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segunda-feira, maio 26, 2014
Clássico de Elton John
Não foi apenas o livro "1973, o Ano Que Reinventou a MPB" que acabou saindo com atraso para a comemoração de 40 anos. Também a edição especial do clássico Goodbye Yellow Brick Road, de Elton John, está chegando às lojas somente em 2014. Mas quem há de reclamar? O álbum é considerado a obra-prima do excêntrico cantor-pianista, parceiro do letrista Bernie Taupin. E este relançamento, felizmente, não segue a tendência dos pacotes exagerados, cheios de itens desnecessários. O formato é o mesmo da caixa comemorativa de Crises, de Mike Oldfield (que também comentarei oportunamente): um belo livro de capa dura contando a história do disco e reproduzindo as letras e ilustrações do encarte original, mais os CDs e DVDs em envelopes de mini-LP, economizando espaço. Uma crítica que se está ouvindo com unanimidade é pela inclusão de regravações de nove músicas do disco por artistas contemporâneos. Isso poderia ter sido guardado para um projeto à parte. De resto, além das gravações do álbum-duplo (que cabe em um CD só), o produto contém dois CDs com um show ao vivo em 1973 no Hammersmith Odeon, em Londres, singles e demos diversas da época como bônus e um DVD com o especial de TV "Elton John & Bernie Taupin Say Goodbye Norma Jean and Other Things".
Em princípio, o DVD deveria ser o mais atraente de todos os itens, por nunca ter sido lançado em vídeo. O programa foi exibido no Brasil pela Globo nos anos 70, de forma adaptada, e quem assistiu deverá lembrar que a imagem acima foi usada na vinheta de chamada e retorno dos comerciais. Mas uma grande decepção é constatar que vários trechos foram cortados, reduzindo a duração em cerca de 15 minutos. A versão completa pode ser encontrada no YouTube. O que foi excluído? Basicamente, imagens da mãe de Elton, do empresário John Reid (que hoje se sabe ter sido o primeiro namorado de Elton, fato que ainda se ocultava na época), de Dick James (dono da gravadora, a quem Elton viria a processar) e de Maxine, então namorada do letrista Bernie Taupin. Entendem-se as questões delicadas que hoje envolvem esses personagens (exceto pela progenitora - por que não mostrá-la?), mas colecionador nenhum irá aceitar uma obra mutilada. Esse detalhe macula bastante o que poderia ser um relançamento perfeito.
Da esquerda para a direita: o baterista Nigel Olsson, o guitarrista Davey Johnstone (ambos vieram com Elton ao Brasil no ano passado), Elton e o baixista Dee Murray (já falecido).
O documentário foi dirigido por Bryan Forbes, a quem Elton aparece concedendo depoimentos.
Aproveito para mostrar minha pequena coleção de relançamentos desse álbum. Aqui, pode-se ter ideia do singelo tamanho da caixa recém lançada, que está acima, à esquerda. O item que se vê logo abaixo também saiu há pouco tempo: é um Blu-ray de áudio com as faixas remixadas em 5.1 (surround) e em estéreo de altíssima definição. Na edição de 30º aniversário (que está em baixo, à direita), consta o DVD respectivo da série Classic Albums, disponível também em venda avulsa (tendo inclusive saído no Brasil).
Por fim, uma curiosidade. Essa é a contracapa do vinil que a RGE lançou no Brasil em 1974. A edição original incluía dois LPs, mas a gravadora brasileira preferiu lançar um disco só. Por mais que nós, colecionadores, possamos criticar a atitude, a verdade é que foi uma manobra acertadíssima. Elton estava apenas começando a se popularizar no país com hits como "Crocodile Rock" e "Skyline Pigeon" (sucesso apenas aqui graças à novela "Carinhoso"). Ainda não tinha público para álbum-duplo entre os brasileiros. Fazendo uma criteriosa seleção entre as faixas originais, a companhia conseguiu montar um único e bom disco, que vendeu bem e consolidou em definitivo a popularidade de Elton John por estas plagas.
