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sexta-feira, setembro 30, 2016
Livro já está comigo
Hoje tive a honra de receber um exemplar do livro "Infinita Highway" diretamente das mãos do autor, o jornalista Alexandre Lucchese.
Vocês sabem que eu gosto de exibir os autógrafos que recebo, ainda mais quando vêm com alguma menção especial. Mas a surpresa mesmo estava no próprio livro. Eu imaginava que seria citado na seção de agradecimentos, mas não com esta qualificação bacana. Vejam abaixo:
Valeu, Alexandre! Estou certo de que este livro será sucesso em todo o Brasil.
P.S.: Os adeptos do Kindle também já podem adquirir o livro em versão e-book, tanto na Amazon americana quanto na brasileira.
Era época de Feira do Livro em Porto Alegre no ano de 1973, então presumo que tenha sido em novembro. No mês seguinte eu completaria 13 anos. A família estava reunida na mesa da cozinha. Meu irmão João Carlos pegou o livro "O Popular", o primeiro de Luis Fernando Verissimo, que alguém (creio ter sido minha irmã Beatriz) tinha comprado, e comentou: "Este, sim, é O livro!" Meu (hoje ex) cunhado Newton complementou dizendo ter lido numa crítica de jornal que, a partir daquele momento, a literatura seria "antes e depois" de "O Popular". Meu irmão acrescentou: "E da Editora José Olympio, hein?" Essa conversa familiar ficou gravada em minha memória. Depois disso, em algumas das muitas vezes que estive na casa de minha irmã, dei uma espiada nos livros dela. E, além de "O Popular", folheei também "A Grande Mulher Nua", de Verissimo. E aos poucos fui descobrindo aquele estilo de humor inteligente, sagaz, divertido. Impressionava-me também que Verissimo desenhava - e muito bem. Seu traço era (e é) econômico, mas preciso, certeiro e harmônico. Dois dons tão especiais numa mesma pessoa. Até que, em 1978, comprei "O Rei do Rock", numa edição de bolso vendida em banca de revistas. Não, não foi por engano. Eu sabia que era um livro de crônicas. E até hoje é um de meus preferidos. Só muito tempo depois vim a saber que Verissimo tinha influência de autores americanos, como Woody Allen e Art Buchwald, em razão do tempo de juventude em que morou nos Estados Unidos. Quando ele estourou em 1981 com "O Analista de Bagé", eu já me considerava um velho fã.
Verissimo também escreveu para programas humorísticos da Globo, mas não se sabe exatamente quais quadros foram criados por ele, exceto por aqueles que eventualmente citou em seus textos, como o "ah é, é?" O bordão "me tira o tubo", de um personagem de Jô Soares, lembra muito um conto dele sobre um sujeito que entrou em coma antes da partida Brasil-Uruguai da Copa de 50. Quando finalmente acordou, anos depois, todos ficaram com medo de lhe contar o resultado. Por fim, lembro especificamente de um capítulo da série "As Aventuras de Mario Fofoca" que era de autoria de Verissimo. A história incluía um Buda de borracha que dava azar - era o "Buda mole".
Na era da Internet, Luis Fernando Verissimo acabou sendo vítima de um fenômeno incontrolável, que é a disseminação de textos com autorias incorretamente atribuídas. Pode-se dizer que, das mensagens que circulam furiosamente com assinatura de Verissimo, nenhuma é dele. E, no entanto, o nome dele já apareceu até numa coletânea lançada na França, embora a verdadeira autora da crônica fosse uma então estudante de Medicina de Florianópolis.
Como figura lúcida, culta e brilhante que é, tendo vivenciado de perto o período da ditadura (e se atrevido a questioná-la em seus tempos de Folha da Manhã, como já registrei aqui, chegando inclusive a ser fichado no SNI), Luis Fernando Verissimo se posicionou radicalmente contra o afastamento da Presidente Dilma Rousseff. Tentou dar um grito de alerta, mas não foi entendido. É uma pena que o mal que ele não queria que ocorresse (e foi um mal, sim, a história não deixará dúvidas quanto a isso) tenha se concretizado justamente no ano em que ele completa 80 anos. Hoje é o aniversário dele. Parabéns, Luis Fernando Verissimo! Obrigado por tudo! Que Deus (em quem você não acredita, mas eu sim) lhe dê ainda muita saúde para continuar escrevendo com o brilhantismo com que só você consegue!
