sexta-feira, setembro 29, 2017
O mês não pode terminar sem que eu faça um registro do show de The Who na terça-feira, dia 26. Às vezes lembro da escassez de artistas estrangeiros que vinham a Porto Alegre (ou mesmo ao Brasil) nos anos 70 e parte dos 80. Cada um deles era sorvido até a última gota pelo público e pela imprensa, de Rick Wakeman a Billy Paul, de Genesis a Liverpool Express. Mas os tempos mudaram para melhor e agora já podemos dizer que tivemos Paul McCartney (que voltará em outubro), Rolling Stones e The Who entre nós - a nata da nata do rock inglês! Como se não bastasse, estamos recebendo astros em dobro na mesma noite. Def Leppard abriu para The Who e, da segunda vez em que veio Elton John, ganhamos também James Taylor. Qual será o próximo passo? Os músicos tocando em nossas casas? Eu diria que, quando os lendários Deep Purple e Yes se apresentaram para 1.500 pessoas espremidas no Opinião, chegamos perto disso.
Quem foi ao Anfiteatro Beira-Rio estava lá para ver The Who. Mesmo assim, todos ficaram positivamente impressionados com a performance do Def Leppard, de cerca de uma hora. No radinho do carro, as músicas deles podem soar como rock farofa (que eu adoro de qualquer forma), em especial em baladas como "Love Bites", que foi gravada em português pelo grupo brasileiro Yahoo ("Mordida de Amor"). Só que, na imensidão do estádio, elas ganham dimensão do melhor heavy metal, para roqueiro nenhum colocar defeito. Mas sempre com aqueles refrões ganchudos e bem harmonizados que são marca registrada da banda. O vocalista Joe Elliott segue em forma, com ótima presença de palco, e o baterista Rick Allen, se me perdoam o surrado clichê, é um exemplo de superação, tocando com um braço só desde seu acidente no final de 1984.
The Who já perdeu dois integrantes originais: o baterista Keith Moon em 1978 e o baixista John Entwistle em 2002, ambos falecidos. Permanecem o guitarrista, compositor e gênio musical Pete Townshend e o vocalista Roger Daltrey, que ganhou uma vitrine especialíssima em 1975 ao viver o papel principal no filme "Tommy", adaptado da ópera rock homônima do grupo. Como curiosidade, a banda de apoio inclui na guitarra Simon Townshend, irmão de Pete que já teve carreira-solo, e Zak Starkey, que não é outro senão o filho mais velho do ex-Beatle Ringo Starr, seguindo os passos do pai na bateria.
Para quem, como eu, possui praticamente todos os vídeos oficiais de The Who em DVD e Blu-ray, o show não teve surpresas. Foi exatamente a maravilha que eu esperava. Todos os clássicos do repertório executados com maestria: "I Can't Explain", "The Kids are Alright", "I Can See for Miles", "My Generation", "Behind Blue Eyes", "Pinball Wizard", "Baba O' Riley", "Won't Get Fooled Again" e "Substitute", entre outros. Brian Kehew, da equipe do grupo, escreveu um bonito texto sobre o show de Porto Alegre que pode ser lido (em inglês) aqui. Este trecho merece ser transcrito (com tradução minha):
"Houve poucos shows que vi tão fortes quanto este desde que me juntei à equipe em 2002: lembramos com carinho de uma apresentação particular no Orpheum Theater em Los Angeles que pode ter sido uma das melhores de The Who em qualquer década. Palácio de Desportes em Madri, em 2006, também foi excepcional. E esta noite foi tão boa quanto, com certeza uma das cinco melhores do Who da era atual."
Interessante esse depoimento porque, para nós, sem parâmetro de comparação, ficou apenas a impressão de um grande show de The Who, como se imagina que todos sejam. A Pista Premium não chegou a lotar, de forma que, com paciência, era possível aproximar-se do palco. O público parecia conhecer todas as músicas, cantando junto em refrões e trechos marcantes. De vez enquando, ouvia-se o que sooava como "u u u", mas era na verdade "Who Who Who". Deixo a vocês um "compacto" de 18 minutos do show, gravado e editado por mim:
1 Comments:
O melhor show de rock que já presenciei. Continuam impressionantes ao vivo. Sem sombra de dúvida uma das maiores bandas da História.
Postar um comentário
<< Home