sexta-feira, junho 29, 2018
Na data em que a obra junto à Avenida Beira-Rio será aberta ao público de Porto Alegre, aproveito para dividir com vocês uma seleção de fotos tiradas por mim antes da reforma, nas muitas caminhadas que fiz por lá com meu filho. Pelas espiadas que já dei na área nova, achei que, em alguns trechos, a ciclovia deixa pouco espaço para pedestres. Enfim, vamos ver como será. Melhorias são sempre bem-vindas, contanto que, como diz o nome, substituam o que havia antes por algo realmente melhor.
domingo, junho 24, 2018
Visita do Japão
Alguém do Japão usou o Google Translate para ler um texto do Blog. Espero que tenha conseguido entender, pois eu não tenho a menor condição de avaliar a tradução. Apenas me pergunto se não existe equivalente para "ironias" em japonês. Talvez não. Os japoneses são muito rígidos em seus princípios. O que disserem, será com absoluta seriedade e convicção. Nada de ironias.
Pelé em versão para americanos
O livro "Why Soccer Matters", assinado por Pelé "com" Brian Winter (o que significa que o texto foi escrito pelo segundo), foi lançado em 2014, aproveitando a expectativa da Copa no Brasil. Demorei a adquiri-lo porque sabia que existia uma versão em audiobook, mas o site da Audible não estava autorizado a vendê-la para fora dos Estados Unidos. Cheguei a escrever para a editora para perguntar se não sairia em CD, para que eu pudesse importá-lo. Não sei se minha mensagem teve alguma influência, mas o fato é que, um bom tempo depois, apareceu uma edição em CD com a narração do livro em mp3 para encomenda no site da Amazon. Esperei o momento certo e comprei.
Talvez vocês se perguntem por que fiz questão do texto em inglês se Pelé é brasileiro e saiu uma edição em português no Brasil, sob o título "A importância do futebol". Ocorre que, acreditem se quiserem, o livro foi escrito originalmente em inglês. E não é o primeiro caso. Desde que Pelé ficou famoso nos Estados Unidos, já saíram pelo menos três autobiografias dele com redação final de escritor americano. A dúvida é: alguém serviu de intérprete? Sabe-se que Pelé se comunica razoavelmente em inglês, com certeza melhor do que Joel Santana, como ele mesmo, Pelé, disse num comercial. Mas pode ser considerado fluente?
O principal motivo de minha curiosidade é um erro histórico que encontrei na edição em inglês - devidamente corrigido na tradução para o português, como já conferi. No texto original, o "Dia do Fico" de Dom Pedro I se confunde com o Dia da Independência, em 7 de setembro. Ou seja, no dia 7 de setembro, Dom Pedro decidiu ficar no Brasil e assim proclamou-se a independência do país. Achei outros detalhes questionáveis, esses mantidos na versão brasileira. Por exemplo: na Introdução, Pelé afirma que praticava seus primeiros chutes com uma "toranja". Ora, essa fruta é tão rara no Brasil que é mais conhecida por seu nome em inglês, grapefruit. Ainda segundo o livro, Pelé estreou como ator na TV brasileira no papel de "um alienígena investigando a Terra para preparar uma invasão". Errado! Eu vi a novela "Os Estranhos" em 1969 e lembro bem: Pelé vivia um escritor terráqueo chamado Plínio Pompeu. Os alienígenas eram outros e pouco contato tiveram com ele.
Por fim, um aspecto que chama a atenção é que Pelé se apresenta como um jogador politizado e consciente do que ocorria nos tempos da ditadura militar. O capítulo 12 da parte intitulada "México, 1970" não parece ter sido escrito pelo mesmo cidadão que supostamente disse "o povo brasileiro não está preparado para votar" e que posava orgulhoso ao lado dos Presidentes daquele período. Ele cita as torturas sofridas pela então estudante Dilma Roussef, os brasileiros forçados ao exílio, compara a situação da época com a Alemanha nazista e menciona também o golpe de Augusto Pinochet no Chile em 1973. No capítulo 19, ele afirma:
Depois que vencemos a Copa de 1970 o governo militar não parou de usar a nossa vitória como peça de propaganda para esconder os problemas reais do Brasil. Enquanto isso se multiplicavam as histórias que ouvíamos de torturas e desaparecimentos. Eu não posso dizer que a política foi a única razão para minha aposentadoria da seleção brasileira, mas certamente foi um elemento de peso na minha decisão. Eu não podia suportar o fato de que nosso sucesso estava sendo usado para acobertar atrocidades.
