Alguma coisa
O caso do menino causa uma revolta semelhante, uma sensação de impotência pelo que já aconteceu e não pode ser mudado. Os bandidos já foram presos, de forma que a justiça, imagina-se, será feita. Mas não basta. Nós, brasileiros, queremos algo mais. Porque parece haver um consenso de que essa barbárie não foi um caso isolado. Nem um fato corriqueiro. O que aconteceu, na visão da maioria, foi o ápice de um vertiginoso crescimento na violência urbana. Ou seja, "chegou num ponto que não dá mais pra agüentar". Então o que todos dizem é que é preciso fazer "alguma coisa".
Ah, sim. "Alguma coisa." Mas o quê? Reduzir a maioridade penal? Essa parece ser a "alguma coisa" eleita por todos como a medida desejada. Esse é o risco de se reduzirem as providências necessárias a "alguma coisa". No caso dos Estados Unidos, cabeças rolaram do lado de lá para aplacar a ira dos que desejavam retaliação. Foi quase uma paga simbólica, mas custou a vida de inocentes para vingar inocentes. No Brasil, diz-se que é preciso fazer "alguma coisa". E se essa "alguma coisa" for feita, encerra-se o assunto? Quando a atriz Daniella Perez foi assassinada, a "alguma coisa" da vez era rever a figura do réu primário, para que seu matador tivesse uma pena mais severa.
Soluções episódicas não resolvem muito. E também é recomendável ter cuidado com visões românticas. Concordo que é preciso criar mecanismos de inclusão social para sanar o mal pela raiz. Mas só isso não adianta. É necessário, sim, reforçar o policiamento e a segurança. É importante analisar e, se for o caso, rever as questões de Direito Penal. Parece-me que as leis são boas: sua aplicação é que deve ser justa e severa. Deve-se ter cabeça fria, serenidade e sensatez para buscar as soluções adequadas, de forma ampla e continuada. Situações como a deles e a nossa não se encerram apenas atacando "alguém" ou fazendo "alguma coisa".
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