O assédio de famosos
Já li muitas biografias de celebridades. No caso de homens, observa-se um padrão: a facilidade com que conseguem mulheres. Tanto para uma transa descompromissada como para relacionamento sério. O que não significa que não levem foras ou não sofram rejeições. Phil Collins, por exemplo, estava curtindo uma fossa em um local chamado Rainbow Room, em Los Angeles, logo após o divórcio de sua primeira esposa. Em certo momento, ergueu os braços para trás e uma moça agarrou suas mãos. Ela viria a se tornar sua segunda mulher. Eu acho que posso erguer meus braços à vontade, que nenhuma beldade irá aparecer!
O fato é que homens famosos, em especial os atraentes, vivem uma realidade diferente daquela a que nós, simples mortais, estamos acostumados. O jogo de sedução a que eles habitualmente recorrem tem outras regras.
Em 1997, o ex-assessor do Kiss, Chris Lendt, escreveu um livro interessantíssimo chamado "Kiss and Sell". O dia em que alguém publicar no Brasil uma tradução do capítulo sobre a primeira turnê brasileira do grupo, em 1983, cairá como uma bomba por aqui. Mas o que quero citar agora é outra passagem, em que o autor comenta a relação do grupo com as fãs.
"Como Paul Stanley me explicou, a maioria dessas garotas provavelmente tinham namorados na cidade que teriam que dedicar meses – talvez anos – e gastar centenas de dólares em encontros e presentes para fazer com que elas dissessem sim ao sexo. Com o Kiss, bastava uma noite e um ingresso grátis para um show." Mais adiante, Lendt conclui: "Não era difícil entender tudo isso. Para muitas das garotas, [membros do] Kiss eram superastros de outra galáxia, muito além da vida sem graça e do ritmo apático da Cidade Anônima dos Estados Unidos. Por que elas iriam desperdiçar a chance única de fazer sexo com alguém famoso e criar uma lembrança que duraria para sempre, uma espécie de contato com a imortalidade?"
Enfim, mesmo quem não devora biografias de homens famosos deve imaginar a quantidade de mulheres que muitos deles já levaram para a cama. E como iniciou cada uma dessas conquistas? Com alguma forma de assédio. A maneira exata com que cada um faz a abordagem é algo que eu realmente desconheço. Mas a verdade é que esses artistas se habituam com facilidades. Ficam mal acostumados. Quando encontram alguém que impõe limites, aí é que a situação complica. E o que para eles sempre foi um ritual tranquilo e rotineiro pode acabar se transformando em processo.
O x da questão seria o sedutor irresistível conseguir diferenciar entre uma recusa tática e um não inequívoco. Uma certa insistência faz parte do jogo, mas pode haver casos em que a mulher não quer ceder, mesmo para um homem famoso e cobiçado. O problema é se ele vai entender isso. Quem sempre se deu bem pode não saber o momento de desistir. Por outro lado, existem também os falsos sinais. Se você convidasse uma mulher para subir ao seu quarto de hotel e ela aceitasse, você acharia que ela só quereria conversar como dois amiguinhos? Ela não teria obrigação nenhuma de transar com você, mas a expectativa, com certeza, seria criada. O que não justificaria uma relação sexual forçada, que foi a acusação feita ao jogador português Cristiano Ronaldo.
Ninguém está acima da lei. Quem incorre em crime de assédio ou estupro deve responder por seus atos. Inclusive os que vivem num mundo à parte, cercados de tietes e groupies que lhes fazem perder a noção de limite, de certo e errado. E nem entrei na questão das menores de idade, meninas com corpo de mulher que tanta encrenca já causaram a seus ídolos. Casos como o de Mayer devem servir de lição para que os artistas sejam mais cautelosos em suas investidas. Até para, conforme o caso, não cair em armadilhas. E toda a força às mulheres que tentaram dizer não e se sentiram desrespeitadas.
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