sábado, agosto 18, 2012

Conserto caseiro

Uma das melhores compras que fiz nos últimos dez anos foi o gravador de DVD Pioneer com disco rígido de 80 GB. Este, sim, é o legítimo sucessor do videocassete em sua finalidade primeira, que é a de fazer gravações da TV. Ele vem com sintonizador de canais e permite os mais diversos recursos de edição. Quando a Pioneer lançou um novo modelo com disco de 160 GB, pensei em comprar também. Acabei desistindo e houve quem me chamasse de maluco por sequer  ter cogitado a ideia. Pra que dois? Pois hoje me arrependo de não ter feito, pois os gravadores de DVD Pioneer saíram de linha. Existem os da marca LG, que são bons, também, mas têm uma desvantagem tremenda pra quem mora em país de terceiro mundo: não guardam as configurações no caso de faltar luz. Toda a programação precisa ser refeita, inclusive o horário do relógio.  

É curioso que, quando recebi o aparelho no meu local de trabalho há alguns anos, uma colega minha não conseguiu esconder sua desaprovação da minha compra. "Pra que tu queres isto?", ela perguntou sem nenhuma sutileza. Os valores das pessoas são mesmo diferentes. Só eu sabia o quanto eu iria aproveitar meu novo brinquedo. Praticamente todos os vídeos que subi para o YouTube foram digitalizados a partir dele. Passo as fitas VHS para o HD, daí para DVD e deste para o computador. Sem falar as gravações diversas que já fiz dos canais de TV a cabo. Até para digitalizar vinil o gravador de DVD quebra o galho. Foi com ele que converti as duas músicas que subi para o Soundcloud e outras tantas que já foram divulgadas nos programas "O Sul em Cima" e "Paralelo 30". Quando eu começar a meter a mão em minhas fitas cassete, vão aparecer mais relíquias, inclusive do meu tempo de colorado fanático.  

Pois na semana passada, achei que estava tudo perdido. Tentei usar o controle remoto e constatei que várias teclas haviam deixado de funcionar. Troquei as pilhas e não adiantou. E agora? A maioria dos comandos só está disponível no controle. Sem ele, é impossível fazer funcionar o gravador. E esse não é um aparelho comum para o qual se encontrem controles remotos "genéricos" em lojas como as da Alberto Bins. Mais difícil ainda é achar um original para reposição. Nessa hora, mais do que nunca, lamentei não ter comprado o segundo modelo, como havia pensado em fazer. Possivelmente o controle remoto de um funcionasse no outro.

 Minha primeira ideia foi mandar consertá-lo. Embora eu não acredite em conserto de aparelhos eletrônicos, nesse caso, eu não teria muita opção. Mas, como eu havia deixado pilhas vencidas quase vazando dentro dele, pensei se não seria talvez algo bem simples. Lembrei dos tempos em que eu me entretia abrindo os invólucros das fitas cassete e trocando os carretéis e resolvi encarar a chave de fenda. O que eu teria a perder? Abri o controle. Tive a impressão de que havia um grão de poeira no espaço entre a camada de borracha (onde estão as saliências que formam os botões) e a placa. Antes de fechá-lo, experimentei pressionar com o dedo por cima da borracha para ver se os comandos que até então falhavam voltariam a funcionar. Bingo! Deu certo. No mínimo, eu já poderia levar o controle remoto a uma assistência técnica e insistir: "Tem conserto, é só mau contato." Mas não precisou. No momento em que fechei a caixinha e recoloquei os parafusos, todos os botões voltaram a funcionar normalmente. Ufa! Meu brinquedo estava salvo.

Nos últimos tempos, tenho deixado meu gravador de DVD meio de lado. E a Net (TV a cabo) da sala já está sem funcionar há algum tempo. Mas, como estou prestes a me mudar, não me preocupei em chamar ninguém. Também a mesa que eu tinha conseguido esvaziar no ano passado já está com tralhas por cima de novo. Não tem problema. Meu foco agora é o meu futuro lar. Assusto-me quando olho ao meu redor e vejo quanta coisa vai ter que ser carregada. Mas é algo que vou ter que enfrentar para chegar ao meu objetivo final: voltar a ter qualidade de vida. E morar num local onde eu consiga achar qualquer livro, CD ou DVD a hora que quiser.