No final de 1990, quando comprei meu tão sonhado laserdisc player (aparelho de videodisco, que não chegou realmente a "pegar" no Brasil), comecei usando provisoriamente o meu televisor Phillips de 16 polegadas com sinal enviado para o canal 3. O áudio eu jogava diretamente no equipamento de som, algo que também se poderia fazer com um videocassete Hi-Fi Estéreo, mas quase ninguém fazia. Mas estava nos meus planos comprar um monitor dedicado para usar com meus laserdiscs. Não lembro quem foi que me falou que até existia, mas que era tão caro que não valia a pena. Então tratei de adquirir um televisor de 20 polegadas com entrada direta de vídeo e opção de sistema NTSC, algo que todos têm, atualmente. Sim, pois o padrão de cores para vídeo pré-gravado, no Brasil, sempre foi NTSC, desde os velhos tempos do videocassete. Sem transcodificação envolvida, com os dois aparelhos falando a mesma língua, as cores ganham mais qualidade, em especial o vermelho.
Alguns anos depois, entrou na minha vida a TV a cabo. Assim, mesmo para assistir à programação das emissoras, o televisor passou a ser um mero monitor, pois o som e a imagem vinham da caixinha da Net, que era a provedora do serviço. O mesmo viria a acontecer com outros itens que eu agregaria ao meu equipamento, como DVD player, gravador de DVD e home theater com Blu-ray. Quando eu ainda não tinha um modelo de tela plana, vi para vender em uma loja um monitor com essa característica. Pensei em comprá-lo, pois esse, sim, estava mais barato do que um televisor. Mas acabei optando por uma TV LG com 3D, que eu adoro (embora, aparentemente, não se lancem mais Blu-rays em 3D, mas tenho um bom estoque).
Não lembro exatamente quando comprei meu segundo home theater, idêntico ao da sala, para colocar no meu quarto. Tive que mandar vir de Campinas, pois não encontrei mais nas lojas de Porto Alegre. Na hora de escolher o televisor, tentei achar um também igual ao que eu usava no outro equipamento, em especial por causa do recurso 3D. Mas não encontrei, então fiz um investimento maior em um modelo de 55 polegadas, incluindo uma série de opções que eu pensei que jamais iria usar. Só queria o monitor, mesmo.
Até que todos começaram a recomendar o documentário em série sobre a Nara Leão. Para poder vê-lo, eu teria que assinar a Globoplay. Meu home theater Sony vem com Netflix, YouTube e vários outros aplicativos pré-instalados, mas Globoplay, não. Então lá fui eu examinar as possibilidades do meu televisor grandão do quarto. Aprendi a navegar no menu de "Smart TV" e logo encontrei a opção da Globoplay. Decidi ir mais longe e descobri como jogar o som do televisor no home theater (os DVDs e Blu-rays têm seu som alimentado direto do home theater para as caixas, sem passar pelo televisor). Pronto! Brinquedo novo na área! Já assisti à toda a série "Os Dias Eram Assim".
No final de tudo, eu me dei conta: pela primeira vez em quase 30 anos, estou usando um televisor para realmente sintonizar uma programação e não apenas como monitor. Em tese, daria para a Sony incluir Globoplay e outros aplicativos no home theater, mas o modelo já deve estar até fora de catálogo. Então usemos os recursos da Smart TV. Viva a tecnologia!