No parágrafo seguinte, ele lamenta "não ter ido a público mais cedo para falar dos abusos que estavam acontecendo nos anos 1960 e 1970". Mais adiante, narra um encontro com Dilma Rousseff em um avião em 2011.
A versão de que Pelé teria deixado a Seleção por protesto político já havia sido mencionada em uma daquelas folhas de cobertura das bandejas do McDonald's. E o fato de ele querer se mostrar ao mundo como uma celebridade com consciência política seria louvável. O problema é que é difícil conciliar a imagem que sempre se teve de Pelé no Brasil com o revisionismo que o livro tenta passar. Muitos brasileiros que estavam sob efeito da censura e da propaganda ufanista reviram suas posições com a abertura política nos anos 80. Mas a suposta autobiografia tenta vender a ideia de que Pelé sempre soube do que acontecia e desaprovava tudo. Ora, em 1972, o craque deu a seguinte declaração ao jornal uruguaio La Opinión, hoje citada em livros no mundo inteiro: "Não há ditadura no Brasil. O Brasil é um país liberal, uma terra de felicidade. Somos um povo livre. Nossos dirigentes sabem o que é melhor para nós e nos governam com tolerância e patriotismo."
De resto, não se pode dizer que "Why Soccer Matters" ou "A importância do futebol" não seja uma leitura interessante e agradável. Pelé relembra as partidas marcantes de sua carreira, em especial nas Copas, descrevendo os gols com razoável detalhe. Nada diz sobre seu divórcio, os problemas com o filho Edinho ou o fato de ter reconhecido sua filha Sandra na Justiça.
Sou fã de Pelé, como já deixei claro neste meu texto aqui. Tenho um razoável material sobre ele em livro e vídeo. O fato de ele ter sido simpático aos Presidentes da ditadura não diminui minha admiração, pois entendo que era um fenômeno generalizado entre famosos menos politizados. O que me incomoda é ver uma obra tentando reescrever a história, possivelmente com forte interferência do americano que redigiu o texto final. O Pelé que emerge em "Why Soccer Matters"/"A importância do futebol" é o que gostaríamos que ele tivesse sido, mas não necessariamente o que foi.
Talvez vocês se perguntem por que fiz questão do texto em inglês se Pelé é brasileiro e saiu uma edição em português no Brasil, sob o título "A importância do futebol". Ocorre que, acreditem se quiserem, o livro foi escrito originalmente em inglês. E não é o primeiro caso. Desde que Pelé ficou famoso nos Estados Unidos, já saíram pelo menos três autobiografias dele com redação final de escritor americano. A dúvida é: alguém serviu de intérprete? Sabe-se que Pelé se comunica razoavelmente em inglês, com certeza melhor do que Joel Santana, como ele mesmo, Pelé, disse num comercial. Mas pode ser considerado fluente?
O principal motivo de minha curiosidade é um erro histórico que encontrei na edição em inglês - devidamente corrigido na tradução para o português, como já conferi. No texto original, o "Dia do Fico" de Dom Pedro I se confunde com o Dia da Independência, em 7 de setembro. Ou seja, no dia 7 de setembro, Dom Pedro decidiu ficar no Brasil e assim proclamou-se a independência do país. Achei outros detalhes questionáveis, esses mantidos na versão brasileira. Por exemplo: na Introdução, Pelé afirma que praticava seus primeiros chutes com uma "toranja". Ora, essa fruta é tão rara no Brasil que é mais conhecida por seu nome em inglês, grapefruit. Ainda segundo o livro, Pelé estreou como ator na TV brasileira no papel de "um alienígena investigando a Terra para preparar uma invasão". Errado! Eu vi a novela "Os Estranhos" em 1969 e lembro bem: Pelé vivia um escritor terráqueo chamado Plínio Pompeu. Os alienígenas eram outros e pouco contato tiveram com ele.
Por fim, um aspecto que chama a atenção é que Pelé se apresenta como um jogador politizado e consciente do que ocorria nos tempos da ditadura militar. O capítulo 12 da parte intitulada "México, 1970" não parece ter sido escrito pelo mesmo cidadão que supostamente disse "o povo brasileiro não está preparado para votar" e que posava orgulhoso ao lado dos Presidentes daquele período. Ele cita as torturas sofridas pela então estudante Dilma Roussef, os brasileiros forçados ao exílio, compara a situação da época com a Alemanha nazista e menciona também o golpe de Augusto Pinochet no Chile em 1973. No capítulo 19, ele afirma:
Depois que vencemos a Copa de 1970 o governo militar não parou de usar a nossa vitória como peça de propaganda para esconder os problemas reais do Brasil. Enquanto isso se multiplicavam as histórias que ouvíamos de torturas e desaparecimentos. Eu não posso dizer que a política foi a única razão para minha aposentadoria da seleção brasileira, mas certamente foi um elemento de peso na minha decisão. Eu não podia suportar o fato de que nosso sucesso estava sendo usado para acobertar atrocidades.
