais um LP.
Mas iniciemos do começo. O Asia estourou em 1982 com o álbum mais vendido daquele ano. Músicas como "Heat of The Moment" e "Only Time Will Tell" tocavam direto no rádio, ao lado de outros sucessos como "Waiting For a Girl Like You" do Foreigner, "Trouble" de Lindsay Buckingham, "Young Turks" e "Tonight I'm Yours" de Rod Stewart e a romântica "Endless Love" de Diana Ross e Lionel Richie. A banda na verdade surgiu como um casamento arranjado, um encontro maquinado por um executivo da Geffen Records, John Kalodner. Foi ele quem uniu John Wetton, que vinha de grupos como King Crimson, Roxy Music e UK, com o guitarrista Steve Howe, do recém desfeito Yes. Depois de ensaiarem com o baterista Simon Phillips, acabaram convidando Carl Palmer, de Emerson, Lake & Palmer. Este, por sua vez, sugeriu que acrescentassem um tecladista. Steve Howe indicou Geoffrey Downes, o ex-Buggles que havia integrado o Yes por um disco apenas, "Drama", em 1979. E assim formou-se a banda que adotaria o nome de Asia. Pensaram em incluir um segundo vocalista – Trevor Rabin, que entraria para o novo Yes em 1983, chegou a fazer um teste – mas fecharam mesmo no quarteto.
Ao chamar Geoffrey Downes para o grupo, Steve Howe adicionou um ingrediente importante na fórmula, mas que viria a eclipsá-lo. Downes e Wetton sentiram-se à vontade compondo juntos e viriam a criar os maiores sucessos do Asia. O resultado é que, quando chegou o momento de gravar o segundo LP, não sobrou espaço para as composições mais complexas de Howe. Apesar da curiosidade que despertava na imprensa por ser um "supergrupo", com ex-integrantes de lendárias bandas de rock progressivo, o Asia se destacava mesmo por suas músicas acessíveis e radiofônicas. A crítica desdenhava, mas com o sucesso do primeiro disco, quem haveria de culpá-los? Depois da crise que afastou Wetton temporariamente para a entrada de Greg Lake (que teve sua rápida passagem eternizada no vídeo "Asia in Asia", ainda não relançado em DVD), o relacionamento entre os integrantes ficou abalado. Seguiu-se um longo período em que apenas Geoffrey Downes participou de todas as formações. O grupo teve diversos guitarristas e, na maior parte do tempo, o vocal do baixista John Payne.
Mas a volta da formação original vinha sendo amadurecida. Acabou acontecendo em 2007, nos 25 anos do primeiro disco. Neste DVD, além dos sucessos obrigatórios, incluindo versões mais despojadas de "Don't Cry", "The Smile Has Left Your Eyes" e o lado B de compacto "Ride Easy", o Asia apresenta uma música de cada ex-banda de seus membros. John Wetton até que não faz feio cantando "Roundabout", do Yes, "Video Killed The Radio Star" dos Buggles e, claro, "In The Court of Crimson King", do seu próprio ex-grupo King Crimson. Mas é na instrumental "Fanfare For the Common Man", do repertório do Emerson, Lake & Palmer, que os músicos realmente se soltam, com destaque para o guitarrista Steve Howe. O mais irônico é que o Asia talvez seja o pior grupo pelo qual cada um de seus integrantes já passou. Até mesmo os obscuros Buggles de Geoffrey Downes, com seu estilo new wave, deixaram um gosto de "quero mais" após apenas dois álbuns. O que dizer então de Yes, King Crimson e Emerson, Lake & Palmer. Mas o rock farofa com tempero progressivo do Asia tem seu valor e sem dúvida deixou saudade. Steve Howe é hoje um velhinho de cabelos brancos, John Wetton engordou, Carl Palmer continua forte apesar das rugas e Geoffrey Downes, talvez por ser o mais jovem, é o que melhor resistiu ao tempo. Mas quando os quatro se juntam, ainda sai um caldo. E a gente volta no tempo, cantando junto em "Heat of The Moment": "And now you find yourself in '82..."
Jornalista free-lancer apaixonado por música. Minhas colaborações mais frequentes foram para o International Magazine, mas já tive matérias publicadas em Poeira Zine e O Globo. Também já colaborei com os sites Portal da Jovem Guarda e Collector's Room. Em 2022, publiquei "Kleiton & Kledir, a biografia". Aqui no blog, escrevo sobre assuntos diversos.