quinta-feira, julho 31, 2025
Desde que comecei a observar o "veranico de julho", este é o terceiro ano em que ele falha. A primeira vez eu tenho quase certeza que foi em 1983. Às vezes fico em dúvida se não foi em 1984, o ano em que nevou em Porto Alegre. Mas ainda aposto mais em 1983. Apareceu um colega novo na agência em que eu trabalhava e eu anunciei que haveria um período de calor em julho. Ele deu a resposta que todos dão quando eu falo: "Que eu saiba, veranico tem em maio!" Passou julho, nada de calor. Ele pegou muito no meu pé por causa disso. Em compensação, teve em todos os anos seguintes. Não sei por onde anda, faz tempo que não o vejo, mas deve lembrar de mim sempre que os termômetros ultrapassam os 30 graus no sétimo mês do ano.
O Rio Grande do Sul, por sua posição geográfica, está sujeito a correntes alternadas de frio e calor. Geralmente a primeira queda de temperatura acontece em abril. É quando a gauchada diz: "Nossa, este ano o inverno vai ser brabo!" "Se já está assim agora, imagina no inverno!" Depois o calor volta, geralmente em maio. Disso todos lembram: é o famoso "veranico de maio" que citei acima. E vem o frio de novo. Mas quando retorna o calor em julho, todos ficam surpresos. "A troco de que este veranico fora de época?"
Também não teve "veranico de julho" em 2007. Lembro de uma matéria na Zero Hora que começava mais ou menos assim: "Não, não é só impressão sua. Este inverno realmente está mais frio do que os anteriores." Até pode ser que tenhamos calor em algum dia de agosto. Aí será "veranico de inverno". Mas o que eu costumo anunciar todos os anos é o de julho. De vez em quando ele tem que falhar, para que os gaúchos o apaguem da memória e continuem se surpreendendo quando acontece. Aqui, a foto que publiquei em 24 de julho do ano passado. O "veranico de julho" tardou, mas veio. Neste ano, ele me deixou só na expectativa.
P.S.: No dia seguinte, 1º de agosto, passei por esse termômetro da foto acima às 13 e 30 e ele marcava exatamente a temperatura aí mostrada, 32 graus. Então não tivemos veranico de julho, mas tivemos um dia de veranico de agosto.
sexta-feira, julho 25, 2025
Sobre o envio particular de links
Estava relendo outra postagem antiga do Blog, "Mensagens repassadas", de 2005. Naquele tempo, a rede social em voga no Brasil era o Orkut, mais centrado em comunidades. Então o repasse de mensagens, em geral, acontecia por e-mail, mesmo. E a moda era o envio de arquivos de Power Point com mensagens de amor e otimismo, muitas vezes com assinatura indevida de algum escritor famoso que jamais escreveria algo sequer parecido.
Hoje o panorama internético está mudado. A moda das apresentações em Power Point, felizmente, passou. Temos o Facebook e o Instagram para postar qualquer imagem, vídeo ou notícia que achemos interessante. Assim, visualizações e comentários acontecem de forma mais racional, por quem eventualmente se sentir atraído pelos assuntos respectivos.
É claro que os envios particulares ainda acontecem. Não só "no privado" do Facebook e do Instagram, mas também por Whatsapp, que hoje parece estar sendo mais usado do que e-mail para mensagens rápidas. E é normal que nos lembremos de amigos que se interessam por determinados temas quando eles aparecem. Mas um pouquinho de seletividade não faria mal a ninguém.
Vou dar um exemplo: você vê um vídeo dos Rolling Stones e envia àquele seu amigo que é fanático pela banda de Mick Jagger e Keith Richards. E ainda acrescenta um recadinho: "Olha que legal, lembrei de você!" Mas o que acontece a seguir? O seu amigo logo identifica o trecho recebido como sendo de um show que ele tem há anos em sua coleção e já viu mil vezes. Para não ser indelicado, ele agradece. E apaga o anexo para não sobrecarregar desnecessariamente o celular ou computador.
