sexta-feira, dezembro 02, 2011

Chico Buarque em Porto Alegre

Ontem à noite dei baixa em mais um item da minha lista de "coisas que ainda quero fazer antes de morrer". Porque, por incrível que pareça, eu nunca tinha assistido a um show de Chico Buarque. Pra ser sincero, virei fã dele depois de adulto. Na minha adolescência eu não captava a MPB. E se é verdade que, contrariando meu princípio de que o público deve acompanhar a evolução de seu ídolo, eu preferiria ter assistido a um show "de sucessos", devo admitir que o repertório novo me encantou. A maestria com que Chico brinca com as palavras, fazendo com que rima e métrica pareçam inevitáveis (e não um compromisso), é inebriante. Músicas de fossa, saudade, amor, tudo flui com naturalidade de sua voz levemente nasal e marcante. O músico consegue irradiar simpatia sem falar quase nada com a plateia. E não faltaram alguns clássicos como "O Seu Amor", "Terezinha", "Geni e o Zeppelin". Nessa última eu pensei que o público fosse cantar junto no refrão, mas todos apenas ouviam, saboreando a interpretação.
Eu sei que já falei sobre isto aqui no Blog, mas vou repetir: com a abertura política, os anti-Chico apostaram que ele iria se apagar, pois "só sabe cantar música de protesto". Pois aí está ele, lotando o Teatro do SESI por quatro noites seguidas, mostrando que talento e boa poesia são atemporais. Valeu, mestre!


Dueto com o baterista Wilson das Neves em "Sou Eu" e "Teresa da Praia".


Na saída, aproveitei para tirar foto com duas lendas da música do Rio Grande do Sul: Raul Ellwanger (à esquerda) e Jerônimo Jardim (à direita). Esse cartaz do show serviu de pano de fundo para muitas fotos de fãs. Foi um prêmio de consolação, já que o que todos queriam mas não conseguiram (com raras exceções, como o próprio Raul) era se encontrar com Chico em carne e osso.