Há 35 anos, Genesis em Porto Alegre
Ontem e hoje faz 35 anos que o Genesis se apresentou em Porto Alegre, em 1977, abrindo a turnê brasileira. Eu fui na primeira noite. Ainda não conhecia muito do trabalho do grupo. Talvez só o álbum Selling England By The Pound. Eu e um colega ficamos atrás do palco, na arquibancada do Gigantinho, mas felizmente a disposição dos equipamentos não bloqueava nossa visão. Conseguimos enxergar Phil Collins, Steve Hackett, Mike Rutheford, Tony Banks e o baterista convidado Chester Thompson, mesmo de costas.
O show começou bem na hora marcada, às 21 horas. Meu amigo comentou que eles eram ingleses, daí a pontualidade britânica, depois Osvil Lopes fez a mesma observação na Folha da Tarde. O aguardado visual do raio laser marcou presença logo na segunda música, que hoje sei ter sido "One for The Vine". Quando Steve Hackett anunciou "Firth of Fifth" eu comentei com meu colega: "Essa eu conheço, começa com um pianinho." Para meu constrangimento, eles pularam a introdução e iniciaram direto no acorde que antecede o vocal. Meu amigo só riu: "Começa com um pianinho, é?" Depois fiz questão de mostrar pra ele a gravação de estúdio.
A mais esperada era "I Know What I Like", que foi muito bem recebida. Também se ouviram outros clássicos como "The Carpet Crawler", "Supper's Ready" e o final de "The Musical Box". Phil anunciou "uma música nôva para vocês" (ele falou quase tudo em português, lendo em uma folha) e cantou "Inside and Out", que sairia no compacto duplo Spot the Pigeon. Na hora do bis, a banda ressurgiu vestindo camisetas do Internacional, mas teve que aguentar a vaia dos gremistas presentes.
Não assisti ao show do dia seguinte, mas ouvi as mais diversas versões sobre o que aconteceu. Com certeza a duração foi mais curta porque Mike Rutherford sentiu-se mal, mas quanto tempo exatamente? Alguns diziam que teria sido só meia-hora, outros falavam em uma hora. Pois hoje, 35 anos depois, o blog argentino Polichelas desvenda o mistério (não deixem de visitá-lo para conferir as fotos). Um contingente significativo de fãs veio a Porto Alegre de Buenos Aires especialmente para ver o Genesis, entre eles jornalistas da revista Roll e o músico Charly Garcia. Um dos portenhos gravou o show com microfone mesmo e o preservou por todos esses anos. Graças a esse registro, hoje podemos saber que, quem foi na segunda noite, teve uma hora e 15 minutos de show, aproximadamente. Cerca de uma hora a menos do que deveria (e não apenas 12 minutos como noticiou a Folha da Tarde), mas pelo menos já foi uma apresentação razoável. O verdadeiro motivo do mal súbito do baixista foi revelado no livro "Lembra do Transasom", de Pedro Sirotsky e Marcelo Ferla, lançado em 2007: à tarde o grupo tinha viajado a Gramado com Pedrinho e alguém teve a brilhante ideia de misturar vodka no chocolate quente. Deu no que deu.
Para baixar a gravação da segunda noite (mais curta) do Genesis em Porto Alegre, cliquem aqui. Observem que Phil chega a anunciar com detalhes a apresentação de "Supper's Ready", depois um locutor avisa que Mike Rutherford está sendo atendido pelo médico e por fim eles tocam "Los Endos". Ainda que tenha sido captada das cadeiras na plateia, a fita tem um valor documental inestimável. Até mesmo a voz dos vendedores de "Coca gelada", etc., dá um toque de autenticidade, como "estar lá".
30 Comments:
e no meu caso: eu estava lá! Como adorei você ter achado essa gravação!
Super show, não lembrava de tantos detalhes, gostei de ler teu artigo. Não consegui encontrar o blog do argentino
Incrível, o link está direcionando para outro endereço bem diferente! Já tentei acessar diretamente e o resultado foi o mesmo. Às vezes os blogs são encerrados, mas esse redirecionamento não faz sentido. Estranho.
Estive neste show! :) <3
Foi o primeiro "showzão" internacional da minha vida...tinha 15 anos e fiquei completamente apaixonada pelo som (já conhecia dos discos do meu irmão) e pelo laser que iluminou de forma fantástica para época, todas aquelas canções maravilhosas!!!
Muito bom ler teu artigo e viajar no tempo!
1977 - Era inverno e fazia um friozinho lá fora, dentro do ginásio, o calor aquecia o público...até hoje quando ponho prá tocar aquelas músicas, fecho os olhos e me vejo naquele dia!Muito dez!
Depois deste, fui a shows muito bons tb...mas durante todos estes anos, 3 shows me marcaram demais : Crosby, Stills and Nash (que fui para o Rio assistir), David Gilmour (este ano, 08/2016, na Arena)..e este primeiro e inesquecível show do Genesis...
"Música e fotografia te fazem viajar no tempo em segundos e te transportam naturalmente para lugares mágicos da vida da gente!"
