quarta-feira, agosto 21, 2024

Eu li!

Em um site de notícias: "Alessandro Lo-Bianco ainda contou que, inclusive, Íris Abravanel já teria recebido um avalista em sua casa nos últimos dias e que a mansão está avaliada em 14 milhões de reais".

Avalista? Acho que o certo é avaliador, né?

terça-feira, agosto 20, 2024

Sílvio Santos

Sempre que critico Big Brother, Ratinho e outros programas de TV que não me atraem em absoluto, faço a ressalva de que não me considero um telespectador elitista. E invariavelmente lembro do Sílvio Santos, que vi muitas vezes e, confesso, me diverti bastante. Eu apreciava não apenas o desafio do "Qual é a música" (nos anos 1970 e começo da década seguinte eu conseguia acertar várias músicas, hoje não conseguiria mais), mas também as situações que se criavam, por exemplo, no "Namoro na TV" e suas variações.

Se não me engano chamava-se "Quer namorar comigo" um quadro em as mulheres iam ao programa porque alguém que elas conheciam queria pedi-las em namoro. Elas não sabiam quem era, mas compareciam cheias de esperança de que fosse algum príncipe encantado. Quando o sujeito aparecia, a gente já via a decepção na cara delas. Uma delas disse: "Por que você não me falou direto?" Em outras palavras, por que me fez vir até aqui para pagar esse mico? Mas ela foi, né? Torcendo para que o admirador fosse alguém em especial.

No já citado "Qual é a música", lembro que Ronnie Von se destacou em 1977 vencendo em várias semanas sucessivas. Sua presença no programa revitalizou sua carreira e também garantiu a Sílvio Santos pontos a mais no Ibope, superando a audiência do quiz show "8 ou 800", que a Globo apresentava no mesmo horário. Ronnie já havia saído no dia 25 de setembro de 1978, quando o gaúcho Hermes Aquino participou, mas não conseguiu derrotar o então vencedor Sílvio Brito. (Casualmente, nesse mesmo dia, o Grêmio sagrou-se campeão gaúcho, quebrando uma sequência de oito títulos do Inter. Mas não mudemos de assunto...)

Sílvio sabia ser carismático quando queria, mas também tinha um lado debochado que às vezes passava dos limites. Testemunhei várias ocasiões em que ele se divertiu às custas de participantes de seus quadros, chegando a humilhá-los (como já comentei aqui). Por isso, nesse ofício, eu preferia o Gugu. Augusto Liberato parecia ter mais empatia com as pessoas simples da plateia. Ele era aquele menino que sempre quis apresentar um programa de auditório e um dia realizou seu sonho. Até sua eventual breguice passava autenticidade. Ele era "aquilo ali mesmo".

Mas Sílvio Santos deixou sua marca e entra para a história como um dos maiores personagens da TV brasileira. E as homenagens que vem recebendo no Facebook esbarram em algumas contestações. Sim, ele estava alinhado com os governos militares dos anos em que não podíamos votar para presidente. Mas não se poderia esperar outra postura de alguém que recebeu concessões de canais de televisão. E ele retribuía com o programete "A Semana do Presidente". Ajudou amigos, lançou Jô Soares como entrevistador, ameaçou a hegemonia da Globo ao mesmo tempo em que assumia estar em segundo lugar na audiência e alegrou muita gente com seu sorriso. E tinha o mesmo aniversário que eu. Eu nasci no dia em que ele completou 30 anos.

quarta-feira, agosto 14, 2024

Deus e os salvamentos

Jamais esqueci o que falou certa vez o professor Leopoldo Justino Girardi, que me deu aula de Filosofia na PUC/RS no segundo semestre de 1979 e no primeiro de 1980. Peço desculpas ao mestre se não lembrar suas palavras exatas. Ou se, de alguma forma, distorcer o que foi dito. Mas mas foi mais ou menos isto: "O entendimento de Deus é como um oceano. A capacidade de entendimento do ser humano é como um copo. Não se coloca um oceano inteiro num copo, apenas parte dele". Ou seja: o entendimento de Deus por parte do homem será sempre limitado. Nunca teremos uma compreensão plena de Deus.

É claro que essa argumentação tem um lado cômodo, pois libera o crente da obrigação de explicar por que acredita em Deus, de apresentar uma justificativa sólida. Mas fé é isto mesmo, é crer em algo que não se consegue entender plenamente.

Acho curioso que muitos ateus se sentem agredidos pela mera menção de Deus. Noto isso principalmente no Facebook. E reagem das mais diversas formas, que vão da contundência ao deboche. Certo amigo leu meu livro em primeira mão e me sugeriu tirar a citação a Deus que coloquei ao final da seção de agradecimentos, pois poderia afugentar os descrentes. Respondi que correria o risco. Talvez nem todos percebam que falar em Deus, por si só, não significa querer impô-LO ou iniciar um trabalho de conversão.

