Reações extremadas
Também não votei em nenhum momento em Fernando Henrique, mas admito que sua administração não foi das piores. Ele conseguiu algumas façanhas que eu imaginava impossíveis, como acabar com a inflação. Mas independente da avaliação que eu faça do Governo dele, não vi com bons olhos – ou não ouvi com bons ouvidos – os gritos de "fora FHC" que vinham da oposição. Hoje gritam "fora Lula". Parece que virou moda querer derrubar Presidente. Às vezes o brasileiro parece esquecer que, numa democracia, um Presidente dá lugar a outro eleito pelo povo ao final do mandato. Foi voto vencido? Paciência. Deixemos o escolhido pela maioria mostrar a que veio.
Há alguns anos, troquei e-mails com um colecionador americano que estava interessado em CDs lançados no Brasil. No final das mensagens a assinatura dele era: "Dump Dubya in 2004". Fiquei intrigado. Quem é esse tal de "Dubya"? Será algum Senador? Só muito tempo depois fui perceber que "Dubya" é o apelido que Luis Fernando Verissimo traduzia como "Dábliu" em suas crônicas: referia-se ao Presidente americano George W. Bush. "Dump Dubya in 2004" poderia ser traduzido como "livre-se de Dábliu em 2004". Por que em 2004? Porque seria o ano da próxima eleição. De onde se presume que, nos Estados Unidos, se não houver algo realmente grave como um Watergate, os eleitores não gritam "fora", gritam "não reeleja". Que é como deve funcionar uma democracia.
Pois meu raciocínio vale também para Governadores. O PSOL pegou pesado com Yeda ao expô-la negativamente em cartazes. Também não votei nela, mas respeito-a. Se houver algo errado em qualquer administração, é claro que deve ser investigado. Mas não simpatizo com reações extremadas e soluções radicais. O brasileiro deveria se preocupar menos em derrubar governantes e mais em votar melhor. Sim, existem situações que justificam medidas severas. Mas Collors e Nixons não surgem a todo o momento. Não é aconselhável que os criemos, tampouco.
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