O gaúcho Marcello Campos faz exatamente o tipo de trabalho que eu gostaria de realizar um dia: pesquisa e escreve livros sobre personagens da música do Rio Grande do Sul. Sua obra mais recente é "Johnson, o Boxeur-Cantor". Hoje ele esteve aqui para me deixar um exemplar que eu encomendara e já aproveitou para me presentear com o título anterior, "Minha Seresta - Vida e Obra de Alcides Gonçalves, de 2011. Em 2006, Marcello publicou o excelente "Week-End no Rio", sobre o Conjunto Melódico de Norberto Baldaulf, que além de ter ótimo texto, ainda é valorizado por uma diagramação primorosa, farta em ilustrações. Os dois trabalhos posteriores não ficam muito atrás nesse quesito.
Até nos autógrafos Marcello demonstra seu esmero pelo visual!
Mesmo ocupadíssimo, eu não podia deixar de marcar presença em mais um encontro do grupo de ex-piodozenses que me acolheu como "colega honorário". Eu não era da turma deles no Pio XII (estava um ou dois anos à frente), mas acabamos fazendo amizade no Orkut. Foi no sábado à noite. De pé, da esquerda para a direita: Eduardo Couto (o anfitrião), Sílvio, Arienei e Thomas. Sentados: eu e Eduardo Todt, pai do Thomas. O Todt, hoje morando em Curitiba, é irmão de meu amigo Ricardo, este, sim, ex-colega de aula que atualmente reside em Salvador.
Já faz mais de uma semana do acidente na ponte do Guaíba, em que um
rapaz se perdeu de automóvel, entrou na contramão e acabou caindo no
estuário (ou lago, como hoje se convencionou chamar o rio que nunca foi
rio), por não perceber que o vão estava içado. Quando o carro foi
resgatado, seu corpo estava sem vida. Entre as muitas causas da
fatalidade, gostaria de apontar uma que inclusive já mencionei em outra oportunidade: a falta de sinalização nas ruas e estradas do Brasil.
Brasileiro não tem cultura de sinalização. Os poucos sinais que se
encontram por aí mais parecem cumprir um objetivo estético ou ornamental
do que propriamente indicativo. E, ainda assim, o trânsito funciona.
Por quê? Porque pessoas como eu, que conseguem se perder em sua própria
cidade, são exceções. Em geral, os itinerários se ensinam de pai para
filho. Ou se aprendem pela observação. Consultam-se mapas. Hoje já
existe até o GPS. Em último caso, vigora o “quem tem boca, vai a Roma”.
Se não souber o caminho, pare e pergunte. O nosso povo é muito intuitivo
e tem um senso extraordinário de improvisação. Em outras palavras,
nossa gente “se vira”.
Mas eu sempre fui muito distraído e desligado em relação ao trânsito.
Até o meu filho, com todas as suas limitações de menino autista, parece
ter mais facilidade de memorizar os trajetos do que eu na idade dele. Em certa ocasião, pegamos o ônibus Assunção em vez do Praia de Belas (quando eu
morava em meu antigo apartamento) e, quando o veículo dobrou à direita
após a escola Parobé em vez de seguir reto, o Iuri protestou. Ele estava acostumado com o outro
caminho. Já eu me revolto com a ausência de sinalização em locais
óbvios. Já contei aqui que me perdi voltando de Teresópolis para o
Menino Deus. No final de uma rua havia uma placa dizendo que, para a
esquerda, chegava-se ao Centro. Tudo bem, eu sei que o Menino Deus
também é por ali. O problema é que deveria haver outro sinal logo a seguir
orientando dobrar à direita. Provavelmente não foi colocado sob a
premissa de que “todos sabem” disso. Todos menos eu. Segui reto e acho
que acabei atravessando a temida Vila Cruzeiro do Sul.
Esse é o problema: presume-se que “todos sabem” o caminho. Se não
souberem, perguntem, consultem o mapa, usem GPS, façam qualquer coisa, mas não
esperem que a sinalização vá ajudar muito. E isso não vale somente para
ruas e estradas. Na semana passada, estive em um renomado complexo
hospitalar de Porto Alegre. Já foi difícil localizar o prédio certo.
Havia somente uma placa com aquela famosa setinha que diz, em última
análise: “fica pra lá”. Ainda que “lá” se encontrassem outros blocos e
portas para confundir. Perguntei e confirmei que havia chegado no
edifício desejado. Mas... e a sala? Quando a moça me informou que seria
na 4 ou 5, eu observei que nenhuma delas citava a especialidade que eu
procurava em suas sinalizações. Ela respondeu: “O hospital tem várias
especialidades. Depende do médico.” Como descobrir? Perguntando, claro.
