Pensamento da hora
A eleição de Porto Alegre deu um novo significado à frase: "Sou antipetista até debaixo d'água".
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A eleição de Porto Alegre deu um novo significado à frase: "Sou antipetista até debaixo d'água".
Em 2006, escrevi aqui no Blog: "Na campanha política, vale a imagem. Nada mais. Se currículo, atitudes e promessas de campanha ganhassem eleição, Carlos Gomes teria sido prefeito de Porto Alegre só para fazer o trem-bala ligando a capital ao litoral em 1992. Tudo o que se faça ou deixe de fazer só reflete na eleição na medida em que influir na imagem". Minha opinião continua a mesma, mas apenas acrescentaria: fatos concretos não fazem ninguém mudar de voto. O que determina a opção do eleitor, acima de tudo, é a paixão ou ódio a um partido ou ideologia. A rejeição ao PT é o que me parece ter ajudado Sebastião Melo a se reeleger para a Prefeitura de Porto Alegre.
Só me resta desejar que o prefeito Melo faça por merecer o voto de confiança que seus eleitores estão lhe dando. Que saiba reconhecer a oportunidade de ouro que está tendo, e que poucos teriam no lugar dele, de dar a volta por cima. De fazer nos próximos quatro anos o que deveria ter feito nos quatro primeiros e de se redimir pelas falhas gritantes que cometeu na enchente deste ano, caso haja outra em breve.
Antes mesmo de a reeleição se confirmar, li algumas mensagens de pessoas que ajudaram os abrigados dos alagamentos dizendo que não teriam a mesma atitude caso o fato se repetisse em Porto Alegre. E o argumento era de que, reelegendo Melo, as vítimas estavam propiciando a reincidência do desastre e, com isso, deixando de fazer por merecer a solidariedade. Até entendo a linha de raciocínio, mas não concordo com ela. Ninguém é obrigado a prestar auxílio, mas deixar de fazê-lo por isso é uma postura antidemocrática. Não se pode condicionar a ajuda ao voto da população. Quem elegeu Melo não o fez por "aceitar" as consequências da inundação, mas por outras razões. Eu próprio fico indignado com a vitória dele, mas continuo defendendo o direito do eleitor de fazer suas escolhas. E o dever de todos de respeitar o resultado da eleição.
Aproveito para mandar os parabéns a Fernando Marroni, do PT, pela vitória em Pelotas. Essa foto foi tirada no dia 22 de novembro de 2022, na Assembleia Legislativa, em Porto Alegre, em que, por iniciativa dele, então Deputado Estadual, Kleiton & Kledir receberam a Medalha do Mérito Farroupilha. Presenteei-o com um exemplar da biografia da dupla.
Em minha infância, num desses exercícios de imaginação que as crianças fazem às vezes, perguntei a meu irmão João Carlos, 14 anos mais velho do que eu, o que aconteceria se apenas uma pessoa comparecesse para ver um filme no cinema. Ele respondeu que com certeza a sessão seria cancelada, que a direção se desculparia com o cliente e lhe devolveria o dinheiro. Pois hoje, minha fantasia de menininho se realizou: só estava eu assistindo ao documentário sobre a vida de Christopher Reeve no Shopping Praia de Belas. E não, a exibição não foi cancelada. O mais irônico é que eu fui no horário das 21 e 35, mas fiz questão de comprar ingresso à tarde, para poder escolher bem onde sentar. Quando a moça me mostrou que todos os assentos estavam disponíveis, eu ainda brinquei: "Oba, a sessão é só pra mim?" E foi mesmo. Quando vi que não ia entrar mais ninguém, me posicionei no melhor lugar da sala, bem no centro, para desfrutar melhor do meu cinema particular.
Sou suspeito para opinar sobre o filme, porque adoro documentários sobre temas do meu interesse. Mas é muito bem feito. Tem depoimentos de todos os filhos, da primeira esposa de Reeve, de atores amigos, de uma moça tetraplégica que conheceu o ator depois do acidente e imagens de arquivo da segunda esposa (que viria a falecer de câncer), de Robin Williams e, claro, do próprio Christopher Reeve. Fiquei até o fim para ler os créditos e vi que as falas dele em "off" foram tiradas de dois audiobooks que ele narrou, "Still Me" e "Nothing is Impossible". Todos os clichês que se esperariam, lição de vida, mensagem de persistência, filme comovente, etc., se aplicam aqui. Gostei bastante. Recomendo aos fãs do ator.
Uma amiga que se alinha politicamente comigo fez uma postagem no Facebook observando que não via ninguém mais reclamando das urnas eletrônicas. Eu respondi que achava uma bobagem usar as urnas eletrônicas como desculpa para não aceitar uma derrota em eleição. Aí ela encerrou com duas frases que achei simplesmente perfeitas: "Nós sofremos as derrotas, mas aceitamos, pois assim é a democracia. Não vamos sair por aí quebrando tudo nem rezando pra pneu!"
Época de eleição já me entusiasmou mais, devo admitir. Os acontecimentos dos últimos dez anos, em especial o impeachment de Dilma Rousseff e o vexame protagonizado pelos maus perdedores em Brasília em 8 de janeiro de 2023, me tiraram um pouco o ânimo. E tenho saudade do tempo em que não se brigava por política. O voto de cada um era algo muito pessoal. Hoje parecemos estar em pé de guerra. Facadas, tiros, atropelamentos... Como seria bom podermos viver numa democracia civilizada. Até para não colocá-la em risco.
Mas vamos votar.