Suporte a pirataria
Recebi hoje um arquivo em MP3 que é engraçadíssimo. Uma usuária de sistema operacional pirata aceitou instalar uma atualização que recebeu pela Internet. No momento da instalação, o software identificou que o computador rodava com uma cópia ilegal do sistema e efetuou uma espécie de bloqueio, sinalizado por uma estrela azul no canto inferior direito da tela. Apareceu ainda a informação de que ela foi "vítima de um software falsificado". Imediatamente, ela ligou para o suporte da Microsoft, como se tivesse direito a tal serviço. Recusou-se a fornecer os dados para cadastro e ainda encheu o pobre rapaz de palavrões. O moço não perdeu a linha em um só momento. Falou primeiro com a filha, depois com a mãe. A filha reclamou: "Eu não quero fazer cadastro, eu só quero tirar essa estrela azul que está me incomodando! Disseram que era uma atualização, não me avisaram que era um software!" O atendente, com calma, explicou: "Atualização também é um software." Já a mãe realmente baixou o nível. E lá pelas tantas soltou esta pérola: "Eu não fui vítima coisa nenhuma, eu pus um software falsificado e sabia disso!" Ah, sim, isso muda completamente a situação!
Há quem pense que o rapaz da Microsoft não deveria ter se mantido tão calmo. Já eu acho que ele agiu da forma correta, já prevendo que a ligação iria circular bastante, como realmente está acontecendo. Não havia necessidade de responder no mesmo tom. A usuária já estava se expondo ao ridículo sozinha. Depois de ouvi-la mandá-lo tomar naquele lugar várias vezes ele ainda perguntou: "Mais alguma informação?"
Certa vez eu quase cedi à tentação da pirataria. Queria comprar um software de edição de vídeo, mas todos me diziam para que não fosse trouxa, que nos camelôs eu iria pagar uma bagatela, coisa e tal. Decidi encarar. Cheguei na Praça XV (antes da operação Camelódromo) e perguntei para um ambulante se ele tinha software de edição de vídeo. "Sófti? O Fulano tem." E me indicou para o Fulano. "Sófti de vídeo? O Beltrano tem." E assim passei pelo Cicrano, pelo quarto, pelo quinto, e fui indo até que me levaram de volta para o Beltrano. No final do calvário eu estava rindo... de mim mesmo. Queria um produto importado, altamente sofisticado, e achava que iria encontrá-lo no meio daquele povo. Acabei comprando pela Internet, licenciado, e não me arrependi.
A história desse telefonema para a Microsoft lembra aquela piada do motorista que foi abordado por um guarda de trânsito. "Por que estava correndo tanto?" "É que atropelei um pedestre e tive que fugir para não ser identificado." "Cadê o cinto?" "Está no porta-malas segurando o botijão de gás que estou usando em vez da gasolina." E assim, a cada pergunta, um novo ilícito era ingenuamente confessado. Fazer o quê? Ela não foi vítima coisa nenhuma, instalou a pirataria porque quis. E, por isso, acha que tem direito a assistência técnica.
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