Que bom poder ouvir, que bom poder enxergar, que bom ter ido neste show, que bom ter lido este teu texto e deixar aqui registrado meu
comentário....Abraço!
Porto Alegre, 27/01/2016.
Retificando meu comentário anterior sobre shows maravilhosos que já assisti, além deste do Genesis...
Show do Gilmour...16/11/2016 :)
Eu também estava lá!
Até hoje uma lembrança muito forte.
Agora mesmo escuto "I now what I like" no vinil álbum duplo "Seconds Out" gravado ao vivo em Paris em 1977 que comprei em 87 pra matar as saudades. É basicamente o mesmo show de POA.
Phil Collins enlouquecendo com o pandeiro nessa faixa!!!!
Sempre me remete ao gigantinho.
Que coisa memorável! E eu completando 20 anos de idade no mes subsequente!
eu fui atÉ o hotel Plaza S. Rafael e tive a sorte com minha irmã e duas colegas tomar café com esse pessoal,não me perguntem como foi que consegui só sei que consegui,peguei o autógrafo deles todos...phil,chester Tompson,Tony Banks,Steve Hackett(acho q é assim q se escreve),Tony Banks,M. Rutherford...inclusive a esposa acho que do Steve ou Tony estava conosco na mesa e estava grávida com desejo de comer marmelada kkkk,nossa,eu tinha 17 anos....vasculhei por vários meios p ver se encontrava algum artigo com fotos desse café memorável no Plaza.... BONS TEMPOS
Eu era Brigadiano,trabalhei nesse evento,eu tava numa corda que dividia o público do palco.gigantinho lotado.
Bahh meu primeiro show grande .... tbm sou de 62 e só curtia black music ..... ali foi o meu debut para o rock progressivo 🙏🏾🙏🏾
Foi meu primeiro show, fui no primeiro dia, loucura.
Fui no primeiro dia também. E no segundo, eu não tinha dinheiro, fiquei do lado de fora tentando entrar escalando as calhas do Gigantinho. Muitos conseguiram, mas a brigada militar tentava impedir, usando cães pastor alemão. Eu estava muito doido, não me lembro se consegui ou não.
Emílio, estou lendo isso com um atraso de dez anos após sua matéria, portanto agora são 45 anos do espetáculo. Eu tb tinha só 11 anos e fui na primeira noite com meu irmão André e o colega dele Peter, ambos de 15 anos. Nem sei como deixaram a gente entrar kkk. Outros tempos. Show inesquecível. Minha banda número 1 desde aquela noite. Volta e meio estou ouvindo. Qdo tocaram One for the wine, com aquele laser todo, a emoção tomou conta do Gigantinho. O Inter tava jogando no Beira Rio na mesma noite, portanto tinha uma movimentação forte ali na rua. E aquele time do Inter foi naquele ano era uma máquina. O melhor de todos os tempos. Então, qdo os caras entraram no palco, após o intervalo, com as camisetas do Inter foi uma surpresa. Metade enlouqueceu, e a outra metade vaiou kkkk. Certamente eles foram avisados de que ia dividir a platéia, mas o Phill Collins sempre teve aquele jeito meio sacana mesmo, e como eles tb adoram futebol, mandaram ver na provocação. Muito bom ler essa matéria. Ainda bem que não fui na segunda noite kkk. Vou baixar o audio. Abração
Aquele link não funciona mais, mas a gente acha o áudio do show no YouTube. Eu tinha mesmo uma vaga lembrança de ter jogo no Beira-Rio no mesmo dia e até achei que essa fosse a explicação para as vaias: a maioria dos colorados estava no Beira-Rio naquela noite, não no Gigantinho.
Legal ver isso aqui, mesmo dez anos depois de publicado. Portanto agora são 45 anos do do show. Eu tb tinha apenas 11 anos. Não sei como nos deixaram entrar, pois meu irmão e o colega dele tinham 15 anos. Outros tempos. Naquela época eu gostava de musiquinha de novela kkk. Foi tão impactante, que transformou meu gosto musical. O Genesis virou minha banda favorita. Vira e mexe estou ouvindo eles ou algum dos albuns dos integrantes. Sempre que ouço, vejo o motivo de tanta admiração. O som deles tem uma vibe emocional completamente diferente e única, sofisticado, uma verdadeira obra de arte. E aquele espetáculo de luzes foi impressionante pra época. Noite inesquecível.
Putz, deu um delay na minha msg anterior e acabei publicando de novo, mas tudo bem. Eu achei o audio no Youtube. Pena que não é o da primeira noite kkkk. Nos tb ficamos meio atrás do palco mas, como alguém postou, nao atrapalhou, Lembro que havia cadeiras avulsas na frente do palco. Quem viu dali ficou privilegiado mesmo. Sobre as vaias, dos gremistas, tinha a lembrança de que ficou equilibrado com os aplausos. Independente de eu ser colorado, a idéia foi legal. Meu irmão voltou na segunda noite e lembro de ter me dito que houve um certo princípio de tumulto com a interrupção do show, mas nada sério. Li o livro do Phill Collins, recentemente. Muito interessante. Ele narra brevemente a vinda ao Brasil com uma viagem meio doida. Estranhou que a banda foi escoltada, já no desembarque, por seguranças armados, para não serem "sequestrados". Contou que quase foram atropelados numa rodovia em São Paulo e tb comentou sobre esse evento do Mike Rutherford ter tomado o tal chocolate com Vodka e passado mal.
