quarta-feira, setembro 23, 2015

O novo Queen em Porto Alegre

Em meu comentário "pré-show" aqui no Blog, escrevi que não via problema nenhum em Brian May e Roger Taylor excursionarem como Queen com um novo cantor. Freddie Mercury faleceu em 1991, logo, não é pela vontade dos integrantes que ele não está mais na banda. Brian e Roger são dois músicos fantásticos e também cantam. O Queen tem uma obra maravilhosa que merece ser divulgada. Por que não continuar tocando? E assim também, foi a primeira chance do público de Porto Alegre de conferir de perto o desempenho desses caras, na noite de segunda-feira, no Gigantinho. Eu disse que, se me dessem um bom show de rock, eu ficaria feliz. E fiquei.
Adam Lambert não tem a "pegada roqueira" de Freddie ou mesmo de Paul Rodgers, que foi o substituto anterior no vocal do Queen. Nesse quesito ele é tão deficiente quanto George Michael, que muitos apontam como o cantor ideal para o grupo desde que interpretou "Somebody to Love" no Tributo a Freddie Mercury em 1992. Mas a vantagem do novo vocalista sobre o ex-integrante do Wham! é a potência de voz, aquele gogó típico dos concorrentes do "American Idol" (onde ele se lançou) e "The Voice". Se lhe falta agressividade para fazer jus a rocks como "One Vision", "Tie Your Mother Down", "I Want It All" e "We Will Rock You", todos apresentados no show, isso é compensado pela energia e vitalidade que ele demonstra, além do carisma. A contrário de Freddie, que escondeu sua condição de gay por toda a carreira, Adam assume a androginia como marca registrada de sua imagem. A encenação que ele faz com um leque durante "Killer Queen" é impagável!
Não assisti à apresentação do grupo no Rock in Rio pela TV, nem consultei vídeos ou set lists na Internet, pois queria ser surpreendido. E uma das novidades foi o fato de Roger Taylor não estar mais fazendo solo em sua composição "Radio Ga Ga". A gravação original era cantada por Freddie Mercury, mas o próprio autor havia assumido o vocal nos shows com Paul Rodgers. Na formação atual, a tarefa ficou mesmo com Adam Lambert. Mas Roger sai da bateria para cantar "These Are The Days of Our Lives" e faz a parte de David Bowie no dueto com Adam em "Under Pressure". Um momento interessante foi o "duelo de bateristas" que Roger executou com seu filho Rufus Tiger Taylor, este no palco e o pai na passarela que trespassava a área de pista livre do público.
O guitarrista Brian May também usou a passarela algumas vezes, chegando até sua extremidade para cantar "Love of My Life". Na segunda parte da música, ouviu-se a voz de Freddie Mercury, com sua imagem aparecendo no telão. Esse recurso foi usado novamente em um trecho de "Bohemian Rhapsody". As homenagens ao cantor original do grupo não pararam por aí. Antes de interpretar "Crazy Little Thing Called Love", Adam perguntou à plateia quem gostava de Freddie e fez uma carinhosa menção ao lendário artista que estava substituindo. Houve ainda um momento em que surgiu no telão o rosto do baixista John Deacon, que não quis participar das novas encarnações do Queen, e o público o ovacionou rapidamente.
Além do já citado Rufus Tiger Taylor, os outros músicos convidados foram o baixista Neil Fairclough, que teve um breve instante para solar seu instrumento, e o tecladista Spike Edney, de presença discreta. Assim como Paul Rodgers pôde incluir músicas do seu repertório nas apresentações com o Queen, também Adam Lambert cantou a sua "Ghost Town", porém num arranjo diferente e pesado, com Brian May arrasando nos acordes. Outra surpresa foi a instrumental "Last Horizon", da carreira solo de Brian, emendando num longo solo de guitarra.
O Gigantinho estava cheio e o público parece ter gostado muito do que viu e ouviu. Infelizmente, não posso deixar de observar a péssima acústica, problema que assola a maioria dos espaços para grandes shows em Porto Alegre. Assim como Dream Theater no Pepsi on Stage, Queen no ginásio do Inter teve o seu som pesado bastante distorcido. Mas valeu. Meu voto continua sendo a favor do prosseguimento do grupo, seja com Adam Lambert ou outro cantor que Brian May e Roger Taylor venham a escolher. Sinto-me privilegiado de ter visto de perto um de meus dois guitarristas preferidos. Se Deus quiser, no final do ano verei o outro: David Gilmour.

1 Comments:

Blogger Cris Carriconde said...

Muito bom o teu relato, Emílio. Fiquei com raiva do meu vacilo.

9:30 PM  

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