quinta-feira, dezembro 16, 2010

Baronda

Leio na Zero Hora que o Baronda de Capão da Canoa está sendo demolido. É o desfecho de uma longa disputa na justiça, já que o bar foi construído em área pública da praia, o que é proibido. Mesmo assim, é uma notícia triste. Já perdemos o Boliche, o Hotel Riograndense e a livraria Praiana. E assim o balneário onde passei os melhores momentos de minha infância vai descartando seus vínculos com o passado.

A matéria do jornal lembra a caminhada pelas diretas, realizada no verão de 1984, tendo como destino o Baronda. Eu estava lá e tenho duas recordações marcantes. Uma delas é a de Pedro Simon e José Fogaça subindo em uma guarita, durante o percurso, para falar rapidamente ao povo. A outra é, já num palco improvisado no bar, Kleiton Ramil pegando o microfone e cantando um refrão adaptado de sua "Vira Virou": "Já vira, virou / a situação deste país / já troca, trocou / o Presidente".

Eu ouvia falar no processo envolvendo o Baronda, mas nem me passava pela cabeça a hipótese de que ele viesse a ser demolido. Assim, sem saber, eternizei o local neste meu vídeo de Capão da Canoa em 360 graus:


As fotos abaixo são bem mais antigas. O Baronda não aparece, mas foi dele que eu tirei as duas. Inclusive, em ambas, eu posicionei a máquina sobre o piso externo do bar, apoiada na lente, à guisa de tripé :


Nunca esqueço de uma frase de Fernando Gabeira, algum tempo depois de voltar do exílio: "Não há volta se não existe mais o lugar que eu deixei e a pessoa que eu era". Pois cada vez mais Capão da Canoa se transforma em outro lugar que não aquele em que eu passei minha infância. Atlântida, também.