Foi o único jeito.
Em 1990, fui com minha então esposa aos Estados Unidos. E aluguei um
carro na Flórida. Fizemos o trajeto Miami-Orlando, ida e volta, comigo
na direção. Felizmente deu tudo certo e foi uma viagem inesquecível, mas
eu estava apreensivo. Se já tenho dificuldade de orientação em minha
própria cidade, como iria me sair no exterior? Para meu alívio, a
sinalização era farta. Nos trevos, por exemplo, havia alertas informando
quando não seria possível retornar para o sentido oposto. Ao contrário
do brasileiro, o americano tem cultura de sinalização. Até mesmo os
nomes das ruas por que passávamos eram informados em placas suspensas.
Parece que isso já está sendo implementado em algumas cidades do Brasil, mas não em
Porto Alegre. Aqui a gente sofre espichando o olho nas esquinas,
tentando achar uma plaquinha escondida. E nem sempre encontra.
Sinalização deveria ser abundante, redundante, exagerada, repetitiva.
Pecar por excesso. Em vez disso, ocorre o contrário. Pra que sinalizar
se “todos sabem”? Infelizmente, esse rapaz que
se perdeu em Porto Alegre “não sabia”. Ele era de Charqueadas. E eu digo a
vocês que – Deus me livre! – o acidente que aconteceu com ele poderia
ter sido comigo. Eu sou atrapalhado o suficiente no trânsito para fazer o
que ele fez. Certa vez dei um retorno no bairro Ipanema, presumi estar
na preferencial e ia passar reto em uma esquina. Segundos antes, vi um
carro cruzando à toda na perpendicular e percebi que aquela era a rua em
que eu pensava estar. Foi um aviso. Por um triz eu não cortei a frente
daquele automóvel.
Não se preocupem, eu voltarei a comentar outros assuntos aqui no Blog que não apenas o livro "1973, o Ano que Reinventou a MPB", organizado por Célio Albuquerque. Mas, como eu sou um dos 50 colaboradores da obra, é normal que aproveite para divulgá-la. Ainda mais que, segundo o testemunho de todos, ela está vendendo bem. Hoje à noite tem a sessão de autógrafos em Belo Horizonte, na Livraria Mineiriana. Eu não poderei ir, mas quem puder, vá!
Tá chegando muita gente aqui via Whiplash. Se leram meu texto sobre Secos e Molhados e Kiss, peço encarecidamente que conheçam a edição revista e atualizada, que tornou a anterior praticamente sem efeito. É só clicar aqui. Apareceram informações novas que elucidaram bem melhor a questão. E a postagem está sempre sofrendo pequenas atualizações. Além disso, não deixem de conferir o capítulo escrito por mim sobre o primeiro LP dos Secos e Molhados no livro "1973, o Ano que Reinventou a MPB", organizado por Célio Albuquerque. Procurem nas melhores livrarias. Vejam aqui fotos da sessão de autógrafos de São Paulo, com a minha participação.
Que bela visão! Se minha contagem estiver correta, são 54 ou talvez 55 exemplares do livro "1973, o Ano que Reinventou a MPB" (supondo que as duas pilhas contenham os mesmos títulos). A foto acima foi tirada por Beto Feitosa, na FNAC/Barra do Rio de Janeiro. Ele colaborou com o capítulo sobre o LP Todos os Olhos, de Tom Zé. Acho que não faltou livro pra ninguém nesse dia. Aqui em Porto Alegre, tenho visto exemplares à venda em várias unidades da Saraiva.
Para ver fotos da sessão de autógrafos de que participei em São Paulo, cliquem aqui.
Jornalista free-lancer apaixonado por música. Minhas colaborações mais frequentes foram para o International Magazine, mas já tive matérias publicadas em Poeira Zine e O Globo. Também já colaborei com os sites Portal da Jovem Guarda e Collector's Room. Em 2022, publiquei "Kleiton & Kledir, a biografia". Aqui no blog, escrevo sobre assuntos diversos.