sábado, março 27, 2010

Quanto pagou?

Não entendo muito de etiqueta, mas se tem uma pergunta que eu considero indiscreta e inconveniente é: quanto pagou? Acho que é algo que só se deveria perguntar a pessoas bem íntimas. Exceto, é claro, quando é algo que o inquiridor também pensa em comprar. Nesse caso, é uma informação útil. Existem exemplos típicos, como uniformes de colégio, material escolar ou quaisquer itens que um grupo significativo de pessoas tenha que adquirir.

Mas não, em geral a pergunta vem por mera curiosidade, mesmo. Se for em relação a um CD, DVD ou item de coleção, dependendo do grau da raridade, já sei que a resposta pode assustar. Só colecionador sabe o quanto vale. Nessa era de download e mp3, cada vez mais os jovens dizem que não pagariam tal preço "num" CD (a concordância está totalmente errada, mas é bem assim que eles falam). Então prefiro desconversar ou, se tiver tempo e naturalidade com o interlocutor, explicar como funcionam as cotações de produtos originais. Em situações assim eu até nem me incomodo tanto, pois já me acostumei.

No entanto, às vezes o questionamento envolve coisas pequenas e corriqueiras. Guarda-chuva. Mouse de computador. Teclado. Ou objetos cada vez mais usados, como telefone celular. Pen drive. Itens de vestuário, como cinto, sapato ou camisa. Há momentos em que a gente precisa de algum produto com uma certa pressa. Começa a chover, compra-se o guarda-chuva do camelô, por exemplo. Aí, vem a pergunta. Quanto pagou? O que, tudo isso? Lá no bazar atrás do beco a cinco quadras daqui está pela metade do preço!

É sempre assim. Qualquer coisa que eu compre, por mais irrisória que seja, sempre alguém conhece uma biboca qualquer onde tem por uma fração do valor que paguei. E ainda fica comentando com os outros, para chamar a atenção. Muitas vezes, louco de sede, fui buscar latinhas de refrigerante light na lancheria ao lado. Aí, claro, um colega observou que, se eu tivesse comprado no supermercado e trazido bem cedo para colocar na geladeira, teria sido mais barato. Com certeza. Mas eu não lembrei de fazer isso e acho temerário deixar estoque num refrigerador que não é meu.

Isso não significa que eu nunca procure o menor preço quando vou comprar alguma coisa. Depende da urgência, do meu conhecimento do produto e da faixa de preço. Na Internet, principalmente, é possível encontrar produtos diversos a um baixo custo. Mas tempo também é valioso e, conforme a situação, abro mão de uma diferença pequena para providenciar logo o que me falta. Sei de pessoas que são capazes de passar um fim-de-semana inteiro pechinchando e pesquisando preços para ganhar um desconto de 5%. Eu não consigo ser assim. Um fim-de-semana bem aproveitado também entra na balança na hora de pesar os prós e contras.

Por isso não gosto quando perguntam quanto paguei por alguma coisa. É problema meu. É o meu dinheiro.