No parágrafo seguinte, ele lamenta "não ter ido a público mais cedo para falar dos abusos que estavam acontecendo nos anos 1960 e 1970". Mais adiante, narra um encontro com Dilma Rousseff em um avião em 2011.
A versão de que Pelé teria deixado a Seleção por protesto político já havia sido mencionada em uma daquelas folhas de cobertura das bandejas do McDonald's. E o fato de ele querer se mostrar ao mundo como uma celebridade com consciência política seria louvável. O problema é que é difícil conciliar a imagem que sempre se teve de Pelé no Brasil com o revisionismo que o livro tenta passar. Muitos brasileiros que estavam sob efeito da censura e da propaganda ufanista reviram suas posições com a abertura política nos anos 80. Mas a suposta autobiografia tenta vender a ideia de que Pelé sempre soube do que acontecia e desaprovava tudo. Ora, em 1972, o craque deu a seguinte declaração ao jornal uruguaio La Opinión, hoje citada em livros no mundo inteiro: "Não há ditadura no Brasil. O Brasil é um país liberal, uma terra de felicidade. Somos um povo livre. Nossos dirigentes sabem o que é melhor para nós e nos governam com tolerância e patriotismo."
De resto, não se pode dizer que "Why Soccer Matters" ou "A importância do futebol" não seja uma leitura interessante e agradável. Pelé relembra as partidas marcantes de sua carreira, em especial nas Copas, descrevendo os gols com razoável detalhe. Nada diz sobre seu divórcio, os problemas com o filho Edinho ou o fato de ter reconhecido sua filha Sandra na Justiça.
Sou fã de Pelé, como já deixei claro neste meu texto aqui. Tenho um razoável material sobre ele em livro e vídeo. O fato de ele ter sido simpático aos Presidentes da ditadura não diminui minha admiração, pois entendo que era um fenômeno generalizado entre famosos menos politizados. O que me incomoda é ver uma obra tentando reescrever a história, possivelmente com forte interferência do americano que redigiu o texto final. O Pelé que emerge em "Why Soccer Matters"/"A importância do futebol" é o que gostaríamos que ele tivesse sido, mas não necessariamente o que foi.
quarta-feira, junho 20, 2018
Professor Leonam biografado
Quem teve o privilégio de ser aluno do professor Marques Leonam, na Faculdade de Jornalismo da PUC/RS, não esquece o mestre. Dinâmico, divertido, carismático, ele verdadeiramente encantava os alunos com seus ensinamentos. Em 1991, num curto período em que colaborei com o saudoso semanário Folha Encruzilhadense, de Encruzilhada do Sul, por indicação de meu amigo Ademar Xavier (foi efetivamente a minha estreia no Jornalismo, ainda antes do International Magazine), escrevi uma crônica intitulada "O lápis impiedoso". Era uma referência às anotações que o Leonam fazia em nossos textos, em especial o implacável "já usaste antes", assinalando as repetições. Quando mostrei o jornal para ele em aula, deu uma risada e falou: "Vocês estão criando um monstro, hein?"
Por tudo isso, foi com alegria que tomei conhecimento da publicação do livro "O encantador de pessoas", de Ana Paula Acauan e Magda Achutti. Já terminei de lê-lo. Como eu, as autoras são ex-alunas de Leonam e decidiram homenageá-lo com uma biografia. A infância no Alegrete, a juventude em Santa Maria, a experiência na Folha da Tarde, o convívio com os alunos na PUC, tudo isso é contado nas 160 páginas da obra, incluindo diversas fotos. Em 2016, Leonam recebeu o título de Professor Emérito, o terceiro professor da Famecos (Faculdade dos Meios de Comunicação Social) a merecer essa honra. Pois agora ganha também um livro sobre sua vida, um trabalho a ser apreciado por seus amigos, ex-colegas e ex-alunos.
