terça-feira, maio 07, 2019

Paul Stanley conselheiro

Em seu segundo livro "Backstage Pass", lançado no dia 30 de abril, Paul Stanley, entre outras coisas, diz desconfiar de publicações de autoajuda. Isso é curioso, pois o guitarrista do Kiss parece estar seguindo os passos de seu colega Gene Simmons, que começou com uma autobiografia no formato tradicional, depois pôs-se a escrever obras de aconselhamento. A diferença é que Gene foca no lado profissional, enquanto Paul dá lições mais genéricas de vida e felicidade. Vejam os títulos de alguns capítulos: "Deixe o passado no passado", "Cada história de sucesso começa sabendo-se a diferença entre um sonho e uma fantasia", "A única regra deve ser: nenhuma regra", "Suas próprias ações, seu próprio resultado", "Escolher suas próprias batalhas significa vencer mais vezes". Se isso não é autoajuda, então o que é?

Mas não se enganem: para fãs do músico, o livro é interessantíssimo. Entre suas opiniões sobre como agir para ter realização e sucesso, Paul faz algumas observações sobre o Kiss e música em geral. Desta vez ele cita outros grupos para elogiar e não apenas para compará-los desfavoravelmente com o Kiss, como já fez tantas vezes. Ele se diz fã dos Byrds e, talvez para justificar as mudanças do Kiss, defende o direito dos Eagles e do Yes de se apresentarem com novos integrantes. Relembra as dificuldades de voltar a trabalhar com Ace Frehley e Peter Criss quando o Kiss retomou sua formação original em 1996. De Ace ele fala com respeito, em especial sobre o reencontro que tiveram em 2016 (Paul cantou em uma faixa do álbum Origins Vol. 1, de Ace). Mas Peter não é poupado: "Não acho que Peter tenha uma vida. Ele parece consumido por um tipo de realidade que a esposa dele lhe diz. Ele sempre foi negativo e manteve uma atitude do tipo nós contra eles." Assim começa um longo parágrafo de desabafo contra o baterista. 

Talvez para compensar as farpas do livro anterior, "Backstage Pass" encerra com um "Adendo" que é uma verdadeira declaração de amor fraterno a Gene Simmons, citando os momentos difíceis em que o baixista esteve presente para Paul. Desta vez o guitarrista não narrou seu próprio audiobook, como fez em 2014 com "A Life Exposed". Aquele tinha 12 horas de gravação que o músico encarou bravamente. Neste são só quatro horas e meia, mas quem fez a leitura foi Sean Pratt, com um timbre e dicção muito semelhantes aos do autor. Por momentos eu esquecia que a voz não era dele, Paul, mas de um narrador profissional. Na edição impressa, entre outras imagens, aparecem duas fotos inéditas dos primórdios do Kiss.