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segunda-feira, outubro 31, 2016
Feira do Livro
A Feira do Livro abriu na sexta-feira. Estive lá no sábado. Dizem que neste ano está menor e logo se percebe: em razão das obras no antigo Cine Imperial, as barracas da Rua da Praia começam em frente ao Clube do Comércio e não mais no alinhamento com a Rua Capitão Montanha, como nos anos anteriores. Também não achei mais o setor de livros importados. (P.S.: A ala internacional está no Memorial do Rio Grande do Sul, o "Correio antigo". Valeu o toque, El Thomazzo.)
Como não sei quando e se poderei voltar lá, comprei na hora todos os livros que me interessaram: "Nenhum de Nós, A Obra Inteira de uma Vida", de Marcelo Ferla (Belas Letras), "Sobe Desce" de Kleiton Ramil (lançamento antigo da editora Libretos que eu ainda não tinha, incluindo um CD), "Unidos Pela Liberdade", de Rafael Guimaraens (Libretos, sobre a Legalidade), "Millôres Dias Virão", de Breno Serafini (Libretos, análise dos textos de Millôr Fernandes) e "História Ilustrada do Rio Grande do Sul", com vários autores (editora Já). Na barraca da Associação Riograndense de Imprensa, onde achei este último livro, ouvi um dos atendentes comentando com o colega que tinha estudado no Paula Soares e no Pio XII, que funcionavam no mesmo prédio. Quando falei que eu também estive nos dois colégios, ele disse que estava me reconhecendo. Achei que pudesse estar me confundindo com outra pessoa, mas ele perguntou: "Teu nome é Emílio?" Depois de me deixar em suspense por alguns segundos, ele se identificou: "Eu sou irmão do Nizan!" Claro! O jornalista Glei Soares, filho da apresentadora Marley Soares. O irmão dele foi meu colega de aula nos anos 70. Éramos muito amigos, inclusive estive na casa dele algumas vezes. Depois perdemos contato. Que bom ser lembrado.
Signo é o quarto de uma série de CDs independentes que Diana Pequeno vem lançando desde o ano passado. Os três anteriores formaram a chamada "Trilogia das Almas", como comentei aqui. E já está pronto um quinto álbum cuja venda deverá ser anunciada em breve. Nada mau para quem ficou de 2003 a 2014 sem disco novo. Os fãs não podem mais se queixar. À primeira vista, Signo segue o mesmo padrão da recente sequência de CDs. Mas, examinando-se a ficha técnica na contracapa do encarte, um dado chama a atenção: as músicas foram gravadas entre dezembro de 1989 e janeiro de 1990. Mas ficaram inéditas esse tempo todo. Então o que temos aqui é um "disco perdido" de Diana, que poderia ter saído logo depois do Mistérios, LP independente de 1989. Inclusive os músicos Elias Almeida (guitarra e violão) e Papete (percussão e teclado), do disco anterior, reaparecem respectivamente em três e duas das 11 faixas do CD. Nas demais, o grupo base tem Ney Marques nas violas, Nelson Presbiteri no baixo, Rogério Martins nos teclados e Manoel Pacífico na percussão. Outra diferença é o repertório. Enquanto nos três CDs anteriores e, posso adiantar, também no próximo, predominam composições próprias de Diana, nessa produção de 89/90 a cantora baiana seguiu a antiga fórmula de interpretar autores consagrados. O disco abre com "Voarás", de Paulinho Pedra Azul, que é o mesmo Paulinho Morais de quem Diana gravou a linda "Vagando" em 1981. Em seguida, "Corsário", de João Bosco e Aldir Blanc, que também consta do Alma Moura em gravação posterior. Ainda três parcerias da cantora com Ney Marques aparecem em duplicata com o CD Alma Gêmea, mas aqui em versões diferentes: "Paixão", "Signo" e "Flores do Mal". Esta última, aliás, já conta três gravações. A primeira foi ouvida em 2001 abrindo o CD Cantigas. Mas o arranjo deste CD ganhou uma roupagem bem pop com teclado e guitarra, faltando apenas um sax para ficar com jeito de Kid Abelha. Voto nessa como a melhor das três. Mais duas músicas também constam em outros discos de Diana em versões alternativas, no caso, "Desse ou D'Outro Lado", parceria da cantora com o gaúcho André Gomes (aparece em Alma Moura) e "Ser Feliz é Melhor Que Nada", com versos de Diana sobre uma canção tradicional de Cabo Verde (gravada anteriormente em Mistérios). E por falar em gaúchos, outros dois compositores do Rio Grande do Sul estão neste CD: Vitor Ramil com "Clarisser" (lançada por ele em 1984 em A Paixão de V Segundo Ele Próprio) e "Vim Vadiá" de Nélson Coelho de Castro (do segundo LP de Nélson em 1983). Esta teve uma pequena alteração na letra: o "tri bom" do original virou "tão bom", trocando a gíria rio-grandense por uma linguagem mais nacional. Enfim, para quem estava com saudade de ouvir Diana Pequeno como intérprete de autores diversos, este CD é um bem-vindo presente. Enquanto isso, a baiana segue dando vazão a seu lado de compositora em gravações mais recentes. Para encomendar este e os demais CDs, escreva para epfj@bol.com.br.