Por tudo isso, foi com alegria que tomei conhecimento da publicação do livro "O encantador de pessoas", de Ana Paula Acauan e Magda Achutti. Já terminei de lê-lo. Como eu, as autoras são ex-alunas de Leonam e decidiram homenageá-lo com uma biografia. A infância no Alegrete, a juventude em Santa Maria, a experiência na Folha da Tarde, o convívio com os alunos na PUC, tudo isso é contado nas 160 páginas da obra, incluindo diversas fotos. Em 2016, Leonam recebeu o título de Professor Emérito, o terceiro professor da Famecos (Faculdade dos Meios de Comunicação Social) a merecer essa honra. Pois agora ganha também um livro sobre sua vida, um trabalho a ser apreciado por seus amigos, ex-colegas e ex-alunos.
sexta-feira, junho 15, 2018
Geoff Emerick em Porto Alegre
Ontem à noite ocorreu a palestra com Geoff Emerick, na sede da Áudio Porto, em Porto Alegre. O mediador foi o jornalista Lúcio Brancato. Como eu imaginava, tudo o que o ex-engenheiro de som dos Beatles contou em pouco mais de uma hora já se conhecia do livro dele, lançado no Brasil pela editora Novo Século sob o título "Minha Vida Gravando os Beatles". Somente ao final, na parte de perguntas, houve alguma diversificação. Eu, por exemplo, questionei sobre o trabalho dele com os Zombies no clássico álbum Odessey and Oracle. Ele respondeu especificamente sobre a música "Time of the Season", acrescentando que as gravações acabaram sendo remixadas em estéreo de forma independente pelo próprio grupo. De hoje a domingo, Emerick segue a programação, agora com a "Master Class" para profissionais de áudio.
quarta-feira, junho 13, 2018
Mutuca
Teria sido em 1991 ou 1992? Não lembro ao certo. Um colega da Faculdade de Jornalismo, o hoje jornalista Rodrigo Rocha, me pediu um favor. Ele e outros da turma iriam entrevistar o músico Mutuca no próprio estúdio da Famecos para um trabalho de aula. Como ele sabia que eu morava na Erico Verissimo, perguntou se eu não poderia passar na Zero Hora, onde ele, Rodrigo, trabalhava, e lhe dar uma carona. De lá, iríamos até a casa de Mutuca, que era no caminho, para buscá-lo e depois rumar para a PUC. E foi o que fizemos.
Quando Mutuca entrou no meu carro, aquele Gol 89 com que fiquei por mais de 20 anos, ouviu a gravação que eu tinha deixado rodando no toca-fitas e comentou: "Pô, Sukyiaki!" E aí não deu outra, fomos até a Faculdade conversando sobre música. Durante a entrevista propriamente dita, ele contou que, na juventude, uma colega se referiu a ele como "Mutuca, a mosca". Ele não gostou do apelido e, claro, aí mesmo é que pegou.
Mutuca (Carlos Eduardo Weyrauch) faleceu nesta madrugada em Taquara, onde residia, aos 71 anos, vítima de um enfarte. O rock gaúcho perde um de seus nomes de referência.
Quando Mutuca entrou no meu carro, aquele Gol 89 com que fiquei por mais de 20 anos, ouviu a gravação que eu tinha deixado rodando no toca-fitas e comentou: "Pô, Sukyiaki!" E aí não deu outra, fomos até a Faculdade conversando sobre música. Durante a entrevista propriamente dita, ele contou que, na juventude, uma colega se referiu a ele como "Mutuca, a mosca". Ele não gostou do apelido e, claro, aí mesmo é que pegou.
Mutuca (Carlos Eduardo Weyrauch) faleceu nesta madrugada em Taquara, onde residia, aos 71 anos, vítima de um enfarte. O rock gaúcho perde um de seus nomes de referência.
terça-feira, junho 12, 2018
quarta-feira, junho 06, 2018
Canto Livre em nova fase
Para mim, era uma questão de honra comparecer à estreia da nova formação do Canto Livre, nessa terça-feira, às 12 e 30, no Foyer Nobre do Teatro São Pedro. Afinal, eu acompanho o trabalho deles desde o antigo "Coral de Câmara do Rio Grande do Sul", em 1980. Assisti ao primeiro show oficial do grupo no saudoso Teatro Um (ex-Oi Nois Aqui Traveiz), na Ramiro, em 1981. Tenho os dois LPs e o CD que saiu em 2002, quando o conjunto voltou à ativa depois de um longo hiato. Estive na eliminatória gaúcha do Festival dos Festivais em 1985, no Gigantinho, em que eles apresentaram "Esse Gaiteiro", com participação de Borghettinho. Também marquei presença em show no Teatro Renascença em 1987 quando a formação se reduziu a um quarteto (Fernando, Pedro, Cíntia e Joca). Eu não podia faltar no começo de mais este capítulo.
