segunda-feira, junho 03, 2019

Rocketman: uma realidade que virou fantasia

Como ávido leitor de biografias, o primeiro elemento que observo em qualquer filme sobre fatos reais é a fidedignidade. Isso, claro, nos casos em que já possuo conhecimento prévio sobre o tema. Não vejo sentido em reinventar a história de um personagem em nome do bom cinema. Gosto de relatos fiéis, encenações realistas e diálogos e acontecimentos bem pesquisados. 

"Rocketman" anuncia-se como uma cinebiografia de Elton John, mas está mais para um musical. Em alguns trechos, as letras de Bernie Taupin foram levemente adaptadas para corresponder ao objetivo das respectivas cenas. E, assim como em "Bohemian Rhapsody", sobre Freddie Mercury, o roteiro é apenas inspirado na vida de Elton, recorrendo a diversas licenças poéticas. Por exemplo, na parte em que o músico mostra suas canções no escritório de Dick James, ele apresenta algumas composições que só seriam criadas mais de dez anos depois. Tampouco "Crocodile Rock" já existia quando Elton fez seu primeiro show nos Estados Unidos. 

De resto, as cenas estão bem montadas, dentro da tradicional estética de videoclipe. Taron Egerton tem um ótimo desempenho no papel principal, embora sua fisionomia me lembre mais a do parceiro Bernie Taupin. Vá ver o filme, divirta-se, cante junto se os espectadores das cadeiras ao lado não reclamarem, mas se quiser realmente conhecer a história de Elton John, procure uma boa biografia. No Brasil, foi publicada a escrita por David Buckley, que é satisfatória. Mas, para quem puder ler em inglês, a melhor de todas é "Sir Elton", de Philip Norman, que acaba de ser relançada em edição atualizada, incluindo uma versão em audiobook.