A importância de manter os padrões
Em meu primeiro semestre de Faculdade, eu era motorista novato. Ia de Fuquinha (como os gaúchos chamam ou chamavam o Fusca) pela Av. Ipiranga em direção à PUC/RS dirigindo com insegurança. Para facilitar, eu ficava sempre na pista do meio, inclusive na volta, o que provocava risos dos colegas que pegavam carona comigo.
Pois em uma das aulas, o professor Girardi, de Filosofia, quis fazer uma analogia. Confesso que não lembro exatamente o que ele queria demonstrar. Mas me recordo que ele começou dizendo: "Quando o motorista está dirigindo em seu carro, ele faz as mudanças sem pensar, de forma automatizada, pois já se acostumou com a sequência de procedimentos". Aquilo me chamou a atenção porque eu ainda não havia chegado naquele estágio. Eu mudava as marchas "pensando", consciente de que estava em primeira, passando para segunda e depois para terceira.
Mas, com o tempo, nos acostumamos a executar certas tarefas sempre dentro de determinados padrões. E isso é bom! É desejável! É, muitas vezes, uma questão de segurança e produtividade. Imaginem uma linha de montagem de uma fábrica em que, depois de anos com as ferramentas nos mesmos lugares, alguém resolvesse reposicionar a guilhotina. Seria desastroso! Ou se algum iluminado decidisse mudar a posição dos pedais num automóvel. Ou se, depois de tanto tempo usando o teclado padrão "qwerty" (eu me orgulho de digitar olhando diretamente para a tela), tivéssemos que aprender uma nova disposição das letras. Absurdo!
Pois é assim que eu me sinto quando encaro uma nova interface para o Word, por exemplo. Na versão anterior eu já sabia onde encontrar todos os recursos de que precisava. Ter que ficar procurando onde está a formatação de parágrafo, a configuração do revisor ortográfico, bordas, colunas, suplementos, é de enlouquecer! Nessa hora, sempre aparece algum chato para vir com aquele papo de resistência à mudança, não querer sair da "zona de conforto" e quetais. Ora! A mudança benéfica, que agrega valor, é sempre bem-vinda. O que eu rejeito é a mudança inútil, que só complica a nossa vida em vez de facilitá-la.
Ainda não mudou o lay-out do meu Facebook, mas já tem gente reclamando do novo visual. Dizendo que ficou pior, que não gostaram. Mas uma alteração eu já tive que enfrentar: a deste site aqui, o Blogger. Quando vou configurar o tamanho da letra, o "Grande" atual é maior do que o antigo! Se eu quiser manter a mesma fonte de sempre, tenho que editar o código HTML. A troca da tela de edição de modo "Escrever" para HTML agora é feita por um menu de cortina. Então tenho que aprender tudo de novo para continuar fazendo a mesma coisa. E tendo o dobro de trabalho para obter o mesmo resultado de antes.
Sou totalmente a favor da evolução, mas jamais da mudança inútil, que só nos obriga a reaprender tudo para, no final, não ter nenhum benefício. É o que está acontecendo no Blogger e também no Facebook. E já ocorre há bastante tempo em todos os produtos da Microsoft. Não deveria ser assim. Os padrões existem para facilitar e agilizar nossas vidas, além de assegurar produtividade, segurança e - por que não? - conforto.
P.S.: Alguma correção deve ter sido feita e, agora, a fonte "Grande" fica do mesmo tamanho de antes. Melhor assim.
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