Estranho, eu tenho a edição do livro do Phil Collins em inglês e ali ele não fala nada desse lance do Mike Rutherford misturando chocolate quente com vodca e passando mal. Será que está na edição em português? Isso é citado no livro "Lembra do Transasom?", de Pedro Sirotsky e Marcelo Ferla.
Tens razão, olhando de novo o livro, acho que não foi ali que vi isso não. Ele fala brevemente sobre a vinda ao Brasil e não chega a citar Porto Alegre, conforme segue:
"Vamos ao Brasil pela primeira vez onde tocamos para 150 mil pessoas. A cada um de nós foi reservado um guarda-costas particular armado para evitar que sejamos sequestrados. Isso é uma experiência de alteridade, algo completamente diferente. Nos engalfinhamos com a Polícia Militar e quase somos esmagados por um caminhão em uma via expressa.
Tocamos com músicos locais em bares. Desfrutamos de extravagâncias da gravadora perto de favelas dominadas pela pobreza. Enfim, flertamos com o Vodu. Toda a viagem é interessante e assustadora. Compro alguns instrumentos de percussão tradicionais do Brasil (inclusive o surdo, um bumbo portátil que um dia tocarei na música Biko de Peter. E, claro, uma piranha empalhada."
Esse livro do Transasom não conheço, mas deve ser bem legal. Lembro que gostava de assistir. Tinha uma entrada com uma música do Styx.
Acho que tinha uma entrada do Supertramp (Dreammer) também.
No início a cortina do programa era "Dreamer", que é a mais lembrada até hoje. O que eu imagino que tenha acontecido: Pedrinho iria lançar um LP do programa, mas não teve autorização para incluir "Dreamer". Então trocou para uma música do Styx e essa entrou no disco.
Interessante. Estamos bem de memória, Emílio. De boas memórias,kkkk.
Me faltou assistir o Show, antes do Genesis, do Rick Wakemann. Um amigo mais velho, que foi, comprou o album e a galera adorava ouvir. Mas duvido que deram tanto capricho à péssima acústica do Gigantinho. Lembro,tb, que o teto do Gigantinho foi coberto com um tipo de tecido pra evitar a reverberação. Nunca mais vi isso lá. Aliás, nenhum outro show que eu tenha ido ver depois teve a metade do equipamento de som e luzes, principalmente. Esses tempos vi um cara de São Paulo(músico eu acho) comentando sobre a quantidade de equipamentos, e que fizeram trabalho semelhante de acústica no ginásio onde o show foi realizado lá. Acho que foi no Ibirapuera.
Esse show foi fantástico: equipamento de som e luz de primeiro mundo! Lembro que fui com o meu primeiro carro , um Fusca 1961, e que ficou sem freios e quase bati o carro, sendo salvo pelo freio de mão! Lembro do pessoal escalando os canos das calhas de chuva para entrar sem ingresso e do sensacional show de laser. Conheci o Gênesis através do programa do Cascalho na Rádio Continental 1120 AM. Lembro deles com as camisas do Inter no bis...
Grato Emilio por postar !
Eu estava lá !!! O show de pandeiro nunca esqueci !!!!
Estava nesse show, primeira vez que senti o cheiro da maconha, acho que foi a primeira vez que me chapei!!!
Parabéns pela matéria. Era minha banda predileta. Vivênciamos tudo isso...Saudades
Eu estava lá também..
Não lembro o quanto durou o show, mas foi muito muito tempo pois saímos todos muito frustrados..
A verdade sobre a viagem da Banda a Gramado veio à tona décadas depois..
Saudades desta época..
Velho Gigantinho..Eternos problemas de acústica
Não li todos comentários, mas o que lembro, é que não se sabia se o Peter Gabriel viria. Fui na primeira noite(nem lembrava de uma segunda apresentação) e só percebemos que ele não estava, depois de começar. Era a grande estrela da banda, que depois mudou o rumo para o pop com Phill Collins assumindo o vocal principal. O laser que alguns comentaram, era apenas um canhão, que girava e fazia outros movimentos, que faziam desenhos no teto do gigantinho.
Paulo, desculpe, mas se a sua turma não sabia se Peter Gabriel viria, devia estar bem desinformada. O Genesis já estava em seu segundo LP sem ele, era amplamente sabido que ele não fazia mais parte da banda. Saiu na revista Pop e na Rock, a História e a Glória. Quanto ao laser, era bem isso que você descreve. Eu estranhei as verdadeiras louvações que li depois na revista Pop, como se fosse coisa de outro mundo. Foi um efeito legal, mas nada extraordinário. O RPM fez um uso bem mais criativo do laser em seu auge.
Aliás, se bem lembro, eram mais de um canhão, acho que três, mas com fachos bem lineares e comuns.
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