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terça-feira, janeiro 31, 2017
John Wetton (1949-2017)
Falei nele ainda em dezembro, quando morreu Greg Lake. Comentei que ambos fizeram parte do King Crimson, tinham vozes parecidas e que Lake o substituiu por um curtíssimo prazo no Asia. Pois agora foi a vez dele: John Wetton faleceu hoje, aos 67 anos, de câncer. Um grande músico e cantor que havia retornado ao Asia quando a banda reuniu a formação clássica em 2006. O Asia estava em turnê, mas Wetton teria que se afastar para tratamento e seria substituído por Billy Sherwood, que já tocou com o Yes. Vamos ver o que acontecerá agora. O CD/DVD/Blu-ray Symfonia: Live in Bulgaria 2013, do Asia, está prestes a ser lançado.
Meus CDs do Asia. Nem todos trazem Wetton no vocal, mas de qualquer forma vocês podem ter uma ideia do meu interesse pelo grupo. Gold inclui os três primeiros álbuns em dois disquinhos.
Tenho também duas edições da biografia oficial, escrita por David Gallant. Li a primeira delas, "The Heat Goes On", em minhas férias do final de 2007, como anunciei que faria (ver aqui). A versão atualizada chamou-se "Heat of the Moment". Nenhuma está à venda!
Imagem capturada do DVD da caixinha The Tokyo Tapes, com gravação ao vivo de 1996 na banda do ex-Genesis Steve Hackett (o guitarrista à esquerda), tocando o repertório do grupo da fase Peter Gabriel. Wetton, além de bom baixista, era um requisitado vocalista.
P.S.: Para saber mais sobre John Wetton e as bandas pelas quais passou, leiam os ótimos textos dos críticos Fabian Chacur e Ricardo Schott.
Mais um título vem se somar à bibliografia sobre a série de TV "Batman" de 1966/67. "Batman, a Celebration of the Classic TV Series", de Bob Garcia e Joe Desris, é o que se chama em inglês de "coffee table book" - literalmente, "livro de mesa de café", expressão que define os volumes grandes e vistosos, de capa dura, com muitas fotos a cores.
Em 256 páginas, os autores procuram abordar aspectos diversos da série em suas três temporadas. Fotos de bastidores, storyboards e imagens dos episódios fornecem farta ilustração a cada capítulo. Não li o livro ainda - este é o tipo de leitura que exige um momento e local especialmente escolhidos, pois não é como um pocket book que se carrega de um lado para outro. Mas, segundo comentários dos leitores no site da Amazon americana, a obra peca por algumas omissões, como não focalizar os personagens secundários Comissário Gordon, Chefe O'Hara e Tia Harriet.
Logo, em termos de informações, conclui-se que este livro não dispensa a consulta a obras anteriores, como o essencial "Batbook" de Joel Eisner. Aqui no Brasil, temos o ótimo "Sock!! Pow!! Crash!", de Jorge Ventura, incluindo dados sobre as exibições e dublagens na TV brasileira. Mesmo assim, os fãs não quererão ficar sem este belo volume importado em suas coleções.
Agora, uma curiosidade. Quando comentei o lançamento da série em Blu-ray, fotografei algumas imagens diretamente da tela de TV e postei aqui no Blog. Uma delas foi esta:
Minha intenção era mostrar o bigode branco do treinador de animais contratado especialmente para fazer esta cena. O dublê costumeiro do ator Adam West era outro.
Pois bem: vejam aí o mesmo fotograma que eu tinha divulgado em destaque numa página do livro. É justamente no capítulo sobre os dublês.