No momento em que chega a notícia do falecimento de Carlos Alberto Torres, capitão da Seleção do Tri em 1970, divido com vocês uma relíquia dos meus arquivos: a emoção do ex-jogador como comentarista do SBT logo após a conquista do Tetra. E foi no dia em que ele completava 50 anos, ou seja, 17 de julho de 1994. Um grande sujeito que inclusive teve chance de brilhar no Cosmos ao lado de Pelé. Um ídolo mundial.
O primeiro dos 13 capítulos da série "A Trilha do Rock no Brasil" vai ao ar hoje, no Canal Brasil, às 21 horas, sendo reprisado no sábado às 15h30 e novamente na segunda às 12h30. A foto acima é do dia 6 de abril do ano passado, em que a equipe da B2 Filmes esteve em Porto Alegre para realizar diversas entrevistas (como registrei aqui). O Blog Coluna do LAM publica a lista completa dos entrevistados. Dificilmente aparecerei nos episódios iniciais, pois falei mais sobre rock gaúcho e um pouco sobre Secos e Molhados. Mas é um programa a que vale a pena assistir e gravar.
Estive hoje no hotel Plaza São Rafael, em Porto Alegre, para o coquetel de lançamento do CD Muito Bom Tocar Junto, de Ivan Lins e do saudoso pianista gaúcho Geraldo Flach, falecido em 2011. São gravações ao vivo realizadas em 1990, 1998 e 2009 na capital gaúcha. O lançamento é do selo Discobertas, do carioca Marcelo Fróes, que se fez presente no evento e foi quem me convidou. Ângela Flach, viúva de Geraldo, conseguiu aproveitar a vinda de Ivan Lins para a Festa Nacional da Música e organizar esse encontro.
Eu e Marcelo Fróes, em selfie tirada com o celular dele.
O músico gaúcho Luiz Carlos Borges (de chapéu) foi um dos convidados.
Ivan fez um breve discurso lembrando de sua amizade com Geraldo (desde 1968, segundo o texto do encarte do CD). Chegou a chorar em alguns momentos ao rememorar o apoio que o tecladista gaúcho lhe deu no momento da separação de sua primeira esposa. Segundo ele, a música "O Voo da Águia", última faixa do CD, foi composta por Geraldo lembrando uma frase do pai de Ivan, seu xará Geraldo Lins, de que "uma águia jovem voa com qualquer pássaro, mas uma águia adulta só voa com outra águia adulta; você vai ter que encontrar a sua águia". (P.S.: A fala de Ivan foi gravada em vídeo por Marcelo Fróes e pode ser vista no Facebook aqui.)
O momento do brinde.
Ao final, Sá (da dupla com Guarabyra) apareceu para cumprimentar o amigo Ivan. Conversei também com o crítico gaúcho Juarez Fonseca e com Jair Kobe, o "Guri de Uruguaiana". Ficamos relembrando os tempos em que Jair integrava o Canto Livre (que de vez em quando retorna para shows) e até antes, no Coral de Câmara do Rio Grande do Sul, no Grupo Debandada e no Musipuc de 1980. Serginho Moah, dos Papas da Línguas, também compareceu.
O sucesso da banda gaúcha Engenheiros do Hawaii nos anos 80 gerou um fenômeno de polarização: Humberto Gessinger e seus asseclas foram igualmente amados e odiados por diferentes facções da crítica e do público. Em geral, a imprensa roqueira os esnobava enquanto os fãs os defendiam com uma lealdade reverencial. Ocorre que alguns dos adolescentes que os apoiavam viriam a se tornar jornalistas na vida adulta. É o caso de Alexandre Lucchese, de 34 anos. Paranaense de nascimento, Alexandre vive em Porto Alegre desde 2001. Depois de fazer uma matéria especial para Zero Hora sobre os 30 anos dos Engenheiros, o atual responsável pela editoria de literatura do jornal teve a ideia de escrever a biografia do grupo. Embora "Infinita Highway, uma Carona com os Engenheiros do Hawaii" tenha sido preparado em pouco mais de um ano, o que é um prazo curto para uma obra de não-ficção, o resultado é excepcional. Optando por não ir além da saída do baterista Carlos Maltz, em 1996, Alexandre conseguiu contar a história com riqueza de detalhes, satisfazendo a praticamente todas as curiosidades sobre a trajetória dos Engenheiros. Por que Marcelo Pitz saiu? E Augustinho Licks? Como era o relacionamento entre os integrantes? Como foi a experiência na União Soviética? Por que a formação com Ricardo Horn, Paulo Casarin e Fernando Deluqui durou um só disco? Além dessas informações, o livro inclui fotos raras e históricas, como a do primeiro show do grupo ainda com Carlos Stein (futuro Nenhum de Nós) na guitarra. Talvez por se identificar com a literatura de ficção, Alexandre criou alguns diálogos, mas avisa na introdução que essas falas estão em itálico para diferenciá-las dos depoimentos efetivamente colhidos. Assim, algumas passagens ganham um tom romanceado, mas "carregam o sentido do que foi dito na realidade", como ele explica. Também foi uma sacada interessante o autor colocar a si próprio na narrativa, dividindo com o leitor a experiência dos contatos com as fontes - inclusive a conversa rápida que teve por telefone com Marcelo Pitz, já que o ex-baixista não quis dar entrevista. Augustinho Licks respondeu a perguntas por e-mail e Humberto Gessinger e Carlos Maltz falaram pessoalmente com o escritor. O livro inclui ainda três relatos de fãs de diferentes locais, para dar uma ideia do nível de idolatria conquistado pelos Engenheiros. A edição é da Belas Artes e pode ser adquirida também em e-book Kindle tanto na Amazon americana quanto na brasileira.