Considerando que a discografia oficial dos Beatles dos anos 60 já teve dois relançamentos em CD, sem contar o resgate de material inédito na série Anthology enos dois volumes de Live at the BBC, era no mínimo estranho que o álbum The Beatles Live at the Hollywood Bowl permanecesse inédito em formato digital. O LP foi editado em 1977, sete anos após a dissolução oficial do grupo, como resposta ao lançamento não autorizado (mas legal, já que os Beatles não conseguiram barrá-lo na Justiça) das gravações do Star Club em Hamburgo em 1962, captadas de um microfone da plateia. Assim, os fãs teriam a opção de adquirir um registro oficial e de boa qualidade dos Beatles ao vivo.
A capa original do LP de 1977
O disquinho está aí, finalmente em CD, mas a desaprovação da nova capa é unânime entre os fãs. O LP original tinha uma bela capa dupla com reproduções dos ingressos dos shows de 1964 e 1965, dos quais o produtor George Martin selecionou músicas para simular uma única apresentação. Martin escreveu um comovente texto para a contracapa que, no Brasil, como acontecia nos velhos vinis da Odeon, foi traduzido para o português. Então, por que essa foto tão "nada a ver" no CD? Ocorre que a Apple tomou a controversa decisão de vincular o relançamento do álbum ao marketing do filme "Eight Days a Week", que já comentei resumidamente aqui. Vai daí que a imagem que ostenta a fachada da nova edição é a do cartaz do filme, incluindo seu título. Meio forçado, não? A embalagem contém um livreto de 24 páginas trazendo fotos em preto e branco, reproduções de matérias do Los Angeles Times sobre os shows de 1964 e 1965, transcrição do texto de George Martin da edição original e uma pequena reportagem de David Fricke escrita especialmente para o relançamento. Giles Martin, o filho de George Martin que remixou as gravações, dá a entender que iria colocar as faixas em uma nova ordem, mas depois percebeu que tinha montado a mesma sequência que seu pai no LP de 1977. Uma bela história, mas é difícil acreditar que tenha sido mera casualidade. Até as emendas entre uma e outra música foram mantidas sem alteração. Por exemplo, quem conhece os dois shows completos (há bastante tempo disponíveis em bootlegs) sabe que o "thank you, Ringo" que John diz após a interpretação de "Boys" é de 1964 e o que ele fala logo a seguir é de 1965. Estava assim no LP e continua no CD. Também o fato de quatro faixas bônus terem sido relegadas para o final do disco, depois que Paul anuncia o final do show com "Long Tall Sally" e a faixa encerra com um fade, é indício de que a intenção foi preservar a edição original. Outro detalhe que permanece é que, na despedida, foi removida a observação de Paul (que se ouve no bootleg) de que, "ao contrário do que muitos pensam, nunca tocamos mais tempo do que isso". Os shows dos Beatles tinham menos de meia hora mas, como no disco foi simulada uma apresentação mais longa, essa ressalva de Paul ficaria sem sentido. Enfim, apesar da capa e do questionável uso do CD para promover o já citado filme, The Beatles Live at the Hollywood Bowl é um lançamento mais do que bem vindo. Capta o auge da Beatlemania ao som dos gritos histéricos das fãs. Se é verdade que os Beatles não conseguiam ouvir a si mesmos enquanto tocavam, em razão da gritaria, o desempenho deles é surpreendente. Nenhuma dessas interpretações supera os originais de estúdio, mas o valor histórico é indiscutível. Destaque para "Twist and Shout", "She's a Woman", "Boys", "A Hard Day's Night", "Long Tall Sally" e, entre as faixas bônus, "I Want to Hold Your Hand".
O documentário em capítulos "A Trilha do Rock no Brasil" já tem data de estreia no Canal Brasil: dia 21 de outubro, às 21 horas, sendo reprisado no sábado às 15h30 e novamente na segunda às 12h30. Serão vários episódios contando a história do rock no Brasil. A foto acima é do dia 6 de abril do ano passado, em que a equipe da B2 Filmes esteve em Porto Alegre para realizar diversas entrevistas (como registrei aqui). Eu fui um dos que gravaram depoimentos e, embora não possa garantir, é possível que em algum dos programas (não necessariamente o primeiro) eu apareça falando sobre rock gaúcho e também sobre Secos e Molhados. Independente de minha participação, é um trabalho que merece ser conferido. Poderia até sair em DVD. Peguei a informação desta página aqui.
Não me perguntem como, mas o fato é que "Eight Days a Week - the Touring Years", que teve sua estreia em cinemas do exterior no dia 15, vazou na Internet. E eu acabei de vê-lo. O filme registra os anos em que os Beatles fizeram shows entre 1963 e 1966. Fora alguns trechos de transmissões de rádio da época, entrevistas exclusivas com Paul e Ringo, depoimentos de fãs célebres e do jornalista americano Larry Kane, que cobriu a primeira turnê dos Beatles nos Estados Unidos em 1964, a edição não inclui praticamente nada inédito. As imagens de arquivo são conhecidas em sua maioria e algumas (como o clássico show de Washington, em 1964) foram desnecessariamente colorizadas. É um documentário bem convencional para fãs casuais. Quem comprou a série "Anthology", o DVD "Beatles, the First U.S. Visit" e a coletânea com todas as aparições dos Beatles no Ed Sullivan Show já tem um material bem mais completo em seu acervo. Torçamos para que o lançamento especial em DVD e Blu-ray traga algumas preciosidades em seus extras.