É bem verdade que um fator me ajudou: estar aposentado. Um show de uma hora, ao meio-dia, em dia de semana, acabou resultando numa plateia com faixa etária predominante acima de 60, por um processo de seleção natural. Um dos novos, Flávio Englert, foi o único que iniciou o show já no palco, tocando seu piano. Os sete demais vieram de trás cantando uma paródia de "Bohemian Rhapsody", do Queen. Humor sempre foi um ingrediente obrigatório no Canto Livre, mas teve um efeito colateral: um dos fundadores acabou saindo para virar humorista (mais sobre isso adiante).
Para cantar "Diamante", de Zé Caradípia e Sérgio Silva, foi chamado para participar o ex-integrante Jair Kobe, hoje mais conhecido como o Guri de Uruguaiana. Ele era uma das melhores vozes da formação original e é uma pena que tenha trocado a música pelo humor. Tive que sair logo depois do final, mesmo assim apresentei-me rapidamente a meu ídolo Tasso Bangel, do Conjunto Farroupilha, que também estava lá assistindo. Mas quem ficou mais um pouco teve um bis não programado com "A Whiter Shade of Pale", como registrou em vídeo o músico Jorge Vargas (e divulgou no Facebook). Que venham mais shows e, se possível, um CD. Longa vida ao Canto Livre!
É bem verdade que um fator me ajudou: estar aposentado. Um show de uma hora, ao meio-dia, em dia de semana, acabou resultando numa plateia com faixa etária predominante acima de 60, por um processo de seleção natural. Um dos novos, Flávio Englert, foi o único que iniciou o show já no palco, tocando seu piano. Os sete demais vieram de trás cantando uma paródia de "Bohemian Rhapsody", do Queen. Humor sempre foi um ingrediente obrigatório no Canto Livre, mas teve um efeito colateral: um dos fundadores acabou saindo para virar humorista (mais sobre isso adiante).
Jairo Kobe, Selma Martins e Vânia Mallmann são membros fundadores do Canto Live. Calique Ludwig pode ser considerado "fundador honorário", pois começou como regente do grupo, eventualmente fazendo participações especiais, até que se oficializou na formação em 1989 - a faixa "Não Penso Muito que Dói", da miscelânea "Geração Pop", da RBS discos, registra a sua adesão. Pedro Guisso entrou na segunda formação e é o mais antigo que nunca saiu, ao contrário de outros que foram e voltaram. Os novos são Carmen Nogueira, Maria do Carmo Dischinger e o já citado Flávio Englert.
Belas harmonias vocais sempre foram a marca registrada do Canto Livre. Entre composições próprias e covers bem escolhidas, eu destacaria a belíssima interpretação de "Pampa de Luz", de Pery Souza e Luiz de Miranda, começando com um solo grave de Calique até ser inundada pelas demais vozes. O primeiro sucesso dos Almôndegas, "Sombra Fresca e Rock no Quintal", serviu de pretexto para uma divertida encenação em que todos disputam um único microfone.Para cantar "Diamante", de Zé Caradípia e Sérgio Silva, foi chamado para participar o ex-integrante Jair Kobe, hoje mais conhecido como o Guri de Uruguaiana. Ele era uma das melhores vozes da formação original e é uma pena que tenha trocado a música pelo humor. Tive que sair logo depois do final, mesmo assim apresentei-me rapidamente a meu ídolo Tasso Bangel, do Conjunto Farroupilha, que também estava lá assistindo. Mas quem ficou mais um pouco teve um bis não programado com "A Whiter Shade of Pale", como registrou em vídeo o músico Jorge Vargas (e divulgou no Facebook). Que venham mais shows e, se possível, um CD. Longa vida ao Canto Livre!
terça-feira, junho 05, 2018
Lembrando
Essa declaração infeliz do sertanejo César Menotti de que "samba é música de bandido" me fez lembrar: eu estive num show de César Menotti e Fabiano no dia 2 de agosto do ano passado, no Auditório Araújo Vianna. Fui para acompanhar minha então (hoje ex) namorada. Eu costumo ser parceiro e respeitar o gosto alheio. E de qualquer forma ela também tinha me acompanhado no filme do Queen em 2016, então pelo menos nisso nos acertávamos. Achei que a dupla é bem carismática e profissional no que faz, mas o estilo realmente não me agrada. Os arranjos bombásticos ("LEILÃO!!!!") não ajudam. Enfim, gosto é gosto.