quinta-feira, junho 22, 2017

Paulo Brody

Acabo de saber pelo Facebook da esposa dele, a atriz e diretora de teatro Jaqueline Pinzon, que faleceu meu grande amigo Paulo Brody. Paulo foi meu primeiro "amigo musical", por assim dizer. Tínhamos em comum também o gosto por aprender inglês e ler histórias em quadrinhos. Se quisesse, Paulo poderia ter sido tradutor (professor de inglês ele até foi) ou crítico de música. Conhecimento não lhe faltava e escrevia muito bem. Mas preferiu o teatro. Havia algum tempo que não nos falávamos, mas eu estava com saudade dele e queria muito conversar com ele sobre os acontecimentos recentes na política. Ele me conheceu quando eu era ainda alienado e isso criava um desnível no começo, pois eventualmente ele queria falar sobre assuntos que não me interessavam. Lembro, por exemplo, da indignação dele quando o Presidente Figueiredo criou o voto vinculado. Mas depois eu consegui "alcançá-lo" pelo menos um pouquinho. Nosso amigo comum Rogério Ratner o considerava "um gênio". Nunca vou esquecer a festa de aniversário que Paulo e sua esposa fizeram para mim num momento complicado da minha vida. Triste perda. Ele era mais jovem do que eu. A foto acima é de 2006.

P.S.: Cliquem aqui para ler todas as postagens em que eu já tinha citado o Paulo aqui no Blog.

7 Comments:

Blogger Unknown said...

Lembro do Paulo quando foi fazer uma paixão de Cristo anarquista, nas dunas da Lagoa da Conceição, em 1984, com vinte anos. Lá pelas tantas, ele inventou de fazer alguma citação casual de Hobbes enquanto a emissora de TV estava por lá. O organizador do evento, Wilson Rio Apa, gostou e falou para ele dizer aquilo na entrevista. Depois de tudo concluído, ele me falou: "Eu nunca imaginei na vida que iria ser entrevistado sobre Hobbes para uma TV catarinense!".

10:17 AM  
Blogger Emilio Pacheco said...

Se alguém me perguntasse sobre Hobbes eu talvez respondesse: "Não gosto de usar, prefiro me vestir logo ou ficar de pijama".

7:34 PM  
Blogger Emilio Pacheco said...

Depois eu diria: "Ah, agora entendi, você quer saber os meus HOBBIES! Gosto muito de ler e ouvir música!" A verdade é que o Paulo sempre teve uma cultura imensa, já desde que o conheci. Ele tinha 15 anos e eu, 18.

4:10 AM  
Anonymous Anônimo said...

Prezado Emilio,

Somente hoje, quatro meses depois, fiquei sabendo da triste notícia do falecimento do Paulo, por comunicação feita pela Jacqueline. Como estou radicado no Rio há algum tempo, não mantinha contato freqüente com ele. Porém, foi um grande amigo, que conheci enquanto lecionávamos no Cultural, nos anos 90. Éramos colegas e nos aproximamos pela visão política de mundo que tínhamos. Depois, cada um tomou o seu caminho, mas a amizade permaneceu.

Enquanto estava no Doutorado em Letras, na UFRGS, aproximamo-nos novamente (período 2003-2007), desta feita no mundo da literatura. Explico o porquê: uma das coisas que eu sempre percebi no Paulo (todos percebíamos facilmente, na verdade) foi a excepcionalidade intelectual. E ele sabia disso, pois jamais deixei de expressar a ele minha estupefação com o quanto ele conhecia. Assim, nas conversas que tivemos, no início da década passada, de certa maneira, convenci-o a fazer o mestrado em literatura na UFRGS. Um intelecto daqueles não podia passar batido pela academia gaúcha, pensava eu. Tenho a honra de, em sua dissertação, receber agradecimento pelo pouco que fiz (caso atípico, no qual quem sabe mais agradece a quem sabe menos... Em um ano de estudos de teoria literária, o Paulo já viajava em um mundo muito mais completo do que o meu). Foi um grande sujeito. Fará falta.

P.S.: Talvez você se lembre de mim. Certa feita, faz cerca de dez anos, comemoramos um aniversário do Paulo em um bar/restaurante do Bom Fim, com nossas respectivas.

Parabéns pelo blog.

Um abraço,
Vinicius Duarte Figueira
viniciusfigueira.com

8:12 PM  
Blogger Emilio Pacheco said...

Vinicius, acho que lembro de ti, sim. Foi numa "brusqueteria", não foi? Em 2009. Aquele meu namoro já estava em reta final, não durou muito depois daquele encontro, por isso lembro bem do ano. O Paulo era realmente um gênio. Ele tinha 15 anos quando eu o conheci e já dispunha de uma invejável cultura sobre a História e a política do Brasil. Eu levei anos para correr atrás do prejuízo e passar a ter mais esse interesse em comum com ele, além de inglês, música e histórias em quadrinhos. Por isso sinto tanta falta dele agora. Queria poder trocar ideias com ele sobre os (lamentáveis) acontecimentos recentes da politica. Hoje já passou, mas sabe que, na minha juventude, eu sonhava em dar aula no Cultural. Eu me candidatei com 19 anos, aparentemente passei no teste, mas fui recusado por não estar cursando Letras. Fiquei bem chateado, na época. Soube de outros excelentes candidatos que foram recusados pelo mesmo motivo, então essa devia ser a política daquele momento. O Paulo me disse depois que o fato de ele ter morado um tempo no exterior pesou a favor dele. Nunca vou esquecer uma festa de aniversário que o Paulo e a Jaque fizeram para mim num momento complicado da minha vida. Realmente é uma grande perda em todos os sentidos. Obrigado por visitar meu blog.

8:26 PM  
Anonymous Anônimo said...

Sim, foi nessa "brusqueteria" mesmo. Bem lembrado. Estou lendo outros artigos seus em que o Paulo é citado... Impressionante o seu relato de ele, com 15 anos, já ter invejável cultura em História do Brasil. Ele era, de fato, fora do comum.


Estamos consternados aqui em casa hoje. Imagina que eu havia mandado um convite de aniversário, da minha filhinha, para ele. A Jacqueline teve a delicadeza de deixar o aniversário passar, para só então me avisar do falecimento do amigo.

Não sei se o Cultural tinha a política de contratar somente pessoal de Letras na época em que você tentou. Creio que tenha pesado o fator idade, já que você só tinha 19 anos...

Muito obrigado por ter respondido prontamente a meu comentário. Há muitas coisas interessantes aqui no seu sítio. Vou ler com calma.

9:04 PM  
Blogger Emilio Pacheco said...

Eu soube de outros candidatos que foram rejeitados pelo mesmo motivo, mas a pouca idade pode ter pesado, sim, principalmente porque eu tinha 19 anos, mas cara de 15... Deixei crescer a barba aos 24 anos para tentar diminuir um pouco essa defasagem entre a idade real e aparente. Hoje, com cabelo e barba branca, posso aparentar até mais do que a minha idade. Sabe lá...

9:09 PM  

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