Divagações sobre skate
Eu sempre achei que o Centro Administrativo Fernando Ferrari, em Porto Alegre, se assemelhava a uma pista de skate. Mas não para ser usada para um monumental drop de 70 metros, como fez o skatista de 50 anos Sandro Dias, o Mineirinho. Foi realmente uma façanha extraordinária, que merece a repercussão que está tendo. Impressiona-me também a quantidade de ângulos de câmera disponíveis. É quase como se ele tivesse repetido o feito várias vezes, uma para cada ângulo!
Tomei conhecimento da existência do skate em minha primeira viagem aos Estados Unidos, em julho de 1974. Eu tinha 13 anos. Colegas de excursão compraram e começaram a andar na área externa do hotel Holiday Inn, em Miami Beach. Hoje me dou conta de que talvez isso não fosse permitido, mas como as excursões brasileiras levavam dinheiro para a indústria do turismo da Flórida, acabava sendo tolerado. Um de meus companheiros de quarto quis comprar um e eu o ajudei. Embora não soubesse o nome do brinquedo (nem ele), desenhei uma prancha no ar ao redor de meus pés e a vendedora entendeu.
Difícil saber se foram os turistas brasileiros que trouxeram a febre para o Brasil, mas pouco tempo depois o Fantástico fez uma matéria a respeito. Mostrou uma turma andando de skate na rua ao som de "On the run", do Pink Floyd. Ficou na minha lembrança o detalhe de que o vídeo foi sincronizado de forma que o "grito" que se ouve mais ao final coincidiu com um dos skatistas caindo. Nunca me aventurei a andar de skate, mas meus sobrinhos gostavam.
No dia 18 de dezembro de 1977, um domingo, fui ver o filme "Os Reis do Ié Ié Ié", dos Beatles, no Cine ABC, em Porto Alegre. Eu já tinha assistido ao filme na TV, mas ali tive chance de vê-lo na tela grande, já que, na minha infância, ele era censura 10 anos e eu tinha 5. Entrei na sessão das 14 horas e fiquei para a das 16 também. Naquele tempo dava pra fazer assim, pagava-se um ingresso e permanecia-se no cinema por quantas sessões se quisesse. Com isso, ficou marcado pra mim também um curta metragem que passou antes, "Na Onda do Skate" (Skaterdater). Era sem diálogos, somente os garotos (aparentemente, pré-adolescentes) e as situações, com música instrumental do grupo Mike Curb & The Sidewalk Sounds (tipo The Ventures). O filme é de 1965, de forma que, no exterior, o skate já vingava desde muito antes de 1974 (veja o filme de 17 minutos aqui).
Por fim, uma curiosidade linguística: o que nós chamamos de skate, em inglês dos nativos, é conhecido como skateboard, ou seja, algo como "prancha com patins". A palavra skate, por si só, pode ser usada para patins comuns (roller skate) ou patim de gelo (ice skate).

