O primeiro álbum dos Monkees em edição de luxo
Quando chegou a vez de The Birds, The Bees and the Monkees, o quinto título da discografia, os colecionadores foram surpreendidos em 2010 por uma edição expandida, limitada e cara, contendo três CDs. E assim, nesse formato, saíram Head, Instant Replay e The Monkees Present. O próximo da lista deveria ser o fraquinho Changes, somente com Micky Dolenz e Davy Jones na formação. Não é surpresa que a gravadora o tenha deixado de fora, aparentemente.
Só que, com a boa repercussão dos relançamentos de luxo, a série recomeça do primeiro álbum dos Monkees, de 1967, dando início a uma "sobreposição" aos CDs duplos que saíram antes. Sendo esta uma edição tripla, seria de se esperar que incluísse tudo da anterior e mais um pouco. Mas, como bem observou o crítico Ayrton Mugniaini Jr. no Facebook, está faltando a demo de "Propinquity", de Michael Nesmith. Se isso não fosse motivo suficiente para manter o relançamento de 2006, ressalte-se que os textos dos encartes também são diferentes, ainda que ambos tenham sido redigidos por Andrew Sandoval. O primeiro é mais informativo em relação às músicas enquanto o segundo fornece mais detalhes sobre os trabalhos pré-Monkees dos quatro integrantes.
Há um bom pretexto para esmiuçar as origens dos rapazes. Na falta de material de estúdio das sessões do primeiro LP para encher os três CDs, a Rhino teve uma sacada legal: incluiu a íntegra do álbum solo lançado por Davy Jones em 1965 e os singles de Michael Nesmith como "Michael Blessing" no mesmo ano. As interpretações de Davy lembram Peter Noone dos Herman's Hermits, já que ambos são ingleses, mas a qualidade das composições é sofrível. Já Mike dá seus primeiros passos em direção ao folk/country, mostrando clara influência de "The Eve of Destruction" de Barry McGuire em "The New Recruit". Ele se sai melhor e não admira que tenha sido o único ex-integrante dos Monkees a construir uma bem sucedida carreira solo.
Hoje já se sabe que os Monkees não tocavam em seus próprios discos, embora Michael Nesmith e Peter Tork fossem músicos de verdade. A contracapa do primeiro LP mostrava uma ficha técnica totalmente fictícia, dando a entender que o conjunto havia executado os instrumentos. A ideia do quarteto era ser uma resposta americana aos Beatles. O projeto nasceu de uma equipe de televisão, que testou vários candidatos até fechar em Michael, Peter, Davy e Micky Dolenz. Todos faziam vocal solo, mas a voz de destaque acabou sendo a de Micky, que também posava de baterista. O timbre quase infantil de Davy caía bem em canções selecionadas como a balada "I Wanna Be Free". Michael Nesmith tinha muita força interpretativa, além de ser, a princípio, o único compositor do grupo. Peter sempre foi o mais limitado como vocalista, mas sua voz grave e bem humorada logo conquistou a simpatia dos fãs.
Apoiados por um supertime de compositores de primeira linha, os Monkees se tornaram sucesso absoluto com seus discos e a série de TV. Nesse primeiro álbum se encontram clássicos como "(Theme From) The Monkees", "I Wanna Be Free", "Take a Giant Step", "Saturday's Child" (de David Gates, futuro integrante do Bread) e "Sweet Young Thing". Entre as muitas faixas bônus, ouvem-se "You Just May Be The One" (versão da TV, anterior à do álbum Headquarters), "I Don't Think You Know Me" (de Carole King e Gerry Goffin, cuja sequência de acordes Michael Nesmith aproveitaria para compor a citada "You Just May Be the One"), "All The King's Horses" e várias bases instrumentais de músicas conhecidas para quem quiser brincar de karaokê.
Agora é praticamente certo que os relançamentos de luxo continuarão com More of the Monkees, Headquarters e Pisces, Aquarius, Capricorn & Jones, Ltd. Eu não me surpreenderia se, depois desses, a Rhino resolvesse investir nos títulos menos cotados da discografia, como o já mencionado Changes, a volta em 1987 com Pool it! (sem Michael Nesmith) e o novo retorno em 1996 com Justus. Esse último poderia até incluir um DVD com o filme que foi feito à época para a televisão.
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