Aqui, uma página sobre o fim da série. Cada capítulo tem um título rimado para imitar o que se fazia na primeira e segunda parte de cada história na TV (o título da primeira parte rimava com o da segunda). Leiam também: Série "Batman" em Blu-ray O primeiro Batman das telas O Batman dos jornais
Na sexta-feira passada (e depois novamente sábado e segunda), foi exibida a última parte da série "A Trilha do Rock no Brasil", do Canal Brasil. Parabéns a toda a equipe pelo excelente documentário. Não foi surpresa o gaúcho Juarez Fonseca ter aparecido em vários episódios, pois é uma lenda do jornalismo musical. Mas fiquei feliz pelo destaque recebido por meu amigo Zeca Azevedo, confirmando que é um dos melhores críticos da atualidade no país (ainda que possa não gostar do termo "crítico", tanto que foi creditado como "Discófilo e Pesquisador", como se vê acima). Os depoimentos dele foram usados em três dos 13 capítulos. Em "Splish Splash", fez um curto mas certeiro comentário sobre o pós-Jovem Guarda. Em "Um Satélite na Cabeça", discorreu longamente sobre o Mangue Beat, uma de suas paixões. Por fim, em "A Saga Continua", apresentou uma visão do panorama atual da música na era da Internet. Outro que mandou muito bem foi Léo Felipe no segmento sobre rock gaúcho. Estou satisfeito de ter indicado as pessoas certas para falar sobre o que eu não conhecia a fundo, aí se incluindo também Rogério Ratner, Arthur de Faria e Kátia Suman.
Neste mês, tive a honra de me encontrar com dois expoentes da pesquisa musical no Rio Grande do Sul. Um deles foi Henrique Mann, que também é músico. Ele é o autor de uma série de fascículos sobre a música rio-grandense que depois foi reeditada em forma de livro sob o título "O Som do Sul". Está esgotado, mas eu tenho e levei para ele autografar. Numa "troca de oferendas", consegui também três CDs dele e ganhei mais um livro que eu não conhecia.
Aqui está o autógrafo que ele colocou em "Retratos da Vida Boêmia".
Hoje falei com o jornalista Cristiano Bastos. Comprei dele o DVD "Nas Paredes da Pedra Encantada", documentário que ele e Leonardo Bomfim produziram sobre o lendário LP Paebiru, de Zé Ramalho e Lula Côrtes. Ele ainda tem pouquíssimas peças para venda a 50 reais cada. Corram! Cristiano também é co-autor do livro "Gauleses Redutíveis", sobre rock gaúcho, escreveu a biografia de Júlio Reny (levei meu exemplar e peguei autógrafo do autor, como se vê abaixo) e prepara a de Flávio Basso/Júpiter Maçã.
Este ano, em matéria de shows, Porto Alegre promete. Dia 21 de março tem o ex-Supertramp Roger Hodgson no Pepsi On Stage. Em 4 de abril é a vez Elton John e James Taylor no Anfiteatro Beira-Rio. Os dois já estiveram aqui, mas em momentos diferentes. Por fim, em 27 de maio o grupo Renaissance se apresentará no Araújo Vianna. Nenhum dos instrumentistas da banda atual pertenceu à formação clássica, mas a presença da cantora Annie Haslam, com sua voz límpida e maravilhosa, já faz valer o preço do ingresso.
Não sou assinante do Netflix. Sempre gostei de ter minha própria videoteca, um sonho que acalentava desde que comprei meu primeiro videocassete em 1985 (como já contei aqui), mas que só consegui realizar plenamente na era do DVD. Comentei isso com um colega no ano passado e ele respondeu que, com o Netflix, a gente "tinha" os filmes, só que de outra forma. Achei interessante a ideia e comecei a pensar no caso de aderir a essa nova tendência do mercado de vídeo. Atraiu-me a possibilidade de escolher uma produção mais rara ou um documentário para desfrutar a qualquer momento. Tive minha primeira decepção ao encontrar, na Internet, uma notícia sobre os filmes que seriam retirados do Netflix. Ah, então eles não ficam em definitivo? Ponto a favor da minha videoteca. Mas ontem, na casa de amigos, pela primeira vez dei uma examinada no Netflix. Na condição de visita, eu não iria ficar assistindo a um filme de uma hora e meia. Mas aproveitei para explorar as opções. Com o controle remoto na mão, comecei a fazer algumas buscas. Beatles? Nada. Bowie? Nada. Pink Floyd? Nada. Até apareciam alguns títulos, mas estavam indisponíveis. Por exemplo, quando pesquisei Phil Ochs, a ferramenta de busca listou o documentário "There But For Fortune", mas não para ser visto. Após mais algumas tentativas frustradas, desisti. Para não dizer que não encontrei nada que me interessasse, quando fiz as procuras pelos nomes relacionados a música, apareceram sugestões de outros filmes com temas semelhantes. Um deles era "Don't Stop Believing: Everyman's Journey", um documentário sobre como o filipino Arnel Pineda veio a ser o cantor da banda americana Journey. Uma espécie de história de "cinderelo". Assisti aos primeiros dez minutos, apenas por curiosidade. Pode ser que eu um dia assine o Netflix, se não pesar muito no orçamento. Mas para complementar meu acervo de vídeo, jamais para substituí-lo. Depois do teste de ontem, concluí que não passa de uma versão eletrônica das "locadoras de bairro" bem comuns, daquelas que só têm filmes recentes e/ou manjados. É para espectadores casuais, não para consumidores de um nicho mais específico. Por isso, continuo preferindo a minha videoteca.
