Dois assuntos para domingo
As vaias
Na ocasião do impeachment do Presidente Collor, achei que a reação do povo foi um tanto exagerada. Eu não era simpático a ele, fiquei satisfeito com seu afastamento, mas senti também uma certa apreensão por tudo o que estava acontecendo. Depois de 20 anos lutando por eleições diretas, estávamos comemorando a queda de um representante eleito pelo povo. Comemorando, não: fazendo Carnaval. Na minha opinião, o momento não era para festa. Pelo contrário: era de muita reflexão. Por sorte, não houve maiores incidentes nas eleições presidenciais posteriores.
Talvez eu esteja fortemente influenciado pelo fato de ser eleitor de Lula, mas não entendo o "orgulho" pelas vaias ao Presidente na abertura do Pan. Nosso povo deu uma demonstração de antinacionalismo para o resto do mundo e ainda está regozijando por isso. E depois vaiou os americanos. Que belos anfitriões somos nós! E depois não queremos que os estrangeiros tenham uma imagem negativa do Brasil.
A propósito, alguém tem saudade da inflação galopante? Da maxivalorização do dólar? Da censura e da repressão? Ou nem sabem que isso existiu?
Mais sobre crase
inundar (quando não se referir à enchente)
A crase provavelmente foi colocada por um "decorador de regrinhas". Enxergou a palavra feminina "enchente" e concluiu: "tem crase". Outros argumentarão: "é caso de crase opcional". Pode ser. Mas eu defendo a idéia de que não existe crase opcional. Pode existir, isto sim, artigo opcional. A crase é conseqüência. E mesmo assim o redator tem que estar consciente de seu uso. Há casos em que faz diferença. Nesse exemplo, entendo que o artigo é indevido. Logo, não deveria acontecer a crase. Da forma como foi escrita, a expressão me induz a perguntar: "que enchente?" Sim, pois referir-se "à" enchente dá a idéia de que se está falando de alguma enchente específica. Mas não foi essa a intenção. O que o redator quis dizer foi: não se deve usar o verbo "inundar" quando não se referir "a" enchente. Ou seja, a um caso qualquer de enchente. Mas se eu falar, por exemplo, na maior enchente já havida em Porto Alegre, estou-me referindo "à" enchente de 1941. Aí, sim, ocorre crase.
Mais sobre o assunto neste blog em "A crase".
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