Bootleg Beatles em Porto Alegre
A primeira parte do show é com os terninhos tradicionais. É aqui que se ouvem os clássicos do começo da carreira, como "A Hard Day's Night", "I Should Have Known Better", "Eight Days a Week", "If I Fell", "I'm Happy Just to Dance With You", "She Loves You", "All My Loving", "This Boy", "I Want to Hold Your Hand", "I Saw Her Standing There", "Can't Buy Me Love", "I'm a Loser", "I Want to Hold Your Hand", e até "Paul McCartney" sozinho ao violão tocando "Yesterday".
Um vídeo alusivo ao rock inglês dos anos 60 dá tempo aos músicos de trocar de roupa e eles voltam vestidos como os Beatles no Shea Stadium em 1965. É o momento de tocar, entre outras, "Help!", "Day Tripper", "Twist and Shout" e, com o reforço de um tecladista, a linda "In My Life".
Depois de um intervalo de dez minutos, o grupo retorna devidamente caracterizado com o visual da capa do Sgt. Pepper's. É curioso que praticamente todas as bandas cover de Beatles encenam da mesma forma essa fase da carreira do quarteto em que eles não fizeram shows. Na imaginação dos fãs, uma apresentação dos Beatles em 1967 teria sido exatamente assim, como a fictícia Banda dos Corações Solitários introduzida no disco. O acréscimo de uma pequena seção de metais (três instrumentistas) dá o toque perfeito em canções como "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band", "Penny Lane", "Magical Mystery Tour" e "Got To Get You Into My Life". Outras que eles também cantaram foram "With a Little Help From My Friends", "Lucy in The Sky With Diamonds", "Strawberry Fields Forever", "Hey Bulldog" e "Lady Madonna".
O recurso que eles usaram para trocar de roupa mais uma vez sem fazer intervalo foi bem original. "John Lennon" conversa um pouco com o público e em seguida chama "George Harrison". Já com novo visual, o cover de George interpreta sozinho a versão acústica de "While My Guitar Gently Weeps" que se conheceu em 1996 na série de gravações inéditas "Anthology". Em seguida voltam os outros três com a indumentária de final de carreira dos Beatles, livremente inspirada nas apresentações de TV e no show do terraço do filme "Let it Be". E assim se ouvem "Get Back", "Don't Let Me Down", "Here Comes the Sun", "Ballad of John and Yoko", "Birthday" e, para o encerramento oficial, "Hey Jude". Mas tem bis, claro. Eles retornam para tocar "Back in the U.S.S.R." e, abrindo uma exceção, "Long Tall Sally", que pertenceria à primeiríssima fase.
É inevitável comparar os Bootleg Beatles com os argentinos The Beats, que aqui estiveram no dia 20 de julho. A proposta de ambos é exatamente a mesma: recriar os Beatles através dos tempos da forma mais fiel possível. Eu diria que empatam. É claro que o grupo britânico tem melhor aceitação internacional pela questão do idioma e do sotaque. Mesmo na América do Sul, para quem entende inglês, ouvir vozes semelhantes às de John, Paul e Ringo falando entre as músicas dá um toque bem mais realista. Mas os portenhos estão sempre se superando e renovando seu roteiro. Aquele truque de ficarem estáticos por longos segundos no "breque" de "Any Time at All" e depois em "She Loves You" foi uma grande sacada, bem como a inclusão de "Love You To" com cítara no repertório. Imitar os Beatles tornou-se uma arte por si só e sempre haverá lugar para os que a ela se dedicam com esmero e paixão.
Ver também:
The Beats no Araújo Vianna
Um ex-Beatle em Porto Alegre (The Beats com Pete Best)
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