Do estéreo ao 5.1
Em geral é assim: quando temos contato com algum recurso novo, queremos vivenciá-lo em sua totalidade. Eu lembro quando, na infância, ouvi meus primeiros discos em estéreo. Os que eu mais curtia eram aqueles que tinham uma divisão exagerada de sons, porque aí eu sentia exatamente o que era a estereofonia. Eu adorava ouvir a gravação de "Yellow Submarine", dos Beatles. Hoje percebo que aquela mixagem é bastante amadorística, tanto que foi refeita para o relançamento do desenho animado "Submarino Amarelo" e para o CD "Yellow Submarine Songtrack".
Quem assiste a um filme em terceira dimensão pela primeira vez espera ver objetos saltando da tela, aproximando-se, ou então imagens com vários planos, em profundidade. Nos primórdios da TV a cores no Brasil eu adorava o desenho animado "Josie e as Gatinhas" porque as imagens eram verdadeiros arco-íris. Certa vez uma conhecida jornalista afirmou não gostar de ver filmes em 3-D. Não tenho problemas com isso. São apenas aproximações da realidade. Se vivemos num mundo que é sonoro, a cores e em terceira dimensão, é normal que o cinema tente chegar o mais perto possível dessas características. Num primeiro momento, usa-se e abusa-se desses recursos, pela novidade. Depois, eles passam a fazer parte normal do entretenimento, sem exageros.
Com o tempo, aprendi a desfrutar do som estéreo como deve ser, com os instrumentos bem distribuídos entre os dois canais e sem me preocupar em identificar a posição de cada um. Mas, em gravações 5.1, ainda estou na fase que querer ouvir os sons com localização bem definida entre os cinco canais. Nesse quesito, os melhores álbuns são os de Mike Oldfield. Tubular Bells, Hergest Ridge, Ommadawn, Five Miles Out e Crises, todos esses são excelentes para demonstração de "surround". Ainda mais considerando a diversidade de instrumentos que o músico utiliza. Até no canal do meio, normalmente reservado para voz, surgem sons inesperados.
Pode ser que um dia eu passe a ouvir mixagens 5.1 com o mesmo desprendimento com que hoje escuto gravações em estéreo, apenas deixando me envolver pela música sem atentar para a separação de canais. Mas, por enquanto, estou como criança que descobriu um brinquedo novo sempre que ouço um DVD ou Blu-ray em surround.
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