terça-feira, julho 21, 2015

O novo Yes

O show tem que continuar, diz o surrado clichê. Enquanto Chris Squire vivia, não podia haver Yes sem ele na formação. Ele era o dono da marca. Tanto que em 1988 surgiu um quarteto chamado Anderson Bruford Wakeman Howe, que nada mais era do que o Yes com outro nome e o baixista Tony Levin participando como convidado. Mas, com o falecimento de Chris, o Yes já anuncia uma turnê na América do Norte com Billy Sherwood no baixo. Billy já havia tocado com o grupo antes, como guitarrista, inclusive no show de Porto Alegre em maio de 1998, no Opinião. Lembro bem dele, sorrindo bastante, visivelmente feliz de estar na banda. Pois agora ele assume uma posição de extrema responsabilidade. A cobrança será imensa.

Como bem observou um fã, hoje o Yes não tem mais nenhum membro original no time. Se já era difícil para os velhos seguidores aceitar outro cantor que não Jon Anderson, desta vez a rejeição será ainda maior. O guitarrista Steve Howe e o baterista Alan White até podem ser considerados "fundadores honorários", pois pertenceram à formação clássica ao lado de Rick Wakeman nos anos 70. Mas o atual tecladista Geoffrey Downes está longe de ser uma unanimidade. Ele formava os Buggles em 1979 com o vocalista Trevor Horn quando os dois foram convidados a entrar para o Yes. Esse híbrido Yes-Buggles lançou um álbum em 1980 chamado Drama. Depois o grupo se desfez. Horn tornou-se um produtor de destaque, inclusive trabalhando com o Yes em 1983 em 90125 (aquele do "Owner of a Lonely Heart"). Downes teve uma longa trajetória com o Asia. Quando Trevor Horn foi chamado para, mais uma vez, produzir o Yes em 2010, decidiu resgatar as composições inéditas que criara com o grupo ainda em 1980. Aí seu velho parceiro Downes acabou voltando para os teclados. E ficando.

Quanto ao vocalista, diria que Jon Davison é um substituto à altura de seu xará Jon Anderson. O anterior, Benoit David, era ótimo, mas sem a mesma personalidade. Sou da opinião de que a melhor saída para uma banda que precisa de um novo cantor não é encontrar um xerox do substituído, mas alguém que consiga interpretar as músicas clássicas do repertório com estilo próprio, sem descaracterizá-las. Bons exemplos disso seriam Phil Collins no Genesis e Greg Lake no Asia (na turnê "Asia in Asia", lançada em VHS e laserdisc mas ainda inédita em DVD). Eu até gostei do Yes com Trevor Horn. Era outro padrão de voz, mas interessante. Bandas lendárias têm um nome a zelar e costumam ser exigentes na seleção de novos membros. Sempre acho curioso observar como um integrante recém chegado altera a química musical.

Como se vê no cartaz, o Yes fará shows juntamente com Toto. Isso pode não ter sido uma boa ideia. Yes é progressivo e Toto faz um pop esmerado, mas são públicos diferentes. Enquanto isso, eu me pergunto se o vocalista Jon Anderson e o tecladista Rick Wakeman não pensarão no caso de também montar uma turnê. O guitarrista Trevor Rabin poderia participar. O baterista Bill Bruford já se aposentou.
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Mudando de assunto: não entendo essa repercussão toda pela declaração da ex-esposa de Paul McCartney, Heather Mills, de que o músico não sabe ler partituras. Nunca foi segredo. Nenhum dos Beatles tinha esse conhecimento, nem veio a adquirir. Não passa de uma "novidade requentada", como tantas que aparecem, às vezes.