terça-feira, julho 28, 2020

Renato Barros

Ouvi Renato e Seus Blue Caps pela primeira vez aos 5 anos. A música era "O Escândalo" ("um capeta em forma de guri"), que eu já conhecia na versão original de Shawn Elliott. No lado B do compacto estava "Preciso Ser Feliz". Certa vez, alguém me convenceu de que meus irmãos, que trabalhavam em rádio e TV, poderiam fazer chegar uma carta minha até Renato e Seus Blue Caps. Lembro que a escrevi (eu já era alfabetizado) numa página do receituário de minha mãe, que era dentista. Não conhecia o nome de todos, mas perguntei para minha irmã e ela inventou os que não sabia. O recado que eu mandava para cada um era o mesmo: que cortasse o cabelo! Claro que essa inusitada missiva jamais foi encaminhada.

Depois, fiquei um tempo desinteressado de música, até que voltei com toda a força aos 11 anos. E nesse retorno à paixão de infância, imediatamente redescobri Renato e Seus Blue Caps. Comprei todos os LPs de 1965 a 1973. Em 74 eu comecei a ouvir David Bowie e Pink Floyd e tive uma fase de rejeição à Jovem Guarda. Mas quando o grupo se apresentou em Porto Alegre em 1986, no saudoso Le Club, fui vê-los e a idolatria retornou com força total. Tratei de conseguir os discos que ainda não tinha e voltei a acompanhar o trabalho deles.

Em 1997 eu era colaborador do International Magazine. O editor, Marcelo Fróes, me avisou que iria entrevistar Renato Barros e questionou se eu queria colaborar com perguntas. Parte da matéria pode ser lida aqui. Em 2005, Marcelo produziu uma caixa com todos os álbuns originais de Renato para a CBS relançados em CD. Eu tive a honra de ser citado na seção de agradecimentos do relançamento e escrevi um comentário sobre o material para o IM (está aqui). No dia 8 de setembro de 2006, teve show de Renato e Seus Blue Caps e Golden Boys no Teatro do Sesi, em Porto Alegre. Conversei rapidamente com Renato no camarim e tirei com ele a foto que aparece acima. Por fim, redigi a biografia do grupo em duas páginas para a Poeira Zine, em 2009.

Renato havia passado por um procedimento de dissecação da aorta, mas não resistiu. Faleceu hoje. Não te esqueceremos, Renato Barros.

1 Comments:

Blogger José Elesbán said...

É. Grande perda!

7:37 PM  

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