segunda-feira, dezembro 03, 2018

Livros em crise?

Está viralizando nas redes sociais um texto de Luiz Schwarcz, editor da Companhia das Letras, intitulado "Cartas de amor aos livros". Ele começa falando na recuperação judicial da Cultura e da Saraiva, na forma como isso prejudica as editoras em efeito cascata, e termina conclamando os leitores a divulgarem seu desejo de comprar e presentear livros no final do ano.

Se a crise fosse somente das livrarias, a explicação seria muito simples. A Internet facilitou a vida de quem percorria lojas e sebos à procura de um determinado título. Agora, é só entrar num site como Estante Virtual, por exemplo, e encomendar o que se quer de qualquer lugar do Brasil. Ou na Amazon ou Abebooks e mandar virem livros raros de países diversos. Eu próprio me senti eufórico com essa possibilidade. Minha biblioteca começou a crescer exponencialmente quando aderi à rede e meu problema passou a ser outro: achar tempo para ler tudo o que comprei.


Mas, pelo que afirma Luiz Schwarcz, as vacas magras atingem aos livros em si, não apenas às livrarias. Aí a questão muda de foco. Não acredito que os e-books e audiobooks sejam culpados desse fenômeno. Com certeza os CDs sofreram muito com o surgimento de mp3 e similares, mas o mercado editorial é diferenciado. Quem adere a Kindle e livros gravados, em geral, são os que já tinham o hábito de comprar edições físicas e continuarão adquirindo os volumes mais luxuosos em versão impressa. Eu diria que, pelo contrário, o livro digital estimula o comércio livreiro como um todo. 


Então, onde está o furo da bala? Arrisco um palpite: de novo, na Internet. Mas não pela facilidade de se fazerem compras sem necessidade de livrarias, como citei acima. O problema é outro. A onipresença da rede em celulares faz com que somente os legítimos ratões de biblioteca continuem se interessando por livros. Os demais, em especial os que já nasceram nessa geração smart phone, não têm sequer tempo de criar o hábito da leitura. Ou melhor: até leem, mas somente mensagens em redes sociais. O mundo deles é ali, naquela minúscula tela que cabe na palma da mão. Todo e qualquer momento livre é imediatamente ocupado pela visualização do Facebook, do Whatsapp e do Instagram.


Adoraria concluir este comentário apresentando soluções, mas não as tenho, infelizmente. Mas me recordo que, com a explosão do videocassete nos anos 80, houve quem temesse pelo futuro do cinema. Hoje a tela grande continua forte, atraindo público, apenas em salas menores localizadas em shoppings. Isso considerando que a qualidade de imagem e som que temos em nossas casas atualmente, com Blu-ray, TV em HD e home theater com som 5.1, nos faz pensar como podíamos nos contentar com algo tão limitado quanto o VHS. 


Pois a indústria livreira também terá que se adaptar e se redimensionar, como fez a de filmes e como vem fazendo a da música. Sempre haverá quem queira ler e comprar livros. Talvez a geração smart phone tenha mais dificuldade em descobrir o prazer da leitura, mas alguns com certeza o farão. Lamento pela derrocada das livrarias e editoras e lembro que as duas lojas citadas também vendem CDs, DVDs e Blu-rays, itens igualmente sofrendo com a concorrência dos arquivos digitais. De minha parte, vou continuar comprando e me interessando por esses produtos. E acredito numa volta por cima de todos eles. Viva o livro!

1 Comments:

Blogger José Elesbán said...

Viva o livro!

10:08 PM  

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