Escrevi tudo isso para chegar neste ponto: praticamente todos que, por algum motivo, deixaram de embarcar no avião da Voepass que caiu no interior de São Paulo, estão dando graças a Deus. Estão dizendo que foi Deus que as impediu de morrer naquele dia. E os ateus, claro, estão tripudiando.

É normal quem tem fé atribuir a Deus todas as coisas boas que lhe acontecem. Os salvamentos, os livramentos, as situações em que, por pouco, escapa-se de uma tragédia. Os crentes chamam a isso de bênçãos.

Certa tarde, enquanto ainda estava casado, andava de carro com minha esposa pelo bairro Ipanema, em Porto Alegre. Eu não conhecia bem as ruas, mas pensei ter dado um retorno de forma correta e julguei estar novamente na via principal, desta vez no sentido oposto, que nos levaria de volta para casa. De repente, pouco antes de eu chegar a uma esquina, outro automóvel passou na perpendicular em alta velocidade. Naquela fração de segundo, percebi que eu não estava na rua em que pensava estar. Supondo que dirigisse pela preferencial, iria passar por aquela rua direto, sem me preocupar. Se eu tivesse chegado ao cruzamento alguns segundos mais cedo, aquele carro teria me colhido em cheio, com consequências imprevisíveis. Em vez disso, com cuidado, dobrei à direita e, aí, sim, estava no caminho correto. Até hoje digo que foi Deus que colocou aquele carro ali, no momento certo, para me avisar que eu não estava na via preferencial.

Por outro lado, como explicar os dois casos que já aconteceram em Porto Alegre de pessoas que morreram porque uma marquise caiu sobre elas bem na hora em que passavam por baixo? Foi Deus que quis assim? Realmente, fé é algo complicado. É acreditar no que não se consegue entender plenamente, bem como definiu o Professor Girardi.

Sobre o acidente aéreo, os ateus ironizam, dizendo que Deus salvou alguns e não outros. Não vou tentar explicar nada. Apenas digo que, se eu estivesse com passagem marcada para aquele avião e não conseguisse embarcar, com certeza agradeceria a Deus eternamente. Por isso entendo e não critico.

Cada vez mais vejo o que costumo chamar de "ateus praticantes". São aqueles, por exemplo, que quando falo em Deus no Facebook, me respondem curto e grosso: "Deus não existe". Como se estivessem me trazendo uma informação preciosa e esclarecedora, que fosse mudar minha vida. Acho uma atitude grosseira e desrespeitosa.

Não tento impor a fé a ninguém. Mas respeitem a minha. 

domingo, agosto 11, 2024

Dia dos Pais

 Antes tarde do que nunca, rápido e rasteiro: Feliz Dia dos Pais! Almocei com meu filho hoje. 

sábado, agosto 10, 2024

Os 20 anos do Blog


Parece que foi ontem que fiz a postagem dos 10 anos do Blog e hoje ele já completa 20. A forma como as décadas vão passando casa vez mais depressa é incrível e assustadora. Existem outros blogueiros veteranos, mas não muitos há tanto tempo no mesmo endereço. Em geral, os bem sucedidos migram para plataformas que julgam mais adequadas para suas novas ambições. Eu, com minha persistência e mania de nunca mudar sem necessidade, vou me mantendo aqui. 

Não se pode negar que, com a explosão do Facebook, os blogs perderam a força. Eu ia generalizar e escrever "as redes sociais", mas foi o Facebook, mesmo. Já havia outras redes há mais de 20 anos, mas nenhuma com a popularidade que o Facebook conquistou. No Brasil, uma exceção: o Orkut. Mas ele era fechado em comunidades. O formato de linha do tempo do Facebook faz dele uma espécie de blog coletivo, uma arena onde todos podem participar e interagir. Com isso, muitos internautas abandonaram seu ofício de blogueiro.

Eu, já há bastante tempo, reduzi drasticamente a frequência de postagens. No começo, era praticamente todos os dias. Hoje, procuro fazer pelo menos uma publicação por mês, às vezes mais. Sei que tenho meus leitores fiéis. E me pergunto que fim levaram outros que me liam bastante, mas andam sumidos. Seria porque já não escrevo com a assiduidade de antes? Ou foi por não concordarem com algumas opiniões minhas nos últimos anos, em especial sobre política? Eu procuro ser justo e ponderado, mas me senti compelido a me posicionar em algumas questões. 

Como lembrei por ocasião dos 10 anos, quando fiz as primeiras postagens, em agosto de 2004, eu tinha 43 anos. Meu filho Iuri, personagem constante destas páginas, tinha 10. Fazia 9 anos que eu colaborava com o jornal de música International Magazine, que hoje não circula mais. O plano de fazer um blog vinha sendo amadurecido havia algum tempo. Muitas ideias me surgiam nos grupos de discussão por e-mail ou mesmo nas correspondências particulares. No início, eu tinha assunto para escrever bastante. Eu diria que todas as minhas teorias e hipóteses sobre a vida já foram comentadas aqui. É comum eu fazer alguma observação durante uma conversa e acrescentar: "já escrevi sobre isso no meu blog". 