É uma pena que não esteja mais no ar um texto da tradutora Carolina Alfaro intitulado "O maldito botão de forward". Pois ali ela criticava os encaminhamentos indiscriminados. Sugeria uma série de perguntas para o internauta fazer a si mesmo antes de repassar qualquer coisa a quem quer que seja. Mesmo com o Facebook, mesmo sem a moda das apresentações em Power Point, todos deveriam ser mais criteriosos ao enviar links. Deem preferência a suas linhas do tempo das redes sociais e restrinjam os compartilhamentos particulares ao estritamente necessário.
quinta-feira, julho 24, 2025
Ainda a calefação mal utilizada
Em julho de 2005, no segundo ano de existência do Blog, publiquei um texto intitulado "Calefação incômoda". Infelizmente, continua atual. Tem feito uns dias bem frios em Porto Alegre e a climatização de ambientes públicos continua sendo realizada de forma errada. Não deveriam ligar a calefação com exagero, como fazem. Num dia gelado, as pessoas já saem de casa forradas de agasalho. No momento em que entram num ambiente fechado, já ficam protegidas e não sentem mais tanto frio. Mas se o local está quente, como geralmente acontece, a sensação é péssima!
Acho que alguns não entendem bem como funciona o termostato. Se a temperatura lá fora está 7 graus, regulam em 30, pra "contrabalançar". No verão, se está 40 graus à sombra, regulam o ar condicionado em 17. O correto seria definir qual a temperatura preferida e programá-la sempre, independente do frio ou calor do lado de fora. Se for 24 graus, tem que deixar 24 graus no inverno ou no verão. Mas acho que muitos não entendem isso.
Se o sujeito quer aquecer sua casa, para ficar pelado ou com poucas roupas - ou num motel, que seja -, tudo bem. Mas em locais públicos não se justifica. O resultado é que temos sempre que lidar com temperaturas internas totalmente incompatíveis com as roupas que estamos usando. Houve uma época em que, em pleno verão, eu levava casaco para o trabalho, porque ficava na sala da transmissão de dados, onde a temperatura era mantida bem baixa por causa dos equipamentos.
-*-
No fim, está se aproximando o aniversário de 21 anos do Blog e fiz poucas postagens retrospectivas usando o cabeçalho comemorativo dos 20. Mas tudo bem, posso atualizá-lo e seguir fazendo referências a publicações antigas de vez em quando.
domingo, julho 13, 2025
Kleiton, Kledir e Vitor Ramil
Na sexta-feira à noite, dia 11, realizou-se em Porto Alegre o que estava sendo anunciado como um show reunindo Kleiton, Kledir e Vitor Ramil (ou Kledir, Vitor e Kleiton, como aparecem na foto acima) "pela primeira vez". Na verdade os três fizeram uma apresentação com a Orquestra de Câmara da ULBRA em 3 de agosto de 2003 no antigo Teatro da OSPA, ex-Leopoldina. Treze anos depois, em 15 de dezembro de 2016, voltaram a montar o mesmo show, dessa vez em Santa Maria. Então como esta agora pôde ser "a primeira vez"? A resposta é que não teve orquestra nem quaisquer músicos de apoio e os irmãos ficaram todo o tempo no palco, cantando juntos. Isto, sim, foi inédito. No sábado, dia 12, repetiram a dose em Pelotas. Formato acústico, repertório de sucessos, sem músicas novas. A única surpresa foi "You've Got to Hide Your Love Away", dos Beatles, com a introdução emprestada de "Norwegian Wood". Mas foi bonito.

Outro "fato inédito" foi a venda da biografia de Kleiton & Kledir em um show. Acima, o balcão no Auditório Araújo Vianna, na sexta-feira. Abaixo, no Theatro Guarany, em Pelotas, foto de minha amiga Cristina Carriconde. Ela e o marido Márcio Marcos Vieira Ferreira mais uma vez deram apoio logístico nessa empreitada.

