Lembranças da Amazon
Como a empresa iniciou somente com livros, sua maior concorrente nos Estados Unidos era a rede de livrarias Barnes and Nobles. Mas o autor não cita a Abebooks, que até hoje congrega sebos de todo o mundo (mais ou menos como a Estante Virtual, no Brasil). No início, a Amazon apenas aceitava encomendas para livros fora de catálogo e os procurava para o cliente. Quando encontrava, informava o preço. Se fosse aceito, a venda era concretizada. Do contrário, seguia a busca, até que surgisse um exemplar com valor que o comprador em potencial considerasse aceitável. Ao passar a trabalhar com a opção "Marketplace", a Amazon equiparou-se à Abebooks, listando ofertas de outras livrarias.
O mais decepcionante é constatar que a companhia usa de métodos inescrupulosos para pressionar outras partes a aceitar suas condições. Se uma editora reluta em ceder aos termos que o site tenta impor, os livros por ela editados são removidos das recomendações que a página exibe. Também nas aquisições, a Amazon mais de uma vez passou a vender produtos com prejuízo para forçar concorrentes a concordar com a venda. Foi assim com a Zappos (especializada em calçados) e Quidsi (fraldas). No caso da segunda, Bezos chegou a fazer ameaças quando soube que a Walmart também estava interessada no negócio. Segundo o livro, os executivos da Quidsi optaram pela Amazon "por medo".
Diante dessas revelações, não é surpresa saber que Jeff Bezos é um chefe exigente, intolerante e às vezes cruel com seus subordinados. Em certo ponto o livro apresenta uma coletânea de frases demolidoras que seus empregados tiveram que escutar em instantes diversos, como "você é preguiçoso ou apenas incompetente?" ou "se eu ouvir essa ideia de novo, vou ter que me matar".
O que é curioso, isto sim, é que este livro esteja sendo vendido no próprio site da Amazon em suas três versões: impressa, e-book e audiobook. Com certeza Bezos tem suas qualidades, ou não teria criado um empreendimento de sucesso. Entre elas talvez esteja a tolerância a livros com os quais não concordaria. Ou quem sabe é a velha máxima de que não existe publicidade ruim.
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