Mas 20 anos é tempo para muitas mudanças. Era a idade que eu tinha quando comecei a trabalhar. Quando o Blog surgiu, ainda existiam locadoras de vídeo, bombando com DVDs e muitas ainda oferecendo fitas VHS. Eu não tinha celular e não queria ter. Achava que vivia muito bem sem. Por incrível que pareça, minha Internet ainda era por linha discada, o que levava a conta de telefone às alturas. 

Nos próximos dias, meses, não sei exatamente por quanto tempo, pretendo ocasionalmente revisitar tópicos antigos do Blog. Atualizá-los, comentá-los, comparar o que eu dizia na época com o que diria hoje sobre o mesmo tema. E essas postagens retrospectivas serão marcadas com o "timbre" de 20 anos que coloquei neste. 

Por fim, uma questão delicada. Quando fiz a postagem comemorativa dos 10 anos, encerrei dizendo: "que venham os próximos 10, se Deus quiser". E agora, posso dizer "que venham os próximos 20"? Se eu chegar lá, estarei com 83 anos. Nem é certo que ainda existam blogs em 2044. Ou este provedor. Mas espero que eu ainda exista, lúcido e saudável. Tomara!

segunda-feira, agosto 05, 2024

Kleiton e Sérgio Hinds

Kleiton & Kledir tiveram a honra de encerrar o show coletivo Megahits ontem, em São Paulo. De certa forma, a dupla gaúcha era a única com "formação completa", pois os demais artistas, com exceção de Kiko Zambianchi, eram integrantes de bandas se apresentando como solistas (lembrando que Maurício Gasperini se lançou como cantor com "Trem do além" antes de entrar para o Rádio Táxi). Nos bastidores, Mariusa Kineuchi, fã e divulgadora voluntária de seus ídolos, providenciou para que Sérgio Hinds, do Terço, recebesse um exemplar da biografia de Kleiton & Kledir autografado pelos dois. E tirou estas fotos. Como superfã de Hinds e do Terço, fiquei feliz de ver estas imagens em que o guitarrista segura o meu livro. 
Tive minha primeira amostra do Terço em 1972, na 5º série, no Colégio Paula Soares. A professora de música trouxe para a aula o LP Som Livre Exportação e tocou "Adormeceu", para que ouvíssemos um exemplo de gravação com influência de Bach. Talvez ela nem soubesse que essa mesma faixa constava em um compacto duplo em que o grupo vocalizava um trecho da Suíte em Ré Maior, do compositor alemão. Em aula posterior, ela rodou novamente o disco, desta vez inteiro, então pude conhecer outra faixa do Terço, "Tributo ao sorriso". No dia 10 de dezembro de 1973, o Terço abriu para os Secos e Molhados no Gigantinho. Entraram rachando com "Hey amigo", um rock bem sacudido, o que chegou a me deixar em dúvida se era o mesmo grupo. Em 1975 eu compraria o LP Criaturas da Noite e, com o tempo, fui conseguindo a discografia completa da banda. Kleiton disse que ainda não conhecia Sérgio, mas ambos participaram do Festival da Tupi em novembro e dezembro de 1979, Kleiton apresentando "Maria Fumaça" com Kledir e Sérgio tocando guitarra para Walter Franco em "Canalha". 

domingo, agosto 04, 2024

Agosto pegando fogo

 
Para mim, o mês de agosto começou pegando fogo - literalmente. O calor foi bem-vindo. Durou até ontem, permitindo que eu e meu filho déssemos uma caminhada maravilhosa até o centro de Porto Alegre, curtindo o sol. Mas, na manhã do dia 1º, quinta-feira, eu estava trabalhando ao computador quando o no break começou a apitar de forma intermitente, sinalizando quedas de energia. A princípio, soltei um sonoro "que saco!" para ninguém, pois moro sozinho. Até que ouvi um ruído estranho vindo de fora e a luz se foi de vez. Em seguida, escutei a voz alarmada das vizinhas. Fui verificar o que tinha acontecido. E vi que os fios do poste em frente ao meu condomínio estavam incendiando.

Achei melhor sair. As fagulhas iam para a direita e eu abri a porta e me escapei pela esquerda. Em seguida, vieram os bombeiros e apagaram o fogo, mas por um tempo não liberaram a entrada ou saída de ninguém. Depois, minha faxineira chegou. Tive que dispensá-la. Como sempre, quem me socorreu foi a família do meu filho. A energia só voltou no dia seguinte, pouco antes das dez da noite.

Hoje, domingo, temos tempo instável com chuvas. Antes tarde do que nunca, bom agosto a todos. Este é o mês em que o Blog vai completar 20 anos, sempre neste mesmo endereço. Tenho umas ideias para fazer a "comemoração". Aguardem.