Se você é iniciante em David Bowie e procura uma boa coletânea para ter uma amostra do melhor do cantor, não compre Bowie Legacy. A seleção de faixas nos dois CDs seria perfeita não fosse por um detalhe: a obra-prima de Bowie, "Life on Mars?", sofreu uma remixagem radical que praticamente mutilou a música. No afã de incluir algo "novo" no pacote, a gravadora retirou a guitarra de Mick Ronson e a bateria de Woody Woodmansey. A intenção talvez tenha sido criar um clima "sinfônico", mas o resultado é um "vazio", principalmente nos refrões. Isso não se faz com um clássico. Prefira a compilação anterior, Nothing has changed - tanto a edição tripla, que já comentei aqui, quanto a versão dupla. Ambas são bem representativas e trazem "Life on Mars?" com todos os instrumentos. Aproveito para avisar também que a caixa Sound+Vision, com quatro CDs, não é um "best of", mas um apanhado aleatório de canções diversas de Bowie. A melhor opção é mesmo Nothing has changed.
Há dez anos, registrei aqui no Blog os 60 anos de David Bowie ("Bowie sessentão"). Observei a diferença entre os 50 anos dele, que foram amplamente comemorados, inclusive com um show especial do cantor, e o relativo silêncio dos 60. Bowie estava em recesso. Não se sabia ao certo se voltaria a gravar ou não. Acabou retornando em 2013 com The Next Day. Mas nunca mais fez shows. Eu não imaginava que comemoraríamos os 70 anos dele in memoriam. Mas a obra dele está aí, para nós e para as futuras gerações. E, pelo visto, ainda teremos material inédito pela frente. No ano passado, saíram três faixas novas no CD duplo da trilha sonora da peça "Lazarus". Ontem, em comemoração antecipada dos 70, foi lançado o clip de "No Plan". Claro que a morte dele foi uma notícia triste. Mesmo assim, senti-me gratificado de ver como o Brasil inteiro prestou suas homenagens. Certa revista de notícias chegou a editar várias capas diferentes com fotos dele. Só lembrei dos meus amigos que, nos meus 13 anos, pegavam no meu pé por meu entusiasmo com o trabalho dele. Isso em 1974. Viram? Eu estava certo o tempo todo.
