sexta-feira, fevereiro 07, 2014

Nico Nicolaiéwsky

Na noite de 7 de novembro do ano passado, avistei Nico Nicolaiéwsky e Sílvio Marques chegando juntos ao Teatro do Bourbon Country para assistir ao show dos Discocuecas. Como os dois eram os "Lennon e McCartney" do Saracura, fiquei feliz de vê-los de novo lado a lado e resolvi fotografá-los espontaneamente, mesmo, sem avisar. Eu poderia ter falado com eles, pois conhecia a ambos e eles provavelmente lembrariam de mim. De qualquer forma, percebi que a anunciada volta do Saracura estava mesmo em andamento.
Pois agora, na volta de minha viagem a São Paulo, sou surpreendido pela péssima notícia de que Nico faleceu. Eu sabia que ele lutava contra uma leucemia, mas não imaginava que seria tão fulminante. Observem que faz exatos três meses que eu o fotografei. Ele não parecia bem? Magro ele sempre foi. Hoje à tarde, o pessoal do programa de rádio Pretinho Básico fez uma homenagem a ele, mas só falou praticamente no Tangos e Tragédias. Pois o trabalho como humorista em dupla com Hique Gomez era o que menos me agradava na obra dele. Eu curtia mesmo os velhos tempos do Saracura e também guardo uma recordação marcante do sensacional show "Poeta Analfabeto", de 1986.

Em novembro de 2005 (casualmente no dia 7, mas só agora verifiquei mais essa coincidência), publiquei aqui no Blog um texto intitulado "A ciranda do Saracura". Algum tempo depois, Nico, Sílvio e o letrista Orlando Santos do Nascimento postaram comentários (que não estão mais lá, pois foram excluídos com a desativação do Haloscan). O de Nico, em especial, me deixou bastante envaidecido:

Oi, Emílio. Fiquei impressionado com a verdade de toda a estorinha que tu contaste, coisa rara em textos de jornalismo...

Em seguida, ele me deixou o e-mail dele e acabamos fazendo contato. Primeiro, conversamos por telefone. Nessa ocasião, lembrei de um show que ele fizera em 1996 onde cantara o hino do Instituto de Educação, curtindo com o fato de que o primeiro verso diz: "Juntas cantemos..." Isso porque o colégio era originalmente só para mulheres, passando a ser misto no primário. A letra poderia ter sido alterada. Afinal, se até o "peito varonil" do Hino à Bandeira virou "juvenil", por que não trocar para um "juntos" no começo? Mas a tradição foi mantida e nós, meninos e meninas, cantávamos todos "juntas" (sic). Eu não sabia que Nico também havia frequentado o antigo Anexo ao IE, na Avenida José Bonifácio. Tomei conhecimento disso nessa apresentação. Vai daí que, em nosso papo, tentamos encontrar referências comuns do tempo da escola. 

Alguns dias mais tarde, estive na casa dele. Fiquei impressionado com a simplicidade da sala, com visual clean e um pequeno e discreto piano no canto. Como não sou de ficar no pé de meus ídolos sem um bom motivo, fiz contato com ele uma vez só depois disso. Eu não conseguia encontrar o CD "Onde Está o Amor", então enviei um e-mail perguntando onde poderia comprá-lo. Ele respondeu indicando uma loja. E não nos falamos mais.

Todos nós iremos um dia, mas Nico não deveria partir agora. Ele ainda tinha muito por fazer. O que me frustra é pensar que muitos o lembrarão somente por "Tangos e Tragédias". Foi seu maior sucesso, sem dúvida. Mas em minhas memórias estará sempre a cara impagável que ele fazia ao piano nos tempos do Saracura. Um humor mais sutil, nas entrelinhas. E ótimas músicas. Muita força para a esposa Márcia do Canto (ex-piodozense, como eu) e toda a família.

1 Comments:

Anonymous Richard said...

Concordo, foi muito cedo. Parabéns pelo blog!

12:17 AM  

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