sexta-feira, julho 13, 2018

Lembranças musicais de adolescência

Mais uma vez, inicio um relato se ter certeza do ano em que aconteceu, mas digamos que seja 1974. Eu tinha 13 anos. O pai de um amigo da turma, vizinho de andar, tinha viajado para a Itália. E o filho, com muita visão, pediu que o genitor lhe trouxesse discos de sucesso naquele país. E foi assim que três singles importados e desconhecidos no Brasil entraram em nossas vidas. Nosso amigo tinha tape deck, então íamos na casa dele para fazer gravações e acabávamos descobrindo essas preciosidades.
Um deles continha o tema do filme "Emmanuelle", que por tantos anos esteve proibido no Brasil. O compacto de Pierre Bachelet acabaria saindo em edição nacional bem mais tarde, mas com um lado B diferente do que conhecíamos. Era justamente o "outro lado" que mais curtíamos e até escutávamos ocasionalmente em nossas "reuniões dançantes": "Emmanuelle En Thailand". Aqui está um trecho (a versão do disco continha uma pequena introdução semelhante ao tema principal que, aqui, foi cortada):


Outro disquinho vindo direto da Itália para o deleite de nossa turma era "Nessuno Mai", da cantora Marcella (também conhecida como Marcella Bella). O lado A era uma canção estilo dançante que acabaria ganhando uma versão em inglês do grupo de Eurodisco Boney M, intitulada "Take The Heat Off Me". Ouçam o original:
Mas a nossa turma tinha um fraco por "música lenta" e, novamente, foi o lado B que cativou a todos: a linda balada "Per Sempre".


Por fim, o single do grupo Gli Alunni del Sole trazia uma canção ainda mais suave e envolvente de nome "Jenny e la bambola" (ou apenas "Jenny", como aparece em relançamentos em CD). Arrisco dizer que essa era a preferida da turma entre todas as citadas. Ouçam:
O lado B só não deu tanto Ibope porque tinha pouco mais que um minuto e meio. Pouco tempo para dançar, que era um de nossos indicadores de qualidade para avaliar baladinhas. Mas era bonito, também (cliquem aqui para ouvir no YouTube).

Naquela época, é bom frisar, era muito difícil comprar discos importados em Porto Alegre. Da Itália, então, praticamente impossível. Quem conseguisse itens assim do exterior realmente podia dizer que "só ele tinha". E assim essas músicas mais ou menos exclusivas fizeram parte da trilha sonora de nossas adolescências.

Mas a aldeia global da Internet facilita tudo. Primeiro, com o Google, que me permitiu localizar as informações exatas dos disquinhos em questão apenas com os títulos das músicas, que eu nunca esqueci. Depois, com as lojas on-line. A princípio, contentei-me com essas duas primorosas coletâneas em álbuns do iTunes. Mas sou apaixonado pelo formato compact disc e tive que ir atrás das edições físicas. A compilação de Alunni del Sole é uma edição dupla e, a de Marcella Bella, tripla. É uma pena que cada CD tenha apenas 12 faixas. O álbum de Marcella, por exemplo, talvez coubesse numa edição dupla. Mas o importante é que aqui estão "Jenny", "Nessuno Mai", "Per Sempre" além de outras canções maravilhosas que eu não conhecia. E assim, as músicas de minha adolescência que "só nosso amigo tinha" estão devidamente incorporadas à minha coleção, na pureza do som digital.

Ah, sim, faltou "Emmanuelle En Thailand". Essa fica pra mais tarde.