Outro "fato inédito" foi a venda da biografia de Kleiton & Kledir em um show. Acima, o balcão no Auditório Araújo Vianna, na sexta-feira. Abaixo, no Theatro Guarany, em Pelotas, foto de minha amiga Cristina Carriconde. Ela e o marido Márcio Marcos Vieira Ferreira mais uma vez deram apoio logístico nessa empreitada.
terça-feira, julho 08, 2025
A verdade sobre Walt Disney em Porto Alegre
Eu lembro que, em 2009, nos bons tempos em que se podiam fazer pesquisas no arquivo de jornais do Museu de Comunicação de Porto Alegre a qualquer momento, sem hora marcada, eu estive lá para examinar exemplares do Diário de Notícias da época em que meu pai trabalhava no jornal. E achei até fotos dele, como mostrei aqui. Só no ano seguinte eu iria localizar o que sempre quis encontrar: a foto da visita das alunas do Colégio Americano à redação do jornal. Ali aparecem meu pai e minha mãe, supostamente no dia em que se conheceram. Está aqui.
Mas, ainda nas pesquisas que fiz em 2009, acabei registrando uma notícia que está sendo bastante útil agora. Eu já a tinha publicado no Blog, mas mostro novamente: a rápida passagem de Walt Disney por Porto Alegre.
Ocorre que uma informação incorreta foi postada recentemente no Facebook e está começando a viralizar. A foto acima, que mostra Walt na Argentina, foi publicada como se fosse ele em Porto Alegre. Após afirmar que "o empresário americano não poupou elogios à recepção calorosa dos porto-alegrenses e mostrou-se especialmente interessado pelas tradições gaúchas — em especial pela música, pelo churrasco e pelas vestimentas típicas, como a bombacha e o lenço", o texto parte para um delírio ainda maior ao descrever um suposto passeio do visitante pela capital gaúcha:
Durante sua estadia, Disney visitou pontos emblemáticos da cidade, incluindo o Theatro São Pedro, o Mercado Público e o Parque Farroupilha. Um dos momentos mais marcantes foi sua visita ao Instituto de Belas Artes (atualmente o Instituto de Artes da UFRGS), onde dialogou com estudantes e artistas locais, trocando ideias sobre animação, design e o papel da arte na educação.
Como sempre ocorre nesses casos de disseminação de mitos e lendas pela Internet, há pessoas que não só acreditam, mas, mais do que isso. resistem aos desmentidos. Em outras palavras, teimam que realmente aconteceu. Muitos lembraram de um desenho animado em que Pateta aparece como gaúcho, alegando ter sido inspirado pela figura típica do sul do Brasil. Na verdade, "El gaucho Goofy" inspirou-se no gaúcho argentino (e espero que ninguém se ofenda por eu lembrar que o termo "gaúcho", ou "gaucho" em espanhol, refere-se em primeiro lugar ao tipo característico da América do Sul e não apenas aos nativos do Rio Grande do Sul). Faz parte do filme "Alô Amigos" ("Saludos Amigos" no original) e pode ser visto em português aqui. Para aumentar mais a confusão, ele começa falando nas "margens ensolaradas do Rio Grande", mas refere-se na verdade ao rio que, em parte de sua extensão, faz fronteira entre os Estados Unidos e o México. Mais adiante ele menciona os "pampas verdejantes da Argentina".
Aproveitei também para pegar em minha estante este livro que descreve as viagens de Disney à América Latina como parte do "Programa de Boa Vizinhança". Na página 43 de "South of the Border with Disney", de J. B. Kaufman, consta a informação de que Walt chegou ao Aeroporto de Morón, em Buenos Aires, no dia 8 de setembro de 1941, com duas horas de atraso em razão do mau tempo. Ou seja: o dia em que ele passou por Porto Alegre. Está explicado como ele conseguiu reservar meia-hora para dar autógrafos e entrevistas em solo gaúcho.
Mostro também outro item de meu acervo: o DVD "Walt & El Grupo", focalizando as mesmas viagens. Como veem, material de pesquisa é o que não me falta para afirmar com certeza absoluta que Walt Disney não circulou por Porto Alegre quando aqui esteve, mas apenas ficou no aeroporto aguardando o momento em que a aeronave poderia decolar para Buenos Aires. Não sei como e por que surgem essas postagens mentirosas em redes sociais.