Vamos abrir os trabalhos de 2017 com um tema bem light que há tempos não abordo aqui no Blog: histórias em quadrinhos. Em 3 de dezembro de 2011, após uma prazerosa visita ao arquivo de jornais do Museu de Comunicação Hipólito da Costa, em Porto Alegre, postei alguns de meus achados sob o título "Jornais que lembram a infância". Entre lembranças do desenho animado "Mogli", do Topo Gigio e de um filme sobre o Capitão Nemo, citei uma tira de jornal do Batman de 1970 que eu nunca havia esquecido. Fazia pouco tempo que eu tinha aprendido que existia uma matéria chamada "Física" que nada tinha a ver com "Educação Física", então o diálogo entre a Dupla Dinâmica me chamou a atenção. Comentei que gostaria de encontrar a história toda para ler, mas que em geral as republicações de tiras de jornais em formato de livro se restringiam aos primeiros anos. No caso, a tira a que eu me referia era esta:Pois, no final do ano passado, meu desejo foi atendido. Saiu o terceiro volume das tiras de jornais de Batman, cobrindo justamente o período da história em questão. É o livro cuja capa aparece no topo desta postagem. Chegou ontem para mim. Vejam abaixo a mesma tira, só que em inglês:
Em 2011, tentei pesquisar sobre o enredo na Internet e acabei encontrando uma matéria sobre as tirinhas do Batman no New Straits Times, da Malásia, na edição de 26 de fevereiro de 1989. Pois o livro informa que as últimas páginas do Batman para jornal foram publicadas exclusivamente no Straits Times, antecessor do New Straits Times. Isso explica o interesse do periódico pelo tema. Ainda bem que capturei a imagem, pois a publicação não está mais disponível para consulta na rede. Aí está, apenas por curiosidade: Como se sabe, nos velhos tempos, o universo de personagens da DC de dividia entre duas dimensões: a Terra 1 e a Terra 2. Foi a forma encontrada de explicar as inconsistências entre os heróis em suas origens e as encarnações posteriores. O primeiro Super-Homem foi considerado o da Terra 2. Esse veio a casar com Lois Lane. O Super-Homem da Terra 1 era o que aparecia com mais frequência nas páginas dos gibis e continuou solteiro. Mas, observo agora, as histórias dos jornais eram, de certa forma, um terceiro universo. Uma espécie de Terra 1 alternativa. Seria Terra 3, talvez? Ou, como é moda numerar agora, Terra 1.2?
Qualquer Batmaníaco que se preze identifica a página acima. É o momento histórico em que Dick Grayson (Robin) vai para a Faculdade, deixando para trás a Mansão Wayne e a Batcaverna. Também a dupla Batman e Robin se desfaz e cada um passa a atuar separadamente ou com outros colegas de combate ao crime. Percebendo que o momento é de mudança, o próprio Bruce Wayne decide ir morar em um apartamento, abandonando a Batparafernália do passado e tentando resgatar a velha figura do Homem Morcego das trevas.
Pois bem: o universo paralelo das tiras de jornal podia ter sua própria cronologia, mas não era de todo independente. As mudanças cruciais do personagem nas revistas tinham que ser refletidas. Então o que se vê acima é uma versão da despedida de Dick Grayson adaptada para o formato das dailies. Já a trama que se segue é diferente, tendo em comum apenas o fato de Bruce Wayne ajudar uma viúva que acabou de ter seu marido assassinado. Folheando as páginas do livro, imediatamente reconheci o traço de Al Plastino, cujo trabalho era mais frequente nas histórias do Super-Homem. Essa sensação de familiaridade me deu saudade do tempo em que os quadrinhos eram mais simples, sem a exagerada sofisticação que viria a lhes roubar seu charme.
Na reta final, em 1972, numa situação confusa que os antigos autores consideraram violação de direitos autorais (como esclarece o texto de introdução do livro), as tiras passaram a ser criadas por escritores e desenhistas anônimos. Inevitavelmente, a qualidade veio a cair bastante, fugindo do padrão DC. Um terceiro herói chegou a ser introduzido, um tal de Galexo. Com isso, uma das poucas publicações a manter as historinhas de Batman foi a edição europeia do jornal militar Stars & Stripes, até que anunciou o encerramento da série, sem ocultar o motivo da má qualidade. Restou, por algum tempo, o já citado Straits Times, em páginas dominicais a cores. Estão todas no livro, que também inclui quadrinhos inéditos desenhados por Al Platino e Nick Cardy os quais foram substituídos pelos do artista anônimo.
Jornalista free-lancer apaixonado por música. Minhas colaborações mais frequentes foram para o International Magazine, mas já tive matérias publicadas em Poeira Zine e O Globo. Também já colaborei com os sites Portal da Jovem Guarda e Collector's Room. Em 2022, publiquei "Kleiton & Kledir, a biografia". Aqui no blog, escrevo sobre assuntos diversos.