Se o Orkut ainda existisse, eu criaria um tópico em minha saudosa comunidade "Porto Alegre do passado" para dizer que a Cia. Sanduíches encerrou suas atividades. Um dos pontos mais tradicionais do Menino Deus deu lugar a uma farmácia (mais uma entre tantas que já temos, mas tudo bem, já dá pra considerar "bairro das farmácias"). Quando me mudei para o atual endereço, há três anos, vi a proximidade da Cia. Sanduíches como uma das "vantagens" da nova morada. Inclusive cheguei a fazer pedidos por telefone em 2014 e um deles foi trazido a pé, de tão perto que era. Inaugurada em 1987, a Cia. Sanduíches era também espaço de bons shows, embora eu preferisse fazer minha refeição sem música para poder conversar melhor. Vai deixar saudades. Quem sabe um novo estabelecimento pode passar a oferecer os sanduíches deliciosos da Cia., a exemplo do que The Best Food fez com o cardápio do Rib's.
O livro do jornalista Alexandre Lucchese, "Infinita Highway, Uma Carona com os Engenheiros do Hawaii", já tem data de lançamento: 6 de outubro. Nesse dia, haverá uma sessão de autógrafos na Livraria Saraiva do Shopping Iguatemi, em Porto Alegre, às 19 horas. Ontem à noite Alexandre realizou uma transmissão ao vivo pela página da editora Belas Letras no Facebook. Eu lembro que, quando ele esteve em minha casa para me entrevistar, em 26 de agosto do ano passado (como registrei aqui), uma das curiosidades que comentei com ele foi que, logo após sair dos Engenheiros, o baixista Marcelo Pitz ressurgiu numa banda chamada Grou. Alexandre imediatamente anotou o nome, pois não sabia desse detalhe. Então aproveitei para dizer a ele que procurasse no arquivo da Zero Hora uma foto de divulgação do grupo, que havia sido publicada, e comentei também que ouvi uma gravação do Grou, na época, na Ipanema FM. Pois ontem, no livestream, ele mostrou a tal foto e falou que existia um registro em áudio desse projeto musical com participação de Pitz. Agora é aguardar ansiosamente o momento de ter essa obra em mãos.
Hoje é a data de lançamento oficial da autobiografia de Mike Love, cantor dos Beach Boys. "Good Vibrations, My Life as a Beach Boy", com a co-autoria de James S. Hirsch, já está comigo em dois formatos: Kindle (e-book) e audiobook narrado pelo próprio Mike. O vocalista sempre teve fama de rebelde e, ao mesmo tempo, resistente às mudanças do grupo. Ele não curtiu muito a fase psicodélica dos Beach Boys a partir do clássico Pet Sounds, de 1966, talvez porque a nova postura da banda não combinava com sua imagem de ícone da surf music. Sendo apenas intérprete e não instrumentista, sua participação ficou limitada. Vai ser interessante conhecer a versão dos fatos contada pelo protagonista.
Esta mensagem está sendo fartamente compartilhada no Facebook. Data venia, não concordo com ela. Acusado é uma coisa, condenado é outra. Alguém que tenha sido acusado continua sendo inocente até que haja sentença. É claro que, com políticos, toda cautela é pouca. Mas é preciso ter cuidado para não nos deixarmos levar pelo ímpeto de julgamento antecipado que a grande imprensa tem propalado nos últimos tempos. Sem falar na facilidade com que se podem disseminar informações falsas na Internet. Por mais fama de corruptos que eles tenham, eu quero continuar acreditando que podemos ter bons representantes. Que vale a pena continuar votando. Mesmo sabendo que, muitas vezes, há manobras sendo maquinadas nos bastidores para afastar os legitimamente eleitos. E o que é pior: com apoio de uma parcela significativa dos eleitores, que realmente acredita estar fazendo um bem para o país. Enfim, vamos investigar os candidatos, sim, mas com critério e atenção, para não cometer injustiças.
Jornalista free-lancer apaixonado por música. Minhas colaborações mais frequentes foram para o International Magazine, mas já tive matérias publicadas em Poeira Zine e O Globo. Também já colaborei com os sites Portal da Jovem Guarda e Collector's Room. Em 2022, publiquei "Kleiton & Kledir, a biografia". Aqui no blog, escrevo sobre assuntos diversos.