O Batman dos jornais
Em 3 de dezembro de 2011, após uma prazerosa visita ao arquivo de jornais do Museu de Comunicação Hipólito da Costa, em Porto Alegre, postei alguns de meus achados sob o título "Jornais que lembram a infância". Entre lembranças do desenho animado "Mogli", do Topo Gigio e de um filme sobre o Capitão Nemo, citei uma tira de jornal do Batman de 1970 que eu nunca havia esquecido. Fazia pouco tempo que eu tinha aprendido que existia uma matéria chamada "Física" que nada tinha a ver com "Educação Física", então o diálogo entre a Dupla Dinâmica me chamou a atenção. Comentei que gostaria de encontrar a história toda para ler, mas que em geral as republicações de tiras de jornais em formato de livro se restringiam aos primeiros anos. No caso, a tira a que eu me referia era esta: Pois, no final do ano passado, meu desejo foi atendido. Saiu o terceiro volume das tiras de jornais de Batman, cobrindo justamente o período da história em questão. É o livro cuja capa aparece no topo desta postagem. Chegou ontem para mim. Vejam abaixo a mesma tira, só que em inglês:
Em 2011, tentei pesquisar sobre o enredo na Internet e acabei encontrando uma matéria sobre as tirinhas do Batman no New Straits Times, da Malásia, na edição de 26 de fevereiro de 1989. Pois o livro informa que as últimas páginas do Batman para jornal foram publicadas exclusivamente no Straits Times, antecessor do New Straits Times. Isso explica o interesse do periódico pelo tema. Ainda bem que capturei a imagem, pois a publicação não está mais disponível para consulta na rede. Aí está, apenas por curiosidade:
Como se sabe, nos velhos tempos, o universo de personagens da DC de dividia entre duas dimensões: a Terra 1 e a Terra 2. Foi a forma encontrada de explicar as inconsistências entre os heróis em suas origens e as encarnações posteriores. O primeiro Super-Homem foi considerado o da Terra 2. Esse veio a casar com Lois Lane. O Super-Homem da Terra 1 era o que aparecia com mais frequência nas páginas dos gibis e continuou solteiro. Mas, observo agora, as histórias dos jornais eram, de certa forma, um terceiro universo. Uma espécie de Terra 1 alternativa. Seria Terra 3, talvez? Ou, como é moda numerar agora, Terra 1.2?
Qualquer Batmaníaco que se preze identifica a página acima. É o momento histórico em que Dick Grayson (Robin) vai para a Faculdade, deixando para trás a Mansão Wayne e a Batcaverna. Também a dupla Batman e Robin se desfaz e cada um passa a atuar separadamente ou com outros colegas de combate ao crime. Percebendo que o momento é de mudança, o próprio Bruce Wayne decide ir morar em um apartamento, abandonando a Batparafernália do passado e tentando resgatar a velha figura do Homem Morcego das trevas.
Pois bem: o universo paralelo das tiras de jornal podia ter sua própria cronologia, mas não era de todo independente. As mudanças cruciais do personagem nas revistas tinham que ser refletidas. Então o que se vê acima é uma versão da despedida de Dick Grayson adaptada para o formato das dailies. Já a trama que se segue é diferente, tendo em comum apenas o fato de Bruce Wayne ajudar uma viúva que acabou de ter seu marido assassinado.
Folheando as páginas do livro, imediatamente reconheci o traço de Al Plastino, cujo trabalho era mais frequente nas histórias do Super-Homem. Essa sensação de familiaridade me deu saudade do tempo em que os quadrinhos eram mais simples, sem a exagerada sofisticação que viria a lhes roubar seu charme.
Na reta final, em 1972, numa situação confusa que os antigos autores consideraram violação de direitos autorais (como esclarece o texto de introdução do livro), as tiras passaram a ser criadas por escritores e desenhistas anônimos. Inevitavelmente, a qualidade veio a cair bastante, fugindo do padrão DC. Um terceiro herói chegou a ser introduzido, um tal de Galexo. Com isso, uma das poucas publicações a manter as historinhas de Batman foi a edição europeia do jornal militar Stars & Stripes, até que anunciou o encerramento da série, sem ocultar o motivo da má qualidade. Restou, por algum tempo, o já citado Straits Times, em páginas dominicais a cores. Estão todas no livro, que também inclui quadrinhos inéditos desenhados por Al Platino e Nick Cardy os quais foram substituídos pelos do artista anônimo.
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