O autor quando esteve em minha casa em 26 de agosto do ano passado para me entrevistar.
Nos anos 70, um dos bootlegs mais cobiçados por colecionadores era o do show que David Bowie realizou em 1972 no Santa Monica Civic Auditorium, na Califórnia. Foi captado de transmissão de uma emissora FM e tinha ótima qualidade de som. A gravação acabou sendo lançada pela EMI na era do CD mas, antes disso, passou pelo selo Trident, que comprou os direitos diretamente do ex-empresário Tony de Fries. A imagem acima é de um dos CDs editados pela gravadora independente. Na semana passada, o vídeo acima foi postado no YouTube. A edição foi feita por um fã, que realizou uma sincronia perfeita entre o áudio de "Starman" da BBC e imagens de dois shows na Inglaterra. Ficou realmente sensacional. Mas, enquanto assistia, de repente reconheci uma imagem numa fração de segundo. "Ei, é a foto daquele CD!" Voltei o vídeo e procurei fazer a pausa no ponto exato. Vejam abaixo:
Na marca de 0:51, aparece o fotograma que foi impresso na capa do CD acima. De onde se conclui que a foto usada não era a do show correspondente, embora fosse da mesma época. Minha curiosidade é saber onde a imagem foi conseguida. Possivelmente Tony de Fries tinha o filme e deve tê-lo aproveitado em outros lançamentos do selo Trident.
Hoje fui buscar meu carro na garagem quando passei por um trailer de xis e ouvi um rapaz conversando sobre waffles. Mas pronunciou de forma incorreta, como faz a maioria dos brasileiros. Na minha casa, talvez por influência alemã da família de minha mãe, chamávamos de "váfel", mesmo. Acho até mais simpático dizer assim. Se quiser falar em inglês, tudo bem. Mas aprenda a forma correta: o "wa" pronuncia-se "uó". Jamais seria "uei", como muitos pensam, por causa dos dois "ff". Waffles são maravilhosos, mas são o "uó" em inglês.
Não costumo postar aqui no Blog imagens de ampla divulgação na Internet, pois entendo que é "chover no molhado", mas esta mereceu. Incrível como certas pessoas não enxergam a própria incoerência. O maior argumento para criticar as manifestações contra Dilma era justamente o de que visavam a desrespeitar o resultado da eleição. De que pretendiam afastar uma Presidente legitimamente eleita em dois mandatos consecutivos, tendo sido mais votada inclusive no primeiro turno nas duas ocasiões. Pois com os resultados da última eleição, "respeitar a decisão da maioria" virou algo óbvio, tipo "não mais que a obrigação". Concordo. Sempre foi. Ou deveria ter sido. Errados foram os que resolveram levar para a rua uma questão que já estava decidida nas urnas. Mas não se devem seguir maus exemplos.
Mesmo antes da aposentadoria, já estava nos meus planos arregaçar as mangas e voltar a mexer em meus arquivos de vídeo, filme e áudio. Infelizmente não estou conseguindo mais usar meu gravador de DVD, pois estou sem controle remoto. Se quiser voltar a examinar minhas fitas VHS para digitalização, vou ter que aprender a usar o próprio computador para isso. Mas ainda tenho muita coisa já gravada em DVD-R. Hoje fui procurar um determinado clip e não achei, mas encontrei outras coisas. Já subi para o YouTube. Uma delas é uma reportagem do Vídeo Show em 1985 sobre rock brasileiro, dos primórdios à Jovem Guarda. Em uma matéria de sete minutos e meio, aparecem Betinho, Celly Campelo, Ronnie Cord, Sérgio Murilo, Demétrius. Renato e Seus Blue Caps, Golden Boys, Erasmo Carlos, Trio Esperança, Leno e Lílian, Vips, Wanderléa e Roberto Carlos. Confiram:
Por fim, aqui está uma matéria do RBS Revista de 1986 com o saudoso chargista Sampaulo, falando de seu personagem mais conhecido: o Sofrenildo. Vejam abaixo:
Jornalista free-lancer apaixonado por música. Minhas colaborações mais frequentes foram para o International Magazine, mas já tive matérias publicadas em Poeira Zine e O Globo. Também já colaborei com os sites Portal da Jovem Guarda e Collector's Room. Em 2022, publiquei "Kleiton & Kledir, a biografia". Aqui no blog, escrevo sobre assuntos diversos.